METADE DAS CIDADES BRASILEIRAS NÃO MAPEIA ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO
Em 2020, apenas 1.332 dos 4.107 municípios brasileiros cujas prefeituras forneceram ao Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) dados sobre os serviços locais de drenagem e manejo das águas das chuvas contavam com mapeamento das áreas de risco de inundação em zonas urbanas. A informação consta no diagnóstico que o Ministério do Desenvolvimento Regional apresentou.
“Ao menos 2.775 [cidades
brasileiras] não possuem mapeamento das suas áreas de risco de inundações. E
fica muito difícil promovermos políticas públicas, melhorias, quando não há
planejamento, quando não conhecemos a realidade dos municípios”, enfatizou o
diretor substituto do Departamento de Cooperação Técnica da Secretaria Nacional
de Saneamento, do Ministério do Desenvolvimento Regional, ao apresentar os
dados gerais do SNIS.
FALTA DE GESTÃO DE RISCOS: A
plataforma também aponta que apenas 1.184 dos 4.107 municípios abrangidos na
pesquisa anual realizavam o monitoramento de dados hidrológicos (enxurradas,
alagamentos e inundações), considerado um importante instrumento da gestão de
riscos. Além disso, apenas 620 das cidades do universo amostral contavam com
sistemas de alerta de riscos hidrológicos capazes de antecipar a ocorrência de
eventos.
“[Com isso] Ficamos mais suscetíveis a
situações como as que estão ocorrendo na Bahia”, acrescentou Silva,
referindo-se aos danos causados pelas chuvas intensas que atingiram o estado
nordestino, provocando, além de dezenas de
12 mortes, enchentes, alagamentos, deslizamentos, danos à infraestrutura
rodoviária e a interrupção do fornecimento de energia elétrica e de água,
principalmente na região sul do estado. Além da Bahia, Minas Gerais também foi
fortemente afetada por recentes tempestades.
INFRAESTRUTURA DEFICIENTE: “Claro
que há outros fatores envolvidos, mas são aspectos que precisam ser avaliados
previamente para pelo menos minimizarmos os riscos”, continuou o diretor
substituto. “Uma parte destes impactos [registrados em todo o país] decorrem da
falta de drenagem, da pouca infraestrutura de que as cidades dispõem para
suprir as necessidades.”
MAPEAMENTO DE ÁREAS RISCOS DE INUNDAÇÃO: Na publicação em que
traça um diagnóstico parcial sobre os serviços de drenagem e manejo das águas
pluviais urbanas, o Ministério do Desenvolvimento Regional aponta, sem nomear
quais, que, em 2020, só 23 das 26 capitais estaduais e mais o Distrito Federal
tinham mapeadas suas áreas de risco de inundação. As quatro capitais que não
dispunham do levantamento ficam na Região Norte – e, entre elas, está Porto
Velho (RO), que não compartilhou informações.
O texto também destaca que a
legislação brasileira define que os serviços públicos de saneamento básico
devem ter “a sustentabilidade econômico-financeira assegurada, sempre que
possível, mediante remuneração pela cobrança dos serviços”, prática ainda
incipiente quando se trata dos serviços de drenagem e manejo das águas pluviais
urbanas. De acordo com dados do SNIS, apenas 24 municípios (ou 0,6% dos 4.107
participantes) cobram pelos serviços. Destes, em apenas 12 há taxa específica
para drenagem.
Das 4.083 cidades onde não há
cobrança, 1.996 (48,9%) utilizam recursos do orçamento geral; 184 (4,5%)
utilizam outras fontes de recursos, 148 (3,6%) utilizam outras fontes
associadas ao orçamento geral do município e 1.755 (43,0%) não contam com fonte
de custeio da prestação dos serviços.
“Este é um aspecto que
precisa ser discutido. Precisamos avançar neste aspecto da cobrança, pois [o
valor investido] é muita coisa para ser bancada com os recursos escassos das
cidades. Especialmente quando falamos das cidades pequenas, com população
abaixo de 20 mil habitantes”, concluiu Silva. Fonte: Agência Brasil - Brasília - Publicado em 17/12/2021
Marcadores: gerenciamento de riscos, inundação
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