SOLDADORES TÊM DO CORPO QUEIMADO EM INCÊNDIO EM BETIM
Um incêndio em uma
distribuidora de combustíveis deixou duas vítimas em Betim, na região
metropolitana de Belo Horizonte, no fim da tarde de sábado (7 de março).
REPARO DE SOLDA
De acordo com o Corpo de
Bombeiros, dois operários realizavam um reparo com solda em um duto de passagem
de álcool anidro, em uma empresa localizada na BR-381, próximo à Petrobras,
quando aconteceu uma súbita explosão gerando um princípio de incêndio, que foi
controlado pelos brigadistas e pelo sistema preventivo da empresa.
ACOMPANHAMENTO DAS MEDIDAS DE
SEGURNÇA
O técnico em segurança do
trabalho contou aos militares que acompanhava o procedimento e todas as medidas
de segurança foram adotadas. No momento da explosão não havia combustível na
tubulação.
VÍTIMAS
Um dos soldadores teve 90% do
corpo queimado e o outro entre 60 e 70%. Eles foram conduzidos pela aeronave
Arcanjo ao João XXIII.
CORPO DE BOMBEIROS
Cinco viaturas atenderam a
ocorrência e permaneceram no local até o estancamento de um vazamento que
surgiu após o acidente.
HOSPITALIZAÇÃO E FALECIMENTO
O soldador G. S que teve 90% do corpo queimado não resistiu
aos ferimentos e faleceu no domingo (8).
O outro operário que ficou ferido continuava internado no CTI , mas o estado de
saúde não foi informado. Fonte: O Tempo - 07/03/20 e 09/03/2020
Comentário:
SOLDAGEM EM TUBULAÇÕES
INDUSTRIAIS CONTAMINADAS COM FLUIDOS INFLAMÁVEIS,
Na indústria de petróleo
escoam predominantemente fluidos inflamáveis, sendo exigidas condições
adicionais de segurança operacional para a realização de operações de
manutenção. Nestes casos, observa-se no interior das tubulações, mesmo depois
de efetuar a purga do fluido, atmosfera potencial de alto risco de explosão
decorrente da emanação de vapores residuais, principalmente em operações que
envolvam o aquecimento das tubulações como corte e ou soldagem a quente. A
II – PROCEDIMENTO ATUAL
Em instalações industriais,
nas tubulações onde escoam fluidos, são freqüentes as operações de manutenção
visando algum tipo de inserção ou substituição de segmentos de tubulação ou de
dispositivos acessórios tais como válvulas ou flanges, onde é necessário
bloquear o escoamento do fluido e liberar, de modo seguro, um segmento para
executar a operação. Em particular, em tubulações na indústria de petróleo
escoam predominantemente fluidos inflamáveis, sendo exigidas condições
adicionais de segurança operacional para a realização de operações de
manutenção. Nestes casos, observa-se no
interior das tubulações, mesmo depois de efetuar a purga do fluido, atmosfera
potencial de alto risco de explosão decorrente da emanação de vapores
residuais, principalmente em operações que envolvam o aquecimento das
tubulações como soldagem a quente.
Uma das técnicas usualmente
empregadas para o preparo de tubulações que sofrerão trabalhos de manutenção e
de soldagem a quente é o da inertização, mediante a aplicação de uma purga
positiva com um gás inerte ou
vapor. Esta operação é efetuada ao longo de todo o segmento da tubulação
sujeito ao risco potencial de haver acúmulo de vapores inflamáveis. Em algumas
situações, inertiza-se toda a extensão de uma tubulação para se realizar uma
operação de manutenção e de soldagem, devido ao fato de não haver pontos de
bloqueio mais próximos do segmento específico onde se vai operar.
Tal fato pode causar sérios
transtornos para a operação de manutenção, pois, normalmente, a inertização de
uma grande extensão de tubulação requer tempo prolongado para sua execução.
Deve-se também mencionar que, nessas situações, é necessário o uso de um grande
volume de gás inerte ou de vapor para a execução da inertização.
O procedimento de inertização
acarreta elevados custos, por se manterem no local por um tempo prolongado
equipes técnicas e maquinário apropriado durante todo o transcurso das
operações de inertização, até que a tubulação possa ser liberada de forma
segura para as atividades subseqüentes de manutenção.
Todas as vezes que uma
operação de inertização é efetuada, há a necessidade de se monitorar a
composição dos fluidos no interior da tubulação, de modo a garantir que não
haja presença de gases inflamáveis no interior da dita tubulação e, somente
após a confirmação da ausência de gases indesejáveis dá-se por concluída a
etapa de inertização.
As condições de segurança no interior de uma
tubulação, no que se refere às emanações de vapores residuais potencialmente
inflamáveis, são usualmente verificadas por meio de sensores específicos. Uma
tubulação só pode ser liberada para operações de manutenção quando não mais
existirem resíduos de constituintes inflamáveis em seu interior.
Na técnica, são conhecidos
diversos tipos de sensores, alguns com sinalização sonora e visual, os quais
são capazes de monitorar de modo seguro o potencial de explosão em ambientes
confinados, por exemplo, em seções de tubulações que precisam de manutenção
e/ou soldagem.
Fonte: Petrobras
PREVENÇÃO DE RISCOS
Muitos acidentes ocorreram
porque equipamentos, embora corretamente bloqueado do processo, não estavam
inteiramente livres de produtos perigosos ou a pressão interna não estava
completamente aliviada, e os operários executando os reparos não estavam bem informados disso.
EQUIPAMENTOS NÃO PURGADOS DE
GASES
Antes da permissão para
iniciar os trabalhos é freqüente o uso de explosímetro para a testar a presença
de gases ou vapores inflamáveis, especialmente quanto a serviços com soldas e
outros trabalhos a quente.
Os seguintes acidentes
mostram o que pode acontecer se tal teste não for feito:
(a) Uma explosão aconteceu em um tanque de
estocagem de 4.000 m-' na Sheffield Gas Works, Inglaterra, em outubro de 1973.
Morreram 6 pessoas e 29 foram feridas. O teto foi lançado ao ar, revirou-se e
caiu no fundo do tanque.
O tanque havia estocado nafta
leve e não fora bem lavado antes do início dos trabalhos. Com efeito, foi
enchido com água e em seguida esvaziado, mas alguma nafta permaneceu nas fendas
e recantos (pode, por exemplo, ter penetrado nos suportes ocos do teto, por
meio de rachaduras ou furos). Não foram feitos testes com explosímetro.
Supõe-se que os vapores
inflamaram-se durante soldagem próxima a um vent aberto. O corpo de um dos
trabalhadores foi achado ainda segurando seu arco de solda, no topo de um
gasômetro próximo, a 30 metros de altura.
De acordo com o relatório do
acidente não havia uma clara definição de responsabilidade entre o pessoal da
fábrica e a empreiteira contratada para os reparos.
"Onde - como nesse caso
- um risco especial pode estar presente devido à natureza do trabalho a ser
executado (e quem opera as instalações tem um conhecimento mais completo sobre
elas), os proprietários da empresa devem administrar os controles para que os
empregados da empreiteira estejam apropriadamente protegidos dos riscos.
(b) A tampa de uma
boca-de-visita baixa foi retirada de um tanque vazio, porém, ainda contendo
vapores de gasolina. Esses vapores escaparam pela abertura e se inflamaram. À
medida que a combustão se manteve, houve sucção de ar para o interior até transformar
seu conteúdo em mistura explosiva, a qual acabou detonando o tanque.
(c) Durante uma parada, uma
solda tinha que ser executada no tubo de descarga de uma válvula de segurança.
A válvula, com seu tubo de descarga, foi desconectada do processo.
Quatro horas mais tarde, a
extremidade do tubo foi testada com um explosimetro. Ele foi enfiado no tubo,
até onde era possível, e nenhum gás foi detectado. A permissão foi emitida.
Quando o flange da válvula começou a ser escarificado para a solda, ocorreram
um flash e um tiro na outra extremidade do tubo. Felizmente ninguém foi ferido.
Acontece que algum gás ficou
retido no tubo de descarga, que tinha 20 metros e muitas curvas, e não se
detectou esse gás pela extremidade aberta do tubo.
Antes de permitir soldas - ou
operações similares - em tubulações que contiveram ou que poderiam conter gases
ou líquidos inflamáveis, deve-se:
(1) purgar a linha com vapor ou nitrogênio de
extremidade a extremidade;
(2) testar com explosímetro
no ponto onde o trabalho vai ser executado. Se necessário, deve-se fazer um
furo na tubulação.
AS CONDIÇÕES PODEM MUDAR
ANTES DA EXECUÇÃO DOS TESTES
Como já foi mencionado, é
usual o teste com explosímetro antes do início da manutenção, especialmente
para soldas ou outros trabalhos a quente.
Muitos acidentes ocorreram porque os testes foram feitos horas antes dos
trabalhos e, nesse intervalo, as condições no local mudaram.
Trecho extraído do livro : O
que houve de errado? Casos de desastres em indústrias químicas, petroquímicas e
refinarias. Autor : Trevor A. Kletz
