Sumário
Um grande incêndio está consumindo um supertanque de
armazenagem de gasolina. Conseguindo a extinção do incêndio, apesar da chuva
torrencial provocada por uma tempestade tropical, tem êxito em Norco, quase um milagre.
A tempestade tropical
estabeleceu o cenário para um dos eventos mais proveitosos no combate a incêndio industrial nesta
década. A extinção do incêndio com sucesso de um supertanque com gasolina, com
maior parte do produto salvado. Cada bombeiro que participou desse combate pode
reivindicar uma fatia dessa história com glória.
INICIO DO INCIDENTE
Tempestade
A tempestade intensificou a sudoeste de Galveston, TX, no Golfo do México, na
manhã de 6 de junho de 2001, apenas cincos dias da estação de furacão de junho a novembro. Geralmente o sistema
tropical começa como uma depressão e transforma-se numa tempestade tropical. O
furacão Allison posteriormente transforma-se numa tempestade tropical, com
chuvas pesadas, com precipitações de 100 mm nos estados do Texas e Louisiana
durante três dias seguintes.
Supertanque
Dimensão: 82 m x 9,70 m
Produto estocado: gasolina refinada
Octanagem: 89.7
Com chuvas súbitas e pesadas o risco de afundamento do teto
flutuante de um tanque de armazenamento
aumenta drasticamente.
Na manhã de
terça-feira de 7 de junho de 2001, a refinaria Orion que processa 150 mil
barris de petróleo por dia, situada a 40 km a oeste de New Orleans era apenas
uma das muitas empresas localizadas ao longo da costa do golfo tentando
proteger seus produtos das intempéries.
Na Orion, o teto flutuante afundou parcialmente do supertanque, com
diâmetro de 82 m e contendo 300.000
barris de gasolina (48 milhões de litros de gasolina).
“Dizia que havia mais de 14 tetos flutuantes afundados
entre Louisiana e Texas,” disse
Chidester, chefe de operação de incêndio da Orion. “Em Louisiana apenas
conhecia pelo menos cinco casos incluindo o nosso”.
BOMBA DE DRENAGEM DO SUPERTANQUE
A noite anterior o relatório sobre a tempestade informou que
houve um problema elétrico com a bomba
que drena a água da chuva para uma pequena lagoa de recuperação. Depois de
solucionado o problema, a bomba de
drenagem não conseguia drenar água do local pela quantidade de água que caía.
TERMINAL DE ESTOCAGEM
A refinaria mantém um terminal de estocagem com capacidade
de dez milhões de barris (barril equivalente a 158,9 litros) incluindo quatro
supertanques, ainda muito maior do que esse supertanque com problema. Como a
vizinhança da refinaria é densamente industrializada, a comunidade é denominada de Norco, também
local da Shell, Motiva e Dow, cada uma delas com instalações próprias de armazenagem.
EQUIPE DE EMERGÊNCIA
A equipe de emergência
consiste três bombeiros em período integral, incluindo Chidester, chefe de operação de incêndio da
Orion e 87 voluntários da própria empresa.
Os equipamentos de combate a incêndio incluem:
■ uma bomba móvel de 3.500 gpm (13.000 litros por minuto),
■ duas bombas de 1.000 gpm /cada (3.700 litros por minuto),
■ três esguichos monitores de 2.000 gpm /cada (7.500 litros por minuto) e outros esguichos monitores, variando de 250
gpm (940 litros por minuto) a 1250 gpm
(4.730 litros por minuto),
■ e 600 metros de mangueiras de cinco polegadas (12 cm)
instaladas em carreta reboque.
EMERGÊNCIA
A equipe de resposta de emergência da Orion foi alertada
para o problema do supertanque envolvendo afundamento parcialmente do teto
flutuante, com acúmulo de água da chuva e gasolina na parte superior do teto
provocada pela tempestade.
DIFICULDADE DE ACESSO
Entretanto, levando esses equipamentos pesados para onde
estava necessitando criou um problema, uma poderia atrapalhar toda operação de emergência que estava em preparação.
Somente uma das três
estradas principais de acesso ao supertanque permanecia
transitável.
Com exceção de poucas
estradas pavimentadas estreitas, o terminal da Orion transformou se num mar de lama. “Tínhamos
mais de 60 cm de água na estrada de acesso
a área de tanques”, disse Chidester.
DRENAGEM DA GASOLINA
Enquanto os operadores da refinaria drenavam gasolina do supertanque afetado, o mais
rápido possível, a equipe de emergência
da Orion encaminhava para o local. O supertanque compartilhava com
outros tanques um dique de 3 metros de
altura e cada um deles separados por respectivos diques menores. Com 1,20m de
água no dique principal aos tanques e os diques intermediários já estavam
transbordando.
Como precaução no dique inundado (intermediário) aplicaria espuma para evitar a ignição de
vapores nessa área. Mas o mau tempo estava longe de terminar para o
supertanque. A equipe de emergência estava iniciando a aplicação da espuma no
dique, quando um raio caiu próximo.
Chidester ordenou a retirada de quase todo pessoal do local,
deixando apenas duas pessoas para continuar a operação de espuma.
“Eu lembro pelo menos três quedas de raio’, disse
Chidester.” Um caiu próximo a ponte do rio, outro próximo a Shell e o terceiro
atingiu o nosso supertanque”.
CRONOLOGIA DO INCIDENTE
Queda do raio
Às 12h 32min houve a ignição do supertanque e imediatamente
atingiu toda superfície. Os operadores apenas conseguiram drenar 1 m do produto,
quando houve a queda do raio. Chamas em redemoinho propagou através de uma
grande área, suficiente para engolir um campo de futebol. As chamas atingiram
centenas de metros de altura, envolvendo a refinaria numa luz alaranjada, que
fez o dia nublado parecer como um por do
sol de verão.
“Geralmente quando
você tem um fogo em um tanque, você tem uma bola de fogo (fireball)
surgindo no topo do tanque” disse
Chidester. “Essa coisa parecia que tinha várias ramificações. Era tão grande e
compacta, havia várias bolas saindo do supertanque”.
A equipe de emergência não teve tempo para ficar espantada
ou horrorizada. A equipe se posicionou imediatamente em torno do dique para
começar a operação de resfriamento em todo perímetro da parede do supertanque.
A equipe de emergência da refinaria
dividiu-se em quatro grupos, cada uma delas com seu próprio responsável. Mas
naqueles primeiros minutos a equipe reagiu conforme o treinamento adquirido e
sem a coordenação. “Ninguém precisava
dizer-me sobre esse problema”, disse Chidester.
A equipe de emergência tinha receio com óleo no dique,
pois poderia inflamar-se. Além de
resfriar a parede do supertanque a equipe estava ocupada com o primeiro dos
dois diques com fogo que surgiu durante a emergência. O terceiro anel da parede
da supertanque, com 10 m de altura, enegreceu-se e então começou arder com brilho alaranjado e metal
aquecido começou a produzir barulho peculiar.
“O tanque estava rangendo muito e estufando” disse
Chidester. “O metal enrijecia e você toda vez escutava o ruído. A segurança da
equipe de emergência e todos envolvidos incluindo a vizinhança pesava durante no meu pensamento”.
Em algum lugar das infinitas leis de Murphy, afirma se você
tem apenas uma estrada transitável das três existentes em situação crítica é
bom demais para durar.
Realmente com o calor intenso radiante estendendo ao norte
do supertanque, fechou a única estrada seca à esquerda. Equipamentos pesados
movendo se em direção a essa posição
teria de arriscar‑se com cuidado nas estradas alagadas.
Em virtude disso, somente os equipamentos mais importantes
da equipe de emergência poderiam estar logo à disposição do chefe de operação
de incêndio, Chidester, que podia
empregar contra o fogo.
“Se você saía da
estrada, havia nada mais do que lama e vegetação”, disse Chidester.
“Você tinha essas
pequenas valas, que você não podia ver por causa da água. Tínhamos um
equipamento de espuma especial que saiu da estrada e quase afundou. Estava
difícil permanecer na estrada com todas as mangueiras no chão, algumas acima da
água e outras submersas. Você tinha de fazer tudo por tato, caminhando e
tateando”.
Adicionando ainda mais problemas para a equipe o calor
radiante causava pequenos incêndios no lado norte do terminal, inicialmente
queimando as linhas telefônicas, caixas de papelão, construções frágeis,
vegetação e tudo o que estava próximo ao fogo.
“Minha equipe não
tinha apenas combater o fogo no dique e resfriar o supertanque, mas também
tinha controlar tudo que estava adiante de nós”, disse Chidester.
WILLIAMS FIRE & HAZARD CONTROL FOI ACIONADA
Após 15 minutos de incêndio, Chidester telefonou para
Williams, solicitando prioridade para Orion, como um pedido de um cliente. O
escritório da Williams Fire & Hazard
Control situa-se em Mauriceville, próximo ao golfo do México, na cidade de
Beaumont, também tinha problemas de inundação no próprio escritório para
atender ainda esta tarde.
“Tínhamos 60 cm de água na estrada entre o nosso escritório
e depósito de equipamentos”, disse Dwight Williams.
EXPERIÊNCIA DA WILLIAMS FIRE
A Williams Fire trilha um caminho de sucesso de extinção de incêndio em tanques de
diversos diâmetros, sendo os mais comuns de 45 m a 60 m, no início da década de
80.
Nesse tempo o Instituto Americano de Petróleo não registrava nenhum tanque com diâmetro
maior do que 38 m que podia ser extinto
com produto salvado.
A Williams provou que o Instituto estava errado, quando em
1983 extinguiu um incêndio em um tanque com diâmetro de 45 m, que armazenava
gasolina, em Chalmete, Los Angeles. Foi a maior extinção de incêndio bem
sucedida registrada na época.
TÁTICA UTILIZADA PELA WILLIAMS FIRE
A Williams tinha sua própria tática. Desprezando o que era
aceito “cercar e inundar” a filosofia indiscriminada de lançar tanta água
quanto possível no interior do tanque.
A Williams concentrou
se num ataque compacto de espuma em um único ponto, ganhando uma cabeça de
ponte (expressão militar, quando conquista parte do território do inimigo, a
função da cabeça de ponte é facilitar a penetração), expandindo a extinção
através desse local.
Isto se tornou conhecido como “Footprint” metodologia
patenteada pela Williams F&HC.
O incêndio na Orion ofereceu
a Williams a grande oportunidade para provar o método “Footprint” contra
um registro recorde, um supertanque. A extinção bem sucedida de um supertanque
de 80 m de diâmetro poderia ser a maior
da história. Outra importante barreira em combate a incêndio industrial teria
sido ultrapassada.
PLANO DE AJUDA MÚTUA
Até que Williams chegasse, a equipe de emergência
necessitaria imediatamente mais ajuda. Essa ajuda veio das demais indústrias em
Norco e da vizinhança. Chegando com o pessoal, equipamentos especializados e
espuma, eram da Down Chemical, Exxon,
LOOP, Marathon, Murphy Oil, Motiva e Tosco. Essas equipes de emergência fazem
parte da Louisiana Emergência, uma organização de ajuda mútua industrial,
utilizando equipamentos especiais e esguichos monitores “Big Gun” da Williams.
PLANO DE EMERGÊNCIA DA ORION
Na refinaria, o comando do plano de operação de emergência
foi alterado.O gerente industrial Eric Bluth assumiu o comando geral das
operações em substituição aos
supervisores que revezaram na ação como comandantes da operação.
Chidester permaneceu no cargo de chefe de operação de combate
ao incêndio, mantendo o controle direto de todas as operações das equipes de
emergência.
Outra providencia do plano de emergência da Orion foi
colocar eficácia nas operações. Uma das
mais importantes foi à instalação da “gabinete de guerra” afastada do cenário
do incêndio, onde todas as situações podiam ser monitoradas.
“No gabinete de
guerra, tínhamos tudo o que é necessário para o comando geral das operações,
mapas, plano de segurança do local e fluxograma das posições de incêndio e quem
era responsável”, disse Chidester. “Tudo estava sendo encaminhado”.
O plano de emergência da Orion também exigiu o
estabelecimento de uma base de apoio. Um ônibus foi adaptado para proporcionar
abrigo da chuva, dando aos bombeiros chance para sentar, descansar e lanchar. A
alternância de cada grupo de emergência para uma parada foi cuidadosamente
mantida.
A empresa colocou a disposição uma enfermeira e um médico
para examinar individualmente o pessoal das equipes e determinar se eles
estavam aptos para retornar ao trabalho.
"Trouxemos meias secas para o pessoal porque eles estavam com seus pés molhados", disse Chidester.
"Úmido como estava, aposto que você diria que algum
eritema (vermelhidão da pele) estava por aparecer, assim trouxemos talcos e
outros medicamentos para erupção".
Com tantos responsáveis pelo trabalho numa área tão extensa,
outras duas bases de apoio foram abertas mais tarde para maior comodidade.
“A principal coisa
era manter os “bons fluidos” e ter certeza
que ninguém tinha problema”, disse Chidester. Não havia feridos ou
outros problemas de saúde foram informados.
PREPARAÇÃO DO ATAQUE
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Big Gun – canhão monitor, equipamento especial da Williams Fire
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Jerry Craft com
Williams F&HC chegaram em Norco em duas horas. Chidester e Craft conversaram sobre o plano de operação em
execução. Eles concordaram que o melhor caminho era continuar a operação de
resfriamento até a chegada da equipe de Williams.
Quando a equipe de Williams chegou às 19h30min (demorou seis
horas, duas horas a mais do que o
normal) Chidester fez um resumo geral da situação do supertanque.
Ao lado da autobomba com plataforma (Telesquirt), os
esguichos monitores circundantes ao supertanque aplicaram água para
resfriamento da parede do supertanque.
Um caminhão equipado com canhão monitor dirigiu-se em
direção ao dique inundado para posicionar em melhor local. Uma parte da parede
do supertanque, no lado nordeste, não podia ser alcançada pela água em
resfriamento, começou a ceder.
Na cena de um dos maiores desafios profissional, Dwight
Williams, disse que enfrentou a situação com calma. “Você deve concentrar sobre
o que você tem de fazer”, disse Williams.
Williams disse que
confiava completamente no método
“Footprint” e sua capacidade para acabar com a emergência. Tudo o que era
necessário e suficiente para funcionar estava no gabinete de guerra e espuma suficiente para fazer o trabalho.
“O principal fator que segura a operação na retaguarda era o
gargalo ao longo das ruas internas, impedindo-nos o aceso aos locais onde necessitaríamos estar”, disse Williams.
Foi sugerida a reabertura da estrada ao norte do
supertanque, que não estava inundada.
Embora com a retaguarda seca
da estrada de serviço, a
preparação para o ataque de espuma era um processo trabalhoso.
As mangueiras de
cinco polegadas utilizadas para transportar grandes volumes de água para
o incêndio, estendida em toda parte e frequentemente sob a água.
Para conseguir o ângulo correto, os esguichos monitores e
bombas tiveram de ser colocadas fora da estrada na lama. Trouxeram duas
ferramentas para ajudar a colocar o equipamento e deslocar o equipamento de
espuma para onde era necessário carregando um por vez.
O acesso restrito eliminou a possibilidade de usar viaturas
de incêndio para ação preliminar, disse Chidester.
Como os bombeiros confiaram na rede de incêndio da própria empresa, com
diâmetro de 18 polegadas (458 mm) e utilizando cinco bombas de incêndio.
Para estabilizar ainda mais o fornecimento de água, a
indústria Motiva, vizinha a Orion, abriu as válvulas de sua rede de incêndio
para alimentar o sistema da Orion, utilizando as bombas da Motiva.
Em conjunto o sistema forneceu pelo menos 140 libras de
pressão para a rede de incêndio principal. Chidester planejou a utilização de água de uma lagoa de
recuperação
Esticar a mangueira no incêndio da Orion era particularmente
difícil. As condições do terreno enlameado impediram a uso de viatura com mangueiras em carretel.
O trabalho foi duro, pois cada avanço era feito frequentemente
sob a água. Particularmente difícil foi
arrastar as mangueiras numa inclinação acima
de 3 m de altura de um dique enlameado.
“Quatro das minhas
equipes colocaram mais de 1.000 metros de mangueiras de 3 polegadas (7,5 cm)
para sua utilização”, disse Chidester.
Essas mangueiras são consumíveis, mas as pessoas não eram.
Quando a parede do supertanque no lado nordeste continuou a ceder, curvando‑se,
Chidester não hesitou em pedir ao pessoal de emergência em deixar a área
imediatamente, abandonando as mangueiras no local. Ele não estava preocupado com a parede do supertanque,
porque o fogo estava tão baixo e não
tinha feito qualquer coisa há várias horas”, disse Chidester.”Jamais alguém
combateu um incêndio num tanque de 83 m de diâmetro e não desejaria arriscar‑se
perdendo alguém nesse incêndio”.
Por último o essencial era a espuma. Em Orion, Williams
concordou com a recomendação de Chidester para usar a espuma 3M AFFF/ATC a 3% (espuma formadora
de filme aquoso, com 3% de extrato e compatível para álcool)
Com tetos flutuantes afundando ao longo da Costa do Golfo,
muitas refinarias estavam necessitando da espuma.
“Eu usei pouco a
espuma que eu comprei”, disse Chidester. Enquanto a maioria da espuma era do
armazenamento de emergência em Louisiana
e alguns vieram tão distantes, com da indústria
3M de Alabama.
.
A própria Williams F&HC trouxe do mercado a
Thunderstorm-brand ATC após a decisão da 3M
não fornecer o produto, pois a produção ainda não estava completa e
estava indisponível.
ATAQUE
Às 1h 30min da madrugada, quinta-feira, as equipes de
emergência estavam prontas para o primeiro ataque com espuma.
O plano executado por
Chidester e Williams utiliza o método clássico Footprint ( ataque concentrado
para ganhar a cabeça de ponte). Imagino o supertanque queimando como uma face
de um relógio com os ponteiros na posição 12h, apontado na direção norte.
A Williams Fire utilizaria “Big Gun” um canhão com vazão 8.000 gpm de espuma (30 m3 por
minuto) no interior do supertanque na
posição 4h.
Na posição 8h a Williams Fire utilizaria 1X6, um
esguicho monitor, com vazão de 4.000 gpm
de espuma (15m3 por minuto). Juntos os esguichos monitores
atingiriam o mesmo ponto com 12.000 gpm
de espuma (45 m3) de diferentes ângulos com um acréscimo
adicional de 1.000 gpm (~ 4m3)
da autobomba com escada (Telesquirt).
Toda capacidade desses dois esguichos monitores pode obter
uma vazão de 20.000 gpm (75m3 por minuto). Por que não combater o fogo com tudo que você
tem? Porque você tem de compreender a natureza da espuma, disse Williams.
“Lançando uma vazão de 12.000 gpm de espuma (45m3
por minuto) no interior do supertanque, você tem 29m de formação de espuma (é a
distância máxima que a espuma percorre sobre o líquido inflamável)”, disse
Williams. Em relação à gasolina acredito ser muito mais longa a
formação da espuma. A combinação de 8.000 gpm (30m3 por minuto) e
4.000 gpm (15m3 por minuto) resulta no máximo 26 m de formação de
espuma.
Devido a isso, compramos restante de espuma para não
utilizar em superfície de líquido em chamas, mas sim para resfriar a parede de
aço quente.
Teoricamente a formação de espuma não excederia a 30m em
combustível líquido, disse Williams. Em relação à gasolina a preferência
não é mais do que 24m.
Assim, justamente aconteceu o melhor o que podíamos fazer com o que tínhamos , era
a formação de espuma de 26 m.
Chidester e Williams assumiram posição na parede do dique.
Uma vez que as autoridades de aviação local negaram o pedido solicitado pela
Orion para utilizar um helicóptero como posto de observação, Chidester colocou
um vigia com binóculo no topo da unidade catalítica. A aplicação de espuma
continuaria até que nenhum sinal de chamas houvesse no tanque.
INICIOU O ATAQUE COM ESPUMA
Com a cobertura no fundo do tanque, a equipe de emergência
tinha um objetivo definido. Com 10 minutos de aplicação de espuma, estava
ganhando um pedaço do fogo, disse Williams.
Com o fogo em colapso, seguiu ainda 20 min de aplicação de
espuma.
Trabalhando na posição 6h,
autobomba com escada aplicou espuma no interior do tanque na posição 5h.
“Isso era uma pequena quantidade, mas aconteceu de aplicarmos espuma em uma parte mais tenaz do fogo, onde a
formação da espuma retornava da parede interna”, disse Williams. ”Assim sendo a
queda de um pequeno pedaço do fogo, aumentou a cobertura do fogo”.
TAXA CORRETA DE APLICAÇÃO ESPUMA
Há uma diferença de opinião a respeito da taxa correta de
aplicação de espuma para tanques em chamas.
A NFPA indica a taxa
ideal de 0,16 gpm/sq ft (6,51 litros por minuto/m2). Um tanque desse
tamanho na Orion exigiria cerca de
18.000 (68.000 l) galões de extrato de espuma.
Entretanto, muitas empresas recomendam 0,25 gpm/sq ft (10
litros por minuto/m2) como taxa de aplicação de extrato de espuma para tanques
grandes.
Williams sempre insistiu que a taxa da NFPA é muito baixa e
usou a taxa de aplicação de 0,23 gpm/sq ft (9,38 litros por minuto/m2). O comitê da norma
NFPA 11 está estudando o padrão da taxa de aplicação de espuma.
Consumindo a taxa de 400 galões por minuto (1.514 litros por
minuto), dois caminhões tanques cheios com extrato de espuma, esgotaram se
rapidamente. O restante do fornecimento de extrato de espuma 3M AFFF na
quantidade de 305 galões (1.115 l) foi transportado em carretas manuais.
Sete equipes equipados com proporcionadores de linha moveram se em direção a cada um dos galões de
espuma e sugaram a espuma de cada um
deles. Além do enfraquecimento das chamas, as equipes continuaram a
aplicação de espuma por outros 40 min extinguindo focos de incêndio nas
posições 4, 6 e 8 horas.
Um acúmulo de borra
formada na parte interna da parede do
tanque continuou a queimar. Também, vapores escapando da borda da cobertura de
espuma produziu “chamas dançantes” enviando pequenas chamas em velocidade ao
longo da parede do tanque. “Dwight decidiu transpor os paradigmas, com uma névoa leve
para expulsar os vapores”, disse Chidester. Devido a grande experiência, ele
poderia “ler”o fogo e assim ajustar o equipamento.
Armado com um esguicho monitor 1X6, ele ajustaria
o formato do fluxo d’água para direita ou para esquerda, mais denso ou
mais estreito, para cima ou para baixo.
O último foco de incêndio persistente no lado oeste do
tanque, protegido pelo dobramento da parede do tanque.
Uma pequena quantidade de espuma e a gasolina em chamas
escoaram pela dobra para o interior do tanque. Williams varreu cuidadosamente
as últimas chamas com esguicho monitor 1X6, tentando o ângulo para espuma
atingir no interior das dobras em chamas (ilhas em chamas).
Sessenta e cincos minutos após o ataque, o vigia no topo da
unidade catalítica e da autobomba com escada informaram que não havia chamas
visíveis no tanque. O fogo foi declarado extinto. ”Eu consegui algumas roupas
secas e vou para casa”, disse Williams.
Raio continuava cair na área. Por duas horas após a extinção
do incêndio, Chidester e a brigada de emergência da Orion continuaram com o
fluxo de espuma no interior do tanque a uma vazão de 12.000 gpm (45m3
por minuto) e após meia hora adicionando 1.000 gpm (3,8 m3 por
minuto).
Iniciou o procedimento para drenar o tanque. Enquanto isso,
o gerente da Orion ordenou que aplicasse por 15 minutos a cada hora, até que o
tanque tivesse vazio. A equipe de
emergência estava exausta e Chidester trouxe a equipe de emergência de Corpus
Christi (é uma empresa de serviço de
emergência industrial, que oferece as indústrias: equipe de emergência,
treinamento, projetos de incêndio e consultoria) para manterá cobertura de
espuma no tanque.
“A equipe de Williams deixou um relatório sobre os que eles
fizeram; equipamentos estavam montados e qual foi o plano de ação executado e
depois eles partiram”, disse o representante da Corpus Christi Daniel Garcia. Com onze brigadistas
e com o comando permanente no local, a Corpus Christi fez a primeira
aplicação de espuma para reabastecer a cobertura de espuma às 6h14min. Essa
aplicação demorou 21 min, consumindo 1650 galões de extrato de espuma ( 6.245
litros).
A partir desse momento Orion forneceu a Corpus Christi
vários tipos de extratos de espuma para
uso, incluindo 37.000 galões ( 140.000 litros) alguns já utilizados. A Corpus Christi fez 24 aplicações adicionais de espuma no período de 65 horas ininterruptas,
enquanto o operador da refinaria drenava o conteúdo do tanque. A última
aplicação de espuma terminou às 16h 3min de domingo.
Na tarde de domingo, Chidester suspendeu a operação de
espuma. O tanque estava vazio suficiente
para não apresentar perigo. A Corpus Christi, então voltou a sua atenção para
ajudar o pessoal da Orion no inventario dos equipamentos e suprimentos de
combate ao incêndio usado durante o evento.
LIÇÕES APRENDIDAS
O prognóstico é o poder para predizer o futuro. Seria um
recurso tremendo para as equipes de emergência. Infelizmente, se tal faculdade
existe no ser humano, incluindo os bombeiros é quase raro em relação à vida.
Preparação e não prognóstico é que o chefe de emergência
confia quando o imprevisível ameaça consumir sua indústria.
Se a equipe de emergência não participou na elaboração do
planejamento (pré-plano), apenas efetuou a simulação e não procurou
especialistas que eles necessitam, eles têm um problema, disse Chidester. Você
tem ensaiar e treinar para que as pessoas estejam prontas para ir para batalha
contra o tanque em chamas.
“Todos tem uma boa
idéia, o que aconteceria se pegasse fogo”, disse Chidester. A equipe de
emergência da Orion da linha de frente sabe também o que aguarda.
Os bombeiros da Orion
são treinados na Academia do Fogo do Estado de Mississipi em Jackson e no
Instituto de Segurança de Emergência da Universidade de Texas.
Por vários anos o fogo do tanque de armazenagem da Norco
será lembrado pela abertura de um novo caminho, um evento que provou todas as
teorias e indicou um novo padrão industrial para combate o fogo.
Total de consumo de espuma no incêndio: 105.980 litros 3M ATC a 3%
Total de gasolina recuperada: 26.000.000 de litros
Fonte: @ZR, Industrial Fire World, Williams Fire & Hazard Control
Comentário:
Comparação entre a teoria (conceitos básicos de combate a incêndios em tanques) e a prática (no caso
incêndio na Orion)
Teoria
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Prática
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Definir o tipo de ataque
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Foi definido o tipo de ataque (footprint)
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Segurança da vizinhança até a execução do ataque de
extinção (resfriamento com água de objetos expostos ao fogo ou calor
radiante)
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Preocupação com a vizinhança
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Logística de combate a incêndio:
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Definir um local seguro
para instalar o comando de operação, “gabinete de guerra”. O comandante de operação
é responsável pela logística de incêndio e planejamento.
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Foi criado o “gabinete de
guerra”para coordenar o incidente
|
Segurança no abastecimento de água – fonte de
abastecimento
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Houve preocupação. Para estabilizar ainda mais o fornecimento,
a indústria Motiva através de manobras ofereceu mais água para alimentar a rede.
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Segurança nos equipamentos para extinção (bombas,
mangueiras, viaturas, canhões
monitores e acessórios, etc).
|
Houve preocupação nos equipamentos para evitar a perda
durante o transporte e instalação.
|
Segurança no abastecimento de extratos de espumas
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Houve aquisição de mais extratos. Na região as indústrias
têm armazenamento de emergência.
|
Segurança na produção de espuma (preparar os
equipamentos, mangueiras e executar testes de funcionamento).
|
Houve preocupação na produção de espuma para
utilizar no tanque e no resfriamento das paredes do tanque (espuma com
densidade inferior)
|
Segurança das equipes de emergência (equipamento de
proteção individual, revezamento, alimentação, área de descanso ou de apoio e equipe médica).
|
A empresa montou uma base de apoio para o pessoal de
emergência, para descanso, alimentação e serviço médico.
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Cabe ao comandante responsável pela emergência (o
comandante de emergência é responsável pela atuação das equipes de emergência
e o comandante de operação é
responsável pela coordenação) demonstrar total domínio pelas táticas de
incêndio.
|
O comandante de operação era responsável pela
coordenação. O comandante de operação
de incêndio era responsável pelo combate ao incêndio e controle das
equipes de emergência.
|
As dificuldades no combate a um incêndio crescem com
o diâmetro do tanque, com baixo nível do produto em queima e com o tempo de queima do tanque. Os
fatores externos ou internos mais importantes são a natureza da vizinhança e
a influencia dos ventos.
|
Foram utilizados equipamentos especiais com grande
capacidade de vazão.
|
Os volumes de espuma necessários são proporcionais
ao quadrado do aumento do diâmetro e
também quanto à mudança de ordem técnica (dificuldade de extinção do
incêndio)
|
Foram utilizados equipamentos especiais com grande
capacidade de vazão. A capacidade dos
equipamentos foi limitada a formação da espuma. A formação da espuma existe
uma distancia máxima, que ultrapassando
existe a perda de produtividade da espuma.
|
– Com o tempo de queima o tanque apresenta
deformações. Devido às paredes retorcidas formam-se na superfície do líquido, ilhas em chamas de metal rubro , que não
permite o acesso da espuma.
|
Através de equipamentos especiais e experiência dos
profissionais conseguiram eliminar essas ilhas em chamas
|
Marcadores: incendio, liquido inflámavel