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quarta-feira, dezembro 12, 2012

Uso do álcool ou de outras substâncias eleva os riscos de acidente de trabalho

O consumo de álcool e outras drogas tem afetado a vida de boa parte dos 82 milhões de trabalhadores

Estatísticas apontam o Brasil entre os cinco primeiros do mundo em número de acidentes no trabalho. São em média 500 mil por ano, totalizando 4 mil óbitos

O consumo de substâncias químicas lícitas e ilícitas hoje é mais do que um problema dentro das empresas. Antes apenas relacionado aos mais jovens, o uso de drogas agora atinge o alto escalão até de multinacionais. Desde funcionários terceirizados até executivos podem tornar-se dependentes por fatores como estresse, pressão por resultados, sobrecarga de trabalho, falta de reconhecimento e de “feedback” dos chefes.

O consumo de álcool e outras drogas tem afetado a vida de boa parte dos 82 milhões de trabalhadores brasileiros, com prejuízos enormes para as empresas. Segundo cálculos do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), o Brasil perde por ano US$ 19 bilhões por absenteísmo, acidentes e enfermidades causadas pelo uso dessas substâncias.

Estatísticas recentes apontam o Brasil entre os cinco primeiros do mundo em número de acidentes no trabalho. São em média 500 mil por ano e 4 mil deles resultam em mortes. Os setores em que mais ocorrem são: construção civil, indústrias de metal e mecânica, eletroeletrônica, moveleiras e madeireiras.

O uso abusivo de drogas torna o candidato a uma vaga de emprego um fator de risco à comunidade laboral. O usuário de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas tem;
■ 500% mais risco de acidente no trabalho,
■ 900% de causar acidente com carro e
■ 360% de causar acidentes envolvendo colegas,
segundo dados da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

Mesmo diante de todas essas estatísticas, o Conselho Federal de Medicina - através do relator conselheiro Hermann Alexandre Vivacqua von Tiesenhausen - resolveu alertar os médicos quanto à realização de exames para detectar drogas no sangue de candidatos a vagas de emprego. A alegação é de que “não é eticamente aceitável a solicitação de exames de monitoramento de drogas ilícitas, em urina e sangue, para permitir acesso ao trabalho, pois isso contraria os postulados éticos”.

Anthony Wong, chefe do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da FMUSP, contesta essa argumentação. Para o médico, os exames reforçam os anseios morais da população brasileira, que repudia a disseminação das drogas. “Os exames são instrumentos essenciais para diminuir os riscos de acidente e o ‘contágio’ dos demais trabalhadores ao impor uma barreira à entrada de drogas”, avalia o toxicologista.
O médico rebate ainda que os exames não são discriminatórios, porque obedecem ao artigo 168 da CLT, aplicado independente de raça, sexo, religião e idade, e atendem às recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em suas intervenções e recomendações sobre drogas no ambiente de trabalho.
Fonte: Jornal Cidade – Rio Claro, 9 de dezembro de 2012

Comentário: O médico  toxicologista Anthony Wong tem razão; os exames são instrumentos essenciais para diminuir os riscos de acidente e o ‘contágio’ dos demais trabalhadores ao impor uma barreira à entrada de drogas. A empresa tem responsabilidade quanto a integridade  de segurança dos demais trabalhadores, isto é, tem garantir o local de trabalho seguro. A privacidade do trabalhador termina quando ele pode colocar em risco a terceiros.
Dados dos EUA
■10% dos trabalhadores têm problemas com álcool ou drogas
■De todas as fatalidades ocorridas nos locais de trabalho, 15 a 30% dos casos são devidas ao álcool ou drogas.

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posted by ACCA@3:54 PM