Mão: Cinco dedos, uma ferramenta unificada
1- Primeiro quirodáctilo, polegar.
2- Segundo quirodáctilo, indicador.
3- Terceiro quirodáctilo, dedo médio.
4- Quarto quirodáctilo, dedo anelar
5 - Quinto quirodáctilo, dedo mínimo, dedinho ou mindinho.
Nossos dedos podem parecer tão rápidos e hábeis que você pensaria que eles têm planos e vontades próprias. Mas, como os cientistas que estudam a mão humana comprovaram recentemente, a aparência de independência digital é ilusória.
Não apenas os dedos anular e mínimo são unidos por um tendão comum, como medições de padrões de ativação neuromuscular mostram que todos os dedos, incluindo os que têm maior autonomia estrutural -o polegar e o indicador- estão profundamente atentos a cada flexão e tremor dos dedos vizinhos.
"Mesmo quando você pensa que está movendo apenas um dedo", disse Marc H. Schieber, um professor de neurologia e neurobiologia na Universidade de Rochester em Nova York, "você está controlando toda a mão".
Um pianista? "As pessoas tendem a pensar que estão apertando uma tecla de cada vez, por isso precisam movimentar um dedo de cada vez para tocar aquela tecla", disse. "Mas, na realidade, todos os dedos estão em movimento o tempo todo."
Um digitador? Para cada toque na tecla existe um movimento de cada dedo. "Alguns dos movimentos são para pressionar a tecla", disse o doutor Schieber, "outros para levantar os dedos e afastá-los da tecla, outros para mantê-los distantes".
Precisa de prova? Mantenha a palma da sua mão virada para cima, com os dedos afastados e experimente dobrar o dedo mínimo sem dobrar as juntas de qualquer outro dedo. Conseguiu?
O cérebro também trata as mãos como ferramentas unificadas. Os cientistas demonstraram que nossas mãos começam a assumir a configuração necessária assim que o cérebro inicia uma atividade. Se estamos pegando uma garrafa de água, a mão assume a forma de garra aberta.
Ao pegar uma caneta, o polegar, o indicador e o dedo médio formam uma pinça, enquanto o dedo anular e o mínimo (que seguram objetos maiores) se dobram para não atrapalhar.
O polegar é o que diferencia nossas mãos das de outros primatas. Não por serem opostos, mas sim excepcionalmente longos, fortes e flexíveis.
"Isso nos permite beliscar com força um objeto, em um grau muito maior que o de um chimpanzé", disse Stephen J. Lycett, antropólogo da Universidade de Kent (Inglaterra).
Um beliscão forte é poderoso e preciso, disse William D. Hopkins, do Centro Nacional de Pesquisa de Primatas Yerkes, em Atlanta (EUA). Segundo ele, os seres humanos são muito melhores em utilizar um martelo para abrir uma noz e, quando a noz está aberta, somos melhores para retirar a poupa beliscando.
"Quando perdemos um polegar, perdemos a metade ou mais da funcionalidade da mão", disse Lynette Jones, especialista em mão no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. É por isso que as pessoas que perdem um polegar muitas vezes optam por ter outro dedo ou um dedão do pé (hálux) transplantado em seu lugar.
O dedo trabalhador paga um preço por sua utilidade. Nos EUA, segundo o doutor Steven J. McCabe, último presidente da Associação Americana de Cirurgia da Mão, quase todo mundo acaba com artrite na base do polegar no fim da meia-idade.
A mão humana é um pegador de ferramentas e um descobridor de fatos, tão cheia de sensores que foi comparada à fóvea da retina, a parte do olho com a maior concentração de receptores de luz. A pele sem pêlos de cada mão contém 17 mil receptores, terminações nervosas especializadas que podem detectar mínimas vibrações, mudanças de pressão, saltos microscópicos, o toque de uma perna de mosquito.
"Se você quiser descobrir texturas, distinguir seda de poliéster, toque com as mãos", disse.
As mãos também são ricas em ossos: os 27 ossos da mão e do pulso representam a maior concentração de ossos interligados do corpo, disse o doutor McCabe. Além disso, as proporções entre os ossos nos dedos fora o polegar se conformam em muitas pessoas com a sequência de Fibonacci, uma relação numérica vista em outras formas espiraladas da natureza, como as conchas de alguns moluscos, a corola do girassol e o furacão. Se você agitar os dedos em uma cascata, disse o doutor McCabe, "poderá ver a curva espiral em ação".
Como e quando ganhamos nossas mãos continua sendo um campo animado de pesquisa e debate. Jonathan Kingdon, da Universidade de Cambridge, afirmou que há cerca de 7 a 9 milhões de anos, muito antes que nos tornássemos bípedes, nossas mãos distinguiam nossos ancestrais dos macacos, permitindo que os pré-hominídeos coletassem frutos com aptidão e perícia.
Em um relatório de 2010 publicado na revista "Evolution", pesquisadores da Universidade de Calgary (Canadá) afirmaram que a bipedestação veio primeiro e que as mudanças no pé e nos artelhos humanos necessárias para sustentar uma posição ereta nos deram nossas proporções características dos dedos.
Mais recentemente, o doutor Lycett e Alastair Key sugeriram na publicação "The Journal of Archaeological Science" que nossas mãos provavelmente fazem parte de uma curva evolucionária genética-cultural. Por esse argumento, enquanto nossos ancestrais começaram a mexer com as primeiras ferramentas de pedra, os utensílios se tornaram uma força seletiva, favorecendo os indivíduos cujas mãos conseguiam usá-las com maior eficiência.
Nossas mãos continuam evoluindo e têm espaço para melhorar. Se pelo menos conseguíssemos perder a artrite no polegar.
Fonte: Folha de São Paulo - The New York Times - 12 de março de 2012
Comentário: Dados de acidentes relativos as mãos e punhos da Previdência Social de 2009
No ano de 2009, dentre os 50 códigos de CID com maior incidência nos acidentes de trabalho, os de maior participação foram;
■ ferimento do punho e da mão - 10,6% do total,
■ fratura ao nível do punho ou da mão - 6,5% do total
■ e dorsalgia - 6,4% do total.
As partes do corpo com maior incidência de acidentes de motivo típico foram;
■ dedo -30,7%,
■ mão (exceto punho ou dedos) - 8,8%
Total de acidentes registrados em 2009- 723.452
Ferimento do punho e da mão- 76.627
Fratura ao nível do punho e da mão - 46.966
Partes do corpo
■ Mão (Exceto Punho ou Dedos) - 40.371
■ Dedo - 133.321
Obs: Em termos absolutos as mãos e dedos possuem a maior incidência de acidentes: 173.692, equivalente a 24% do total de acidentes.
Segundo estudos de especialistas o tempo médio de tratamento é de 55 dias.
No Brasil é difícil avaliar esses dados devido a subnotificação e o trabalho informal (28% da população economicamente ativa)
■ Se levarmos em conta apenas o trabalho formal, o trabalhador com carteira assinada, teremos ; 1.407.600 acidentes
■ Incluindo o trabalhador informal (sem carteira assinada0, teremos: 2.346.000 acidentes
Obs: O índice absoluto de acidentes de trabalho em função da população economicamnte ativa com carteira assinada no Brasil é muito menor do que nos EUA. Nos EUA existe por parte do governo uma política de prevenção de acidentes e aqui apenas fiscalização.
Com esses dados poderemos ter uma estimativa real dos acidentes com as mãos
■ Trabalhador com carteira assinada: 469.200 acidentes
■ Incluindo o trabalhador informal: 782.000
Vídeo:
É interessante, pois mostra uma série de situações de riscos das mãos desde atividade industrial e escritório. A principal mensagem do vídeo a mão não é uma ferramenta. Utilize a ferramenta adequada para cada tipo de serviço. Proteja as mãos. Faça exercícios com as mãos para evitar dores crônicas. Utilize luvas adequadas para cada tipo de serviço. Não coloque sua mão entre objetos em movimento.
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