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domingo, janeiro 09, 2011

Autoridades alemãs detectam dioxina em ovos


Escândalo na Alemanha é desencadeado pela detecção de dioxina em ovos. Mais de mil propriedades agrícolas foram fechadas preventivamente no estado da Baixa Saxônia.

DIOXINA ENCONTRADA NA RAÇÃO
A razão do fechamento de inúmeros estabelecimentos rurais alemães foi a detecção da substância tóxica dioxina em ração animal, que teria sido vendida para todo o país. Não se sabe ao certo como o produto foi contaminado pela dioxina. A contaminação atinge não apenas a produção de ovos, mas também a de carnes de aves e de porco. A dioxina é uma substância cancerígena.

NO ESTÔMAGO DO CONSUMIDOR
Na análise de 34 amostras de ovos, as autoridades sanitárias encontraram dioxina em 18. Não se sabe ainda, contudo, o volume total de produtos contaminados com dioxina espalhados pelo mercado no país. Boa parte dos ovos contaminados já deve ter sido vendida e consumida. Representantes da indústria alimentícia e do varejo tentam tirar os produtos possivelmente contaminados de circulação.

AGRICULTORES DO PAÍS TEMEM AS CONSEQUÊNCIAS DO ESCÂNDALO.
O presidente da Associação dos Agricultores Alemães afirmou que os responsáveis pela contaminação da ração animal deveriam assumir a responsabilidade do problema por completo e de imediato. No entanto, disse ele, é preciso evitar que proibições de comercialização de produtos ameacem a subsistência dos agricultores.

AVES SACRIFICADAS
Os produtos contaminados encontram-se em vários estados do país. Mais de mil granjas em toda a Alemanha foram proibidas de vender ovos e carne de aves, e mais de 8 mil frangos foram sacrificados depois que a substância cancerígena foi encontrada na ração animal.

RAÇÕES CONTAMINADAS
Autoridades nos estados de Brandemburgo e Saxônia-Anhalt disseram que, de um total de 527 toneladas de ração animal, pelo menos 55 toneladas de ração suspeita foram utilizadas para alimentar frangos. E mais de 100 mil ovos contaminados já foram destinados ao mercado.

CONEXÕES FORA DO PAÍS
Acredita-se que as propriedades rurais afetadas tenham comprado ração animal contaminada com dioxina do fabricante de ração animal Harles & Jentzsch, no estado de Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha. A empresa teria, por sua vez, comprado produtos de um parceiro comercial na Holanda. O ministério público investiga a responsabilidade da empresa.

RESÍDUOS DE ÁCIDOS GRAXOS
Empresa diz ter acreditado que resíduos de biodiesel fossem adequados para ração animal. O diretor da empresa Harles & Jentzsch, Siegfried Sievert, disse que há anos mistura-se resíduos da produção de biodiesel à ração animal. "Acreditamos equivocadamente que os resíduos de ácidos graxos da produção de óleo de palma, soja e canola (utilizados na produção de biocombustíveis e fornecidos pela companhia holandesa) seriam adequados para a alimentação animal", declarou.

A empresa alemã Petrotec, que fornece os ácidos graxos para a empresa alimentícia holandesa, disse que seus produtos são adequados apenas para lubrificantes industriais e não para a alimentação animal.

A ORIGEM DA DIOXINA AINDA NÃO FOI IDENTIFICADA
A fonte exata da contaminação por dioxina ainda não foi identificada. O porta-voz da Secretaria Estadual da Agricultura da Baixa Saxônia, Gert Hahne, disse que pode levar semanas até que todos os produtos das granjas afetadas possam ser testados para detectar a presença de dioxina.

OVOS CONTAMINADOS NÃO TRAZ SÉRIO PERIGO À SAÚDE
Autoridades afirmam que ingerir ovos contaminados não traz sério perigo à saúde, mas crianças devem evitá-los todos os dias A Secretaria de Agricultura da Baixa Saxônia, no entanto, qualificou as normas atuais como suficientes para a proteção dos consumidores.
"Pelas informações que temos, não há sério risco para os consumidores ao ingerir ovos", disse Helmut Schafft, diretor de alimentação animal do Instituto Federal de Avaliação de Risco. A Sociedade Alemã de Nutrição (DGE) alertou também contra reações de pânico, mas disse que, por medidas de segurança, as crianças não devem ingerir ovos diariamente.

Fonte: Deutsche Welle - 03.01.2011

COMENTÁRIO:
Isso lembra o mal da vaca louca que surgiu na Europa, devido ao uso de carne, ossos, sangue e vísceras na complementação ou suplementação protéica de ração para o gado. Isso se choca com a natureza do animal, que é herbívoro e ruminante.

Em 1923, Rudolf Steiner escreveu: "O que aconteceria, se, em vez de vegetais, o boi comesse carne? Primeiramente, ele se encheria de ácido úrico e de urato. O urato (sal produzido pela combinação de ácido úrico com uma base) tem por si próprio alguns hábitos particulares, muita afinidade pelo sistema nervoso central e o cérebro. Se a vaca comesse carne diretamente, resultaria daí uma secreção enorme de urato. O urato iria para o cérebro e a vaca ficaria louca". Fonte: From Rudolf Steiner's lectures to workmen in Dornach, Switzerland, January 13, 1923. (Lectures available from the Anthroposophic Press under the title: Health and Illness, Volume 2.)

Agora, resíduos de ácidos graxos foram utilizados na mistura da ração. O mercado consumidor de alimentos está forçando que a cadeia produtiva de avicultura se torne uma indústria altamente competitiva, eliminando ou alterando as etapas de desenvolvimento do ciclo natural de cada ave, animal, peixe etc., visando à maximização da produção e rentabilidade. Os sistemas atuais de produção consideram os animais, aves, peixes, etc., como verdadeiras fábricas. A ração balanceada predomina na alimentação visando crescimento rápido ou na produção de ovos.

DIOXINA
De acordo com a EPA (Environmental Protection Agency), a concentração média de dioxina encontrada na população em geral norte-americana, está próxima ou a um nível que se pode associar-se como gerador de efeitos adversos em termos de saúde animal e mesmo humana. A EPA interpreta que esses dados têm uma margem de exposição muito pequena ou inexistente: isto é, estamos perto “do ponto máximo” e quaisquer exposições adicionais à dioxina podem resultar em efeitos danosos à saúde.

A EPA estimou que 90% da dioxina que os norte-americanos estão expostos, provém de alimentos que regularmente ingerimos como carne, laticínios e peixes.

A dioxina causa também uma série de efeitos negativos além do câncer. Estão entre eles, os danos aos sistemas reprodutivo, imunológico, endócrino e ao desenvolvimento tanto de humanos como de outros animais. Estudos em animais mostraram que exposições à dioxina estão associadas com a endometriose, à diminuição da fertilidade, inabilidade de levar a gestação a termo, abaixamento nos níveis de testosterona, decréscimo na contagem de espermatozóides, defeitos de nascimento e inabilidade na aprendizagem. Em crianças, a exposição à dioxina poderá gerar déficit em seus QI’s, efeitos negativos sobre a psicomotricidade e ao neurodesenvolvimento além de alterações comportamentais incluindo-se a hiperatividade. Pesquisas feitas com trabalhadores foram detectados baixos níveis de testosterona, diminuição no tamanho dos testículos e defeitos de nascimento nas proles dos veteranos norte-americanos do Vietnam expostos ao Agente Laranja.

Efeitos sobre o sistema imunológico parecem ser um dos tópicos finais mais sensíveis pesquisados. Estudos com animais mostraram que há um decréscimo nas respostas imunológicas e o incremento na suscetibilidade a doenças infecciosas. Em estudos com humanos a dioxina estava associada com a depressão do sistema imunológico e alterações no status imunológico favorecendo ao crescimento de infecções. A dioxina também causa disfunções nas atividades normais dos hormônios, mensageiros químicos que o organismo se utiliza para crescer e manter o equilíbrio orgânico. A dioxina interfere com os níveis dos hormônios da tireóide tanto em crianças como em adultos, alterando a tolerância à glicose e está sendo associada à diabetes. Fonte: The Center for Health, Environment and Justice

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posted by ACCA@11:24 PM