Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

sexta-feira, setembro 25, 2009

Reticências de comportamento seguro ou inseguro?

Algumas características de perfis de trabalhadores propensos a acidentes

■ O sociopata de Segurança (SDS) caracteriza por um padrão invasivo de desrespeito e violação das normas de segurança.
Ele não se adequa às normas pertinentes a um comportamento dentro de parâmetros de uma organização. Esses indivíduos também exibem um desrespeito imprudente pela segurança própria ou do grupo. São extremamente irresponsáveis.
Ocasionalmente, qualquer um é capaz de comportamentos desse tipo. Mas o sociopata os adota como sua única maneira de ser e de se relacionar com o mundo: ele se impõe na vida desrespeitando os outros e as normas coletivas sem sentir culpa alguma.

Por exemplo: Em 15 de agosto, o prédio onde eu moro, começou a pintura em toda a fachada com seis pintores. Um dos pintores estava na altura do meu apartamento, 8º andar, na janela da sala.
Perguntei para o pintor: Você está com cinto de segurança usando como enfeite?. Por que, você não usa direito o cinto?
Respondeu-me, não tenho medo de morrer, sou solteiro.
Respondi, problema não é morrer e sim ficar paraplégico ou tetraplégico?
Ele respondeu-me, não vai acontecer .
Perguntei, Quantos anos você tem?
33 anos
Não é novo para morrer?
Não tenho medo
Outro pintor ao lado, respondeu-me: Não liga doutor, ele é cabeça dura. Ele nunca usa o cinto.
O que deve passar na mente do trabalhador, ele sabe que está errado, deve usar, mas conscientemente ele não usa? É problema cultural? Ou gosta de brincar com a vida como roleta russa?

■ Pessoa insensível ao perigo.- PIP
As pessoas são resistentes à idéia em que se encontram em risco diante de um perigo. Elas julgam que tomando certo cuidado (sem noção de outros riscos existentes, sem dispositivos de segurança) o perigo é menor e tem menor possibilidade de causar um acidente. Assim as pessoas passam a sentir excessivamente autoconfiante. Por exemplo, a pessoa sobe no telhado, toma cuidado em pisar nas telhas, tem sorte e essa experiência passa ser sua referência para executar o serviço. Esse otimismo irreal baseia-se na informação disponível (deu certo a primeira vez) e induz a um raciocínio que o perigo não é uma ameaça real.Isto influi na reação diante do perigo.

■ Pessoa sem percepção de riscos - PSPR
A pessoa recebeu o treinamento adequado de segurança, mas não tem noção das potencialidades dos riscos em seu posto de trabalho ou na região periférica. Enquanto a percepção de riscos cria procedimentos de trabalho com segurança., somente com o treinamento de segurança a pessoa tem a propensão de burlar os procedimentos de segurança. Portanto, a percepção dos riscos refere-se à atitude da pessoa consciente diante do perigo. O risco constitui planejamento, estratégia de ação diante do perigo.
Por exemplo: Ao terminar de descarregar um caminhão, um funcionário, que sempre teve um excelente comportamento perante à empresa a aos colegas, super participativo em todas as palestras, resolveu, do nada, pular da plataforma onde o caminhão estava estacionado, sendo que a escada estava bem ao lado, placas indicando o risco, fita zebrada, tudo. E, ao tocar o solo, escorregou e bateu a cabeça. Hoje, move uma ação contra a empresa. E aí? Um segundo de distração por parte dele, foi o mais prejudicado, pois ele ficou com o trauma na vértebra. Terá de realizar uma cirurgia delicada e não poderá ter uma vida como tinha antes. O que aconteceu? Ato, comportamento, atitude ou minuto ou pensamento inseguro? Ele não sabe por que fez isso.

Mas todo esse processo de segurança dependerá do comportamento humano. Até que ponto a cultura de segurança da empresa influirá na mudança do comportamento humano? O prazer e o perigo caminham juntos com o ser humano. Corremos riscos diariamente no nosso cotidiano, mas colocamos a maioria no piloto automático. O cérebro gerencia esses riscos e analisa esses riscos em termos de fluidez de tráfego, stop and/or go (pare e/ou prossiga). . Correr riscos é inerente a atividade humana. Por que agimos assim?
Graças a essa característica, a tendência para andar no limite da segurança, a humanidade avançou mais do que as outras espécies. O Homo sapiens, nossa espécie, saiu da África para um mundo desconhecido e povoou o planeta Terra.

O que tem o nosso cérebro de tão especial para enfrentar ou conviver com o medo e o perigo?
O corpo humano está cheio de células nervosas, que são os neurônios. Eles são os centros vitais de comunicação do nosso corpo. Eles são os radares e sensores inteligentes. A função deles é continuamente coletar informações sobre o estado interno do organismo e de seu ambiente externo, avaliar essas informações e coordenar atividades apropriadas à situação e às necessidades atuais da pessoa. Todas essas informações resultam em nossas sensações, sentimentos, pensamentos, respostas motoras e emocionais, a aprendizagem e a memória, etc. O sistema de processamento de informações são tão complexos e interligados, que são gerenciados por impulsos nervosos, os elétricos e os químicos. Os sinais elétricos propagam os sinais e químicos fazem o papel das pontes, para que haja continuidade dessas comunicações.

Quando confrontamos com um elemento desconhecido podemos ter uma sensação de medo ou de coragem para enfrentar o risco ou de prazer

O que acontece no nosso cérebro
1-De imediato,as células nervosas,espalhadas pelo nosso corpo, enviam mensagens de alerta ao cérebro
2-No cérebro,o córtex percebe que algo de inusitado irá ocorrer e entra em alerta. Aciona, então, as estruturas cerebrais responsáveis pelo controle das emoções e do funcionamento de órgãos do corpo,como estômago,coração,vasos sangüíneos, glândulas salivares,entre outros
3- Ao serem acionadas,essas estruturas provocam mudanças fisiológicas,como tensão muscular,excesso de suor,dilatação da pupila,aceleração dos batimentos cardíacos e contração dos vasos sangüíneos
4- Ao mesmo tempo,o hipotálamo ativa a glândula hipófise,que libera no sangue hormônios corticosteróides e adrenalina.Se bem dosada, essa descarga provoca prazer,pois a adrenalina é responsável pela sensação de bem-estar
5- No caso do medo, ocorre menor produção de adrenalina e as mudanças fisiológicas se acentuam.Há menor irrigação de sangue para outras partes do corpo, provocando aquela palidez típica de quem acaba de levar um susto

A sensação ou intensidade do medo, prazer e perigo varia de pessoa a pessoa.
Exemplo: Os esportes radicais oferecem mais riscos do que os esportes em geral são mais emocionantes aos praticantes ou os que exigem um maior esforço físico ou maior controle emocional. Eles estão em situações extremas de limite físico ou psicológico ou de segurança.

Mas a segurança exige percepção, atitude e visão de riscos. É através do treinamento é que podemos mudar o comportamento humano.

Quanto mais você treina a execução de um procedimento, mais esta informação se torna acessível na memória de longo prazo e é mais prontamente recuperável. É por isso que os militares, atletas, músicos, trapezistas etc., precisam treinar exaustivamente. Por outro lado, é preciso lembrar que os procedimentos mal aprendidos e não treinados, são sempre dificílimos de serem recuperados quando precisamos deles.

Todas as informações percebidas pelos sentidos são interpretadas pelo cérebro como verdades, de acordo com os padrões anteriormente registrados. Devemos criar procedimentos para que o cérebro possa aceitar estas informações como verdadeiras e passará a identificar todas as situações de riscos.
O trabalhador deveria; parar, pensar e executar a tarefa de modo seguro, do que perder a vida num minuto? Pare (Stop) - Pare calmamente, Analise todas as opções
Pense (Think) - Qual é o problema? Qual é a sua opção? Quais são as conseqüências de sua ação?
Faça (Do) - Faça a escolha de sua ação segura, Converse com alguém com experiência

O perfil dos riscos:
■ exposição ao risco é voluntária
■ exposição é involuntária
■ tem efeitos imediatos
■ tem efeitos retardados
■ é conhecido das pessoas
■ é desconhecido para as pessoas
■ é conhecido para a ciência
■ é desconhecido para a ciência
■ risco é controlável pela própria pessoa ( automóveis, do cigarro ou das drogas).
■ risco é incontrolável pela própria pessoa
■ é um risco novo (novas tecnologias)
■ é um risco antigo
■ é um risco assustador, desconhecido (caso da manipulação genética, das guerras nucleares e do terrorismo)
■ é um risco pouco assustador
■ há muitas pessoas expostas
■ há poucas pessoas expostas

Evidentemente, é muito difícil estabelecer um programa de comportamento humano único para todas as pessoas. Cada indivíduo tem um perfil psicológico diferente, nível cultural e emocional diferentes.
Todavia, há alguns pontos comuns a todos e que servem, pelo menos a princípio, como guia;.
Vejamos:
a) Estude detalhadamente todo o procedimento necessário ou o que precisa executar com precisão. Adquira o maior número de informações possíveis sobre o assunto. Quanto mais informações você tiver a respeito desse procedimento, maior será a confiança (análise do risco, procedimento de operação ou permissão de trabalho seguro). Essa confiança "minimiza o perigo" e, conseqüentemente, reduz os riscos de bloqueio mental por tensão.
b) Treine esse procedimento. Quanto mais treinar, mais facilidade terá para reproduzi-lo fielmente. Lembre-se que "o treinamento exaustivo acaba facilitando a repetição automática". Repare que você amarra o cadarço do sapato, pára quando o farol fica vermelho e digita no seu computador, sem jamais parar para pensar "como isso deve ser feito". Você "reproduz" estes procedimentos naturalmente, sem o menor esforço mental.

Fonte: Autoria-ACCA

Vídeo:
Mostra a irresponsabilidade do motorista, dançando alegremente, estando na direção de um caminhão de grande porte, chegando em alguns momentos a levantar do banco do motorista e largar o volante.É a irresponsabilidade ou sociopata de segurança, colocando a vida de terceiros em perigo.

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posted by ACCA@12:11 PM