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terça-feira, maio 05, 2009

Trabalhadores pendurados em andaime durante ventania

Dois trabalhadores que faziam a limpeza das janelas de um prédio comercial na segunda-feira, 4 de maio, na Zona Sul de São Paulo, levaram um grande susto por causa da ventania que atingiu a cidade durante a tarde.

Os trabalhadores Wando Jacinto Barros e Luciano Correia Santos ficaram balançando no andaime, suspensos a uma altura de mais de 20 metros. Atingindo pelo vento, o andaime ficou parecendo um balanço e chegou a bater contra a estrutura do prédio. Os trabalhadores tentavam se segurar de várias formas, mas só conseguiram parar o andaime quando uma pessoa usou um casaco para trazê-los para perto da janela.

Os funcionários de um dos escritórios tiveram de quebrar o vidro para resgatar os dois homens. Um dos trabalhadores chegou a machucar a mão ao tentar se segurar aos cabos e o outro bateu a cabeça.

Segundo os bombeiros, eles não se feriram com mais gravidade porque usavam cinto de segurança para fazer a limpeza das janelas. O trabalhador Wando de Barros foi atendido e liberado e Luciano Santos foi levado para o Hospital Regional Sul e não teve fraturas. Ele deve receber alta ainda na segunda-feira.

Dia seguinte: relato dos funcionários como ajudaram a salvar os trabalhadores
Com a mesma jaqueta usada para puxar um dos dois trabalhadores que ficaram presos em um andaime durante o vendaval na tarde da segunda-feira, na Zona Sul de São Paulo, Carla Pagano, foi trabalhar na terça-feira no escritório situado no sétimo andar do prédio de número 95 da Rua James Joule, no Brooklin.

Ao lado dos dois colegas que ajudaram no salvamento dos limpadores, ela falou sobre o episódio vivido no dia anterior. “O céu ficou preto e quando olhamos para o lado tinham umas rajadas, que depois eu vi na TV que eram ventos, e o andaime começou a balançar muito. Foi assustador. Ele ia até o oitavo andar, até a rua e voltava. Os rapazes estavam voando feito um pêndulo”, disse.

Foi quando, segundo Marcos Viana, que também ajudou no socorro, eles decidiram fazer algo. “Aí a gente disse: ‘olha, temos que fazer alguma coisa. Vamos ligar para os bombeiros’”, afirma. Mas, após ligar para o salvamento, eles perceberam que tinham que agir logo, antes da chegada de especialistas, ou poderia ocorrer o pior.

Carla conta que se aproximou da janela e viu que os trabalhadores estavam perto e poderia tentar puxá-los. Uma amiga teria lembrado da jaqueta que ela tinha deixado pendurada na cadeira. Foi por uma abertura de cerca de 20 cm da janela da empresa de tecnologia que ela conseguiu passar o braço e jogar a jaqueta, que o limpador Wando Jacinto Barros, segurou. Depois que eu segurei, eu falei: “vocês não vão mais soltar de mim. Não precisam se preocupar, eu não vou soltar vocês".

Foi neste ponto que, segundo Viana, ele, Carla e Fábio Missola, perceberam que o salvamento seria ainda mais difícil. “O trava-quedas (equipamento de segurança usado por trabalhadores nesse tipo de serviço) de um dos rapazes passou embaixo do andaime. Então, quando a gente, pela janela, pediu para ele passar as cordas do trava-quedas que a gente ia segurar - pelo menos se o carrinho caísse, eles não caíam – percebemos que a corda tinha passado por baixo do andaime e estava presa. Aí, a gente ficou segurando o andaime e o rapaz”, lembrou Viana.

O trio lembra que o salvamento não foi mérito apenas dos três. Toda a empresa ajudou no resgate segurando o andaime e empurrando os móveis do lugar para ter espaço para o resgate. “A gente entendia que aquilo ali não era um filme. Se eles caíssem, não ia ser como em um filme. Então a gente realmente precisava segurar eles ali , falou Viana.

Vidro removido
A partir daí, o grupo tentou abrir a janela. Um outro funcionário da empresa achou uma chave de fenda e desparafusou o vidro. Com o espaço aberto, o grupo conseguiu puxar os limpadores para dentro do prédio.
Para Viana, o resgate só foi possível porque os trabalhadores estavam bem equipados. “Ainda bem que eles estavam paramentados. Os equipamentos que eles estavam usando devem ser todos dentro da norma. Porque se tivesse qualquer cabo fora de ordem, ele teria estourado e aí tinha acontecido uma tragédia.” No dia seguinte ao salvamento, a sensação para o trio era de alívio e alegria. Acho que todo mundo que ajudou está super feliz com tudo isso, disse Viana.

Dia seguinte: relato de um dos trabalhadores
"Eu vi a morte. Achei que ia cair e morrer. Na hora, pensei que aquele andaime ia despencar. A agonia durou uns 20 minutos – entre 14h40 e 15h. O andaime parecia mais uma pipa, subindo e descendo com a gente", disse Luciano Correia dos Santos.

Fonte: Gazeta do Povo – 04 de maio de 2009 e G1, em São Paulo – 05 de maio de 2009

Comentário:
Nesse incidente mostra como é importante conjunto de equipamentos de segurança. O andaime suspenso mecânico com guarda-corpo fechado minimizou e protegeu os trabalhadores durante o impacto violento contra a estrutura do prédio. E os equipamentos de proteção individual, cintos de segurança protegeram os trabalhadores contra a queda e lançamento fora do andaime. A escolha do conjunto de equipamentos de segurança é muito importante para minimizar o acidente. Imagina se o andaime fosse de estrutura de madeira ou metálico sem o fechamento, muito provável os trabalhadores ficariam suspensos pelos cintos de segurança e cabos de segurança e o salvamento seria muito mais demorado.

Vídeo:



Vídeo: Dia seguinte

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posted by ACCA@1:10 AM