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sexta-feira, maio 08, 2009

Acidente com esmeril

Relato do caso clínico:
Trabalhador, eletricista de automóveis, natural de Jaboatão dos Guararapes – PE, procurou o Serviço de Urgência do Hospital de Aeronáutica de Recife, relatando na ficha médica que foi consertar o motor de partida do caminhão, quando ocorreu o acidente. Ele enrolou um pano impregnado de graxa em um parafuso de aproximadamente 20 cm de comprimento e 0,5cm de diâmetro e começou a esmerilhar o parafuso, sem uso de equipamento de segurança.. O pano foi puxado pelo rebolo, que lançou o parafuso como uma flecha contra o seu rosto. Ele informou ainda que tentou retirar o parafuso, mas não logrou êxito.

Após avaliação geral do paciente, realizamos o exame clínico. Edema local e uma discreta rinorragia direita foi observada. O orifício de penetração do corpo estranho deu-se ao nível da região geniana esquerda, ao lado da asa do nariz, região da parede anterior do seio maxilar a cerca de 5 cm abaixo da cavidade orbitária.

Ao exame intra-oral palpamos a extremidade do parafuso sob a mucosa que reveste o processo pterigoide direito do esfenóide. Solicitamos de imediato exames clínicos, cardiológico e radiográficas (seios da face, e lateral da face), que delimitaram o trajeto percorrido pelo parafuso, que transfixou o seio maxilar, indo alojar-se posteriormente.

Sob anestesia geral, intubação oral, realizamos antissepsia local e houve medição do parafuso com régua, que apresentou o comprimento de 13 cm da pele até a extremidade externa. Após contenção da face, realizamos delicada tração no parafuso, onde observamos resistência. Realizamos, a seguir, tração/rotação no sentido anti-horário devido ao fato da rosca do mesmo estar promovendo a sua retenção. Após a retirada do corpo estranho, introduzimos pelo orifício de penetração uma sonda uretral calibre 12 através da qual realizamos aspiração com solução de cloreto de sódio a 0,9% e lavagem com solução iodada aquosa, seguida de nova irrigação/aspiração com soro fisiológico 0,9% . Após a retirada do parafuso, pudemos verificar que o mesmo penetrou 7 cm da pele para o interior, comparando-se à mensuração inicialmente realizada.

Removemos a ferida cutânea e realizamos curativo compressivo com gaze impregnada em pomada bactericida. Prescrevemos terapia antibiótica e antiinflamatória por sete dias, bem como devidamente instituída a profilaxia antitetânica. Os curativos foram trocados diariamente até o completo fechamento da ferida, que se deu no 12º dia do pós-operatório.

Solicitamos exames radiográficos de controle. Reavaliamos o paciente com 30 dias , 03 meses e 06 meses de pós-operatório, quando demos alta ambulatorial. O mesmo encontrava-se, até o momento, completamente assintomático e com as funções preservadas.

Fonte: Revista Gaúcha de Odontologia – 2º Trimestre de 2001

Comentário:
Na maioria das vezes a análise do risco, não leva em consideração a projeção da peça ou fragmentos do rebolo em direção ao rosto do trabalhador. O uso do protetor facial em conjunto com óculos de segurança é importante.

Riscos envolvidos
■ Projeções de objetos, peças ou partículas
■ Contato com materiais ou substâncias
■ Abrasão
■ Entalamento, enrolamento
■ Contato com superfícies com temperaturas extremas
■ Exposição ao ruído (ruído excessivo)
■ Riscos elétricos (choque elétrico)
■ Risco de incêndio ou explosão (fagulhas)
■ Deficiência de princípios ergonômicos (bancada, altura, iluminação, etc)
■ Ferimentos nas mãos e olhos (Torções, cortes, traumas, escoriações e perfurações)
■ Contato com o rebolo em movimento
■ Contato com a peça em temperaturas elevadas
■ Mau estado do rebolo (desgaste)
■ Incorreta fixação / colocação do rebolo
■ Projeção da peça a maquinar por incorreta regulação / ausência da espera ou mesa de apoio
■ Pequenas faíscas libertadas no processo de esmerilhagem
■ Contato com partículas desagregadas durante a esmerilhagem
■ Incorreta / ausência de manutenção das condutas de aspiração
■ Poeiras libertadas no local de trabalho
■ Pavimento com poeiras ou sujidade
■ Contacto com partes ativas
■ Ruído resultante da maquinação da peça
■ Iluminação do posto de trabalho insuficiente
■ Desorganização do espaço de trabalho
■ Arrasto de roupa muito larga ou acessório, por entrar em contato com o rebolo em rotação
■ Adoção de posturas incorretas, esforços estáticos ( esforço da mão / punho)

Recomendações de segurança
1) Montado o rebolo, colocar a proteção e nunca retirá-la a não ser para reparos ou substituição do rebolo;
2) Manter fios, cabos e conexões do equipamento em perfeitas condições para evitar descargas elétricas;
3) Usar óculos de proteção e protetor facial, independentemente da existência de dispositivos de proteção adaptados à própria máquina. Somente no esmeril da área de Usinagem não é necessário o uso do protetor facial, porém o uso só pode ser feito pelos funcionários da Usinagem;
4) Não usar rebolos em motores com velocidade (r.p.m.) superior à indicada pelo fabricante do rebolo;
5) Não usar rebolos rachados, defeituosos, gastos ou que estejam fora de centro;
6) Usar esmeril e rebolo adequado para cada tipo de trabalho;
7) Antes de utilizar o esmeril, faça-o girar até atingir plena velocidade;
8) Fazer uso apoio de encosto (espera) para apoiar a peça à ser esmerilada, o apoio deve ser fixado no máximo à distância de 3 mm do disco abrasivo (rebolo). Conforme a distância entre o rebolo e o encosto aumenta e excede os 3 mm, deve ser feita nova regulagem;
9) Não ajustar a posição do apoio com o esmeril em movimento;
10) Quando não for possível fazer uso de apoio (espera), manter a peça a ser esmerilada um pouco abaixo do nível do eixo do esmeril;
11) Segurar firmemente a peça a ser esmerilada, exercendo, com ela, sobre a superfície do esmeril, pressão moderada, contínua e uniforme, evitando esforços laterais, ou seja, não se deve esmerilhar a peça usando a lateral do rebolo;
12) Não deixar o motor ligado ao terminar o serviço nem deixar o esmeril enquanto estiver girando;
13) Ao colocar o rebolo, verificar se ele se ajusta ao eixo. Em nenhum caso deve ficar folgado ou apertado;
14) Não esmerilhar alumínio, latão, cobre ou outros metais num esmeril destinado a aço ou ferramentas;
15) Permanecer sempre que possível ao lado do rebolo durante o esmerilhamento;
16) Não usar luvas quando operar o esmeril;
17) A superfície do rebolo deve estar plana e uniforme. Qualquer ranhura, buraco, trinca ou deformação deve ser eliminada;
18) Após o uso manter o equipamento limpo e organizado;
Fonte: International Paper

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posted by ACCA@1:19 AM

1 Comments:

At 3:29 PM, Blogger Kelly said...

Olá. É possível entrar em contato com a pessoa do acidente? Aguardo a resposta.

 

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