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quinta-feira, janeiro 29, 2009

Três operários morrem eletrocutados em Minas Gerais


O descuido de quatro pedreiros durante a movimentação de um andaime metálico de aproximadamente 10 m de altura terminou em tragédia, na manhã de quarta-feira, 17 de dezembro de 2008. Três deles morreram eletrocutados ao arrastarem a estrutura que encostou na rede elétrica da Cemig.

No local onde ocorreu o acidente estão sendo construídos galpões, e os andaimes são utilizados para a instalação de telhas. A obra pertence à Indusitec, de Confins, que está construindo nova sede em Pedro Leopoldo, região metropolitana da capital, Minas Gerais.

Vítimas
Os operários receberam uma descarga de até 13.800 volts. Segundo o Corpo de Bombeiros, morreram na hora Adriano, de 28 anos, e os cunhados José , de 43, e Tomás, de 48. Já Cristiano, de 39 anos, foi levado para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, onde permanecia internado em estado grave. O hospital informou que ele sofreu queimaduras generalizadas por todo o corpo (25 % do corpo queimado) está inconsciente e respira com ajuda de aparelhos.

Estavam retirando o andaime do local
Os operários pegaram o andaime no local onde era feita a montagem de uma estrutura metálica. De acordo com o soldado Fábio Queiroz, do 36º BPM, eles trabalhavam na parte de alvenaria ao lado e não precisavam do andaime. "Havia somente os quatro no local. Ninguém sabe o motivo que fez com que eles arrastassem o andaime", afirmou o policial.

O que alega a empresa
O proprietário da empresa esteve no local e alegou que os trabalhadores não deveriam ter empurrado o andaime, pois seriam contratados para trabalhar na parte de alvenaria da obra, e não na cobertura do galpão.

Descarga muito forte
A cena era chocante. Os corpos dos operários ficaram bastante queimados devido à forte descarga elétrica que sofreram.
De acordo com o tenente Cristiano Magalhães Silva, do 3º Batalhão do Corpo de Bombeiros, quando ele chegou ao local do acidente, o sobrevivente já estava sendo socorrido por uma ambulância de uma empresa, que fica próxima à área onde aconteceu a tragédia.
“Com uma corda, nós removemos o andaime e o tiramos do contato com a rede elétrica, pois havia a possibilidade de novas descargas. Foi um trabalho rápido”, afirmou o bombeiro.
“Provavelmente, os três pedreiros que morreram arrastavam o andaime pela parte interna. Já o sobrevivente estaria mais afastado no momento da descarga. Não havia nada que pudesse impedir que eles fossem eletrocutados naquela situação”, afirmou o tenente Cristiano Silva.
Obs: O choque teve maior intensidade devido ao solo estava úmido devido a chuva.

Capacete
Os operários usavam capacete e botas de borracha, incapazes de conter a energia descarregada.

Desligar a rede elétrica para efetuar o serviço
Segundo técnicos da Cemig que estiveram no local, os responsáveis pela obra deveriam ter solicitado o desvio da linha, pois parte da estrutura passa por baixo da fiação. “Se tivessem pedido a mudança de local dos postes, já teríamos feito, mas não há nenhum pedido”, afirmou um funcionário da Cemig, que pediu para que não fosse identificado.
O fornecimento de energia caiu devido ao acidente e seria restabelecido após o trabalho da polícia.

Ambiente modificado
Uma equipe de auditores fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais (SRTE-MG) esteve no local da tragédia, em Pedro Leopoldo.
Conforme o chefe da Seção de Segurança e Saúde do Trabalhador da SRTE-MG, Ricardo Deusdará, os auditores encontraram o ambiente do acidente descaracterizado.
“A torre metálica, provavelmente envolvida no acidente, havia sido retirada do local. Essa atitude prejudica a apuração dos fatos”, ressaltou Ricardo Deusdará.
De acordo com o chefe da SRTE-MG, o laudo sobre as causas do acidente deverá ser concluído em um prazo de 30 dias.

Acidentes em Minas
O Instituto Nacional de Previdência Social (INSS) informou que 345 pessoas morreram em acidentes de trabalho, em 2007, em Minas Gerais - em 2006 houve 365 casos. Funcionários da assessoria de Comunicação do órgão, em Belo Horizonte, alegaram que os números podem ser maiores, já que muitos casos não são notificados. No país, em 2007, morreram 2.804 operários, 0,2% a mais que em 2006, quando houve 2.798 ocorrências.

Fontes: Hoje em Dia - 18 de dezembro de 2008 e O Tempo - 18 de dezembro de 2008

Comentário
Hoje as empresas procuram através das certificações moldarem suas imagens como empresas preocupadas com o meio ambiente, segurança e sociedade.
Vivemos numa sociedade em que a comunicação predomina, não sabemos realmente os objetivos sociais das empresas, se elas são falsos ou verdadeiros, pois o marketing predomina nesses objetivos, vestindo as empresas em um padrão ”tailor-made” de comunicação. É só acessar qualquer site de empresas está lá, a política de sustentabilidade da empresa, a responsabilidade social, a preocupação com o meio ambiente, etc. Defino isso, como “marketing do botox” só cuida da aparência.

Se alguém acessar o site da Indusitec encontrará os seguintes compromissos da empresa;
■ Política da Qualidade - Atualmente busca sua excelência através da certificação ISO 9001 e para isso vem melhorando ainda mais a qualidade de seus serviços nos respectivos processos de fabricação.
■ A Indusitec traça como meta, fornecer produtos superando as expectativas dos clientes, desenvolvendo continuamente os seus processos.
■ O sucesso empresarial reside na boa gestão de suas operações industriais ou de serviços, incluindo o planejamento e controle de suas atividades logísticas e de suprimentos, da produção e da gestão de qualidade, assim como a definição dos recursos tecnológicos, humanos e materiais para sua melhor performance.
■ Nossa missão - Satisfazer os nossos clientes com preços competitivos, rapidez e pontualidade.

Pelo jeito a empresa preocupa-se muito mais com os clientes externos do que com os clientes internos (trabalhadores).

Pelo acidente ocorrido a empresa desconhece ou não fez o relatório do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT. Os principais objetivos do PCMAT são a garantia, por ações preventivas, da saúde e da integridade física do trabalhador da construção civil, funcionários terceirizados, fornecedores, contratantes, visitantes etc. e estabelecer um sistema de Gestão de Segurança do Trabalho nos serviços relacionados à construção civil, através da definição de atribuições e responsabilidades da equipe que irá administrar a obra.
Se o relatório é muito complexo, pelo menos a empresa poderia ter efetuado uma análise preliminar dos riscos existentes na obra (APR-Análise Preliminar dos Riscos), que é um dos tópicos do PCMAT.
No PCMAT, recomenda o reconhecimento e avaliação dos riscos, com finalidade de diagnosticar as condições de trabalho encontradas no local da obra. .

A empresa e o Ministério do Trabalho acham que organizando a vida do trabalhador num ambiente de trabalho num manual de instrução de segurança, os problemas de segurança acabaram? Existe uma diferença muito grande entre o trabalho prescrito e o trabalho real, principalmente se não houver fiscalização ou entre cultura declarada da empresa e a cultura percebida no ambiente de trabalho.

Finalmente o que dizem as concessionárias de energia elétrica:
Recomendam verificar se não há situações perigosas por perto da fiação, tais como; encostar ou aproximar andaimes metálicos, escadas, barras de ferro ou outros materiais nos fios elétricos podem ser mortal.
Antes de construir ou executar reformas em prédios e outras instalações, próximas da rede da concessionária, deve ser verificado se não há situações perigosas por perto. Encostar ou aproximar andaimes, escadas, barras de ferro ou outros materiais nos fios elétricos podem ser mortais. Em situações que podem oferecer riscos, deve ser sempre consultada a concessionária para verificar se é possível desligar temporariamente a rede ou isolá-la com materiais especiais.

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posted by ACCA@11:39 AM