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sábado, janeiro 17, 2009

Grupo pede proibição do uso de qualquer tipo de celular por motorista


Estudo mostra que falar ao celular distrai, mesmo sem segurar aparelho.
Movimento para banir o telefone do trânsito ganha força nos EUA.


Nos Estados Unidos, é proibido falar com um telefone celular na mão em meia dúzia de estados e em muitas cidades – mas é perfeitamente legal falar através de um dispositivo de viva-voz.
A teoria diz que é perigoso segurar um telefone e dirigir com apenas uma das mãos. No entanto, um amplo conjunto de pesquisas agora mostra que telefones com viva-voz não reduzem o perigo: o problema não são as mãos, mas o cérebro.
"Não é por suas mãos não estarem no volante", explica David Strayer, diretor do Laboratório de Cognição Aplicada da Universidade de Utah e principal pesquisador sobre segurança do celular. "É que sua mente não está na estrada."

Proibição total de celular no carro
Agora, a pesquisa de Strayer ganhou um forte aliado. O Conselho Nacional de Segurança, grupo de apoio sem fins lucrativos que pressionou por leis a respeito do cinto de segurança e alertas sobre bebida e direção, exigiu uma proibição nacional do uso de telefones celulares por motoristas.
"Existe uma idéia errônea por parte do público de que não há problema em usar um dispositivo sem as mãos", sustenta Janet Froetscher, presidente e diretora do conselho. "É o mesmo desafio que tivemos com os cintos de segurança e a embriaguez no volante – temos de fazer as pessoas pensarem da mesma forma em relação ao celular."

Celular no carro risco quatro vezes maior
Experiências em laboratórios com simuladores, estudos em estradas reais e estatísticas de acidentes, todos conta a mesma história: motoristas que falam ao celular apresentam um risco quatro vezes maior de sofrer acidentes. É o mesmo nível de risco apresentado por um motorista que esteja legalmente bêbado.

Mistério: Qual é o motivo?
O porquê de o celular ser tão perigoso ao volante não está inteiramente claro, mas estudos sugerem diversos fatores. Não importa o aparelho, as conversações por telefone parecem exigir uma parte significativa das habilidades de processamento visual e da atenção.
Talvez falar ao telefone gere imagens mentais conflitantes com o processamento espacial necessário para uma direção segura. Estudos de acompanhamento dos olhos mostram que, enquanto motoristas olham continuamente de um lado para o outro, usuários de celulares tendem a olhar fixamente para frente.
Eles também podem ser distraídos a ponto de seus cérebros ocupados não processarem mais, grande parte da informação que entra em suas retinas, levando a tempos de reação mais lentos e outros problemas de direção.

Simulação de uso de celular
Na Universidade de Utah, Strayer e seus colegas usaram simuladores de direção para estudar os efeitos de conversas em telefones celulares. O interior de um simulador se parece com o de um carro do modelo Ford Crown Victoria, e um computador permite aos pesquisadores controlar as condições de direção.
Eles pediam que os participantes dirigissem sob uma variedade de condições:
■ falando com um celular na mão ou pelo viva-voz,
■ conversando com um amigo no banco do passageiro, e
■ até mesmo após consumir álcool a ponto de estarem legalmente embriagados.

Dentro do simulador, os motoristas tinham de completar tarefas simples;
■ como dirigir por diversos quilômetros ao longo de uma estrada e encontrar uma saída em particular,
■ dirigir por ruas locais onde precisariam frear em semáforos,
■ mudar de faixa e
■ prestar atenção nos pedestres.
A velocidade, a capacidade de se manter na faixa e o movimento dos olhos foram cuidadosamente monitorados.

Os pesquisadores de Utah também colocaram eletrodos na cabeça dos participantes, para avaliar como eles processavam as informações. Estudos similares, usando imagens do cérebro, foram realizados em Carnegie Mellon. Os estudos mostram que as conversas pelo celular são altamente perturbadoras, em comparação a outras atividades de fala e audição no carro.

Não é como rádio
Muitos podem pensar que ouvir o locutor falando no rádio também reduz a habilidade de direção, mas isso não acontece. Um questionário após o teste de direção confirmou que os motoristas estavam realmente prestando atenção aos programas.
Da mesma forma, é fácil associar a conversa com um amigo no celular a um papo com um amigo no banco do passageiro. Porém, um relato publicado na edição de dezembro do "The Journal of Experimental Psychology: Applied" descartou essa idéia.

Pesquisadores de Utah colocaram 96 motoristas num simulador, instruindo-os a dirigir por diversos quilômetros numa estrada e depois parar numa área de descanso. Em algumas vezes, os motoristas conversavam ao celular; em outras, falavam com um amigo no banco do passageiro.
Conclusão
■ Quase todos os motoristas com passageiro encontraram a área de descanso, em parte porque o passageiro muitas vezes funcionou como um par de olhos extra, alertando o motorista sobre a proximidade da saída.
■ Os que falavam ao celular, metade deles perdeu a saída.

"O paradoxo é: se o amigo está sentado ao seu lado, você dirige com mais segurança", diz Strayer. "Quando você fala com essa mesma pessoa no celular, tem muito mais chances de se envolver em acidentes." Apesar da enorme quantidade de evidências de que usar o celular e dirigir ao mesmo tempo é arriscado, a idéia de uma proibição total é certamente controversa.

Comportamento de risco
"As pessoas até compreendem os perigos, mas elas próprias simplesmente não querem abrir mão", diz Froetscher, do Conselho Nacional de Segurança. "Mas até alguns anos atrás, não usávamos cinto de segurança e as pessoas poderiam tomar uma bebida antes de dirigir. Hoje, nem cogitamos isso." "Temos de educar as pessoas sobre esse comportamento de risco".

Fonte: G1 – 15 de janeiro de 2009 e New York Times


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Dirigir e usar o celular é perigoso




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posted by ACCA@11:54 PM