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quinta-feira, dezembro 11, 2008

Trabalhador morre após queda do 10º andar de prédio em obras


O acidente aconteceu por volta das 15h, terça-feira, 9 de dezembro de 2008, na rua 232 em Meia Praia, Itapema, Santa Catarina.
Causa
Segundo Jorge Turela, empreiteiro da obra e colega de Rolnei, ele caiu quando colocava a bandeja de segurança no 10º andar do prédio. Devido ao calor, Rolnei retirou o cinto de segurança.

Morte
Rolnei teve múltiplas fraturas no corpo. Pernas, braços, punhos e face estavam quebrados. A vítima teve morte imediata. Ele era natural de Capão da Canoa (RS), e estava na cidade há quatro meses. A construtora responsável pela obra é Teixeira Teixeira.

Estava sem cinto
Segundo alguns populares e moradores de prédios vizinhos, o trabalhador não usava os equipamentos de segurança, porém os peritos que analisaram o corpo afirmam que o capacete foi encontrado ao lado de Rolnei e o cinto de segurança estava no 10º andar, onde ele trabalhava antes da queda.

Fonte: Jornal Atlântico - Quarta-Feira, 10 de Dezembro de 2008

Comentário:
Olhando a foto, o que podemos imaginar o que se passou na mente do trabalhador, numa situação perigosa, colocando bandeja de segurança no 10º andar , não utilizando cinto de segurança para efetuar esse serviço? Ele estava fazendo um serviço para aumentar a proteção de segurança para os trabalhadores e ao mesmo tempo executando-o sem a sua própria proteção individual. Muito provável ele não tinha noção da importância do conjunto de segurança, bandeja de proteção e cinto de segurança. Essa noção de segurança ou de aprendizagem passa pela política de segurança da empresa. Qual é a importância da segurança do trabalho na construção civil? Na maioria das construtoras, quase nenhuma.
A garantia da Segurança e Saúde Ocupacional na grande maioria das empresas de construção civil, no Brasil, ainda encontra-se no estágio de cumprimento da legislação. É como um time amador, o técnico entrega o calção, a camisa e antes da partida o time faz uma oração. Na construção civil é mais ou menos assim, a construtora entrega o capacete, cinto de segurança, sapato e dá algumas instruções de segurança. Todos estão aptos para jogar, ou melhor, para trabalhar.
Quando ocorre um acidente de trabalho ou uma fatalidade, as empresas procuram eximir de responsabilidades enfatizando suas políticas de segurança, tais como;
■ Nunca deixamos de cumprir as determinações do Ministério do Trabalho.
■ Fornecemos os EPIs necessários, mas os trabalhadores não os usam adequadamente.

A norma atual é mais rigorosa e complexa, mas na prática ela não está surtindo o efeito desejável, pois permanece elevado o número de acidentes.
Segundo estudos de especialistas esse problema reflete em:
■ o avanço do desenvolvimento da cultura de segurança é muito lento, os trabalhadores são inertes às campanhas de segurança;
■ é difícil para os trabalhadores trabalhar seguramente se não existe a cultura de segurança na organização;
■ as campanhas de segurança geralmente resumem-se a um slogan, o rumo para alcançar a segurança permanece obscuro e remoto para muitos empregados e empregadores;
■ as pequenas empresas não tem recursos suficiente para implantar gerenciamento de segurança, embora estas tenham um importante papel como empreiteiras no sistema da construção;
■ os efeitos do treinamento são mínimos no sistema de sub-contratação, pois promover treinamentos de orientação ou dos trabalhadores em serviço não é tarefa fácil, porque muitos deles não são empregados diretos da empresa;
■ existe falta de treinamento e experiência dos “profissionais de segurança” no gerenciamento da segurança;
■ existem concepções erradas da segurança, tipo o uso de EPI’s para a resolução de problemas.

A legislação está preocupada na implementação de regras de segurança, principalmente no que se refere às condições físicas de trabalho. Porém, o Ministério do Trabalho está simplesmente preocupado na fiscalização e penalização do empregador por violar a legislação. Essa mentalidade de fiscalizar e penalizar não cria condições a longo prazo para construir uma cultura de segurança entre os empregadores e trabalhadores.

Concluindo, o grande erro nas normas de segurança é que não existe ênfase no desempenho e conduta segura. Partem do princípio que implantando as normas todos os problemas serão resolvidos. Esse é o cenário do filme brasileiro chamado “Trabalho”, os atores são quase os mesmos (governo, empresa, empregado, sindicato), o enredo é sempre atualizado (normas) e o resultado é sempre o mesmo, acidentes e fatalidades. O Brasil está sempre fazendo do filme “Trabalho”, um remake.

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posted by ACCA@2:28 PM

3 Comments:

At 8:07 AM, Blogger Cícero Brogni said...

Acho que a noticia ficaria ótima sem as fotos da vítima... Alertando a segurança sem influenciar no sentimento e dor da família e dos amigos.
Por favor, se puderem, retirem as fotos.

 
At 10:49 AM, Blogger ACCA said...

Thiago
A foto é importante quando ela faz parte da análise. Sou contrário da foto que alguns expõem simplesmente sem analisar a dinâmica do acidente. A foto com análise do acidente é a única maneira de chamar a atenção do trabalhador, pois ele acha que não acontecerá nada com ele. No prédio onde eu moro uma empresa está fazendo a limpeza da fachada. O trabalhador está fazendo a limpeza com uma cadeira improvisada sem cinto de segurança. Perguntei-lhe, se ele não tinha consciência de segurança pois estava sem cinto de segurança e corda de segurança ou linha de vida.Ele simplesmente disse que tem experiência e sempre fez o serviço dessa maneira.
César

 
At 6:37 PM, Blogger Unknown said...

Por Favor, Retirem a Foto, Acho que não é necessaria, peço em nome da familia e dos amigos.

 

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