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sexta-feira, agosto 29, 2008

Fumo passivo mata diariamente

Hoje, dia 29 de agosto comemora-se o Dia Nacional de Combate ao Fumo, criado pela Lei Federal n° 7488 de 11 de junho de 1986, que estabelece que durante a semana que antecede a data seja lançada uma campanha de âmbito nacional, visando alertar a população, em particular os adolescentes e adultos jovens - alvos preferidos da indústria do tabaco sobre os males causados pelo fumo à saúde.

A cada dia, ao menos sete brasileiros morrem em decorrência de doenças causadas pela exposição à fumaça do cigarro. Todo ano, cerca de 2.655 não-fumantes morrem a cada ano no Brasil por causa do fumo passivo. Os dados constam no estudo "Mortalidade Atribuível ao Tabagismo Passivo na População Urbana do Brasil", realizado por pesquisadores do Inca (Instituto Nacional de Câncer) e do Iesc/UFRJ (Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Somente indivíduos na faixa etária de 35 anos ou mais foram alvo do estudo. Fumantes e ex-fumantes não fizeram parte da população avaliada.

Doenças pesquisadas
O estudo inclui apenas as três principais causas de morte por tabagismo passivo:
■ câncer de pulmão,
■ doenças isquêmicas do coração (como infarto e angina) e
■ acidentes vasculares cerebrais.

Fumante passivo
O estudo considera como fumantes passivos apenas os habitantes de áreas urbanas com mais de 35 anos, que nunca fumaram e moram com pelo menos um fumante

Os números preocupam
Os números preocupam a pesquisadora Valeska Figueiredo. "São mortes que poderiam ser facilmente evitadas. Isso mostra a necessidade de termos uma legislação mais rígida em relação ao cigarro", afirma. Ela defende, porém, que as estimativas são "conservadoras". Ficaram de fora do cálculo, portanto, aqueles expostos à fumaça no ambiente de trabalho e os moradores de áreas rurais.

Mortes atribuídas
■ de cada 1.000 mortes por doenças cérebro-vasculares, 29 são atribuíveis à exposição passiva à fumaça do tabaco.
■ a proporção é de 25 para 1.000 no caso de doenças isquêmicas e
■ de 7 para 1.000 mortes por câncer de pulmão.
Os óbitos de mulheres são de 1,3 a 3 vezes mais elevados que os de homens. Das 2.655 mortes, 1.601 foram de mulheres. A faixa etária que registra maior ocorrência, tanto em homens quanto em mulheres, é de 65 anos ou mais. .
Segundo o Inca, o tabagismo passivo é a terceira maior causa de morte evitável do mundo, atrás só do tabagismo ativo e do consumo excessivo de álcool.
No Brasil, onde cerca de 16% da população é fumante, o fumo em ambientes públicos ou privados de uso coletivo é regulado pela lei federal 9.294, de 1996. O texto permite a criação de áreas reservadas para esse fim, o que é criticado por associações antitabagistas.

Outros malefícios do fumo passivo
O Inca alerta que os perigos do cigarro também são graves para quem não fuma. Quem convive com fumantes pode sofrer;
■ irritação nos olhos,
■ tosse, dor de cabeça e
■ aumento dos problemas alérgicos e cardíacos.

O fumo passivo também causa problemas de médio e de longo prazo:
■ pesquisas nacionais e internacionais indicam que os fumantes passivos têm um risco 23% maior de desenvolver doença cardiovascular e
■ 30% mais chances de ter câncer de pulmão.
■ quem respira a fumaça do cigarro com freqüência têm mais propensão à asma, fica com a capacidade respiratória reduzida, e tem 24% a mais de chances de infarto do miocárdio.

Bebês e crianças expostas à fumaça
Podem desenvolver
■ doença cardiovascular quando crescerem, além de terem mais tendência a infecções respiratórias e asma brônquica.
■ filhos de grávidas que fumam apresentam o dobro de chances de nascer com baixo peso e 70% de possibilidades de sofrer um aborto espontâneo e 30% podem morrer ao nascer.
■ durante o aleitamento, a criança recebe nicotina por meio do leite materno. A substância produz intoxicação, podendo ocasionar agitação, vômitos, diarréia e taquicardia, principalmente em mães fumantes de 20 ou mais cigarros por dia.

Fumódromos
Os fumódromos, podem estar com os dias contados. O Ministério da Saúde propôs emenda que proíbe o fumo em qualquer ambiente fechado ou semi-fechado. O texto já foi aprovado pela Casa Civil e aguarda envio ao Congresso.
"A lei atual está defasada e expõe as pessoas ao risco, especialmente os que trabalham nessas áreas de fumantes. Não existe sistema de ventilação capaz de dissipar a fumaça, assim como não existem níveis seguros de exposição", diz a chefe da Divisão de Controle do Tabagismo do Inca, Tânia Cavalcante.

Pesquisa inédita no Brasil
Esta é a primeira pesquisa do gênero realizada no Brasil. O diretor-geral do Inca, Luis Santini, frisa que é importante ressaltar que os resultados representam apenas uma parcela da mortalidade atribuível à exposição passiva à fumaça do tabaco. Não foram objeto do estudo outras causas de óbito possivelmente associadas ao tabagismo passivo, como síndrome da morte subida da infância e doenças respiratórias crônicas. Também não foram avaliadas patologias relacionadas à infância e período neonatal.

Fontes: O Globo Online – 22 de agosto de 2008 , Folha de São Paulo e Folha de Londrina – 23 de agosto de 2008

Comentário
Interessante essa análise, mas se olharmos como uma visão holística do espaço ambiental em que vivemos, estamos num autentico fumódromo onde predomina a inalação ativa e passiva de do espectro da poluição ambiental.
Qual seria o pior fumo passivo da inalação do tabaco ou da poluição ambiental, que é uma mistura de poluentes ou um blend de hidrocarbonetos, de materiais particulados, metais pesados, mercúrio, pesticidas, etc, formando um autentico coquetel poluidor?


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posted by ACCA@5:35 PM