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sexta-feira, março 07, 2008

Beber, Dirigir e Morrer?

Muitas vezes me pergunto: o que faz as pessoas beberem até perderem a razão de si mesmas?

Começam com um copo, fazem brindes e são civilizadas, retraídas até, são tímidas, falam baixo, ninguém sabe nada de suas vidas.

Aí vem o segundo copo, e começam a alterar a voz.

No terceiro copo, tornam-se amigos de infância e as conversas começam a explanar assuntos pessoais, começam a se tocar, palmadinha no braço, aperto de mãos, quem está acompanhado começa a beijar-se, partem para a sedução e os afagos começam a ficar explícitos.

Daí, não se conta mais quantos copos são, mandam o garçom servir, e cada um pede uma nova rodada, uma nova garrafa, não há mais controle e satisfação em um, dois ou três copos, as doses aumentam e as vozes também. Começa uma nova fase, em que todos falam ao mesmo tempo, já não há entendimento e a conversa não tem seqüência lógica, também não percebem mais que isso pode incomodar alguém que não bebeu.

Foto: O Globo – 03/09/2006 - Pai junto ao corpo da filha é confortado pelo padre
Por volta das 5h40m da madrugada, 3 de setembro de 2006, grupo de jovens vinha de uma festa na boate Sky Lounge, na Lagoa, Rio de Janeiro, quando o motorista do carro, perdeu o controle do veículo. Cinco jovens, entre16 e 22 anos, morreram e a Defesa Civil demorou quase seis horas para retirar os corpos das vítimas do local.


Ficar sem beber em uma festa onde a bebida corre solta é ter certeza de divertimento gratuito, pois se entendem as conversas, as interrupções, e é hilário observar quem bebeu e já não se entende mais, os gestos e o humor de quem já não coordena os sintomas que a bebida manifesta, são todos irmãos, amigos de longa data, embora estejam se vendo pela primeira vez.

A festa vai acabando, e um a um vão se retirando. Primeiro os que quase não podem mais parar em pé, em seguida aqueles que estão muito bem e que beberam muito pouco. Fica para trás a turma dos que estão extremamente alegres, que podem ainda beber o resto da noite.

A saída do bar é catastrófica, saem felizes e sem noção do perigo, tanto o que representam como o que correm, pois se acham sóbrios o suficiente para dirigir. Pegam seus carros e nem percebem o quanto suas pernas e pés estão pesados, o acelerador e o ronco dos carros são o que os denuncia.

Alguns chegam em casa, afinal, como diz o velho ditado popular: "Deus protege as crianças e os bêbados", mas são muitos, e Deus não dá conta de cuidar de todos, aí as tragédias começam a proliferar pela cidade.

Os que morrem não sabem quantos deixam para trás, quantas famílias dilaceradas e quanta dor no coração de pais e mães que esperam em casa alguém que não chegará jamais.

Os que ficam lamentam, mas esquecem muito rápido e até conseguem justificar o motivo da morte, com desculpas de que deve ter se sentido mal, que era excelente motorista, que nem tinha bebido tanto assim e tantas outras explicações que não têm o menor sentido, tentam convencer a si mesmos e, depois do enterro, voltam a se ver na próxima festa, no próximo copo, na próxima embriaguez e até a próxima morte.

Até quando as pessoas vão deixar a bebida determinar o rumo de suas vidas?

Fonte: Zero Hora - 01 de março de 2008, Edinara Pereira Reginatti - Pedagoga

Comentário
Hoje o jovem faz o seu warm-up alcoólico antes de ir à festa ou balada, com energizantes misturados com bebida ou apenas bebida. Tem de chegar à festa já embalado.
Jovens, impetuosidade da juventude, carro, excesso de velocidade e bebida são os ingredientes que se combinam para provocar um acidente. As condições são ótimas para uma tragédia.

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posted by ACCA@8:22 AM