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sexta-feira, dezembro 14, 2007

Bebê salvo por um fio

Dialogo entre a central de emergência e uma mãe pedindo ajuda, pois o bebê com apenas 10 dias de vida, engasgou com leite

- Central de Emergência 190, boa tarde.
O soldado Cilézio Ramos, do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), na Capital, atendeu a ligação no dia 19 de outubro.
- Mãe; boa tarde, é que eu estou com minha neném passando mal, ela engasgou aqui, não está respirando - respondeu Susan Schneider, bastante nervosa.
O soldado então perguntou:
- A senhora não está vendo se ela respira?
- Ela está roxinha.

O soldado Cilézio, que não é socorrista, demonstrou calma ao tentar salvar a vida do bebê.

Os pais não sabiam como proceder
Ao lado de Susan, o pai, Charles Zander, sacudia a pequena Mariana, com 10 dias de vida. O bebê havia acabado de mamar e estava se sufocando com o leite. Inexperiente, o casal não sabia como proceder.

O socorro demoraria
Quando soube que o socorro demoraria de 10 a 15 minutos, o soldado Cilézio teve de tomar uma atitude. Sentindo a mãe muito abalada, ele pediu para falar com Charles. Calmo e firme, orientou o pai, temoroso de machucar a filha.

O diálogo a seguir salvou Mariana.
- Pega sua filha, fecha tua mão embaixo do umbigo dela e aperta. Dá uma apertadinha com força mesmo, para ver se ela consegue desengasgar aí, cara, vai. Vê se consegue.
- Voltou a respirar.
- Beleza? E aí?
- Ela já está fazendo barulhinho. Deu um soluço!
- Pode colocar teu dedo na boquinha dela, devagarinho, pra tirar esse líquido, esse leite.
- Ela está chupando meu dedo!

- Esta chupando teu dedo? Beleza, meu! Beleza, "gurizão"!
- Obrigado! - disse o pai, chorando.

A emoção foi tão grande que o bombeiro fez questão de conhecer Mariana e os seus pais.

Fonte: Diário Catarinense - 03 de dezembro de 2007.

Comentário
O ideal é que os pais adquirem noções de primeiros socorros (em entidades reconhecidas) antes que seus filhos comecem a andar. As medidas de emergência tomadas nos minutos iniciais são extremamente importantes para que o acidente não se torne uma fatalidade. Nem sempre o atendimento de emergência estará disponível (demora, falta de viatura, etc).
No Brasil em 2005, o sufocamento foi responsável por 586 vítimas com menos de 1 ano. No total, 140 mil crianças foram hospitalizadas, aproximadamente 380 por dia.

O sufocamento acontece quando existe alguma coisa bloqueando as vias aéreas parcial ou completamente. Coisas que podem bloquear as vias aéreas incluem:
■ Comidas que descem pela traquéia
■ Pequenos objetos que ficam presos na garganta e nas vias aéreas
■ Secreções que bloqueiam as vias aéreas, como catarro, sangue, vômito ou líquidos engolidos pelo lugar errado

Cérebro sem oxigênio
Quando a via aérea fica completamente obstruída, o cérebro fica sem oxigênio. Sem oxigênio, o cérebro pode começar a morrer em 4 a 6 minutos. Inúmeras pessoas, muitas delas crianças, morrem de sufocamento todo ano. Saber o que fazer quando você ou alguma outra pessoa estiverem com sufocamento pode salvar uma vida. Saber como prevenir sufocamento também é importante.

Prevenção
Não dê para crianças menores de 5 anos:
■ Bolinha de gude
■ Castanhas de qualquer tipo
■ Pipoca
■ Alimentos com sementes como melancia, uvas e cerejas
■ Chicletes (especialmente os de bola)
■ Balas duras (como as balas soft), pastilhas para tosse ou dor de garganta
■ Cachorro quente, salsicha e uvas sem sementes são causas comuns de sufocamentos em crianças. Corte-os antes de oferecer as crianças abaixo de 5 anos;
■ Não deixe a criança mascar ou chupar balões ou pedaços de balões de borracha;
■ Mantenha os objetos pequenos e sólidos como clipes de papel e botões longe de crianças com menos de 3 aos de idade. Certifique-se de que a criança não tenha ao seu alcance brinquedos com pequenos componentes, como olhos de bicho de pelúcia, peças de jogo, etc.;
■ Coloque trincos/fechaduras à prova de crianças nos armários que contenham objetos pequenos;
■ Certifique-se de manter todos os remédios e vitaminas em locais inacessíveis para as crianças. Coloque-os em armários trancados, se necessário;
■ Remova as embalagens plásticas e adesivos de todos os objetos e brinquedos da criança.

Alguns dados dos Estados Unidos sobre sufocamento:
■ Em 1997, 659 crianças com menos de 14 anos morreram por obstrução das vias aéreas (sufocação, engasgo, estrangulamento).
■ Dessas crianças, aproximadamente 80%, tinham menos de quatro anos de idade.
■ A maior parte dos casos acima aconteceu dentro de casa.
■ No ambiente de dormir ocorrem 60% dos sufocamentos. A criança pode sufocar quando sua face vira contra o colchão, travesseiro, acolchoado macio ou quando alguém na mesma cama rola sobre ela.
■ Cerca de 900 crianças, cuja morte é atribuída à Síndrome da Morte Súbita do Lactente, a cada ano são encontradas em ambientes potencialmente sufocantes, freqüentemente de barriga para baixo, com o nariz e boca cobertos por acolchoados macios. Todas as crianças devem ser colocadas para dormir de barriga para cima para reduzir o risco da Síndrome da Morte Súbita do Lactente.

Riscos com bebê
Uma estudo realizado nos Estados Unidos em 2003, publicado no jornal especializado Pediatrics afirma que os pais que compartilham suas camas com seus bebês aumentam em 40 vezes a chance de a criança ser asfixiada, dizem especialistas.
Os especialistas que realizaram o trabalho dizem que o hábito de dormir com bebês está cada vez mais popular em vários países, assim como o índice de mortalidade por esse motivo.

Mortes de bebês
Só nos Estados Unidos, acredita-se que um em cada oito bebês durma com os pais.
Menos de um em cada 100 mil bebês que dormem em berços morrem sufocados, comparados com a morte de 25,5 de cada 100 mil para aqueles que dormem em camas de adulto.

Cama com bebê
É particularmente arriscado dividir uma cama com um bebê se um pai ou uma mãe tiver ingerido bebida alcoólica, drogas ou algum remédio que prejudique os reflexos do adulto.
Sob essas circunstâncias, é possível que o adulto se vire por cima do bebê e permaneça alheio à sua presença.
Há décadas existe o debate sobre as vantagens e desvantagens de os pais dormirem com o bebê na mesma cama. Os que são a favor, defendem a idéia dizendo que isso facilita o entrosamento da família e ajuda na hora de dar de mamar.

"É certo que as pessoas queiram estar perto dos seus bebês à noite, mas não achamos que a criança deva ficar na cama de um adulto", disse chefe da pesquisa James Kemp.

"É difícil controlar uma situação potencialmente capaz de provocar asfixiamento.”

O pesquisador também revela que, enquanto o sufocamento de bebês em camas de adultos está aumentando nos Estados Unidos, as mortes por asfixiamento em berços estão em queda.

Um porta-voz da organização inglesa Foundation for the Study of Infant Deaths (Fundação para o Estudo de Mortes de Crianças) estendeu o alerta para o perigo de dormir com um bebê no sofá: "Os pais jamais deveriam adormecer com seu bebê num sofá, o que aumenta 50 vezes o risco de sufocamento da criança"

Na Grã-Bretanha, uma pesquisa feita entre 1996 e 2002 concluiu que até metade das mortes súbitas de bebês acontecem quando a criança está dormindo na cama com os pais.

Os pesquisadores dizem que, até os oito meses de idade, a criança não tem a capacidade motora de se virar ou engatinhar para sair debaixo de um cobertor ou se desvencilhar de um travesseiro que pode estar sobre ela.

Fonte: BBC Brasil - 07 de outubro, 2003 e Lincx - Serviços de Saúde

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posted by ACCA@2:53 PM