SP TEM O MAIOR VENDAVAL SEM CHUVA DA HISTÓRIA
A cidade de São Paulo enfrentou uma ventania considerada inédita pelos meteorologistas: é a primeira vez que rajadas tão fortes atingem a capital sem a presença de chuva ou temporais. O vento começou ainda pela manhã da quarta‑feira (10/12/) e seguiu intenso até a noite, algo que também chamou a atenção do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
De acordo com meteorologistas,
a longa duração do vendaval surpreende especialistas e não tem precedentes na
capital paulista.
Desde as 9h, na quarta, as
rajadas ultrapassaram 75 km/h em diversos bairros. No Mirante de Santana, na
Zona Norte, o Inmet registrou ventos de 80 km/h. A maior rajada do dia foi
registrada pelo Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) na Lapa, Zona
Oeste, e chegou a 98,1 km/h. É a maior velocidade desde 1963, quando o Inmet
começou essa medição.
Os ventos fortes deixaram um
rastro de destruição na capital e região metropolitana de São Paulo: mais de 2
milhões de imóveis sem luz, queda de 151 árvores, fechamento de parques, voos
cancelados e até consultas em hospital precisaram ser canceladas.
O responsável pelo vendaval é
um ciclone extratropical que atua no litoral do Rio Grande do Sul. Embora longe
de São Paulo, o sistema tem grande área de influência — e por isso ventou tanto
na cidade, segundo meteorologistas.
MUDANÇA DE PADRÃO
Segundo Cesar Soares,
meteorologista do Climatempo, os dados confirmam uma mudança de padrão
climático na região metropolitana de São Paulo.
“Essas rajadas de vento que
antes eram valores inusitados, extremos, vão passar a ser frequentes. Com mais
energia na atmosfera, mais aquecimento e mais calor retido, a gente terá
condições cada vez mais severas e intensas”, disse Soares.
O especialista explica que,
nos anos 2000, linhas de instabilidade capazes de provocar ventos tão fortes
eram raras, mas passaram a se repetir anualmente.
“Agora a gente está vendo com
frequência. Está acontecendo pelo menos uma ou duas vezes ao longo de cada ano.
Os últimos anos têm registrado rajadas cada vez mais intensas”, afirmou.
O QUE ACONTECEU
O polo industrial da Mooca,
SP, é formado por 228 empresas e gera 16
mil empregos diretos. São empresas de diversos segmentos, incluindo da
metalurgia, elétrica, plástico, de beneficiamento de vidro e peças agrícolas.
Indústrias são afetadas desde
o início da tarde de ontem. Das 228 empresas que formam o polo industrial,
apenas cerca de 30% têm geradores, que estão ficando sem combustível.
"Agora, praticamente todas estão sem energia. Um caos absurdo, nosso polo
está parado", lamentou o presidente do grupo, Anderson Festa.
Associação do polo industrial
estima prejuízo diário de R$ 50 milhões. "O prejuízo deve chegar a esse
valor a cada 24 horas sem energia. Mas não estão nessa conta os custos com
multas por atrasos de fornecimento e horas extras para equalizar a carga de
trabalho", disse Festa.
Grande SP tem 1,3 milhão de
imóveis sem luz
Até 10/12, a noite, eram 2,2 milhões de clientes sem
energia. De acordo com dados da Enel, atualizados por volta das 13h de 11/12, esse
número diminuiu para 1,3 milhão. Equipes técnicas teriam trabalhado durante a
madrugada para resolver a situação.
Só na capital paulista, são mais
de 900 mil unidades consumidoras sem o serviço. Isso significa que cerca de 16%
da cidade segue afetada, uma vez que a concessionária atende 5,8 milhões de
imóveis no território.
ANEEL NOTIFICA ENEL
A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) notificou a Enel na tarde de ontem e pediu esclarecimentos
sobre o apagão. Segundo a agência, a concessionária já sabia da formação do
ciclone extratropical que impulsionou a ventania, mas mesmo assim milhões
ficaram sem luz. Em nota, o órgão afirmou que a reincidência e a gravidade das
falhas podem configurar descumprimento contratual e levar até à recomendação de
caducidade da concessão.
A Enel informou que a área de
concessão foi afetada por fortes rajadas de vento. Por causa disso, em alguns
pontos a rede elétrica é atingida por objetos e galhos, o que prejudica o
fornecimento, além da queda de árvores. Em caso de falta de luz, a companhia
orienta que os clientes priorizem os canais digitais para agilizar o
atendimento.
Queda de arvores e logística
de reparos das redes
Os fortes ventos e chuvas que
atingiram São Paulo causaram quedas de árvores e destruição da infraestrutura
elétrica, afirmou Marcelo Puertas, diretor regional da Enel São Paulo. A queda
de árvores derrubou postes, redes e transformadores, exigindo reconstrução
completa em vários pontos. "Quando cai uma árvore, ela derruba o poste,
ela derruba a rede, ela derruba o transformador, e a gente tem que reconstruir
a rede, não se trata de uma emenda de cabo ou uma atividade simples. É uma
atividade extremamente complexa", explicou Puertas.
A logística para o reparo
envolve transporte de equipamentos pesados e mobilização de equipes. "Nós
temos toda uma logística de atendimento na cidade, mas imagina que eu tenho que
voltar para a base operacional, pegar todos esses equipamentos, um poste, para
vocês terem uma ideia, ele pesa 1.500 quilos e precisa de guindaste",
detalhou o diretor.
A Enel mobilizou 1.600
equipes para atuar desde o início dos problemas. "Nós estamos trabalhando
desde ontem, nós estávamos preparados para esse efeito, a gente sabia que esse
evento ia acontecer e a gente trabalhou com 1.600 equipes ontem e a gente
repete esse número para hoje para fazer todo o restabelecimento", afirmou
Puertas.
POR QUE A RECONSTRUÇÃO LEVA
TEMPO
A reconstrução da rede
elétrica é um processo demorado por envolver desafios técnicos e de segurança.
Além da necessidade de substituir postes e transformadores, a Enel explica que
o trabalho só pode ser feito após a remoção segura de árvores e avaliação de
riscos de novas quedas ou deslizamentos.
O atendimento simultâneo a
múltiplos pontos afetados dificulta a priorização dos reparos. Segundo relatos
da Enel, a extensão dos danos e as condições climáticas adversas tornam o
serviço mais lento, mesmo com reforço de equipes.
CONSEQUENCIAS
·
Até 10/12, a noite, eram 2,2 milhões de clientes sem
energia. De acordo com dados da Enel, atualizados por volta das 13h de 11/12, esse
número diminuiu para 1,3 milhão. Equipes técnicas teriam trabalhado durante a
madrugada para resolver a situação.
·
Mais de 48 horas
após terem ficado sem energia, milhares de moradores de São Paulo continuam sem
previsão de retorno do serviço. A Enel passou a classificar esses casos como
"alta complexidade" e não informa mais prazo para solucionar o
problema.
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Cerca de 700 mil
imóveis ainda enfrentam a falta de energia elétrica no estado de São Paulo após
a passagem de um ciclone extratropical.
·
Dois dias após o
início do apagão causado pela passagem de um ciclone extratropical, mais de 619
mil imóveis ainda enfrentam a falta de energia elétrica no estado de São Paulo
na madrugada de sexta-feira (12).
·
A falta de energia
também afetou o abastecimento de água.
·
CET (Companhia de
Engenharia de Tráfego) informou que 218 semáforos estão apagados pela falta de
energia.
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Voos cancelados: Ao
menos 80 voos foram cancelados na manhã desta quinta-feira (11) nos aeroportos
de Guarulhos e Congonhas. Já são 15 no primeiro e 67 no segundo. Os
cancelamentos seguem pelo 2º dia, com 380 voos ao total entre ontem e hoje,
reflexo de ventos intensos.
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Mais de 50 horas
depois do vendaval, a Região Metropolitana ainda tem 689 mil imóveis às
escuras, segundo o boletim publicado pela concessionária Enel às 12h de sexta-feira
(12). No pico, na quarta (10), o apagão atingiu 2,2 milhões de imóveis.
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A falta de
energia afeta serviços essenciais, como semáforos, abastecimento de água e mobilidade
urbana. Já os aeroportos de Congonhas, na capital, e de Guarulhos, que tiveram
dias de caos e cancelamentos, estão com operação normalizada.
·
O fim de semana
começou com meio milhão de imóveis sem luz. Até a última atualização, de 15h52,
eram 363.829 imóveis afetados. Na quarta-feira (10), eram 2,2 milhões afetados.
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Só na capital
paulista, são 263.367 pontos sem o serviço. Isso significa que 4,53% do
território segue sem luz.
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Na região
metropolitana, Embu-Guaçu é o município que enfrenta a situação mais crítica.
No local, há 13.962 imóveis sem energia, o equivalente a 61% dos clientes sem
luz.
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Quatro dias após
a passagem de um ciclone extratropical por São Paulo, a Enel disse que
restabeleceu, na manhã de 13/12, a energia para 99% dos clientes que tiveram o
fornecimento. Mais de 95 mil imóveis na região metropolitana seguem sem luz.
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Na cidade de São
Paulo, mais de 56 mil clientes estão sem energia elétrica, de acordo com a
Enel. O balanço é das 15h30 deste domingo (14).
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Mais de 160 mil
imóveis seguem sem luz na grande SP
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Em razão da falta
de energia elétrica, foram registrados prejuízos milionários ao comércio e
danos incontáveis ao consumidor. Remédios e alimentos foram descartados prematuramente
ao longo dos últimos dias.
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Em 15/12, a cidade de São Paulo, que tem o maior
contingente de clientes, é a região que mais sofre: são quase 39 mil
consumidores às escuras. Mais cidades da Grande São Paulo também continuam
sendo atingidas. Em Itapevi, dos 98 mil consumidores, há 893 sem energia. É
quase 1% do total. Ao todo, nesta manhã, 0,64% dos clientes está sem energia.
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A Enel divulgou
um comunicado de manhã, 15/12, informando que havia conseguido restabelecer o
padrão de normalidade de sua operação. Diz ainda que suas equipes de reparo
continuam nas ruas trabalhando para restabelecer o serviço.
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A concessionária
explicou também que há uma variação normal ao longo do dia no número de
clientes sem energia. “Enquanto equipes
restabelecem o fornecimento em alguns pontos, novas ocorrências podem ser
registradas em outros trechos da rede, seja por fatores climáticos, objetos
arremessados sobre a rede ou manobras técnicas necessárias para a execução dos
reparos”.
PREJUÍZO NO COMÉRCIO
Comércio e serviços já
perderam ao menos R$ 1,54 bilhão em faturamento entre a quarta-feira (11) e a
quinta (12) na cidade de São Paulo por causa da falta de eletricidade, segundo
levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do
Estado de São Paulo (FecomercioSP).
O prejuízo é maior para os
serviços, que deixaram de faturar pouco mais de R$ 1 bilhão nesse período,
enquanto o comércio perdeu R$ 511 milhões.
O prejuízo para o setor de
bares, restaurantes e hotéis, por conta do apagão em São Paulo, pode chegar a
R$ 100 milhões, segundo estimativa da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares
do Estado de São Paulo (Fhoresp).
A entidade calcula que 5 mil
estabelecimentos foram atingidos pela falta de energia na capital, municípios
da região metropolitana e parte do interior devido às chuvas e fortes ventos.
Os danos incluem perda de equipamentos, de alimentos e de clientes. A Fhoresp
representa cerca de 500 mil estabelecimentos no estado e mais de 20 sindicatos
patronais.
Fontes: g1 SP - 11/12/2025; UOL,
em São Paulo - 11/12/2025; Folha de São Paulo - 12.dez.2025; g1 SP - 14/12/2025; Agência Brasil - 15/12/2025
Marcadores: ciclone, tempestade, vendaval


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