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terça-feira, novembro 25, 2025

TORNADO ARRASA A CIDADE RIO BONITO DO IGUAÇU NO PARANÁ

LOCALIZAÇÃO 

Rio Bonito do Iguaçu é um município localizado na região Centro-Sul do estado do Paraná, a aproximadamente 400 quilômetros de Curitiba (capital do estado). O município, com  população estimada de cerca de 14 mil habitantes segundo dados do IBGE de 2020, encontra-se próximo à cidade de Laranjeiras do Sul, localizada a apenas 18 quilômetros de distância.

Registros mostram que as rajadas provocaram destelhamento de residências, além de quedas de árvores e postes.  A cidade está sem energia elétrica e quase 50% das estruturas da área urbana   foram deterioradas.

Estima-se que mais de 50% da zona urbana foi afetada por destelhamentos. Houve inúmeros colapsos estruturais  de edificações comerciais, de órgãos públicos e residências. A malhas viária foi comprometida e a rede elétrica foi danificada. Informou a Defesa Civil.

TORNADO

O tornado atingiu a cidade por volta das 17h30 de sexta‑feira (7/11). Segundo meteorologistas, o fenômeno foi causado por um ciclone extratopical que atinge o sul do país.

Rio Bonito do Iguaçu foi a cidade mais atingida, mas outros municípios da região, como Laranjeiras do Sul e Guarapuava também sentiram os efeitos do tornado. O tornado atingiu a cidade com temporal, vento forte e granizo, deixando um rastro de destruição.

A tempestade que atingiu a cidade foi causada por um tornado formado dentro de uma supercélula, segundo o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná).

Na escala Fujita, que determina a intensidade dos tornados, a tempestade foi classificada inicialmente como um F2, quando são registrados ventos de 180 a 250 km/h. Horas depois, contudo, o Simepar alterou o diagnóstico, elevando o fenômeno para F3 (entre 250 e 330 km/h).

INFRAESTRUTURA

ENERGIA ELÉTRICA

Segundo a Copel, 280 postes e três torres de alta tensão da região foram derrubadas pelos ventos, deixando a cidade no escuro.

ESTRADAS

Diversas estradas e rodovias foram bloqueadas. As rodovias PRC-158, em Rio Bonito do Iguaçu, e PRC-466, em Guarapuava, tiveram o tráfego de veículos interrompidos  mas já estão liberadas. A desobstrução da PR-170, por outro lado, deve demorar cerca de 10 dias devido à intensidade dos estragos.

VÍTIMAS E RESGATE

Mortes – Ribeirão Bonito do Iguaçu (7); Guarapuava (1)

Feridos - o serviço médico e de socorro da região atendeu 835 pessoas. Mais de 30 pessoas  seguiam internadas, sendo quatro delas em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

DEFESA CIVIL














  



A Defesa Civil enviou para a cidade 2.600 telhas, 1.200 cestas básicas, 565 colchões, 270 kits higiene, 204 kits limpeza, 150 kits dormitório e 54 bobinas de lona.

Mais de mil pessoas ficaram desalojadas e ainda dependem de abrigos ou da ajuda de vizinhos e parentes.

Na cidade, escolas, postos de saúde e centros comunitários estão sendo usados como abrigos temporários.

MEDIDAS DE EMERGÊNCIAS

Diversas corporações estaduais estão na região. Equipes dos bombeiros, da Polícia Militar, da Secretaria de Saúde e de outros órgãos prestam auxílio. Há suspeita de vítimas presas em escombros. Cães farejadores são usados nas buscas.

SAÚDE

Hospitais da região de Laranjeiras do Sul, Guarapuava e Cascavel estão mobilizados para o atendimento às vítimas.

Em Laranjeiras do Sul, os atendimentos estão sendo realizados em duas unidades hospitalares, uma unidade de saúde e uma faculdade. Em um dos hospitais, 216 atendimentos foram realizados até o momento. Desse total, 51 foram transferidos para outras unidades, três passaram por cirurgia de ortopedia, uma por cirurgia geral e dois pacientes estão em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em estado instável.

Em outro hospital, 100 atendimentos foram realizados, sendo que cinco deles cirúrgicos, cinco pessoas foram transferidas e duas crianças e cinco gestantes atendidas. Os demais casos são de pacientes clínicos estáveis. Na Unidade de Saúde foram 103 atendimentos e, na faculdade, 18 casos. Os pacientes que precisaram de transferências foram levados para o Hospital Universitário de Cascavel e o Hospital Regional de Guarapuava.

Mais de 30 ambulâncias da 5ª e 7ª Regionais de Saúde estão disponíveis para atendimento, com mais de 100 profissionais de saúde e voluntários envolvidos. Os Pronto Atendimentos de Nova Laranjeiras, Cantagalo e Saudade do Iguaçu também foram disponibilizados para receber as vítimas.

O Centro de Medicamentos do Paraná (Cemepar) foi acionado e enviou 1.000 unidades de soro 500 ml e 1.000 unidades de ringer (outro tipo de soro) para apoio aos hospitais de Laranjeiras do Sul. Municípios da região do desastre também estão doando medicamentos e insumos para as unidades que estão recebendo os pacientes.

A Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) também está enviando cerca de 10 mil unidades de 17 tipos de materiais diferentes, incluindo ataduras, seringas, compressas, agulhas, entre outros insumos, que auxiliarão os hospitais nos atendimentos das vítimas.

TESTEMUNHAS DO EVENTO

·      A dona de casa Kelly, que viu sua casa desabar diante dos olhos. "Tudo aconteceu muito rápido. O céu escureceu, começou a ventar e derrubou a janela. Só deu tempo de pegar um colchão pra colocar em cima da minha família pra proteger. Mesmo assim, duas tias ficaram feridas. Da casa não sobrou nada", contou ainda em choque.

·      Vendaval durou de 30 a 40 segundos e "detonou tudo", disse Adilson Camilo, morador de Rio Bonito do Iguaçu."Começou a voar tudo. Voaram telhas, parede. Tudo o que você imaginar", contou. Corremos para o banheiro e o banheiro voou, começou a rachar. Corremos para o quarto de visitas e começou a desabar. Corremos para o nosso quarto, nos abraçamos a pedimos a Deus: 'Deus, ajuda a gente, por favor', disse Adilson Camilo.

·      Na quadra ao lado, Eliandro Felan, dono de uma conveniência, também não sabe como será o futuro. O telhado do estabelecimento foi arrancado pelo vento, a fachada voou longe e o ar‑condicionado despencou sobre um cliente que estava no local e precisou ser levado ao hospital. "Agora, na verdade, vai ser tudo do zero. Vamos ver como será, como virão as ajudas e ver como vai ficar", afirma.

·      Roseli Pereira de Souza é dona de uma panificadora, conta que, no momento em que o tornado atingiu a cidade, estavam trabalhando. O vento destruiu o estabelecimento, mas os cinco funcionários e os clientes que estavam no local não se feriram. "A gente ainda não parou pra pensar como será daqui para frente. Primeiro estamos vendo os estragos, ver o que dá para aproveitar." Ela não sabe estimar os prejuízos, mas diz que a destruição foi total.

·      A técnica de enfermagem aposentada Glaci Tereza Merlak, 63, estava em casa com o marido, Vilmar, quando o tornado iniciou. Eles conversavam sobre a possibilidade de temporal quando foram surpreendidos pelo vento forte. O marido tentou segurar uma porta de vidro, que acabou estourando e o jogou contra uma geladeira, arrastada por vários metros. Ferida, ela procurou ajuda dos vizinhos. "Tentamos abrir a porta para pedir socorro, mas não havia a quem, porque todos estavam na mesma situação", relata.

·      A aposentada Tereza Bittu, 88, conta que um fogão salvou sua vida. A parede da casa desabou em sua direção, mas um fogão que estava em um local mais elevado da residência serviu como proteção. Socorrida por um vizinho, com apoio de policiais, ela foi levada para um hospital de Laranjeiras. O olho roxo e marcas pelo corpo mostram o impacto de objetos contra ela. "Eu acho que escapei foi pelo amor de Deus", afirma. A aposentada está na casa de uma filha em Laranjeiras do Sul.

LIMPEZA DA CIDADE

O coordenador da Defesa Civil do estado, afirmou que a cidade deve estar limpa em dois ou três dias, com a retirada de entulhos e escombros.  

PREJUÍZOS

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) estimou que os prejuízos já ultrapassariam 114,5 milhões.

RECONSTRUÇÃO

Cerca de 40% dos imóveis da cidade precisarão ser totalmente reconstruídos, aponta relatório preliminar Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná) e da Cohapar (Companhia de Habitação do Paraná).

Os outros imóveis atingidos, 60%, ainda teriam condições de passar apenas por reformas, sem necessidade de demolição.

Segundo a concessionária de energia, Copel, cerca de 200 profissionais estão na cidade para restabelecimento de energia elétrica. Fontes: Correio do Povo-08/11/2025; Folha de São Paulo - 8.nov.2025; BBC News Brasil - 8 novembro 2025; UOL- 08/11/2025; UOL- 09/11/2025; Folha de São Paulo - 9.nov.2025; Folha de São Paulo - 10.nov.2025; Folha de São Paulo - 11.nov.2025



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posted by ACCA@7:02 PM