Lembrança: Césio-137
A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia funcionava
em um terreno, na avenida Paranaíba, centro, e emprestava um prédio ao lado
para o Instituto Goiano de Radiologia. Em 1985, a instituição de
saúde deixou o local e o terreno passou para o Instituto de Previdência do
Estado. O prédio, onde funcionava a Radiologia, ficou abandonado e, dentro
dele, restaram alguns equipamentos, entre eles um aparelho usado no tratamento
do câncer que continha uma bomba com 100 gramas de Césio 137 para radioterapia.
Foto: Equipes trabalharam durante dias na
descontaminação de lotes e materiais-Cnen
EQUIPAMENTO
A máquina, que era composta por um revestimento de
chumbo de 304 quilos, uma blindagem de 120 quilos, uma parte de platina e a
pequena fonte de césio.
DESMONTAGEM DO EQUIPAMENTO
Roberto e Wagner começaram a desmanchar a carcaça do
aparelho e, depois de semi-aberto, foi levado para o ferro-velho de Devair,
onde foi desmontado de vez a golpes de marreta.
SINTOMAS
Wagner e Roberto já começavam a apresentar sintomas
de contaminação radioativa (tonturas, náuseas e vômitos), mas acreditavam que
era fruto da ingestão de algum alimento estragado. Após a piora no quadro
clínico, Wagner foi ao Hospital São Lucas e teve o mal-estar diagnosticado como
reação alérgica a alimentos.
PROPAGAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO
Na noite do dia 18 de setembro de 1987, Devair passava pelo pátio do ferro-velho,
quando percebeu um intenso brilho azul vindo da cápsula de aço. Embevecido pela
beleza e pela possibilidade de possuir algo valioso, levou a cápsula para o
interior de sua casa. Durante os dias seguintes, parentes, vizinhos e amigos o
visitaram para ver o material. Devair e sua mulher, Maria Gabriela, estavam até
então ignorando o fato de apresentarem cefaléias e vômitos, sintomas iniciais da contaminação.
Em seguida, Devair conseguiu remover, com o auxílio
de uma chave de fenda, um pouco do pó da cápsula e distribui a parentes, entre
eles seu irmão Ivo Alves Ferreira, que levou o conteúdo para a casa, dentro do
bolso da calça. Na hora do almoço, colocou fragmentos sobre a mesa, permitindo
que todos tocassem. A filha dele, Leide das Neves Ferraira, 6 anos, ingeriu
algumas partículas do Césio no pão.
Devair, no dia 25, vendeu o chumbo retirado da fonte
radioativa para um conhecido, também dono de um ferro-velho. Antes disso, sem
que o marido soubesse, Maria Gabriela, já desconfiada, colocou em meio aos
pedaços do chumbo, a cápsula de aço que guardava o pó. As suspeitas dela
aumentaram a medida em que mais pessoas ficavam doentes.
No dia 28, ela decidiu ir até o ferro-velho, pegar
uma amostra do material e levar até a Vigilância Sanitária de Goiânia. Ao
chegar lá, colocou o pó, que estava em um saco plástico, na mesa de um
funcionário e disse que aquilo "estava matando sua gente". Assustado,
o funcionário, que era veterinário, levou o conteúdo para o pátio do órgão.
CONSTATAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO
Ao mesmo tempo, médicos do Hospital de Doenças
Tropicais, onde muitos doentes estavam sendo internados, começaram a suspeitar
que as lesões poderiam ter sido originadas de contaminação radioativa. Um
físico, alertado, foi investigar o caso. Munido com um monitor usado em
medições geológicas de resposta rápida a estímulos, se dirigiu ao prédio da
Vigilância. No caminho, ele ligou o aparelho que, em segundos, acusou um
elevado grau de contaminação radioativa.
Chegando à Vigilância, ele conseguiu impedir que
bombeiros, chamados pelo veterinário, jogassem o material em um rio próximo à
cidade. Imediatamente, a secretaria de Saúde do Estado foi avisada e, no dia 29
de setembro, técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear chegaram a
cidade, dando o alerta. A Rua 57 foi interditada.
COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR
Em 30 de setembro de 1987, os técnicos da CNEN identificaram o material radioativo como
sendo césio-137. Conforme o físico José de Julio Rozental, que comanda a equipe
da CNEN, a peça radioativa contém cerca de quarenta quilos de césio e fazia
parte de um aparelho de radioterapia em formato de mesa, que pesa entre
seiscentos e oitocentos quilos. Rozental afirmou que a CNEN controla esse tipo
de aparelho em todo o país, mas que não foi avisada sobre a desativação daquele
que provocou o acidente em Goiânia.
O físico
da CNEN considerou grave o acidente e, embora não se dispusesse a estimar as
consequências dele, afirmou que as
pessoas submetidas mais intensamente às radiações poderão sofrer "um
processo de ionização das células do corpo" que, entre outras coisas,
"pode provocar o câncer". Rozental não forneceu os índices de
radiação constatados por sua equipe, mas admitiu que eles são muito altos em
alguns locais, como o da antiga clínica onde foi encontrada a peça, o
ferro-velho onde ela foi vendida e o pátio da vigilância sanitária, para onde
foi levada depois do acidente.
ISOLAMENTO
Desde 29
de setembro, todas as áreas por onde
passou o material continuam isoladas, embora não tenha sido determinada a
evacuação, muitas famílias abandonaram suas casas com medo da contaminação. O secretário
da Saúde de Goiás, declarou que moradores das áreas contaminadas podem ter sido
submetidos a excessos de radiação, uma vez que permaneceram várias horas nesses
lugares.
Os
principais sintomas apresentados pelas pessoas contaminadas foram queimaduras
de até terceiro grau, no caso dos que tiveram contato direto com a peça
radioativa; vômitos, diarréia e sensação de ardor na pele e nas vias
respiratórias. Segundo o físico Rozental, os contaminados e os suspeitos estão
sendo submetidos a um processo intenso de descontaminação, mediante sucessivos
banhos com sabão neutro.
SINTOMAS
DA EXPOSIÇÃO EXCESSIVA À RADIAÇÃO
■ cabelos
e pêlos: queda
■ olhos :
lesões na córnea e cristalino
■ sangue
: queda brusca do número de glóbulos brancos provocando a perda das imunidades
■ pele :
reações cutâneas, desde vermelhidão até processos degenerativos cancerosos
■ genes :
mutações gênicas a lonqo prazo. com
efeitos na próxima geração
Ao longo
dos anos a radiação pode provocar tumores malígnos em vários pontos do organismo, levando a
morte.
VÍTIMA DO
CÉSIO EVITOU QUE CONTAMINAÇÃO FOSSE MAIOR
A atitude
de uma das quatro vítimas oficiais da contaminação pelo césio-137, em Goiânia,
em setembro de 1987, foi decisiva para que a tragédia não ganhasse maiores
proporções. A "heroína" Maria Gabriela Ferreira era a mulher de
Devair Alves Ferreira, dono do ferro-velho.
Algumas
pessoas apresentaram sintomas como tonturas, náuseas e vômitos, e foi Maria
Gabriela quem percebeu que a doença, até então desconhecida, poderia estar
associada ao material encontrado.
Mas, para
o mestre em energia nuclear e atual supervisor de radioproteção da Comissão
Nacional de Energia Nuclear (Cnen) em Goiás, Cesar Luiz Vieria Ney, se não
fosse Maria Gabriela, o acidente teria consequências ainda mais graves e só
seria descoberto após a morte de mais pessoas.
“Nós
ganhamos algumas semanas porque, na verdade, só se ia descobrir pelas vítimas.
As pessoas iam adoecer e apresentar aqueles sintomas. Só com o tempo os médicos
iriam descobrir que aquilo era efeito de radiação. Ia demorar. Mas ela fez essa
associação bem feita, e foi a heroína, pois não deixou a coisa se prorrogar por
mais tempo”, declarou.
VÍTIMAS
DA CONTAMINAÇÃO
As
primeiras vítimas, antes do diagnóstico, continuaram levando uma vida normal,
circulando pela cidade e até viajando, sem saber que estavam contaminadas. Isso
fez aumentar a gravidade do acidente. Então, foi criado um centro de triagem no
Estádio Olímpico, em Goiânia. No local, foram examinadas mais de 100 mil
pessoas.
Para a descontaminação,
as vítimas tomavam banho várias vezes ao dia com sabão de coco e vinagre. Os
casos mais graves foram levados para tratamento no Hospital Marcílio Dias, no
Rio de Janeiro.
VÍTIMAS
PIORAM
O número
de pacientes em estado grave e muito grave devido à contaminação subiu de três
para quatro, onde dez pessoas contaminadas estão internadas. A paciente em
estado mais grave é a menina Leide Alves das Neves Ferreira, de seis anos,
contaminada internamente, aparentemente pela ingestão do césio. Entre os
sintomas apresentados pelos pacientes estão queda de cabelo, problemas
dermatológicos, depressão psicológica e redução do nível hematológico.
Foto: Hospital Naval recebe casos graves de pessoas contaminadas pelo Césio 137
MORREM
DUAS VÍTIMAS DA RADIAÇÃO
Em 23 de
outubro de 1987, morrem no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro,
Maria Gabriela Ferreira (38 anos) e sua sobrinha Leide das Neves Ferreira (6
anos), as duas primeiras vítimas fatais do acidente radioativo
Maria
Gabriela morreu às 12horas, depois de um período de intenso sofrimento, segundo
relato dos médicos do Marcílio Dias. Nos últimos dias, a vítima vinha sofrendo
muito com as queimaduras provocadas pela radiação, além de apresentar febre
elevada e: confusão mental. Apesar das numerosas transfusões de sangue, seu
quadro hematológico era muito grave.
A menina
Leide morreu no início da noite, vítimada por contaminação e ingestão de
Césio¬137 em níveis nunca antes observados pela medicina nuclear. A menina que ingeriu pó de césio comendo pão com as
mãos sujas, quando seu quarto no
hospital estava às escuras mostrava uma aura azulada, pelo efeito do césio que
continuava a irradiar. Até os médicos tinham que se aproximar dela com
precaução para não se contaminar.
Leide,
sobrinha de Maria Gabriela e Devair Ferreira, nos últimos dias não respondia
aos testes, alimentava se por via parenteral e sofria muito com febre alta
constante, diarréia, sangramento nos olhos e nariz e quadro hematológico muito
grave.
PACIENTES
INTERNADOS
Dos
restantes nove pacientes que continuam internados na enfermaria especial de
medicina nuclear do Marcílio Dias, quatro vítimas apresentam quadro
hematológico muito grave ou preocupante.
MORRE
MAIS UMA VÍTIMA DA RADIAÇÃO
Em 27 de
outubro de 1987, Israel Batista dos
Santos, morreu às 6h40 no hospital Naval Marcílio Dias, no Rio, onde estava
internada desde o dia 19 de outubro.
Segundo o
boletim oficial divulgado pelo hospital, Israel encontrava-se em estado
pré-comatoso e tivera duas paradas cardíacas. O documento dizia ainda que seu
estado hematológico, com a redução dos glóbulos brancos na corrente sanguínea
continuava gravíssimo.
PACIENTES
CONTINUAM HOSPITALIZADOS
Dos oito
pacientes que ainda permanecem internados na enfermaria especial do Hospital
Naval Marcílio Dias, um se encontra em estado de saúde considerado
"grave" pela equipe médica: Admilson Alves de Souza que, segundo o
boletim divulgado teve "febre alta
e contínua durante a noite". O documento diz que as radiodermites estão
sem alteração, mas revela que o paciente apresenta um "quadro hematológico
agravado".
MORRE A
QUARTA VÍTIMA DA RADIAÇÃO
Em 28 de
outubro de 1987, morreu às 12 horas Admilson Alves de Souza (18 anos), filho de
Amilton Alves e Valdeste Souza, trabalhava no ferro-velho de Devair Alves
Ferreira.
ENTERROS
Os corpos
de Admilson e Israel serão transferidos no mesmo dia em avião Hércules da FAB para
enterro conjunto no mesmo cemitério de Goiânia, onde foram enterradas Maria
Gabriela Ferreira e a menina Leide das Neves Ferreira. Segundo técnicos da área
nuclear, é conveniente que os corpos dessas vitimas sejam enterrados na mesma
área para facilitar o controle e a monitoração das sepulturas até que decaia a
atividade do césio¬137 (meia-vida de 30,7 anos).
AUTÓPSIA
DEMORADA
A
autópsia das vítimas tem sido demorada devido aos cuidados que a equipe médica
deve observar para não se contaminar e pela exigência de verificação confecção
de relatórios e retirada de partes de cada um dos órgãos para estudos e
pesquisas futuras, uma vez que é totalmente inédito para a Medicina Nuclear, casos
clínicos como esses, em que são observadas desde pequenas, médias e altas doses
de contaminação radioativa, assim como ingestão e inalação do césio-137.
DEMAIS
PACIENTES
Os demais
pacientes internados na enfermaria especial de Medicina Nuclear do Marcílio
Dias continuam evoluindo satisfatoriamente para surpresa geral da equipe
médica, que vê com certo otimismo algumas melhoras. Embora alguns pacientes
estejam com suas defesas imunológicas bastante enfraquecidas, observa-se que o
quadro hematológico e o estado geral deles melhoram a cada dia.
Se não
ocorrer nenhuma infecção perigosa nessa fase de descontaminação e recuperação,
as chances e vida serão maiores. Segundo os médicos, essas chances aumentariam
mais se as vitimas de Goiânia tivessem sido atendidas e medicadas logo após o
acidente radioativo. Agora se sabe que essas vitimas ficaram de sete a dez dias
sem o atendimento necessário, tanto por ignorância própria como pelo despreparo
das autoridades médicas de Goiânia.
TÉCNICOS
DECIDEM MATAR OS ANIMAIS CONTAMINADOS
Os
pequenos zoológicos de animais que se encontravam na casa no 63 da rua 57 e na
cidade vizinha de Aparecida de Goiânia viraram lixo radioativo. Oito técnicos
da Comissão Nacional de Energia Nuclear e alguns operários foram destacados
para sacrificar quatro porcos, 29 aves (galinhas, gansos e marrecos), dois
cachorros e dois coelhos.
Eles deverão ficar cerca de três dias dentro
das áreas contaminadas até que uma das nove plataformas do depósito
transi¬tório esteja concluída para recebê-los.
Um
dos técnicos explicou que a contaminação das aves ocorreu através do excremento
dos porcos e que o sacrifício se fazia necessário por não terem sido
encon¬tradas condições para transportá-los para os centros de pesquisa de São
Paulo e Rio de Janeiro.
NÚMERO
DE VÍTIMAS DA CONTAMINAÇÃO
Em
2001, o governo de Goiás tem 614 vítimas
do acidente cadastradas. Dessas, 44 pertencem ao grupo 1, afetadas diretamente
pela contaminação. Outras 54 são do grupo 2, e 526, do grupo 3, conforme o grau
contaminação.
O
Ministério Público de Goiás está tentando incluir mais 600 servidores
estaduais, que também teriam sofrido os efeitos da radiação, na lista de
pessoas com direito a atendimento médico e recebimento de pensões alimentícias.
Por
recomendação da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear), outras 90 pessoas
que tiveram contato indireto com o material radioativo na época, parentes e
vizinhos-, e não foram atendidas na ocasião do acidente radiológico por motivos
variados, começaram a ser cadastradas para receber assistência.
VÍTIMAS
AINDA TÊM SEQÜELAS DA RADIAÇÃO
"Se
eu disser que estou bem, estarei mentindo, apenas vegeto. Nos últimos 14 anos
só tive luta, muita dor e sofrimento." Assim Lourdes das Neves Ferreira,
49, resume o que ocorreu com sua vida após o acidente com a cápsula do césio
137 em Goiânia.
Lourdes
é mãe de Leide das Neves Ferreira, que morreu aos seis anos, contaminada após
ingerir o pó radioativo. Após o acidente, o Estado criou a Suleide
(Superintendência Leide das Neves), para cuidar das vítimas.
O
pai de Leide, Ivo Alves Ferreira, 54, carrega as mãos defeituosas e uma série
de complicações decorrentes da radiação.
"Ele
perdeu um dedo e tem lesões na mão e na coxa que estão abertas e inflamadas até
hoje. Recentemente, Ivo passou sete dias na UTI e seu estado ainda é
preocupante", afirmou Lourdes.
Além
do casal, o filho Lucimar, 28, também foi incluído no grupo 1 das vítimas, que
tiveram contato direto com o césio. A filha mais velha, Lucélia, 30, não estava
em casa no dia do acidente e foi incluída no grupo 3.
O
servidor Ernesto Fabiano, 60, carregou fragmentos da cápsula no bolso da calça
e teve descalcificação óssea e contraiu uma grave lesão na perna.
Submetido
a uma série de tratamentos e cirurgias de enxertos, Fabiano fraturou o osso da
perna recentemente e afirma que ainda sente dores. "Tive que me aposentar
por invalidez."
O
catador de papel Roberto Santos Alves, que retirou a cápsula do Instituto Goiano de
Radioterapia, teve o antebraço direito amputado e reclama justiça. "Os
responsáveis não foram devidamente punidos", afirma.
Outro
que reclama por atendimento é o policial militar Gaspar Alves da Silva, 37, que
fez plantões a menos de 30 metros da fonte radioativa antes que fosse levada
para a vigilância sanitária. "Vi dois companheiros morrerem de câncer,
tenho certeza de que foram contaminados."
OS
EFEITOS DA CONTAMINAÇÃO
Os
efeitos do acidente em Goiânia, podem ser maiores do que os governos estadual e
federal estimaram. Um levantamento iniciado em 2004, pela Associação das
Vítimas do Césio localizou 23 pessoas com diagnóstico de câncer que viviam em
um raio de 200 m2 do ferro-velho na rua
26-A, considerado o principal foco de contaminação na época. Outros cinco
pontos serão investigados.
O
quadro é preocupante porque a Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) avaliou
que a radiação provocada pelo acidente chegou a atingir um raio de 2.000 m2 a
partir do ferro-velho.
Em
julho de 2004, o Ministério da Saúde divulgou nota técnica relatando que a
incidência de câncer é maior no grupo diretamente exposto ao acidente, se
comparado à população. O índice é 5,4 e 3,3 vezes maior, respectivamente, entre
homens e mulheres da área atingida. Estudos também concluíram que a fase de
latência do câncer em radioacidentados é de 15 anos. Após esse período, os
casos tendem a aumentar.
"Comecei
a entrevistar as pessoas porque a concentração de casos de câncer é muito alta
para uma área tão pequena. Estamos anexando exames e laudos aos casos de
vítimas que a associação está descobrindo e enviando ao Ministério Público para
análise. A dificuldade é grande porque tem gente que já morreu ou que se
mudou", disse Sueli Lina Moraes, responsável pela pesquisa.
2006:
VÍTIMAS DA TRAGÉDIA.
Dados
da Superintendência Leide das Neves (Suleide) dão conta de 39 mortes
decorrentes do acidente, sendo 28 homens e 11 mulheres. Policiais militares e
funcionários que tiveram contato com o material radiativo também alegam que
foram contaminados. A maior queixa é que muitas dessas pessoas ainda não foram
reconhecidas pelo poder público para receber assistência médica, odontológica e
pensão.
Na época, o Consórcio Rodoviário
Intermunicipal S/A (Crisa), colocou à disposição da Comissão de Energia Nuclear
(Cnen) seus servidores, equipamentos e toda a sua estrutura. A Cnen foi
encarregada de coletar, armazenar em caixas e transportar os rejeitos do césio,
além de construir o depósito provisório e o definitivo no município de Abadia
de Goiás.
Cerca
320 (número estimado) funcionários do Crisa que tiveram contato com os rejeitos
do césio, 24 já faleceram. Hoje, aproximadamente 15 vítimas de câncer fazem
acompanhamento no Hospital Araújo Jorge. “São diversos os problemas que
acometem essas pessoas: perda da visão, disfunção da tireóide, câncer de
próstata, de garganta, de intestino, entre outros..
VÍTIMAS
SEM BENEFÍCIOS
Cerca
de 400 policiais militares e do Corpo de Bombeiros ainda não foram reconhecidos
pelo Estado como vítimas segundo estimativa do presidente da Associação das
Vítimas do Césio 137 e do Conselho Estadual de Saúde. Persiste a luta para que
esses e outros servidores consigam pensão vitalícia. Muitos hoje sofrem com
graves problemas de saúde – que se estenderam para outras gerações – e vivem
situação complicada para sustentarem suas famílias.
DEPÓSITO
DE REJEITOS DO CÉSIO-137 EM ABADIA DE GOIÁS
Foto: CNEN -Parque Estadual Telma Ortegal
Com
o controle do acidente e a descontaminação das áreas atingidas, um total de sete locais em Goiânia, gerou uma
grande quantidade de rejeitos. A quantidade de rejeitos oriundos dos 19 gramas
de césio concentrado chegou a 40 mil toneladas.
Na
época, o controle foi feito a partir da retirada dos materiais das áreas que
estavam contaminadas. Tudo foi embalado. Para armazenar os rejeitos, foram
usados tambores metálicos de 200 litros, caixas de um metro quadrado (mil
litros) e até um contêiner marítimo, devido à grande quantidade de material. Os
recipientes passaram por testes físicos e de resistência para garantir a
segurança.
Inicialmente,
os rejeitos foram estocados de forma provisória no mesmo lugar onde hoje
funciona a unidade da Cnen em Abadia de Goiás, porém, de forma provisória.
Controlado o acidente, um projeto feito a longo prazo definiu o local onde os
rejeitos seriam definitivamente guardados.
Para
escolher Abadia de Goiás, os pesquisadores da Cnen realizaram uma série de
testes para saber se a área era propícia a receber o depósito dos rejeitos do
césio-137. Foi criado, então, um laboratório de radioecologia. O lençol
freático da região foi um dos principais objetos de estudo. A equipe constatou
que o solo não obtinha águas subterrâneas que abasteciam o município. As
pesquisas também comprovaram que, se ali depositado, o césio não vazaria.
MANUTENÇÃO
O
depósito definitivo foi construído em 1997, mesmo ano em que foi inaugurado o
Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), unidade da
Cnen em Goiás. O local fica dentro do Parque Estadual Telma Ortegal, que tem
1,6 milhão de m². A estrutura que abriga os rejeitos foi projetada para
resistir 300 anos intacta e preparada para desastres como tremor de terra e
queda de avião. O depósito do césio-137 tornou-se, então, o único depósito de
lixo radioativo definitivo do Brasil.
A
Cnen disponibiliza à unidade do Centro-Oeste uma verba para a manutenção do
solo. “Conservamos principalmente a parte dos morros com grama. Temos um
sistema com bomba d’água na beira de um rio que leva a água até esses morros,
para que fiquem sempre regados. Inclusive, quando ocorrem queimadas no parque
nós ligamos a bomba e a única coisa que fica verde são os morros. O pessoal até
diz que é o efeito césio, mas não. Nós usamos a água para manter aquela área
intacta. Se der erosão no solo, pode expor uma parte do concreto. Mas isso é
algo difícil de acontecer”, explica o supervisor de radioproteção, Cesar Luiz.
As
sete principais áreas que foram expostas à contaminação em Goiânia ainda hoje
são monitoradas. “Na época do acidente, tudo que estava nesses locais foi
removido até se chegar a um nível de radiação que não oferecesse risco à
população. Depois do final de dezembro de 1987, todas elas foram avaliadas e
estavam livres para utilização. Algumas não estão sendo utilizadas talvez por
medo, mas já estão liberadas”, explica Cesar Luiz.
Mesmo
sabendo que já não há mais risco de contaminação, os técnicos da Cnen em Goiás
continuam monitorando as áreas duas vezes ao ano. O objetivo, segundo o
especialista, “é mostrar para a população que realmente não existe mais risco”.
LIXO
RADIOATIVO EMBAIXO DE ABADIA DE GOIÁS
Em
junho de 1997, a CNEN inaugurou o Centro Regional de Ciências Nucleares do
Centro-Oeste, em Abadia de Goiás (GO), onde estão situados dois depósitos
definitivos, que abrigam os rejeitos oriundos do acidente radiológico, em 1987.
Um deles abriga 40% do volume total do material recolhido, rejeitos cuja
concentração radioativa é tão baixa que poderiam ser definidos como lixo comum.
No segundo depósito estão os rejeitos efetivamente radioativos, dentre eles os
restos da fonte principal que originou o acidente.
Conforme
o nível de contaminação, os rejeitos foram classificados em cinco grupos: do
nível 1, com menor índice de radiação, ao 5. Há de tudo entre o material
armazenado: animais, plantas, roupas, pedaços da pavimentação de ruas e
calçadas, restos de móveis e casas. Técnicos da CNEN monitoram periodicamente a
radioatividade ambiental. Estima-se em 300 anos o tempo médio que o material
dos cinco grupos precisa ficar armazenado.
TODO
O MATERIAL ESTÁ ISOLADO POR VÁRIAS CAMADAS DE PROTEÇÃO.
Depósito
1 – Possui paredes de concreto com 25 centímetros de espessura. Abriga somente
os rejeitos do grupo 1, que correspondem a 40% do total e possuem o menor nível
de radiação. Suas dimensões são de 4 metros de altura, 14 de largura e 57 de
comprimento. Dentro dele, os rejeitos estão em tambores e caixas de aço. Os
espaços vazios foram ocupados com areia, argila e cimento.
Depósito
2 – Possui paredes de concreto com 25 centímetros de espessura. Somente a base
é diferente, com 50 centímetros de espessura. Suas dimensões são de 6 metros de
altura, 14 de largura e 57 de comprimento. Nele estão rejeitos dos grupos 2,3,4
e 5. O material está dentro de tambores metálicos, com capacidade para 200
litros. Cada conjunto de 14 tambores dos grupos 2 e 3 foi colocado dentro de
cilindros de concreto. Para os tambores dos grupos 4 e 5 foram construídos
cilindros metálicos. No depósito, o grupo 5 foi colocado no centro, envolto
pelo material do grupo 4 e assim sucessivamente. Espaços vazios também foram
ocupados por argila, areia e cimento.
MONITORAÇÃO
DOS DEPÓSITOS DE REJEITOS RADIOATIVOS
São
realizadas monitorações constantes nos locais atingidos, bem como nos depósitos
para os rejeitos radioativos construídos em Abadia de Goiás. A Comissão
Nacional de Energia Nuclear, informou que o programa de monitoração ambiental
consiste em acompanhar os trabalhos feitos na época do acidente e intervir
diante de qualquer modificação que seja observada. A cada três meses são
colhidas amostras de poeira, vegetação e ar para análises.
Nos
locais onde foram levados os rejeitos, a monitoração era feita até 1997 com
mais detalhes, inclusive colhendo amostras de leite de vacas que ficavam
próximas ao local. Após a construção dos depósitos definitivos (uma para os
rejeitos efetivos e outro para lixo comum), são feitas medições nos lençóis de
água sob os depósitos.
A
partir de 1997, quando da construção dos depósitos, foi estabelecido um período
de 50 anos de controle institucional.
MONITORAÇÃO
DAS VÍTIMAS
Os
pacientes do Grupo I, são avaliados em agendamento médico, além dos exames de
rotina e os especializados. Para os demais pacientes, o agendamento médico é
anual, inclusive com solicitação dos referidos exames. Também é realizado
agendamento no serviço de odontologia e psicologia. Além disso, são oferecidos
consulta e tratamento gratuito em odontologia, psicologia, exames de rotina e
especializados, medicamentos e internações hospitalares. Os pacientes também
são atendidos nos serviços de assistência social e de enfermagem.
A
Superintendência Leide das Neves Ferreira oferece a infraestrutura de prevenção
de doenças que podem ou não ser proveniente do acidente. Os procedimentos
padrões de apoio e suporte físico e psicológico são oferecidos aqueles
considerados vítimas e aos familiares. Todo o grupo familiar é acompanhado.
Os
principais problemas apresentados pelas pessoas acompanhadas pela Superintendência
são: hipertensão arterial, gastrite (com e sem presença de H. Pylori)
dislipidemia, dependência química, transtornos psiquiátricos (traços
psicopáticos, depressão), em cavidade bucal foram diagnosticados cárie dental e
doença periodontal.
BRASIL
HOJE POSSUI SISTEMA DE SEGURANÇA DIRECIONADO A FONTES RADIOATIVAS.
As
chances de um novo acidente como o ocorrido com o césio-137 em Goiânia, no dia
13 de setembro de 1987, são pequenas, na avaliação de especialistas. Para a
Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), a tragédia goiana ajudou a dar ao
Brasil uma estrutura e acumular conhecimento sobre como lidar com as fontes
radioativas.
"Acreditamos
que não vamos ter outro acidente com fonte que venha a preocupar", afirmou
Ivan Salati, diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Cnen. Hoje é
proibido usar em qualquer fonte de radioterapia a quantidade de césio que havia na fonte que ficou sem segurança no
prédio abandonado do Instituto Goiano de Radiologia, no Centro de Goiânia. Em
1988, foi feita uma operação em todo o Brasil, em laboratórios e hospitais,
para recolher aparelhos sem uso e cadastrar as fontes utilizadas, para controle
da Cnen.
FISCALIZAÇÃO
Entre
as melhorias na fiscalização, Salati informa que hoje há um sistema que
funciona 24 horas. "Qualquer evento que ocorra no Brasil, agentes da
Vigilância Sanitária ou dos Bombeiros são treinados para nos ligar. O
atendimento vai acionar um grupo de plantão, que verificará o que está
acontecendo", explicou.
Segundo
ele, 99% das chamadas recebidas pelo sistema são de pessoas que se preocupam
com algo que possa ter radiação e todos os relatos são averiguados. "As
pessoas hoje estão mais conscientes em relação à radiação", disse.
NA
ÉPOCA FALHA E IMPROVISAÇÃO
Atual
supervisor de radioproteção da Cnen, César Luiz Vieira Ney foi um dos físicos
enviados do Rio de Janeiro para Goiânia na época. Ele conta que a comissão não
imaginava um acidente dessa dimensão. "A gente achou que era um erro do
operador. o primeiro grupo veio até para confirmar se era verdade ou não,
porque os valores notificados eram altos, estavam fora da normalidade. Chegando
aqui, a gente deu de cara com um acidente de grande porte", relatou
Após
o susto inicial, a Cnen precisou agir rapidamente e, de certa forma, com
improviso. O único plano de emergência existente no país era direcionado para a
Usina Nuclear de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e a comissão teve de
adaptá-lo. "Ninguém imaginou que uma fonte de radiação pudesse ser
removida do local e quebrada a marretadas. A tecnologia não resiste à
marreta", ponderou Ney.
Para
o superintendente, o plano emergencial de um acidente nuclear se adaptou bem ao
caso do césio. "A primeira ideia é controlar a fonte, identificar os
locais onde passou", explicou. Foi o que aconteceu com a Rua 57 [no centro
de Goiânia], onde o nível de radiação era muito alto. "A gente colocou um
tipo de tampa de concreto grande pra diminuir o nível e controlar a
contaminação", detalhou o físico.
DESPREPARO
PARA CONTER O PÂNICO DA POPULAÇÃO.
Tanto
tempo depois do esforço para controlar e minimizar os impactos do acidente, os
especialistas já admitem uma sequência de erros. Para o superintende da Cnen, o
principal deles foi o despreparo para conter o pânico da população.
"A
Cnen não estava preparada -- não sobre o ponto de vista do acidente com a
radiação, mas sob o ponto de vista de pânico da população. A Cnen pensava no
acidente e esquecia o desastre", resumiu.
Para
o secretário de Saúde, Antônio Faleiros, houve falha na internação das vítimas
mais graves. "Nós levamos, inicialmente, para o Hospital de Doenças
Tropicais (HDT) pessoas com baixa imunidade. Eu acho que foi um equívoco. Vendo
isso, as levamos para o Hospital Geral de Goiânia (HGG)", lembrou.
Apesar
das falhas, Faleiros considera que as equipes do estado e da Cnen enfrentaram o
incidente com competência. "Pelo ineditismo, eu acho que soubemos
solucionar os problemas e resolver o episódio sem maiores consequências. Apesar
do luto, do sentimento que nós temos, perdemos só quatro vítimas. É muito para
uma mesma família, mas poderia ser muito maior se nós não tivéssemos tomado as medidas no dia exato", avaliou
o secretário.
RESPONSÁVEL PELA TRAGÉDIA
A responsabilidade do acidente de Goiânia (GO) seria,
portanto, dos três proprietários do Instituto Radiológico por não comunicarem
à CNEN a desativação da bomba de césio, e a deixarem abandonada. No entanto, em
nota divulgada, Orlando Alves Teixeira e Carlos Bezeril, dois dos
proprietários do Instituto de Radiologia, afirmaram que o aparelho não estava
desativado mas "em desuso", e seria transferido para local adequado.
Isso não foi feito antes, segundo eles, porque uma ação impetrada pelo Ipasgo
impediu a remoção, no momento em que o aparelho estava sendo retirado do
prédio. O Ipasgo afirma que ainda nem tomou posse do terreno, o que o isentaria
de qualquer responsabilidade. A Polícia Federal concluiu, na época, que a bomba
foi retirada em partes nos dias 10 e 13 de setembro de 1987 por Kardec
Sebastião dos Santos, Wagner Mota Pereira e Roberto Santos Alves. Eles
pretendiam vender o material como ferro-velho. Wagner contou que a máquina
estava dividida em dois pedaços, o suporte em uma sala e o cabeçote em outra.
PUNIÇÃO
Os
três donos e o físico responsável pelo Instituto Goiano de Radiologia (IGR) na
época foram condenados por homicídio culposo – quando não há intenção de matar.
Eles deveriam pagar multa e prestar serviços à comunidade. Posteriormente, o
Tribunal Regional Federal, em Brasília, reformou a sentença, condenando-os a
três anos e dois meses de prisão em regime aberto. Os catadores que retiraram a
peça da clínica e o Cnen foram inocentados.
O
prédio do Instituto Goiano de Radiologia (IGR) se localizava na Avenida
Paranaíba, onde atualmente fica o Centro de Cultura e Convenções de Goiânia.
A
CONTAMINAÇÃO, PASSO A PASSO
13.09.1987
- Wagner Mota Pereira, 21 e Roberto Santos Alves, 24, retiram uma cápsula de
Césio-137 das instalações onde funcionou o Instituto Goiano de
Radioterapia à rua 75. O equipamento é
levado para a casa de Roberto, na mesma rua e lá é aberto.
14.09.1987
- No ferro-velho de Devair Alves
Ferreiro, no rua 26-A, a cápsula com o césio é violada. Devair compra uma parte
e seu irmão, lvo Alves Ferreiro, fica com o restante. lvo leva sua parte para
casa. Leide, 6, filha de Ivo come pão e ovo com os mãos sujas do pó de césio.
24.09.1987
- Leide adoece, O mesmo ocorre com Maria
Gabriela Ferreira, 37, mulher de Devair
28.09.1987
- Maria Gabriela leva parte da peça para
o Departamento de Vigilância Sanitário, por suspeitar que ela estaria causando
moles à família. Na Vigilância, médicos acionam o físico Walter Mendes
Ferreiro, 34, de férias em Goiânia.
29.09.1987
- Walter detecta a presença do césio-137
e comunica à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), no Rio
30.09.1987
- Físicos da CNEN chegam o Goiânia. No
Estádio Olímpico já estão 26 pessoas contaminadas, sendo submetidos a exames.
01.10.1987
- A imprensa do Rio e de São Paulo noticia o acidente As vítimas em estado mais
grave começam a ser removidas para Hospital Marcílio Dias, no Rio
23.10.87
- Morrem no Rio Leide e sua tia Maria Gabriela.
27.10.87
- Morre no Rio, Israel Batista dos Santos, 22. Ele trabalhava no ferro - velho
de Devair.
28.10.87
- Morre no Rio Admilson Alves de Souza, 18 outro empregado de Devair.
05.11.1987
- A Polícia Federal; informa que a omissão de fiscalização por parte dos órgãos
do governo contribuiu para o acidente
09.12.1987
- A juíza federal Orlanda Luíza de Lima
Ferreiro acata denúncia formulada pelo Procuradoria do República contra os
indiciados no inquérito. São acusados os médicos Orlando Alves Teixeiro,
Criseide de Castro Dourado (donos do IGR), Carlos de Figueiredo Bezerril (dono
do cápsula de césio), o físico Flamarion Barbosa Goulart (responsável técnico
pela cápsula) e o médico Amaurillo Monteiro de Oliveira (ex-dono da bomba de
césio).
15.07.1998
- A CNEN conclui em inquérito administrativo que a IGR foi único responsável
pelo acidente porque negligenciou o funcionamento do sistema de controle físico
da instalação.
Fontes:
O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Terra Noticias, O Popular, G1 , 01
de outubro de 1987 a 13 de setembro de 2012.
Marcadores: contaminação, energia nuclear, Meio Ambiente

1 Comments:
Excelente artigo!
Parabéns pelo trabalho em publicar algo a mais ao invés de apenas copiar de outros sites mais famosos.
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