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sábado, novembro 24, 2018

Seu smartphone nasceu sobre uma montanha de resíduos tóxicos

À medida que aumenta nossa avidez por tecnologia, o risco ao meio ambiente se agrava. Na última década houve 40 transbordamentos de resíduos de metais usados na fabricação de celulares

Daqui até 2020 haverá cerca de cinco bilhões de pessoas no mundo que usarão um smartphone . Cada dispositivo é fabricado com numerosos metais preciosos e muitas de suas principais funcionalidades não seriam possíveis sem eles. Alguns destes metais, como o ouro, são bem conhecidos, mas outros, como o térbio, parecem algo estranho.

A extração destes metais é uma atividade fundamental sobre a qual se baseia a economia mundial moderna. Mas o custo ambiental pode ser enorme, provavelmente muito maior do que imaginamos. Vamos examinar os principais metais empregados na fabricação de smartphones, o uso que eles têm e o custo ambiental de extraí-los do solo.

FERRO, ALUMÍNIO E O COBRE
O ferro (20%), o alumínio (14%) e o cobre (7%) são os três metais mais comuns em um smartphone médio.
■O ferro é usado nos alto-falantes, nos microfones e nas carcaças de aço inoxidável.
■O alumínio é uma alternativa leve ao aço inoxidável e também aparece na fabricação do vidro resistente usado nas telas desses dispositivos.
■O cobre é empregado em circuitos elétricos.

RESÍDUOS SÓLIDOS E LÍQUIDOS
No entanto, a extração destes metais da terra no processo de mineração produz enormes quantidades de resíduos sólidos e líquidos, que normalmente são armazenados em imensos reservatórios que podem abarcar superfícies de vários quilômetros quadrados. Os vazamentos desastrosos de resíduos de mineração ocorridos nos últimos anos evidenciam o perigo de se aplicar métodos de construção inadequados e métodos de supervisão frouxos.
O maior derramamento registrado ocorreu em novembro de 2015, quando, após o rompimento de uma barragem em uma mina de ferro no Estado de Minas Gerais, cerca de 33 milhões de metros cúbicos de resíduos de alto teor de ferro foram parar no rio Doce (o suficiente para encher 23.000 piscinas olímpicas). Os resíduos inundaram cidades vizinhas, provocaram a morte 19 pessoas e percorreram 650 quilômetros até chegar ao Oceano Atlântico 17 dias depois.
Esse foi um dos 40 vazamentos de resíduos da mineração nos últimos dez anos, e as consequências ecológicas e humanas a longo prazo ainda são amplamente desconhecidas. Em suma, o que é certo é que, à medida que aumenta nossa avidez por tecnologia, os reservatórios de resíduos de mineração crescem em número e tamanho e, portanto, o risco de rompimento também aumenta.

DESTRUIÇÃO DE ECOSSISTEMAS
É frequente também o uso de ouro e estanho em smartphones. A extração desses metais é a causa de graves desastres ecológicos que se estendem desde a Amazônia peruana até as ilhas tropicais da Indonésia.
Os valiosos metais usados na fabricação dos smartphones são um recurso finito. Segundo estimativas recentes, alguns se esgotarão nos próximos 20 a 50 anos

OURO
Nos telefones celulares, o ouro é usado principalmente para fabricar conectores e cabos. A mineração de ouro é uma das principais causas do desmatamento na Amazônia. Além disso, a extração de ouro gera resíduos de alto teor de cianeto e mercúrio, duas substâncias altamente tóxicas que podem contaminar a água potável e a pesca, o que tem sérias repercussões na saúde humana.
ESTANHO
Na área eletrônica o estanho é usado na soldagem. O óxido de índio e estanho é usado para aplicar um revestimento fino, transparente e condutor às telas dos smartphones, responsável pela função de tela sensível ao toque. Os mares ao redor das ilhas Bangka e Belitung, na Indonésia, fornecem cerca de um terço da oferta mundial deste metal. No entanto, a dragagem em larga escala do fundo do mar para extrair terras de alto teor de estanho destruiu seu valioso ecossistema de recifes de coral, e o declínio do setor pesqueiro causou problemas econômicos e sociais.

O LUGAR MAIS CONTAMINADO DO PLANETA?
O que torna o seu telefone inteligente? A inteligência do celular se deve aos componentes feitos de terras raras, um grupo de 17 metais que recebem nomes estranhos, como praseodímio, e que são extraídos principalmente na China, Rússia e Austrália.

TERRAS RARAS
As terras raras, chamadas com frequência de metais tecnológicos, são fundamentais para o design e a funcionalidade dos smartphones. A nitidez dos alto-falantes, os microfones e a vibração do dispositivo são possíveis graças a motores e ímãs pequenos e potentes fabricados com neodímio, disprósio e praseodímio. E térbio e disprósio são usados para produzir as cores vivas da tela do telefone.
A extração das terras raras é uma atividade difícil e poluente, que em geral envolve o uso de ácidos sulfúrico e fluorídrico resulta na produção de enormes quantidades de resíduos muito tóxicos. Talvez o exemplo mais perturbador do custo ambiental de nossa ganância para o smartphone, e o que mais nos convida a pensar, seja o lago mundial de lixo tecnológico localizado em Baotou (China, vide o vídeo)). Este lago artificial foi criado em 1958 e acumula lodo tóxico derivado de operações de tratamento de terras raras.

Os valiosos metais usados na fabricação de smartphones são um recurso finito. De acordo com estimativas recentes, algumas terras raras se esgotarão nos próximos 20 a 50 anos, o que nos leva a pensar se ainda haverá smartphones por essa época.
Para reduzir o impacto ambiental desses dispositivos, é necessário que os fabricantes ampliem a vida útil dos produtos, tornem a reciclagem mais fácil e sejam claros sobre como obtêm seus metais e quais os efeitos ambientais.
As empresas de mineração em todo o mundo deram grandes passos para implementar uma atividade de mineração mais sustentável. Mas também é necessário que nós, como consumidores, paremos de considerar que os telefones inteligentes são um item descartável e comecemos a reconhecer que eles constituem um recurso de grande valor que produz um enorme impacto ambiental. Fonte: El País - 3 SET 2018 

Comentário
Estimativa de usuários de celulares em 2017 – 5 bilhões
Celulares fabricados em 2017 – 1,54  bilhões
O ciclo de vida útil – 18 a 22 meses

Os eletrônicos respondem por até 70% dos resíduos tóxicos dos aterros sanitários.

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quinta-feira, dezembro 28, 2017

Como a poluição por plástico ameaça a vida na Terra

A vida marinha corre o risco de sofrer danos irreparáveis em decorrência de milhões de toneladas de resíduos de plástico que vão parar no mar todos os anos.
"É uma crise planetária. Estamos acabando com o ecossistema oceânico", afirmou Lisa Svensson, diretora de oceanos do programa da ONU para o Meio Ambiente.

POR QUE O PLÁSTICO É PROBLEMÁTICO?
O plástico da forma que conhecemos existe há cerca de 70 anos. E, desde então, o uso desse material tem transformado muitas áreas - da confecção de roupas à culinária, passando pela engenharia, design e até o comércio varejista.

Uma das grandes vantagens de muitos tipos de plástico é o fato de que são projetados para durar mais - por muitos e muitos anos.

Praticamente todo plástico já produzido continua existindo, mesmo que não esteja em seu formato original.




PLÁSTICO JÁ PRODUZIDO NO MUNDO
Em artigo publicado na revista acadêmica Science Advances, em julho, o pesquisador Roland Geyer, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, estima em 8,3 bilhões de toneladas a quantidade de plástico já produzido no mundo.
Desse total, cerca de 6,3 bilhões de toneladas são classificadas como resíduos - e 79% estariam em aterros ou na natureza. Ou seja, pouco material é reciclado ou reaproveitado.
A grande quantidade de resíduos de plástico é resultado do estilo de vida moderno, em que o plástico é usado como matéria-prima para diversos itens descartáveis ou "de uso único", como garrafas de bebida, fraldas, cotonetes e talheres.

4 BILHÕES DE GARRAFAS DE PLÁSTICO
Garrafas de bebida são um dos tipos mais comuns de resíduos de plástico.
Estima-se que 480 bilhões de garrafas tenham sido vendidas em todo o mundo até 2016 - o que representa 1 milhão de garrafas por minuto.
Somente a Coca-Cola foi responsável por produzir 110 bilhões de garrafas de plástico.
Alguns países têm discutido maneiras de diminuir o consumo do material. O Reino Unido, por exemplo, debate oferecer água potável de graça nas grandes cidades e criar unidades para devolução de plástico.

GARRAFAS DE BEBIDAS
Um “mar” de plástico
■ 1 milhão de garrafas são compradas por minuto ou 16,6 mil por segundo
■ 480 bilhões vendidas em 2016
■ 110 bilhões fabricadas pela Coca-Cola
■ Menos de 50% coletadas para reciclagem
  7% transformadas em novas garrafas
Fonte: Euromonitor

QUE QUANTIDADE DE PLÁSTICO VAI PARA O MAR?
Calcula-se que 10 milhões de toneladas de plástico vão parar no mar todos os anos.
Em 2010, pesquisadores do Centro de Análises Ecológicas da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, contabilizaram 8 milhões de toneladas - e estimaram 9,1 milhões de toneladas para 2015.
O mesmo estudo, publicado na revista acadêmica Science em 2015, analisou 192 países com território à beira-mar que estão contribuindo para o lançamento de resíduos de plástico nos oceanos. E descobriu que 13 dos 20 principais responsáveis pela poluição marinha são nações asiáticas.
Enquanto a China está no topo da lista, os Estados Unidos aparecem na 20ª posição.
O Brasil ocupa, por sua vez, o 16º lugar do ranking, que leva em conta o tamanho da população vivendo em áreas costeiras, o total de resíduos gerados e o total de plástico jogado fora.

CORRENTES CIRCULARES GIRATÓRIAS
O lixo plástico costuma acumular em áreas do oceano onde os ventos provocam correntes circulares giratórias, capazes de sugar qualquer detrito flutuante. Há cinco correntes desse tipo no mundo, mas uma das mais famosas é a do Pacífico Norte.  
Os detritos da costa dos Estados Unidos levam, em média, seis anos para atingir o centro dessa corrente. Já os do Japão podem demorar até um ano.

As cinco correntes apresentam normalmente uma concentração maior de resíduos de plástico do que outras partes do oceano. Elas promovem ainda um fenômeno conhecido como "sopa de plástico", que faz com que pequenos fragmentos do material fiquem suspensos abaixo da superfície da água.
Além disso, a decomposição da maioria dos resíduos de plástico pode levar centenas de anos.
Existem, no entanto, iniciativas para limpar a corrente do Pacífico Norte. Uma operação liderada pela organização não-governamental Ocean Cleanup está prevista para começar em 2018.












POR QUE É PREJUDICIAL À VIDA MARINHA?
Para aves marinhas e animais de maior porte - como tartarugas, golfinhos e focas -, o perigo pode estar nas sacolas de plástico, nas quais acabam ficando presos. Esses animais também costumam confundir o plástico com comida.
Tartarugas não conseguem diferenciar, por exemplo, uma sacola de uma água-viva. Uma vez ingeridas, as sacolas de plástico podem causar obstrução interna e levar o animal à morte.

Pedaços maiores de plástico também causam danos ao sistema digestivo de aves e baleias - e são potencialmente fatais.

Com o tempo, os resíduos de plástico são degradados, dividindo-se em pequenos fragmentos. O processo, que é lento, também preocupa os cientistas.

Uma pesquisa da Universidade de Plymouth, na Inglaterra, mostrou que resíduos de plástico foram encontrados em um terço dos peixes capturados no Reino Unido, entre eles o bacalhau.

Além de resultar em desnutrição e fome para os peixes, os pesquisadores dizem que, ao consumir frutos do mar, os seres humanos podem estar se alimentando, por tabela, de fragmentos de plástico. E os efeitos disso ainda são desconhecidos.

Em 2016, a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar alertou para o crescente risco à saúde humana, dada a possibilidade de micropartículas de plástico estarem presentes nos tecidos dos peixes comercializados. Fonte: BBC Brasil – 16 de dezembro de 2017

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terça-feira, janeiro 05, 2010

Computadores europeus envenenam crianças na África

Os cidadãos do Ocidente jogam fora milhões de computadores velhos todos os anos. Centenas de milhares deles acabam na África, onde as crianças procuram ganhar a vida vendendo peças velhas das máquinas. Mas os elementos tóxicos presentes no lixo as estão envenenando lentamente.

Segundo a Bíblia, Deus lançou uma chuva de fogo e enxofre para destruir as cidades de Sodoma e Gomorra. E as autoridades governamentais de Accra, em Gana, também passaram a chamar de "Sodoma e Gomorra" uma parte da cidade afetada por produtos tóxicos de um tipo que os moradores das cidades bíblicas jamais poderiam imaginar. Ninguém vai a esse local, a menos que isso seja absolutamente necessário.

Fumaça ácida e negra
Uma fumaça ácida e negra passa sobre os barracos da favela. As águas do rio também são pretas e viscosas como óleo usado. Elas carregam gabinetes de computador vazios para o oceano. Nas margens do rio veem-se fogueiras alimentadas por isopor e pedaços de plástico. As chamas consomem o material plástico de cabos, conectores e placas-mãe, deixando intactos apenas o metal.
Hoje há um vento que faz com que a fumaça dessas fogueiras infernais passem lentamente por sobre a terra. Respirar muito profundamente é doloroso para os pulmões, e as pessoas que alimentam as fogueiras às vezes dão a impressão de serem apenas silhuetas vagas e enevoadas.
Uma figura pequena e curvada caminha entre as fogueiras. Com uma mão, o garoto arrasta um alto-falante velho pela terra e as cinzas, puxando-o por um fio. Com a outra mão ele segura firmemente uma bolsa.
O alto-falante e a bolsa são as únicas posses do garoto, além da camiseta e as calças que ele usa. Ele tem um nome incomum: Bismarck. O garoto tem 14 anos, mas é pequeno para a idade. Bismarck vasculha a terra em busca de qualquer coisa que os garotos mais velhos possam ter deixado para trás após queimarem uma pilha de computadores. Podem ser pedaços de cabo de cobre, o motor de um disco rígido, ou peças velhas de alumínio. Os ímãs do seu alto-falante também capturam parafusos ou conectores de aço.
Bismarck joga tudo o que encontra dentro da bolsa. Quando a bolsa estiver cheia até a metade, ele poderá vender o metal e comprar um pouco de arroz, e talvez também um tomate, ou até mesmo uma coxa de galinha grelhada em uma fogueira acesa dentro do aro de um carro velho. Mas o garoto diz que hoje ainda não encontrou o suficiente. Ele desaparece novamente na fumaça.

O refugo da era da internet -
Esta área próxima a Sodoma e Gomorra é o destino final dos computadores velhos e outros produtos eletrônicos descartados de todo o mundo. Há muitos lugares como este, não só em Gana, mas também em países como Nigéria, Vietnã, Índia, China e Filipinas. Bismarck é apenas um de talvez uma centena de crianças daqui, e de milhares do mundo inteiro.

Essas crianças vivem em meio ao refugo da era da internet, e muitas delas podem morrer por causa disso. Elas desmancham computadores, quebrando telas com pedras, e a seguir jogam as peças eletrônicas internas em fogueiras. Computadores contêm grandes quantidades de metais pesados e, à medida que o plástico é queimado, as crianças inalam também fumaça cancerígena. Os computadores dos ricos estão envenenando os filhos dos pobres.

Lixo eletrônico - 50 milhões de toneladas
A Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que até 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico são jogadas anualmente no lixo em todo o mundo. O custo para se reciclar apropriadamente um velho monitor CRT na Alemanha é de 3,50 euros (US$ 5,30 ou R$ 9,20). Mas o envio do mesmo monitor para Gana em um contêiner de navio custa apenas 1,50 euro (R$ 3,80).

Convenção de Basiléia - tratado de papel
Um tratado internacional, a Convenção de Basileia, entrou em vigor em 1989. O tratado baseia-se em um conceito justo, proibindo os países desenvolvidos de enviarem computadores que foram para o lixo aos países subdesenvolvidos. Até o momento 172 países assinaram a convenção, mas três deles ainda não a ratificaram: Haiti, Afeganistão e Estados Unidos. Segundo estimativas da Agência de Proteção Ambiental norte-americana, cerca de 40 milhões de computadores são descartados todos os anos somente nos Estados Unidos.
Diretrizes da União Europeia com acrônimos como WEEE (sigla em inglês de Lixo de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos) e RoHS (Restrição a Substâncias Perigosas) seguiram-se à Convenção de Basileia, e países individuais transformaram-na em lei. As leis relativas à administração de lixo na Alemanha estão entre as mais estritas do mundo, e neste país o envio de computadores descartados a Gana pode dar cadeia. Em tese.

Um negócio milionário
Recentemente o governo alemão mobilizou-se para verificar como é a situação na prática. Especialistas da Agência Federal do Meio Ambiente alemã ainda estão redigindo um relatório que será divulgado nas próximas semanas, mas as conclusões já são conhecidas - há sérias brechas no sistema de reciclagem do país. Segundo o estudo, firmas de exportação da Alemanha enviam 100 mil toneladas de aparelhos elétricos descartados a cada ano para os países subdesenvolvidos, o que é bem mais do que os especialistas temiam.
"Este é um negócio milionário. Não se trata de algo que possa ser classificado como crime pequeno", afirma Knut Sander, do instituto ambiental Ökopol, com sede em Hamburgo. Ele foi o autor do estudo, que exigiu meses de pesquisas. Por causa das suas investigações ele recebeu avisos de que deveria tomar cuidado com a sua segurança.
Ele não teve que ir longe do seu escritório para observar a atividade dessa indústria de exportação. "O Porto de Hamburgo é importante", explica Sander. "Aquilo que não sai por Hamburgo é embarcado em Antuérpia ou Roterdã."
Sander descobriu negociantes pequenos que enviam contêineres esporádicos ou alguns carros velhos cheios de computadores. Às vezes há centenas desses carros no terminal de O'Swaldkai, em Hamburgo, de onde os navios saem para a África.

Remarketing disfarçado
Há também grandes empresas enviando cargas de lixo tóxico - as chamadas companhias de remarketing, que coletam centenas de milhares de eletrodomésticos velhos todos os anos. Essas companhias têm autorização para revender computadores que estejam funcionando, mas são obrigadas a reciclar as máquinas defeituosas. E algumas delas sabem muito bem quanto dinheiro podem economizar enviando esses computadores inúteis para Gana.
A tarefa de deter essa exportação de lixo deveria ficar a cargo de uns poucos funcionários da alfândega e da guarda portuária. Mas quando os agentes ocasionalmente abrem um contêiner, eles estão provavelmente pedindo para ter dores de cabeça nos tribunais. As leis não definem o que seja um computador descartado, e é legal exportar computadores usados. Só não se pode exportar as máquinas descartadas. Um computador que está quebrado, mas que talvez ainda pudesse ser consertado, pode ser considerado lixo? E quanto a um computador de 20 anos de idade, que não consegue mais rodar um único programa? Quando há dúvidas, os juízes dão ganho de causa aos exportadores.

Entrando no inferno
Bismarck só sabe que todos os computadores exalam mau-cheiro, tenham eles dez ou 20 anos de idade, e não importando se sejam fabricados pela Dell, a Apple, a IBM ou a Siemens. Quando eles queimam, a fumaça faz com que a sua cabeça e garganta doam. As cinzas pegajosas grudam em cada poro e ruga, e provocam coceiras. Manchas aparecem na pele de Bismarck, mas ele sabe que não pode coçá-las porque a poeira tóxica entraria nas feridas abertas.

Um euro por dia
Bismarck aprendeu as regras rapidamente. Existe uma hierarquia, e todo garoto pode tentar galgar essa estrutura. Os homens jovens, de cerca de 25 anos de idade, controlam as grandes balanças de ferro velho que ficam com frequências nos locais onde se podem ver marcas de pneus na cinza que cobre a terra. Quando a sacola de Bismarck fica cheia até a metade após um dia perambulando em torno das fogueiras, ele pode vender o material recolhido para esses homens por cerca de dois cedis ganenses, o equivalente a cerca de um euro ou US$ 1,50 (R$ 2,60).
Aqueles que são um pouco mais novos, com cerca de 18 anos de idade, possuem carrinhos de mão feitos com tábuas e eixos de carros velhos. Eles seguem para a cidade no início da manhã para coletarem computadores dos importadores de refugo e trazem o material de volta para a favela. Eles quebram os computadores e retiram os cabos, e depois jogam o que restou nas fogueiras ou vendem esse resíduos para garotos um pouco mais novos.
São principalmente esses garotos que carregam os montes de cabos plástico para serem queimados nas fogueiras.

Encolhendo o cérebro - substâncias tóxicas
Um grupo de indivíduos brancos veio até à área de ferro velho, o que é raro. Eles eram do Greenpeace. Um homem usava luvas e carregava pequenos tubos de ensaio. Ele coletou amostras da lama de um dos lagos formados pelo rio, e depois cinza e solo de vários locais diferentes na área.
O químico analisou as amostras quando voltou para casa, na Inglaterra, e os valores que obteve não foram bons. Ele descobriu concentrações elevadas de chumbo, cádmio e arsênico, bem como de dioxinas, furanos e bifenis policlorados.
O chumbo, para tomar como exemplo apenas um dos produtos químicos perigosos, provoca dores de cabeça e estomacais após uma breve exposição. No longo prazo, ele danifica o sistema nervoso, os rins, o sangue e especialmente o cérebro. Quando uma criança ingere chumbo através da água ou por inalação, o seu cérebro encolhe ligeiramente e a sua inteligência diminui. Cientistas da Alemanha ficam preocupados quando descobrem concentrações acima de um limite de 0,5 miligramas de pó de chumbo por metro cúbico de ar. O tubo de raios catódicos de um único monitor de computador contém cerca de 1,5 quilograma de chumbo. Muitas das outras substâncias encontradas pelos químicos no local também provocam câncer, entre outras doenças.

Contra-atacando
Mike Anane, um ativista ambiental e coordenador local da organização internacional de direitos humanos FIAN, trouxe os membros do Greenpeace para cá. Anane nasceu aqui há 46 anos, bem ao lado de onde hoje em dia se situa Agbogbloshie. Naquela época, as margens dos rios eram repletas de prados verdes e de flamingos, e os pescadores tiravam o seu sustento do rio. Agora não existe vida nessas águas.
Oito anos atrás, Anane começou a perceber a chegada de uma quantidade cada vez maior de caminhões em Agbogbloshie, com as carrocerias repletas de computadores. Ele observou a situação de perto e passou a contra-atacar aquilo que viu. Anane coleta adesivos de procedência de vários computadores descartados para descobrir de quem são os venenos queimados aqui. Ele possui adesivos do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, de autoridades britânicas e de companhias como o Banco Barclays e a British Telecom. "Algumas crianças daqui não chegarão aos 25 anos de idade", acredita Anane.

Ele sabe, porém, que as companhias e organizações cujos selos chegam aqui juntamente com os equipamentos descartados não são os agentes que de fato trazem esse lixo para o seu país. As pessoas diretamente envolvidas são comerciantes, como Michael Ninicyi, diretor da Kofi Enterprise. A Kofi Enterprise é uma pequena loja repleta de computadores.

"Este negócio é bom para Gana"
Ninicyi compra os seus produtos exclusivamente de navios de contêineres provenientes de Hamburgo. "Os alemães simplesmente tomam mais cuidado com os seus equipamentos do que qualquer outro povo", explica. Ele não quer dizer exatamente quem são os vendedores. Ninicyi compra os produtos sem examiná-los, algo que é comum nesta atividade. Como parte dos seus cálculos de custos, os vendedores alemães fazem com que em cada contêiner haja alguns equipamentos que funcionem, bem como alguns que ainda podem ser consertados. O restante, cerca de 30%, é lixo, que Ninicyi repassa imediatamente aos garotos que vêm de Agbogbloshie com os seus carrinhos da mão. Contêineres vindos do Reino Unido trazem uma proporção muito maior de lixo.
"Este negócio é bom para Gana e para os outros países", assegura Ninicyi. Ele diz que sente pelas crianças, mas afirma que paga impostos, e os seus fregueses também e que o povo de Gana tem acesso a computadores de preço acessível.

"Por que vocês não interrompem o fluxo de lixo?"
"Esse processo está cada vez mais rápido, e nós estamos sendo esmagados", queixa-se John Pwamang, diretor do Centro de Gerenciamento e Controle de Produtos Químicos da Agência de Proteção Ambiental de Gana. A agência está localizada em um prédio de concreto em péssimas condições. A caminho do escritório de Pwamang, os visitantes precisam subir primeiro uma escada que no passado deve ter sido verde, e a seguir passar por um banheiro com defeito e uma sala de conferência de cortinas marrons esfarrapadas. Na sala há três depósitos de lixo - um marrom, para papel, um cinza, para plástico, e um outro marrom para tudo mais. Entretanto, o país não conta com um sistema de reciclagem de lixo em funcionamento. Ao que parece a agência de Pwamang ainda tem alguns problemas pela frente.
Os olhos de Pwamang são pouco visíveis por trás das grossas lentes bifocais. Ele fala suavemente, o que o ajuda a parecer mais tranquilo do que realmente é. "Vocês europeus não mudam", reclama ele. "O que deveríamos fazer com os produtos tóxicos que vocês nos mandam? Não temos como reciclá-los. Vocês possuem as instalações para isso. Computadores que funcionam não são nenhum problema, mas muitas das máquinas velhas demais não duram nem um ano aqui. Por que vocês não interrompem o fluxo de lixo?".
Pwamang não tem como provar que o chumbo e as dioxinas estão matando as crianças. Quase ninguém com mais de 25 anos trabalha nas fogueiras às margens do rio de águas pretas. E não existe estudo algum sobre o problema. O Greenpeace identificou e quantificou as toxinas, mas a organização não examinou os efeitos diretos delas. "As crianças estão doentes", afirma Pwamang. "Temos aqui metais pesados e venenos. Um estudo seria bom, mas mesmo sem nenhum estudo eu sei que a situação é desastrosa."

Fonte: UOL Noticias - Der Spiegel - 05 de dezembro de 2009

Vídeo
Mostra jovens catadores de lixo eletrônico em Gana.


Comentário:
Hoje comenta-se muito a ética ambiental. Seria mais uma jogada de marketing ambiental? Para que as empresas permaneçam em evidências em setores que influenciam a sociedade.
A ética ambiental define-se como estudo da conduta comportamental do ser humano em relação à natureza, decorrente da conscientização ambiental e conseqüente compromisso preservacionista, tendo como objetivo a conservação da vida global. Mas na prática o que acontece com o lixo eletrônico das nações industrializadas? A maioria é despachada como pretexto de produto reutilizável, mas com destino algum lixão de alguma nação pobre.
O lixo eletroeletrônico é composto de milhares de substâncias, muitas dessas tóxicas aos seres humanos e ao meio ambiente. A composição desse lixo é variável e contém: arsênico nos microchips; cádmio nas placas de circuito integrado, nos tubos CRT e nas baterias; cromo utilizado como anticorrosivo; mercúrio nas TVs de tela plana, baterias e comutadores; PCBs nos capacitores e transformadores mais antigos; chumbo nos tubos de raios catódicos; cobre nos circuitos elétricos, entre outros.
Estima que nos Estados Unidos terão nos próximos anos mais de 500 milhões de computadores obsoletos e já possuíam em 2005 mais de 130 milhões de celulares. No Japão, a situação não é menos alarmante, a expectativa é de que, até o ano de 2010, os japoneses já terão descartado mais de 650 milhões de celulares. Na comunidade européia, estima-se que cada cidadão gere em média 25 quilos por ano de lixo eletroeletrônico
Para se ter uma idéia do potencial danoso de 500 milhões de computadores, eles resultam aproximadamente nas seguintes quantidades de resíduos sólidos:
■ três milhões de toneladas de plásticos;
■ 700 mil toneladas de chumbo;
■ 1.300 toneladas de cádmio;
■ 855 toneladas de cromo; e 285 toneladas de mercúrio.
A destinação desse e-lixo pode ser: armazenamento; reuso; reciclagem; dispostos em aterros; incinerados ou exportados para os países pobres.

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quinta-feira, julho 09, 2009

Lixo da Inglaterra para o Brasil

Mapa: Portos: Rota marítima do mercado de lixo tóxico

Rio Grande do Sul e São Paulo entraram no roteiro de importação de lixo internacional. Da Inglaterra veio 64 contêineres carregados com quase 1.200 toneladas de lixo industrial, tóxico e domiciliar. Os destinos no Brasil foram; Porto de Rio Grande, Rio Grande do Sul e Porto de Santos, São Paulo

Dos 64 conteineres , 40 foram desembarcados e retidos no porto do Rio Grande (RS), 8 foram no porto seco (aduana) de Caxias do Sul (RS) e 16 no porto de Santos (SP).

A carga foi importada por uma empresa de Bento Gonçalves e chegou descrita como polímeros de etileno para reciclagem.

No interior dos contêineres foram encontrados;
■ banheiros químicos prensados,
■ camisinhas, seringas,
■ cartela de remédios,
■ tambores
■ pilhas de bateria, entre outros,
■ além de material orgânico
■ brinquedos estragados

Conforme o chefe da Alfândega no porto Rio Grande, Marco Antônio Medeiros, a descrição da carga levava a crer que se tratasse de desperdício de indústria petroquímica que viria para reciclagem.

As 740 toneladas de lixo chegaram ao porto do Rio Grande no final de fevereiro de 2009 até o final de maio, em oito embarques diferentes, com uma média de cinco contêineres em cada embarque.

E foi descoberta pela Receita Federal a partir de uma denúncia anônima de irregularidade em uma carga deste tipo. Fiscais da Alfândega que fazem análise de risco passaram a procurar no sistema e descobriram qual era a importação.

Investigação
A carga partiu do porto de Felixstowe, um dos maiores do Reino Unido. Antes de chegar ao Brasil, o navio passou pelo porto de Antuérpia, na Bélgica. As investigações apontam que o lixo foi enviado por uma exportadora inglesa.
A carga entrou no país como se tivesse sido importada por duas empresas de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul. Mas o produto encomendado seria um plástico usado na fabricação de telhas. As empresas efetivamente não compraram aquilo que está nos contêineres. A documentação toda está em dia, está perfeita, porém o que não está perfeita é a mercadoria que está dentro do contêiner, afirmou a advogada das empresas, Silvana Werner.

Lixo retido
■ No porto seco em Caxias do Sul, chegaram quase 150 toneladas de resíduos em oito contêineres. Por ordem do importador, a empresa que fez o transporte recolheu as caixas e descarregou o material no pátio, a céu aberto, junto de outras cargas. O lixo agora está sob a guarda da Receita Federal até que tudo seja removido
■ No Porto de Santos, foram 16 contêineres com 290 toneladas de lixo.
■ No Porto do Rio Grande foram 40 contêineres com 740 toneladas de lixo

Devolução do lixo ao pais de origem e multa
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou cinco empresas - duas importadoras e três transportadoras - em R$ 408 mil cada uma. O órgão pretende fazer com que as empresas devolvam o carregamento.
A carga terá que ser devolvida em dez dias ao país de origem no mesmo navio que a trouxe.
E queremos saber se houve importações anteriores desse lixo. Já foi aberto um processo administrativo e será aberta uma investigação criminal, já que a importação de lixo tóxico não pode ser feita sem autorização - afirmou Ana Angélica Alabarce, agente de fiscalização do Ibama de Santos.

Convenção de Brasiléia
Conforme Sandro Klippel, chefe do escritório regional do Ibama no Rio Grande do Sul, a convenção de Basiléia, da qual o Brasil e a Inglaterra são signatários, ficou acertado de que qualquer país pode proibir a entrada de lixo ou impor restrição ao ingresso de resíduos em seu território. E a Inglaterra não poderia deixar essa carga vir para cá.

Investigação policial
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o despejo de lixo nos portos brasileiros.

Fontes: Jornal Agora, Rio Grande, 29 de junho de 2009 e Globo Online, 08 de julho de 2009

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Enquanto os paises do primeiro mundo, geradores de lixo tóxico, discutem aquecimento global, degradação ambiental, eles indiretamente fazem negócios ilícitos ou fazem de conta não enxergam esse problema, que tornou um negocio ilícito altamente lucrativo. É uma forma de descarte do lixo para evitar problema ambiental no pais de origem para paises do terceiro mundo ou por meio de fraude. No ano de 2003, o tráfico de lixo rendeu bilhões de euros.
A Convenção da Basiléia proíbe a exportação de lixo tóxico dos países ricos para os países pobres e emergentes, mas é um negocio altamente lucrativo e também atende interesse do pais gerador do lixo como um meio de descarte de material a um custo baixo.

O mundo considerado civilizado e o lixo industrial
■ Em 1988, a Itália depositou dois mil barris de lixo radioativo em praias da Nigéria.
■ Em 1992 a Alemanha levou para a Romênia e a Albânia 350 toneladas de pesticidas velhos, porém foi forçada a recolhê-los depois que o caso se tornou público.
■ Em 19 de agosto de 2006, o navio Probo Koala desembarcou em Abidjan quase 400 toneladas de dejetos de refinaria, altamente tóxicos, distribuindo-as por nove depósitos de lixo da cidade de quatro milhões de habitantes. A embarcação pertence a uma empresa grega e trafega sob bandeira panamenha, porém fora fretada pela firma holandesa Trafigura. Após o escândalo, em outubro de 2006, o lixo volta para Europa, mais de 4500 toneladas de resíduos contaminados já foram retiradas de aterros sanitários em Abidjan, na Costa do Marfim. Material causou a morte de dez pessoas na cidade africana.
■ Lixo eletrônico. Aqui, as estratégias das empresas para encobrir a exportação ilegal são altamente criativas. Por exemplo, elas não declaram computadores obsoletos como lixo, mas sim com o fim de conserto ou reciclagem. "No porto de Hamburgo, há contêineres cheios de computadores não embalados, que certamente não estarão intactos ao serem descarregados", revela Michael Dreyer, da Sociedade de Cooperação Técnica (GTZ).
O lixo eletrônico é exportado sobretudo para a África Ocidental e a Ásia. "Na Nigéria, 85% dos componentes eletrônicos vindos do Oeste europeu ou da América do Norte acaba nos depósitos de lixo, onde são incinerados", acusa Andreas Bernstorff. Fonte: Deutsche Welle
■ Da Inglaterra pelo menos 23.000 toneladas métricas de resíduos de componentes clandestino ou sem marca foram ilegalmente transferidos em 2003 para o Sudeste Asiático, Índia, África e China, diz o relatório de Greenpeace.
■ Nos Estados Unidos, o Silicon Valley Toxic Coalition (SVTC), em grupo ambientalista contra a exportação de resíduos eletrônicos, estima que 50-80 por cento dos resíduos eletrônicos recolhidos para reciclagem está sendo exportado para os países em desenvolvimento.
■ No seu relatório "Exportando danos - lixeira de alta tecnologia da Ásia, lançado em 2002, o SVTC estima que entre 1997 e 2007, cerca de 500 milhões de computadores usados, em que se tornaram obsoletos nos EUA, lideraram na produção de mais de 600.000 toneladas de resíduos tóxicos, incluindo plásticos, chumbo, cádmio, cromo e mercúrio.

Vídeo:



Vídeo:
Mostra o comércio de lixo eletrônico na China. As pessoas manipulam metais, fiação, plásticos sem proteção. Queimam plásticos e inalam substancias tóxicas e corrosivas.

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quinta-feira, janeiro 31, 2008

Descarte de celulares joga milhões de dólares por ano no lixo

Mais de 100 milhões de aparelhos celulares são descartados anualmente no mundo. Com valor médio de US$ 0,63 em ouro por aparelho, o total de celulares descartados por ano renderia, apenas na recuperação desse metal, US$ 63 milhões (sem considerar o custo de extração do metal precioso). Apesar disso, somente uma pequena parte desses aparelhos são reaproveitados.

A responsável pela pesquisa, a ReCellular, maior empresa do ramo, entretanto, recolheu em 2007 apenas 6,03 milhões de aparelhos, pouco mais de 6% do total descartado, desempenho bastante distante da média das concorrentes.

Celulares podem ser reciclados
"Infelizmente muitas pessoas ainda não sabem que telefones celulares podem ser reciclados", diz o fundador e executivo-chefe da ReCellular, Chuck Newman. "Em última instância, queremos que os consumidores pensem automaticamente na reciclagem de celulares, como hoje fazem com vidro, papel e plásticos", completou.

Reciclagem lucrativa
A oportunidade para empresas como a ReCellular, portanto, é grande e lucrativa. A empresa, que opera inclusive no Brasil, reciclando aparelhos para a Vivo, estima que 1 tonelada de circuitos de celulares usados é mais rica em ouro do que uma tonelada de minério extraído de uma mina desse metal.
Segundo a ReCellular, 1.000 quilos de circuitos usados contêm cerca de 300 gramas de ouro, enquanto uma tonelada de minério tem apenas em média 5 gramas. Para operadoras como a Vivo, o atrativo de se promover a reciclagem é no ganho em imagem de empresa ambientalmente responsável.

Fonte: Valor Online – 11 de janeiro de 2008

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terça-feira, janeiro 29, 2008

Celular: Lixo Tecnológico

De acordo com dados divulgados pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) o número de celulares em 2007, alcançou 120,98 milhões de aparelhos.

Segundo cálculos das operadoras, a média de troca de um aparelho celular no Brasil é de apenas 14 meses, enquanto que a sua sobrevida é de 36 a 48 meses. E daí vem à indagação: qual o destino que está sendo dado para os aparelhos descartados pelos seus proprietários?

Regulamentação de descarte de celulares
O Brasil não tem uma política nacional de resíduos sólidos, assunto discutido há décadas pelo legislativo e pela sociedade civil. Na visão do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), a Política Nacional de Resíduos Sólidos deve prever a Responsabilidade Estendida do Produtor e considerar a logística reversa, ou seja, deve haver mecanismos de devolução do resíduo pós-consumo nos pontos de comercialização ou para os fabricantes.

Estatística sobre o destino para o celular velho
Não existem estatísticas oficiais sobre qual é o destino dado para o celular velho. Uma boa parte acaba ficando com um dos membros da família do proprietário ou mesmo encostado numa gaveta; outra parte é vendida ou dada em troca na compra do aparelho novo na revenda das operadoras. Uma pequena parte é descartada na caixa de coleta das lojas. Já os consumidores que não têm qualquer preocupação com o meio ambiente jogam o aparelho no lixo comum.

Vivo é o exemplo para controle de coleta de celular velho
A Vivo é a primeira operadora de telefonia móvel do Brasil a implantar um sistema de coleta, segregação e reciclagem de aparelhos celulares, baterias e assessórios usados (capas, carregadores, etc.) em suas lojas próprias.Todo o material deixado nas lojas será recolhido pela Recellula, empresa de reciclagem de celulares. Os aparelhos que são considerados reaproveitáveis são restaurados e revendidos em outros países, a preços acessíveis. Já as sucatas são encaminhadas para a reciclagem. O valor arrecadado com a venda desses aparelhos é destinada às instituições apoiadas pelo Instituto Vivo, órgão que gerencia o Investimento Social da companhia.

O que as fábricas dizem sobre o descarte de celulares

Gradiente
Não tem instruções sobre descarte de bateria e nem de aparelho de telefonia celular.

Kyocera
Por favor, entre em contato com sua operadora ou com um de seus serviços autorizados para informar-se sobre o processo de recolhimento de baterias usadas. Favor verificar com as autoridades locais responsáveis pelo meio-ambiente sobre as normas que regulamentam o descarte de baterias em sua região.

LG
Não tem instruções sobre descarte de bateria nem de aparelho de telefonia celular.

Motorola
Na seção “Suporte ao Consumidor”, em “Perguntas e respostas”: Posso jogar as baterias inutilizadas diretamente no lixo? Não é recomendável. Sugerimos que para descartar as baterias, encaminhe-as ao Serviço Autorizado Motorola mais próximo. Descartá-las no lixo comum pode causar danos ao meio ambiente. De que maneira a Motorola descarta as baterias usadas? Reciclagem. Para que as baterias tenham o destino correto sem serem prejudiciais à natureza, a Motorola recomenda que as mesmas sejam encaminhadas à uma das nossas assistências técnicas autorizadas, onde existem urnas para a coleta destes acumuladores químicos. As baterias são recebidas e armazenadas na fábrica em Jaguariúna. Não tem instruções sobre descarte do aparelho de telefonia celular.

Nokia
Tem instruções claras sobre descarte de bateria na home de celulares: “Reciclagem de baterias e celulares: Ao final da vida útil da bateria e celular, o consumidor deve entregá-los em qualquer uma das Assistências Técnicas Autorizadas, em qualquer lugar do Brasil. A Nokia realiza a coleta em cada ponto e depois encaminha ao exterior para que o cádmio, aço e níquel sejam reaproveitados, e o plástico e os circuitos internos incinerados para a geração de energia elétrica.” E dá o endereço das assistências técnicas. Não tem instruções sobre descarte do aparelho de telefonia celular.

Panasonic
Não tem instruções sobre descarte de bateria nem de aparelho.

Samsung
Não tem instruções sobre descarte de bateria.

Sony-Ericsson
Tem instruções claras sobre descarte de bateria na home de celulares e recomenda que ao final da vida útil da bateria o consumidor deve entregá-la em qualquer um dos Centros de Serviços Autorizados Sony Ericsson em qualquer lugar do Brasil. A Sony Ericsson realiza a coleta em cada ponto e depois encaminha para reprocessamento, alternativa viável e benéfica ao meio ambiente uma vez que recicla, trata e utiliza as baterias para a produção de sais e óxidos metálicos, transformando esse “resíduo” em um novo produto.

Siemens
Tem instruções claras sobre descarte de bateria na home de celulares: As baterias dos aparelhos Siemens podem ser entregues em qualquer assistência técnica, de onde serão encaminhadas para a Siemens para disposição final. A disposição final compreende o armazenamento temporário e posterior entrega de lotes para o rebeneficiamento por uma empresa especializada.
Jornale – Curitiba, 05 de setembo de 2007

Comentário
A "profecia" feita por Gordon Moore, um dos fundadores da Intel, feita em 1965 que a partir dali a potência dos processadores dobraria a cada 18 meses. A lei de Moore ainda sobrevive e chegou ao celular. A cada ano, os fabricantes lançam um novo celular que aumenta o poder de interação e permite que os celulares façam mais do que poderíamos imaginar. O celular deixou de ser um produto de comunicação tradicional para ser um produto interativo, multimídia. O que prevalece para o consumidor é a tecnologia, é a potência de processar informações, imagens, conversações interativas, cartão de memória, etc. O que resulta mais lixo tecnológico.

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