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domingo, janeiro 03, 2021

MICROPLÁSTICO É ENCONTRADO NO TOPO DO MONTE EVEREST

 Pesquisadores descobriram a presença de microplásticos em amostras de neve recolhidas a mais de 8.000 metros de altitude no Monte Everest, revelou um estudo divulgado nesta sexta-feira (20/11). As partículas foram encontradas em 19 amostras coletas no alto da montanha, incluindo as recolhidas na região conhecida como "zona da morte" próxima ao topo.

As amostras revelaram quantidades substanciais de fibras de poliéster, acrílico, nylon e polipropileno – materiais muito utilizados em vestuário de exterior habitualmente usado pelos alpinistas, além de estarem presentes em tendas e cordas de escalada.

De acordo com os pesquisadores, os microplásticos, encontrados em amostras de neve recolhidas a 8.440 metros acima do nível do mar, podem ser fragmentos de artigos usados durante as expedições para alcançar o topo do Everest. No entanto, eles não descartam que esses poluentes tenham sido transportados de altitudes mais baixas pelos ventos fortes da região.

O estudo foi publicada na revista científica One Earth e liderado por pesquisadores da Universidade de Plymouth, em conjunto com outros cientistas do Reino Unido, Estados Unidos e Nepal. 

MICROPLÁSTICOS: "Os microplásticos são gerados por uma série de fontes e muitos aspetos da nossa vida cotidiana podem levar à entrada de microplásticos no ambiente. Nos últimos anos, temos encontrado microplásticos em amostras recolhidas em todo o planeta – desde o Ártico até aos nossos rios e mares profundos. Com isso em mente, encontrar microplásticos perto do topo Everest é um alerta oportuno de que precisamos fazer mais para proteger o nosso ambiente", afirmou Imogen Napper, autora principal do estudo.

As amostras foram recolhidas em abril e maio do ano passado no Everest e num riacho que passava pela montanha. As maiores quantidades de microplásticos foram encontradas nas amostras do Campo Base, de onde as expedições partem para o topo.

Diversos estudos já revelaram a presença de microplásticos em oceanos e rios, mas ainda há pouca pesquisa sobre a presença destes poluentes em geleiras.

"Não sabia o que esperar em termos de resultados, mas me surpreendeu realmente encontrar microplásticos em todas as amostras de neve que analisei. O Monte Everest é um lugar que sempre considerei remoto e primitivo. Saber que estamos poluindo perto do topo da montanha mais alta é um verdadeiro alerta", disse Napper.

Dos anos 1950 até hoje, também houve um aumento exponencial do uso de plástico no mundo, passando de 5 milhões de toneladas em 1950 para mais de 330 milhões de toneladas em 2020. Fonte: Deutsche Welle – 20.11.2020

CIENTISTAS ACHAM PELA PRIMEIRA VEZ PLÁSTICO EM ÓRGÃOS HUMANOS

Cientistas americanos detectaram pela primeira vez microplásticos e nanoplásticos em órgãos e tecidos humanos, de acordo com um estudo a se apresentado na segunda-feira (17/08) no congresso virtual de outono da Sociedade Americana de Química (ACS, na sigla em inglês).

Pesquisadores da Universidade do Arizona, nos EUA, encontraram o material em todas as 47 amostras de pulmões, fígado, fígado, baço e rins que examinaram. Eles consideram a descoberta preocupante, ainda que falte informação sobre os efeitos dessas partículas para a saúde humana.

Eles obtiveram as mostras de um banco de tecidos criado para estudar doenças neurodegenerativas. O método analítico que desenvolveram permitiu que eles identificassem dezenas de tipos de plástico nos tecidos humanos, incluindo policarbonato (PC), tereftalato de polietileno (PET), usado em garrafas plásticas, e polietileno (PE), usado para sacos plásticos.

Já o bisfenol A (BPA), o composto utilizado na fabricação de plástico e que ainda é usado em recipientes para alimentos, apesar das preocupações com os danos que causa à saúde, foi encontrado em todas as 47 amostras.

Pesquisas em animais têm associado a exposição a microplásticos e nanoplásticos a infertilidade, inflamações e câncer, mas os resultados para a saúde de pessoas ainda são pouco conhecidos.

A ACS lembra, num documento sobre a investigação, que a ingestão de partículas de plástico por animais e seres humanos tem consequências ainda desconhecidas para a saúde.

"Pode encontrar-se plástico contaminando o ambiente em praticamente todos os locais do globo, e em poucas décadas deixamos de ver o plástico como algo muito benéfico para o considerarmos uma ameaça", diz Charles Rolsky também autor do estudo.

PLÁSTICO NO CORPO HUMANO:  "Há provas de que o plástico está entrando no nosso corpo, mas muito poucos estudos o procuram nele. E neste momento não sabemos se este plástico é apenas um incômodo ou se representa um perigo para a saúde humana", adiantou o pesquisador. 

Vários estudos já mostraram como os microplásticos podem entrar na cadeia alimentar humana. No ano retrasado, uma pesquisa revelou que esse material foi encontrado em quase todas as marcas de água engarrafada. Também naquele mesmo ano, cientistas encontraram o material em fezes humanas.

"Nunca queremos ser alarmistas, mas é preocupante que estes materiais  não biodegradáveis presentes em todos os lugares possam entrar e acumular-se nos tecidos humanos, porque não conhecemos os possíveis efeitos sobre a saúde", adverte Varun Kelkar, outro autor do estudo.

"Assim que tivermos uma ideia melhor do que está nos tecidos, podemos realizar estudos epidemiológicos para avaliar os resultados de saúde humana", disse ele. "Dessa forma, podemos começar a entender os riscos potenciais à saúde, se existirem."

Os cientistas definem microplástico como um fragmento de plástico com menos de cinco milímetros de diâmetro. Os nanoplásticos são ainda menores, com diâmetros inferiores a 0,001 milímetro.

Estudos já mostraram que os plásticos podem passar através do trato intestinal dos humanos, mas os dois investigadores se debruçaram em descobrir se há partículas que se acumulam nos órgãos humanos.

Os investigadores acreditam que o estudo é o primeiro que examina a existência de partículas de plástico em órgãos de pessoas com um histórico conhecido de exposição ambiental.

Os doadores de tecidos forneceram informações detalhadas sobre o seu estilo de vida, dieta e exposições ocupacionais, o que pode ajudar a encontrar potenciais fontes e vias de exposição a micro e nanoplásticos, dizem os cientistas. Fonte: Deutsche Welle-17.08.2020

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posted by ACCA@3:55 PM