GASES PERIGOSOS NOS ESPAÇOS CONFINADOS
Nos diversos ambientes,
muitos deles existentes no subsolo, como galerias, esgotos, os porões nas
edificações, tanques etc., pela natureza de seus projetos e finalidades, ou
pela falta de medidas de segurança em alguns, estão sujeitos à presença de
agentes contaminantes, gases e vapores inflamáveis.
Por essa razão, antes de se
iniciar qualquer operação torna-se necessária a adoção de medidas adequadas
para a eliminação dos perigos existentes. Os procedimentos previstos para
permitir o ingresso e o trabalho de pessoas autorizadas nesses ambientes estão
explicitados na Norma Regulamentadora NR-33 - SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS
EM ESPAÇOS CONFINADOS, Última modificação: Portaria SEPRT 915, de 30/07/2019.
OS PERIGOS
A mistura de contaminantes
perigosos são muito comuns. Dentro de um mesmo ambiente podem-se encontrar, ao
mesmo tempo, riscos respiratórios, explosões, incêndios etc. Portanto, as
atmosferas ali encontradas podem ser inflamáveis, tóxicas ou asfixiantes.
Entre os contaminantes
perigosos existentes no ar incluem-se os seguintes:
• Gases Combustíveis, como o
gás liquefeito de petróleo, gás natural, acetileno etc;
• Vapores de combustíveis e
solventes líquidos: nafta, gasolina, querosene e outros hidrocarbonetos;
• Gases provenientes da
fermentação de material orgânico: metano, dióxido de carbono, hidrogênio, gás
sulfídrico;
• Gases de combustão: dióxido
de carbono e o monóxido de carbono liberados pelos escapamentos dos veículos
automotores;
• Gases e substâncias
voláteis existentes nos sistemas de drenagem industrial;
• Gases decorrentes de
incêndios e explosões;
EXPLOSÕES
Não há duvidas de que todos
nós estamos bem conscientes dos perigos das explosões provenientes da
existência de gases e vapores combustíveis. É muito importante se ter em conta
que esses gases são combustíveis numa progressão de seu volume na mistura com o
ar a partir de um ponto denominado Limite Inferior de Explosividade – LIE. A
mistura é explosiva até alcançar outro ponto, o Limite Superior de
Explosividade – LSE, acima do qual não há mais ar suficiente para gerar a
combustão.
A composição da mistura
gás/ar que se situa entre o LIE e o LSE varia de acordo com o gás. Os que têm
uma faixa muito ampla entre o LIE e o LSE, como o hidrogênio, 4% e 75%, são os
mais perigosos.
Já que os explosímetros não
estabelecem nenhuma diferença entre os gases monitorados, as precauções aqui
descritas são aplicadas a todos os gases e vapores inflamáveis.
TOXICIDADE
Os gases tóxicos, alguns dos
quais sem nenhum odor, podem trazer consequências fatais ao trabalhador, mesmo
em baixas concentrações.
O monóxido de carbono – CO -
por exemplo, pode ser letal a ¹/10 de 1% e perigoso a ¹/50 de 1%, devido ao
acúmulo no corpo quando o trabalhador está exposto de maneira contínua.
Alguns gases, como o gás
sulfídrico – H2S -, geram efeito paralisante no sentido do olfato ao penetrar
no organismo. Isto faz com que níveis fatais de sua concentração passem
despercebidos por causa da total “ausência” de odor. Portanto, a única precaução
segura está na adoção de métodos de medição.
ASFIXIA
A presença de gases e vapores
asfixiantes pode provocar a deficiência de oxigênio. A atmosfera normal contém
próximo de 21% de oxigênio. Em que pese os reflexos negativos sentidos na
coordenação motora e no raciocínio, podemos considerar que 16% de oxigênio é a
concentração mínima necessária para sustentar a vida, a OSHA estabeleceu 19,5%
como limite mínimo e máximo 23,5%.
Obs: No Brasil, o percentual de oxigênio aceitável
em espaços confinados é de 19,5%< % O2
< 23,0 %
Apesar de haver gases mais
leves do que o ar, há uma grande quantidade de outros que são mais pesados,
como o gás liquefeito de petróleo, o propano e outros hidrocarbonetos. Estes
gases permanecem em certas depressões do solo para em seguida fluir para
diferentes pontos baixos, sejam galerias, porões etc. onde criam situações de
perigo.
Outros gases gerados pela
decomposição de vegetais ou resíduos animais podem chegar igualmente a esses
ambientes. Esses gases têm geralmente alto teor de dióxido de carbono, pouco oxigênio
e quantidades variadas de metano e provocam a queda de oxigênio.
A deficiência de oxigênio
também pode ser provocada pela absorção preferencial do oxigênio pelos
sedimentos terrestres, pela oxidação de metais em áreas úmidas e fechadas.
Atividades como as inertizações também provocam a queda de oxigênio. A presença
do nitrogênio gera a queda do oxigênio por diluição.
As situações de perigo
geradas pela deficiência de oxigênio podem ser detectadas pelas medições. O
instrumento que quantifica o oxigênio é o oxímetro.
PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA
Todo trabalhador deve:
•Conhecer os gases que
ocasionalmente possam estar presentes em sua área;
•Receber treinamento para
operar detectores de gás;
•Submeter-se a provas de que
está apto a fazer medições com precisão.
•Trabalhar com instrumentos e
lanternas intrinsecamente seguras.
INSPEÇÕES
Convém que cada empresa leve
a cabo inspeções e avaliações em seus espaços confinados como forma de exercer
um rígido controle de seus riscos, muitos representados por gases e vapores
inflamáveis e tóxicos. O cadastramento dos espaços confinados é determinação da
NR 33, e isto inclui o conhecimento da configuração e os riscos específicos de
cada um deles. O conhecimento da situação facilita em muito a aplicação dos
procedimentos de entrada e trabalho quando se fizerem necessários, naturalmente
dentro de obediência irrestrita às determinações da Norma.
OS ACIDENTES MAIS COMUNS
•Devido às condições
atmosféricas internas;
•Explosão ou incêndio;
•Eletrocussão;
•Soterramento;
•Engolfamento;
•Afogamento;
•Queda;
•Ruído
•Vibração
•Radiação
Os acidentes típicos decorrem
dos trabalhos de inspeção, reparos ou substituição de peças, limpeza, pintura,
solda, corte, instalação de equipamentos como bombas, motores transformadores,
cabos elétricos e telefônicos no subsolo etc. Até mesmo nas operações de
resgate e salvamento, ocasionados pelas características de determinados
ambientes e de circunstâncias que vão desde o estado emocional ao espírito de
solidariedade.
TREINAMENTO
Para eliminar ou reduzir a
ocorrência de acidentes nos espaços confinados a NR 33 preconiza a
obrigatoriedade da capacitação dos trabalhadores envolvidos, direta ou
indiretamente com os espaços confinados, sobre seus direitos, deveres, riscos e
medidas de controle.
Fonte: Racco Brasil
Marcadores: gerenciamento de riscos, segurança
