PRINCIPAIS EMPRESAS DE TECNOLOGIA SÃO ACUSADAS POR EXPLORAÇÃO DE TRABALHO INFANTIL NA MINERAÇÃO DE COBALTO
Apple, Google, Tesla e
Microsoft estão entre os nomes citados em uma ação judicial movida nos Estados
Unidos que as acusa as empresas de "ter conhecimento" de que o
cobalto usado em seus produtos pode estar relacionado à exploração do trabalho
infantil.
O caso foi apresentado pela
organização International Rights Advocates em nome de 14 famílias congolesas.
Os autores solicitam
indenização pelas mortes e ferimentos de crianças nas minas de cobalto na
República Democrática do Congo.
Segundo a associação, as
mortes ocorreram nos túneis de extração ou por conta da queda de paredes das
minas.
No entanto, a extração está
há anos sob os holofotes da comunidade internacional, que aponta
irregularidades diversas, como violações de direitos humanos, mineração ilegal
e corrupção.
CRIANÇAS TRABALHANDO
O Unicef, fundo das Nações
Unidas para a infância, estima que existam aproximadamente 40 mil crianças
trabalhando em minas no sul da República Democrática do Congo.
A International Rights
Advocates argumenta que as empresas não regulam suas cadeias de suprimentos
como deveriam.
MINERAL ESSENCIAL
O mineral é um componente
essencial das baterias de íon-lítio que alimentam dispositivos eletrônicos,
como computadores, smartphones e carros elétricos.
Também pode ser encontrado em
motores de aviões, foguetes, usinas nucleares, turbinas, ferramentas de corte e
até próteses de quadril. É um mineral essencial da vida moderna.
A combinação com outros
metais produz ligas extremamente resistentes e estáveis sob temperaturas
extremas.
O PREÇO DO COBALTO
De 2016 a 2018, o preço do
cobalto disparou de cerca de US$ 26 mil (cerca de R$ 105 mil) por tonelada para
mais de US$ 90 mil (R$ 365 mil), embora em 2019 os preços tenham caído
acentuadamente.
Além disso, a União Europeia
e os Estados Unidos rotularam o cobalto como uma matéria‑prima essencial.
UM DÓLAR OU DOIS POR DIA
"O avanço tecnológico
causou uma explosão na demanda por cobalto, mas em um dos contrastes mais
extremos imagináveis dessa situação o cobalto é extraído na República
Democrática do Congo - em condições extremamente perigosas - por crianças que
recebem um ou dois dólares por dia ", diz o processo que corre na Justiça
americana.
Essa extração serve "para fornecer cobalto para a fabricação de dispositivos de algumas das empresas mais ricas do mundo", acrescenta o texto.
Outras empresas listadas no
processo são a fabricante de computadores Dell e duas empresas de mineração, a
Zhejiang Huayou Cobalt e a Glencore, proprietárias dos campos onde as famílias
congolesas afirmam que seus filhos trabalhavam. A Glencore disse em comunicado
ao jornal The Telegraph, no Reino Unido, que "não compra, processa ou
comercializa qualquer mineral extraído artesanalmente".
Ela acrescentou que também
"não tolera nenhuma forma de trabalho infantil, forçado ou
obrigatório".
Os documentos judiciais, aos
quais o jornal britânico The Guardian teve acesso, dão vários exemplos de
crianças que foram enterradas vivas ou sofreram ferimentos após desabamento de túneis.
As 14 famílias congolesas
querem que as empresas as compensem pelo trabalho forçado, pelo estresse
emocional e pela negligência na supervisão da cadeia de produção.
Em resposta ao Telegraph, a
Microsoft afirmou estar comprometida com a compra responsável de minerais e que
sempre investiga quaisquer violações de seus fornecedores e toma as medidas
cabíveis. A BBC também solicitou um posicionamento do Google, Apple, Dell e
Tesla.
Fonte: BBC-17/12/2019
Comentário:
A MAIOR BOLSA DE METAIS DO MUNDO ESTÁ LEVANDO A SÉRIO O TRABALHO
INFANTIL
A maior Bolsa de Metais do
mundo está mudando suas regras para combater o trabalho infantil, lavagem de
dinheiro, suborno e corrupção.
A Bolsa de Metais de Londres exigirá
que os produtores que operam em zonas de alto risco e conflito demonstrem que
seus produtos são fornecidos com responsabilidade até 2022.
É uma grande mudança de
política para a Bolsa em 142 anos, que até agora certificava metais para o
comércio apenas avaliando qualidades como forma, peso e composição química.
Agora, está tentando garantir que o metal que utiliza em carros ou em dispositivos eletrônicos seja de origem
ética.
"Os consumidores globais
exigem, com razão, ações sobre fornecimento responsável - e nossa indústria
deve ouvir", disse o CEO Matthew Chamberlain em comunicado.
Ele disse que a bolsa está
adotando os padrões porque "é a coisa certa a fazer" e porque "o
valor do nosso mercado é baseado no fornecimento de metal aceitável para esses
consumidores".
A Bolsa de Metais de Londres
está sob crescente pressão depois que um relatório da Anistia Internacional de
2017 constatou abusos de trabalho infantil e direitos humanos em minas de
cobalto na República Democrática do Congo.
Muitas empresas estão
tentando garantir que suas cadeias de suprimentos estejam livres de minerais de
conflito e trabalho infantil. A
Volkswagen, por exemplo, acaba de lançar um programa piloto que usa a
tecnologia blockchain para rastrear a matéria prima até seu ponto de origem.
A MUDANÇA CHEGA À BOLSA DE
METAIS DE LONDRES
As empresas que produzem
metais negociados na Bolsa deverão executar suas próprias avaliações de
"bandeira vermelha", com base nas diretrizes da Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico até o final de 2020. A Bolsa analisará
as avaliações.
Os produtores com bandeiras
vermelhas serão auditados pela Bolsa até o final de 2022. A partir de 2024, a
mudança exigirá que os produtores publiquem suas avaliações.
A Bolsa informou que deseja trabalhar com as empresas de forma
voluntária, mas acrescentou que seu "poder principal" é suspender ou
remover as empresas que se recusam a cooperar.
A Global Witness disse que os novos requisitos são um passo na direção certa. Sophia Pickles, pesquisadora
da cadeia de suprimentos da Global Witness, disse que a decisão de exigir que
as marcas relatem publicamente os riscos de crimes financeiros e corrupção é
particularmente importante. No entanto, ela disse que a mudança deve tomar
medidas adicionais. "A Bolsa de Metais de Londres também deve ir além quando se trata de
combater os impactos de suas marcas no planeta ... [e] exige que as empresas
relatem também riscos ambientais e climáticos", acrescentou. Fonte: CNN
Business - April 23, 2019
O QUE DIZ A ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL DO TRABALHO
O trabalho infantil é ilegal
e priva crianças e adolescentes de uma infância normal, impedindo-os não só de
frequentar a escola e estudar normalmente, mas também de desenvolver de maneira
saudável todas as suas capacidades e habilidades. Antes de tudo, o trabalho
infantil é uma grave violação dos direitos humanos e dos direitos e princípios
fundamentais no trabalho, representando uma das principais antíteses do
trabalho decente.
O trabalho infantil é causa e
efeito da pobreza e da ausência de oportunidades para desenvolver capacidades.
Ele impacta o nível de desenvolvimento das nações e, muitas vezes, leva ao
trabalho forçado na vida adulta. Por todas essas razões, a eliminação do
trabalho infantil é uma das prioridades da OIT.
FATOS E NÚMEROS GLOBAIS
Fonte: Estimativas globais de
trabalho infantil: resultados e tendências 2012-2016
· Em 2016, 152 milhões de crianças entre 5 e 17 anos
eram vítimas de trabalho infantil no mundo - 88 milhões de meninos e 64 milhões
de meninas.
· Quase metade dessas crianças (73 milhões) realizavam
formas perigosas de trabalho, sendo que 19 milhões delas tinham menos de 12
anos de idade.
· O maior número de crianças vítimas de trabalho
infantil foi encontrado na África (72,1 milhões), seguida da Ásia e do Pacífico
(62 milhões), das Américas (10,7 milhões), da Europa e da Ásia Central (5,5
milhões) e dos Estados Árabes (1,2 milhões).
· O trabalho infantil está concentrado principalmente na
agricultura (71%), seguida do setor de serviços (17%) e do setor industrial
(12%).
· O fato de que a maior parte (58%) das crianças vítimas de trabalho infantil eram meninos pode refletir uma subnotificação do trabalho infantil entre as meninas, principalmente com relação ao trabalho doméstico infantil.
· O fato de que a maior parte (58%) das crianças vítimas de trabalho infantil eram meninos pode refletir uma subnotificação do trabalho infantil entre as meninas, principalmente com relação ao trabalho doméstico infantil.
Marcadores: acidente, exploração de trabalho

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