CHUVA FORTE CAUSA DESTRUIÇÃO EM SÃO CARLOS
A chuva forte que atingiu São
Carlos no final da tarde de domingo (12) causou alagamentos e transtornos em
diversos pontos
Novamente as inundações
atingiram nas áreas de risco da cidade como baixada do mercado municipal,
rotatória do Cristo, kartódromo, Praça Itália e pontilhão da Travessa‑8. A Prefeitura
de São Carlos solicitou ajuda para a Defesa Civil do Estado de São Paulo, que
imediatamente enviou uma equipe para a cidade. O mesmo local já tinha sido
atingido por outro temporal no dia 4 de janeiro.
VOLUME DE CHUVA
Segundo a Defesa Civil de São
Carlos, a chuva começou por volta de 17h45 e terminou por volta de 20h50, com
volume de 167,8 milímetros.
O local mais castigado
novamente foi a região do Mercado Municipal. A água atingiu 1,50 metros
invadindo 120 lojas. Na Rotatória do Cristo a água ultrapassou 2,50 metros.
Na avenida Comendador Alfredo
Maffei, a água invadiu a concessionária da Chevrolet e o McDonald's, onde 30
pessoas ficaram ilhadas e tiveram que ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros
EQUIPES DE EMERGÊNCIAS E DE
RESGATE
Equipes da Defesa Civil,
Guarda Municipal, Transporte e Trânsito, Serviços Públicos, Cidadania e
Assistência Social e Segurança Pública, bombeiros e PM estão nas ruas atendendo
as ocorrências e fazendo o levantamento de todas as áreas atingidas,
interditando e sinalizando os locais com problemas.
"A Prefeitura solicita
para que as pessoas evitem transitar neste momento na região da baixada do
mercado municipal, rotatória do Cristo, Praça Itália, kartódromo, prolongamento
da Avenida Trabalhador Sãocarlense e no pontilhão da Travessa 8, na Vila
Prado", disse a prefeitura em nota.
DANOS MATERIAIS
A Secretaria de Cidadania e Assistência Social atendeu 40 famílias que tiveram as casas parcialmente invadidas pela chuva, principalmente na região do CDHU.
ESTIMATIVA DE PREJUÍZOS
O diretor da Defesa Civil de
São Carlos, Pedro Caballero, informou que a chuva atingiu 22 pontos da cidade e
destruiu 120 lojas no Centro. Além disso, na rotatória do Cristo, três
estabelecimentos comerciais também foram atingidos e tiveram prejuízos.
Segundo Caballero, as perdas
financeiras na região do Cristo atingem mais de R$ 500 mil e na região central
R$ 1 milhão, podendo chegar a R$ 2 milhões no total.
Somente na região do centro e
da rotatória do Cristo, o prejuízo da iniciativa privada é estimado em R$ 2
milhões. .
TESTEMUNHAS DO EVENTO
A região central foi uma das
mais atingidas pelos alagamentos. Diversas lojas foram invadidas pela água. O
mesmo local já tinha sido atingido por outro temporal no dia 4 de janeiro.
§Na manhã desta segunda-feira, os comerciantes limparam as lojas e
começaram a contabilizar prejuízos. “O sentimento é de desanimo e tristeza.
Chorei a noite inteira”, disse a manicure Dulcineide, dona de um salão na Rua
Geminiano Costa, no Centro.
§A gerente de uma perfumaria contou que muitos produtos foram levados
pela chuva. Os funcionários chegaram às 7h desta segunda-feira para ajudar na
limpeza da loja.
“Na chuva da semana passada,
tivemos perda de produtos, mas menos do que neste domingo. Já vi o calçadão
encher, mas na proporção de ontem foi a primeira vez”, disse Liliane Simolini
Finato.
§O lojista Cid Zacarin contou que a comporta instalada no comércio não
foi suficiente para conter a água, que invadiu a loja e molhou de 2,5 mil a 3
mil pares de calçados.
COMÉRCIO FECHADO
Segundo a Acisc, cerca de 70
lojas foram atingidas, sobretudo na Avenida Comendador Alfredo Maffei, Rua
Geminiano Costa, Rua Episcopal e Rua Nove de Julho.
Algumas lojas estão abertas,
mas funcionários estão fazendo a limpeza. Segundo a Defesa Civil foi a pior
chuva na cidade nos últimos nove anos.
COMÉRCIO VOLTA FUNCIONAR DOIS
DIAS APÓS CHUVA DEPOIS
A Associação Comercial e
Industrial de São Carlos (Acisc) informou que o comércio funciona normalmente,
exceto grande parte das lojas que foram afetadas pela enchente.
Para diminuir o prejuízo
causado pela chuva que molhou e levou produtos, os comerciantes apostaram nas
promoções.
TRÂNSITO NA CIDADE
Segundo a Defesa Civil de São
Carlos, algumas vias já foram liberadas para a passagem de veículos e outras
continuam interditadas para obras das equipes. Fontes: G1 São Carlos e
Araraquara- 12 a 14/01/2020, São Carlos Agora - 13 JAN 2020
Após a chuva
COMENTÁRIO:
Cenário: Hidrografia da
Sub-bacia do Córego Gregório
Nascendo na área rural de São
Carlos ao leste da cidade a aproximadamente 900 m de altitude, o córrego do
Gregório constitui um importante curso de água da cidade.
Seu percurso se dá no sentido
leste-oeste, desaguando no Rio Monjolinho na rotatória da marginal região
onde localiza-se a praça com a imagem do
Cristo, próxima ao shopping. A sua extensão é de aproximadamente 7 km com maior
inclinação na face Sul. É abastecido por águas subterrâneas e por água fluvial.
Com relação aos corpos hídricos que compõem a bacia, nota-se que os afluentes
do córrego do Gregório só estão presentes em um dos lados.
Os outros afluentes foram
suprimidos pela ação antrópica, ou estão totalmente canalizados de forma que
não constam nas cartas topográficas. É o caso do Córrego do Simeão, que se une
ao Gregório na região central, que também influencia os eventos de enchentes.
O Córrego é abastecido de
duas maneiras:
§Por água subterrânea, proveniente dos lençóis freáticos;
§Pelas chuvas, que caem no Córrego e pelas águas provenientes do
escoamento da chuva que não penetrou no solo.
RETIFICAÇÃO E CANALIZAÇÃO
Seu traçado foi alterado na
região central da cidade, a mudança mais visível foi à mudança de seu traçado
onde ficou praticamente retilíneo e a canalização de suas águas em algumas
regiões. A planície de inundação na região do mercado foi aterrada para a
construção da piscina municipal, Praça dos Voluntários e Mercado Municipal. A
terra foi utilizada para elevar o nível das ruas Alexandrina, Episcopal e da
Avenida São Carlos. Essas modificações tornaram o córrego mais veloz (por
tornar reto o seu traçado) e juntamente com a impermeabilização do solo
propício a inundações.
A Sub‑bacia do córrego do
Gregório, situada no Município de São Carlos-SP, é uma região caracterizada
pela frequente ocorrência de inundações. Nesta sub‑bacia os processos sociais,
ambientais e tecnológicos podem ser observados no contexto das inundações que,
ao afetar diretamente a população que ali reside ou trabalha, se constituem em
desastre que afeta a vida social do município, pois, se trata de uma região
central com predominância comercial.
A Bacia do Córrego do
Gregório está localizada no município de São Carlos e possui área total de 15,6
km². Seu clima é o Tropical de Altitude, com verões chuvosos e invernos secos,
com seis meses quentes e úmidos e seis meses frios e secos. A temperatura
diária máxima anual é de 26,9ºC e a mínima anual de 16,2ºC.
AS INUNDAÇÕES NO CÓRREGO DO
GREGÓRIO: ASPECTOS HISTÓRICOS E DANOS MATERIAIS E IMATERIAIS
O Córrego do Gregório, desde
a fundação do município, sofreu intervenções humanas que, associadas a
crescente urbanização e impermeabilização da micro bacia, acarretaram e ainda
acarretam várias enchentes na região central da cidade, no entorno do Mercado
Municipal.
O primeiro registro de
inundação do Córrego do Gregório na área região central do município data do
ano de 1905, o ano em que se começa a registrar este tipo de evento, ou seja,
mesmo antes desse ano é possível que se tenha tido outros casos de enchentes no
local.
Em 1974 teve-se a construção
de avenidas marginais ao córrego, que contou com a adaptação da hidrografia ao
sistema de mobilidade urbana, fazendo com que de maneira geral o córrego
sofresse várias intervenções e retificação de seus meandros. A intensa ocupação
adjacente ocorreu no período de 1950 a 1970. Contudo já em 1940 as margens já
apresentavam considerável ocupação.
De acordo com levantamento
histórico realizado sobre registros de inundações ou alagamentos na área no
período de 1940 a 2004, os anos de 1947, 1953, 1955, 1957, 1960, 1965, 1968,
1970, 1972, 1973, 1974, 1976, 1977, 1978, 1981, 1987, 1988, 1989, 1990, 1996,
2002, 2003 e 2004 apresentaram esses eventos. Ou seja, em um período de 64
anos, em 23 deles alagamentos foram registrados, sendo que em alguns desses,
foram observados mais de um alagamento, mostrando que a área é bem suscetível a
enchentes e que esse é um problema antigo que, mesmo com todos os projetos de
contenção e minimização das enchentes, persiste.
O levantamento do histórico
das inundações ocorridas no período de 2007 – 2013 foram contabilizado 14
eventos.
Fonte: Levantamento histórico
e relatos de inundações do córrego do Gregório na região central do município
de São Carlos – SP, Revista EIXO, Brasília - DF, v.3 n.1, Janeiro – Junho de
2014, UFSCar - Universidade Federal de São Carlos.
Esse um padrão de urbanismo
que ainda predomina nas cidades, encaixar um rio num leito retificado, com as
margens impermeabilizadas e muretas. Ao longo do rio ou córrego constrói
avenidas e edificações. O rio perde toda sua característica natural, ficando
engessado numa calha artificial Suas margens e regiões limítrofes são
modificadas por construções, avenidas, de maneira desordenada.
Quando há chuvas torrenciais
o rio procura sua forma anterior, natural, para escoar a água ou manter a vazão
do rio de modo continuo. Com esse engessamento do rio, acrescido pela vazão do
rio virtual provocado pela impermeabilização do solo e desmatamento, ele
forçosamente sairá de seu leito artificial construído pelo homem, para aliviar
a pressão e volume de água existente nesse leito que não comporta esse volume
de água.
A cidade vai crescendo, mais
impermeabilização, mais água é direcionado ao rio, que mantém a mesma vazão
anterior numa situação crescente de ocupação urbana, sem ao menos aumentar o
leito do rio, que se torna inviável devido a ocupação de suas margens por
infraestrutura urbana.
As principais causas de
inundação seriam:
■ O clima: chove
torrencialmente na época de verão
■ Uso e ocupação do solo de
maneira desordenada
■ Não há mapeamento das áreas
inundáveis quanto a:
1-Conhecimento da relação
cota x risco de inundação
2- Definições dos riscos de
inundação de cada superfície
3- Incorporação a Legislação
Municipal de uso e ocupação do solo em zona de risco
4- Uso de Sistema de
Informações Geográficas na análise de projetos de edificações e equipamentos
urbanos.
5- Controle público da
ocupação regular e irregular
■ a prática legalizada da
construção ilegal e construção de obras públicas que não respeita o
ecossistema.
■ O aumento da
vulnerabilidade é atribuível ao uso do solo e da água que é muitas vezes ainda
não considera as limitações impostas pela hidrogeologia. É comum no país como
padrão, canalizar córrego, retificar e construção de avenidas ao logo das
margens dos córregos e rios. Em conseqüência disso há uma ocupação desordenada
do solo, principalmente construções, aumentando ainda mais a impermeabilização
do solo.
Infelizmente a historia de
desastre natural demonstra que tais acidentes se repetem após um ciclo de
poucos anos, repetirão os mesmos erros. A natureza tem suas próprias leis para
provocar desastre.
Marcadores: alagamento, inundação

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