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quinta-feira, outubro 29, 2015

Robô mata funcionário na Volkswagen na Alemanha

A Volkswagen revelou que um robô matou um funcionário que prestava serviço na empresa. O acidente fatal aconteceu em Baunatal fábrica da VW, ao  norte de Frankfurt na segunda-feira, 29 de junho.

O funcionário fazia parte de uma equipe que instalava um robô estacionário. Ele estava dentro da gaiola de segurança ao redor da máquina, quando foi atingido no peito e pressionado contra  placa de metal. Equipes de emergência fizeram o primeiro atendimento e levaram para o hospital local, onde morreu mais tarde. Outro funcionário estava fora da área
 Muito provável que foi um erro humano e não uma falha do robô, disse o porta-voz VW Heiko Hillwig na noite de quarta-feira.
A planta Baunatal  fica na região central de Hesse produz principalmente transmissões e motores elétricos e emprega cerca de 15.500 trabalhadores. O funcionário trabalhava para empresa Meissen do Estado de Saxônia.
A instalação, embora esteja sendo feita na fábrica, ainda não havia sido entregue à empresa automobilística.

ROBÔ E TRABALHADOR JUNTOS?
O robô em si faz parte de uma geração antiga de máquinas usadas para automação industrial. A Volks fez questão de esclarecer isso, já que tem uma nova geração de robôs-assistentes. Eles trabalham lado a lado com seres humanos. Não há notícias de acidentes graves com máquinas de gerações mais recentes e mais inteligentes.
Os robôs mais novos costumam ter sistemas de segurança que evitam choques diretos com seres humanos. Mas a notícia não deixa de alimentar o debate sobre o futuro da automação nas empresas. Os robôs serão suficientemente inteligentes para não cometer erros capazes de causar ferimentos em humanos? Conseguirão se esquivar de eventuais erros dos funcionários?

ACUSAÇÕES, CONTRA QUEM?
Tais robôs operam normalmente dentro de áreas confinadas na fábrica, segurando e agarrando autopeças para manipulá-las.
O promotor local abriu uma investigação para apurar se houve qualquer negligência envolvida e estava considerando a possibilidade de apresentar acusações, e se assim for, contra quem.

REGRAS DE SEGURANÇA MAIS RÍGIDAS
Regras de trabalho e de segurança  recentemente ficaram mais rígidas, exigindo avaliações de riscos antes da introdução de novos equipamentos.

ROBÔS INDUSTRIAIS NÃO SÃO AMEAÇA, DIZEM ESPECIALISTAS
Morte de um técnico em fábrica da Volks nesta semana causou temores sobre a segurança na era da robótica

A morte de um técnico por um robô industrial em uma fábrica da Volkswagen na Alemanha deflagrou uma série de temores sobre a segurança na era da robótica que se inicia.
Mas especialistas em inteligência artificial e automação dizem que o incidente deveria ser entendido como acidente industrial extremamente raro, e não como alerta sobre futuras ameaças.
O acidente, no qual o robô esmagou um homem contra uma placa metálica, ocorreu durante a instalação da máquina e envolvia um robô de alta velocidade e de primeira geração projetado para operar dentro de uma gaiola, bem separado dos trabalhadores humanos.

CULPA DO ROBÔ?
"Com a presente tecnologia, não podemos 'culpar' o robô", disse Blay Whitby, especialista em inteligência artificial da Universidade de Sussex. "Os robôs ainda não estão em um nível no qual seu processo decisório nos permita tratá-los como culpados. Esse infeliz acidente é técnica e moralmente comparável a um operador de máquina ser esmagado por não ter usado o sistema de segurança", acrescentou.
"Esse caso é mais complexo e, portanto, mais perdoável, porque o sistema de segurança era oferecido por software, e o trabalhador estava em meio à instalação."

PRÓXIMA GERAÇÃO DA ROBÓTICA
A próxima geração da robótica foi projetada para que os robôs trabalhem fora de gaiolas e ao lado de pessoas. Eles incorporam sensores e outros recursos de segurança para limitar a força que podem exercer e para impedir que escapem ao controle.
"Infelizmente, as pessoas têm expectativas e medos exagerados quanto aos robôs", disse o professor Alan Winfield, do Laboratório de Robótica de Bristol. "Sua sensibilidade foi exacerbada por filmes e histórias na mídia."

ACIDENTES COM ROBÔS
O professor Sandor Veres, diretor do Grupo de Pesquisa de Sistemas Autônomos e Robótica da Universidade de Sheffield, apontou que houve poucos acidentes fatais com robôs industriais instalados em gaiolas desde que a indústria começou a utilizá-los, nos anos 1970.
Desde o primeiro incidente de morte causada por um robô, em uma fábrica da Ford nos EUA, em 1979, esses casos vêm ocorrendo em razão de menos de um ao ano --o que responde por uma fração minúscula das mortes em acidentes industriais. E a automação via robótica provavelmente reduziu o número de mortes nas fábricas porque mais pessoas teriam sido mortas em uma série de outros acidentes se estivessem fazendo o trabalho no qual foram substituídas por robôs. Mas mortes continuam a ocorrer. "Eles se movimentam de maneira rápida e silenciosa", disse Veres.
Se o sistema de segurança falhar e alguém estiver dentro da gaiola com um robô que não tenha sido desativado da maneira devida, as consequências podem ser fatais.

ROBÔS INDUSTRIAIS
A Federação Internacional da Robótica estima que um recorde de 225 mil robôs industriais tenham sido vendidos em 2014, 27% a mais do que em 2013. A indústria automobilística continua a ser o maior usuário.

Fonte: Deutsche Welle, 2015/02/07; Folha de São Paulo; Financial Times –  4 de julho de 2015

Comentário:
Robôs industriais são geralmente considerados muito perigosos para aproximação durante a operação. Eles são normalmente concebidos para um determinado conjunto de funções e não são capazes de detectar obstáculo, como um homem de pé no raio de operação, por exemplo, o robô manipulando um braço.
Por esse motivo robôs industriais requerem áreas de segurança no raio do perímetro de sua operação para impedir a entrada do elemento humano enquanto estiver em funcionamento.
A maioria dos acidentes ocorre durante a programação do robô, reparação, ou treinamento de processos de aprendizagem de um novo procedimento, quando técnicos estão na zona de risco e as ações do robô são menos previsíveis do que em condições normais.

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posted by ACCA@8:00 AM