Trabalhadores do Porto de Santos: uso de crack ou cocaína
Pesquisa constatada a partir de um levantamento inédito
feito por alunos e professores do Campus Baixada Santista da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp) no complexo marítimo, durante dois anos
comprovou: .
■Uma parcela de 25% dos trabalhadores avulsos do Porto de
Santos utiliza crack ou cocaína, muitas vezes no ambiente profissional.
■Pouco mais de um terço (34%) confessou fumar maconha.
■ E uma parcela de 88% consome bebidas alcoólicas
O estudo investigou as transformações socioeconômicas
ocorridas no País – especialmente no setor portuário – a partir da década de
90. Neste período, foi promulgada a primeira Lei de Modernização dos Portos
(8.630/93), que mudou drasticamente a realidade do cais santista e, com isso, a
saúde dos trabalhadores portuários avulsos (TPA) – estivadores, conferentes,
consertadores, vigias, guindasteiros e trabalhadores do bloco, entre outros
profissionais.
Para a realização dessa pesquisa sobre o uso de drogas, os
alunos entrevistaram cerca de 780 TPA (trabalhadores portuários avulsos); estivadores,
conferentes, consertadores, vigias, guindasteiros e trabalhadores do bloco,
entre outros profissionais.
Eles aplicaram os questionários na zona portuária,
especificamente nas proximidades dos postos de escalação do Órgão Gestor de Mão
de Obra (Ogmo), onde o trabalho do cais é distribuído aos avulsos. As perguntas
foram elaboradas por professores de nove cursos da instituição e algumas delas
eram direcionadas apenas para verificar os percentuais de uso de álcool e
drogas.
Nas idas a campo, os alunos percebiam que esse consumo de
substâncias existia dentro do Porto liberadamente. Inclusive, eles detectaram
que, durante algumas entrevistas, os trabalhadores estavam usando maconha. E o
álcool também, quando eles aplicavam os questionários próximo a algum bar,
explicou a psicóloga Adriana Tucci, professora do Departamento de Saúde,
Educação e Sociedade da Unifesp-Baixada Santista.
O CONSUMO É QUASE LIBERADO
Segundo Adriana, os relatos dos alunos mostraram que o
consumo de álcool e drogas era mais frequente em determinadas áreas do cais
santista. “Em alguns pontos do Porto, onde eles pegam trabalho, era mais
intenso do que em outros. Perto das unidades do Ogmo até existia. Mas nos
pontos mais distantes, era completamente liberado, o que causou certo
estranhamento esse tipo de situação, como se fosse uma liberação desse consumo
mesmo”, explicou a professora.
Levantamento aponta que consumo de drogas ocorre inclusive
no ambiente de trabalho dos portuários avulsos
O consumo de álcool e drogas entre os trabalhadores
portuários é mais frequente do que entre outros grupos, segundo a pesquisa.
Enquanto 10% da população confirma o fumo da maconha, entre os TPAs
entrevistados, a quantidade de usuários da droga chega a 37%.
Os números são ainda mais impactantes quando é analisado o
volume de trabalhadores que utilizam crack e cocaína, drogas consideradas
altamente viciantes e prejudiciais. Na população geral, o índice de consumo é
de 4,6%. Entre os portuários, é de 25%, um em cada quatro.
MOTIVOS
Entre os motivos apontados para o consumo de álcool e drogas
durante as operações no Porto de Santos, estão a forma de organização do
trabalho e o tipo de atividade exercida no cais santista.
Todos os dias, os TPAs são escalados para os turnos de
trabalho às 7, 13 e 19 horas. Em alguns casos, não há vaga para todos e alguns
precisam aguardar a próxima chamada. Esta situação causa incerteza ou até mesmo
frustração no portuário que não consegue ter o nome designado. “Ele vai na
expectativa e não consegue trabalho. Aí, como mora longe ou não tem como pagar
a condução, acaba ficando por ali até a próxima escalação. Nesse tempo, pode
consumir álcool ou drogas”, explica a professora.
Outra possibilidade levantada pelos próprios trabalhadores é
a necessidade de algum tipo de estímulo para o trabalho, que é braçal e exige
energia. Nesses casos, a cocaína e o crack são drogas que atuam no sistema
nervoso central de forma estimulante.
“Na nossa visão, o
consumo de álcool e drogas está diretamente associado à realidade do trabalho.
Esta é uma questão complexa que envolve muitos fatores. É gritante a
diferença”, destaca a professora universitária. Fonte: @ZR, A Tribuna - 15/09/2015
Comentário: O Supremo Tribunal Federal é favorável o porte para uso pessoal a posse de até 25
gramas de maconha, que equivale a 8 cigarros por dia. Em algumas atividades industriais
o prenúncio de acidente será zorra total.

0 Comments:
Postar um comentário
<< Home