Tornado provoca destruição e mortes em Xanxerê/SC
Cenário:
■Xanxerê, município do Estado de Santa Catarina, distante
500 km da capital. Localiza-se a oeste do Estado, estando a uma altitude de 800 metros. Sua
população estimada em 2014 é de 47.679 habitantes.
Possui uma área de 377,55 km². Com um PIB estimado de 991 milhões
de reais (2012).
O orçamento da Prefeitura para o exercício de 2015 é estimado
em R$ 87 milhões.
■Ponte Serrada, município do Estado de Santa Catarina,
distante 493 km da capital. Localiza-se a oeste, do Estado, estando a uma
altitude de 1067 metros. Sua população estimada em 2014 é de 11.405 habitantes.
Possui uma área de 569,81 km². Com um PIB estimado de 158 milhões de reais
(2012). O orçamento da Prefeitura para o exercício de 2015 é estimado em R$ 33 milhões.
Tornado
Os municípios de Xanxerê e Ponte Serrada localizados no
Oeste de Santa Catarina foram atingidos por dois tornados no final da tarde de segunda-feira, 20 de
abril de 2015.
RASTRO DE DESTRUIÇÃO
XANXERÊ
Horário e duração - 15h durou entre 5 a 10 minutos
Bairros ou pessoas atingidas- 2,5 mil casas atingidas, 10
mil pessoas afetadas.
O que ficou destruído- As ruas de Xanxerê foram tomadas por fios das redes elétrica e
telefônica. Árvores caíram no pátio das casas. O chão está repleto de telhas
quebradas e zinco retorcido. 65 mil casas ficaram sem luz na região. O telhado
do Ginásio Municipal Ivo Sguissardi ficou todo retorcido. Havia crianças no
local, mas ninguém ficou ferido. Entre os bairros mais atingidos estão
Pinheiros, Primo Tacca, Bortolon, Esportes, São Jorge e Collato.
Vítimas- Duas mortes e 120 pessoas ficaram feridas
Infraestrutura – A cidade de Xanxerê está sem energia, água,
combustível e internet. Corpo de Bombeiros acredita que situação não será
normalizada antes de 48 horas.
PONTE SERRADA
Horário e duração - 16h e durou menos 5 minutos
Bairros ou pessoas foram atingidos- O tornado começou no
Centro da cidade de Ponte Serrada e se deslocou por dois bairros, Cohab e
Industrial, onde tiveram maior número de ocorrências. A diferença que não
atingiram áreas tão populosas, como ocorreu em Xanxerê.
O que ficou destruído- Sete bairros foram atingidos e cerca
de 200 casas foram afetadas com algum tipo de dano, a maioria destelhamento.
Vítimas- Oito feridos
leves, a maioria com cortes pelo corpo.
Outras informações básicas- O hospital Santa Luzia na cidade
também foi atingido pelo destelhamento. De acordo com o Corpo de Bombeiros a
situação, aparentemente, não é caótica como em Xanxerê, pelo fato de Ponte
Serrada ser uma região menos populosa e a área atingida não ser urbana.
DEFESA CIVIL
Em Xanxerê e Ponte Serrada, foram seis coordenadores
regionais que organizaram as ações emergenciais que tiveram início já nas
primeiras horas, após o evento. Além desses, forças de segurança, como polícias
militar, civil, exército, bombeiros, saúde pública estadual e municipal,
secretarias municipais de Xanxerê, instituições que compõe o Grupo de Ações
Coordenadas – Grac.
DOAÇÕES, TRIAGEM E ENTREGA DE MATERIAIS DOADOS.
O Parque de Exposições foi transformado em central de
doações, triagem e entrega de materiais doados. No Centro de Referência em
Assistência Social é feito o cadastramento e atualização de dados para os
atingidos pelo tornado. No ginásio do Colégio Costa e Silva, outra equipe faz a
separação de kit de mantimentos que são entregues pelo Corpo de Bombeiros e
assistência social.
Clubes de serviço, entidades e voluntários de outros
municípios fazem o trabalho de apoio, preparando refeições ou entregando lanches
para os trabalhadores que estão na reconstrução dos bairros atingidos. Pessoas
ligadas a igrejas também participam dos trabalhos.
POPULAÇÃO MOBILIZADA
A cidade de Xanxerê se mobilizou para atender às vitimas do
tornado. Muitos moradores estão distribuindo alimentos e auxiliando parentes e
amigos a retirar objetos de escombros. Padarias da cidade também estão
distribuindo comida.
AJUDA FEDERAL
O ministro da Integração Nacional, Gilberto Occh garantiu
apoio do governo federal para reconstrução do município e anunciou o envio de
200 militares que devem auxiliar nas
ações de reconstrução. Os primeiros 100 desembarcaram no final da tarde de
terça-feira, para ajudar na força-tarefa de recuperação da cidade, busca por
vítimas e deslocamento das famílias, com ônibus
e caminhões do Exército à disposição.
Os militares farão atendimento aos atingidos, deslocamento
de pessoas e distribuição de kits de
auxílio humanitário, contendo materiais de higiene e alimentos.
ABASTECIMENTO
Aos poucos, a rotina das duas cidades começa a se
normalizar. Carregamentos de doações chegam diariamente de várias regiões, para
ajudar os atingidos. Equipes do Exército auxiliam na reconstrução.
TESTEMUNHA DO TORNADO
“Na hora, tu não acredita que saiu vivo. Na verdade, só
pensa que vai morrer”, diz Pedro Antunes da Silva, que estava dirigindo quando
teve o carro sugado pelo tornado.
“Dei de cara com o
tornado. Parei o carro e foi onde ele jogou para cima e foi rodopiando. Eu
girava de ponta cabeça, para baixo, girava de volta e voltava de novo. Eu não
lembro quantas giradas ele deu. Quando perdia força, batia no chão”, relembra o
moleiro Pedro Antunes.
O morador de Xanxerê conta que sentiu várias pancadas e
conseguiu sair ileso. “Fiquei grudado no volante, por isso não aconteceu nada.
O cinto me segurou e eu também não me assustei de me soltar”, detalha.
O carro teve todos os vidros quebrados e não anda. Para
voltar a circular, será necessário, além de manutenções no motor, trocar o
teto, as quatro portas, para-lamas e os vidros. A parte interna do carro também
ficou com muita lama.
O moleiro seguia por uma estrada de Xanxerê quando se
deparou com o tornado. No local onde o carro teria sido sugado e onde o carro
“saiu” do tornado há marcas, além de pedaços de vidro e do farol.
Próximo ao local, algumas árvores tiveram os galhos
arrancados. Pedro conta que, quando conseguiu sair do carro, só pensou na
família e nos filhos.
Susto
Uma semana após o tornado, Pedro ainda está assustado. “Ele
não consegue dormir bem à noite e não consegue chorar”, detalha a esposa, Marli
Lurdes Vaz.
Apesar de ainda assustado, o moleiro está aliviado. “Estou
vivo, não me machuquei. A gente vai tocar a vida. Carro a gente compra de novo,
fazer o quê”, finaliza.
CLASSIFICAÇÃO DO TORNADO
Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os
ventos que formaram o tornado podem ter variado de 100 km/h até 330 km/h por
volta das 15h, horário do fenômeno.
A escala de classificação de tornados começa em 65 km/h e
chega a mais de 500 km/h. O F0 é o mais fraco e o F5 é considerado o mais
forte. “Pelas características dos estragos e pela intensidade dos ventos, este
deve ficar entre F2 e F3”, disse Mamedes Luiz Melo, meteorologista do Inmet
Brasília.
VÍTIMAS
FATAIS: 02
Atualização:
■O menino Gabriel da Luz Sutil, de 8 anos, morreu na segunda-feira,
04 de maio, duas semanas após um tornado atingir a casa onde ele morava com a
família, em Xanxerê, no oeste catarinense. Ele estava internado na UTI do
Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, em estado gravíssimo.
■Morreu na tarde de quarta-feira, 6 de maio, a quarta vítima
do tornado que atingiu Xanxerê, no Oeste catarinense, no mês passado. A dona de
casa Lurdes Lima de Oliveira, de 63 anos, estava internada na UTI do Hospital
Regional do Oeste, em Chapecó, depois que a casa dela desabou..
Total de vítimas fatais: 04
FERIDOS
De acordo com a PM em Xanxerê, pelo menos 74 pessoas deram
entrada somente no Hospital São Paulo, em Xanxerê. Outras dezenas de feridos
foram levados a hospitais da região.
Segundo a assessoria de imprensa do hospital, duas crianças
foram transferidas em estado grave para o Hospital Regional de Chapecó ainda na
noite desta segunda (20).
O Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, informou na tarde
desta terça-feira que cinco vítimas do tornado estão internadas no Hospital -
entre elas um menino de nome Gabriel, que está na UTI. Ele é o filho de um dos
homens que morreram em Xanxerê.
Em Xanxerê, 11 pessoas seguiam hospitalizadas até a tarde
desta terça-feira - 11 na internação e 7 na emergência. Nenhuma delas está em
estado grave, segundo o Hospital São Paulo. Os demais pacientes que deram entrada
no hospital foram liberados após receberem atendimento.
FERIDOS GRAVES
Nove dias depois do tornado que atingiu Xanxerê e Ponte Serrada, cinco feridos seguem
internados.
Os casos mais graves são de Gabriel da Luz Sutil, 8 anos, e
de Lourdes Lima de Oliveira, 63 anos, que estão na UTI do Hospital Regional do
Oeste, em Chapecó.
Gabriel teve traumatismo craniano com a queda da residência
onde morava no bairro Tacca. Seu pai, o motorista Alcimar Sutil, 31 anos,
morreu tentando proteger o filho com o corpo. A irmã Ana, de cinco meses, e a
avó Ivanir Ferreira da Luz, também foram hospitalizadas, mas passam bem. Lourdes
está em coma induzido.
As outras três vítimas estão no Hospital São Paulo, em
Xanxerê, mas não correm risco de morte. Valêncio de Camargo, 27 anos,
trabalhava na obra de um supermercado, no Bairro Bortolon, quando parte da
estrutura caiu sobre uma de suas pernas. Ela não chegou a ser amputada, mas ele
teve que segurá-la para ir ao hospital.
Outra vítima é Claudemir Machado, que trabalhava na mesma
obra e teve um pé amputado. Também está internada uma mulher que estava na rua,
próximo ao Ginásio Ivo Sguissardi, e teve vários ferimentos com os destroços
levados pelo vento. Ela não teve o nome divulgado a pedido da família.
BALANÇO GERAL
Xanxerê
|
Ponte Serrada
|
Velocidade dos ventos – 250 km/h
|
Velocidade dos ventos-250 km/h
|
Horário – 15 h
|
Horário – 16 h
|
Duração – 5 a 10 min
|
Duração – menos de 5 min
|
Pessoas afetadas – 10 mil
|
Pessoas afetadas – 800
|
Casas atingidas – 2.500
|
Casas atingidas – 200
|
Feridos - 120
|
Feridos – 8
|
Mortes – 2
|
Mortes - 0
|
DESABRIGADOS
Em Xanxerê, 4.275 pessoas ficaram desalojadas e 539,
desabrigadas após os fortes ventos. Houve duas mortes e 97 feridos, segundo a
Defesa Civil estadual.
Foram 2.178 casas atingidas, sendo 1.583 com danos apenas
nos telhados, 360 parcialmente danificadas e 235 totalmente destruídas. Em
relação às empresas, 38 tiveram prejuízos.
Ponte Serrada não registrou mortes. Houve 27 feridos, 1.050
desalojados e 77 desabrigados. Foram 180 casas com danos nos telhados, 148
parcialmente danificadas e 24 totalmente destruídas. Outras 31 empresas e uma
edificação pública foram afetadas. Ao todo, mais de sete mil pessoas foram
afetadas.
INFRAESTRUTURA
ELETRICIDADE
O tornado derrubou mais de 300 postes na cidade de Xanxerê,
de acordo com a concessionária Iguaçu Energia. Torres de transmissão de energia
também caíram. Às 15h de terça-feira, 100% das 34 mil unidades consumidoras da
cidade permaneciam sem energia. No total, mais de 53 mil unidades consumidoras
seguiam sem abastecimento em 14 cidades do Oeste.
A previsão, de acordo com a Iguaçu Energia e com a Centrais
Elétricas de Santa Catarina (Celesc), é de que a luz comece a ser restabelecida
até o fim da tarde de terça-feira (21).
Equipes trabalham na reconstrução de um trecho do sistema.
Os municípios também
ficaram sem abastecimento de água devido a falta de energia elétrica.
TORRES DE TRANSMISSÃO
No cálculo dos prejuízos, 15 estruturas foram derrubadas
pela força dos ventos em cinco linhas de transmissão diferentes. O impacto
provocou a interrupção do fornecimento de energia elétrica para 29 municípios
atendidos pela Celesc na região Oeste que foi, gradativamente, sendo
restabelecido desde a noite da segunda-feira. No final da tarde do dia
seguinte, cerca de 26h após o incidente, 97,5 % do sistema estava energizado
por meio de circuitos principais ou alternativos.
A partir da SE Xanxerê partem oito linhas de transmissão,
que abastecem diversas subestações. Destas, foram registradas a queda ou
inclinação de estruturas (torres metálicas ou de concreto) em cinco:
■ Duas na linha de transmissão 138 kV Xanxerê com Chapecó
Dois,
■ Três na linha de transmissão 69 kV Xanxerê com Chapecó,
■ Duas na linha de transmissão 69 kV Xanxerê com Seara
■ Quatro na linha de transmissão 69 kV Xanxerê com Faxinal
dos Guedes
■ Três torres na linha de transmissão 138 kV Xanxerê Ponte
Serrada
RESTABELECIMENTO DE ENERGIA
Na tarde de
quarta-feira, 22 de abril, praticamente 48horas após a passagem do
tornado a Celesc finalizou os serviços de recomposição do sistema atingido pelo
fenômeno.
Às 15h54min, segundo dados do Centro de Operação e Controle,
foi religada a linha de transmissão que conecta a Subestação Seara à Subestação
Xanxerê, reestabelecendo o sistema elétrico de 69.kV do oeste de Santa
Catarina, que volta a operar em sua condição original.
A reconstrução da linha era a última etapa dos trabalhos de
reconstrução do sistema da Empresa afetado pelo tornado.
Mais de 100 profissionais das equipes de emergência,
manutenção, construção e operação estiveram envolvidos no processo. Equipes de
Chapecó, Concórdia, Joaçaba, Blumenau,
Lages e Florianópolis, com o apoio de empresas terceirizadas e empregados da
Eletrosul, revezaram-se na operação de reconstrução do sistema.
DEFESA CIVIL, SITUAÇÃO EM 26 DE ABRIL – BALANÇO GERAL
Xanxerê
Desabrigados- 539 pessoas
Desalojados - 4. 275 pessoas
Vítimas - duas mortes e 97 feridos.
Edificações públicas danificadas-09
Prédios residenciais danificados - 2.188.
Empresas danificadas- 38.
Imóveis totalmente destruídos- 235 casas.
Imóveis parcialmente danificados- 360 imóveis.
Imóveis com danos apenas em telhados- 1.583.
Ponte Serrada
Desabrigados - 77 pessoas
Desalojadas - 1.050
pessoas
Vítimas - 27 feridos
Edificações públicas danificadas – 01
Prédios residenciais danificados - 252 residências
Empresas danificadas -31 empresas
Imóveis totalmente destruídos- 24 casas
Imóveis parcialmente danificados-148
Imóveis com danos apenas em telhados- 180
OBJETOS SÃO ARREMESSADOS
PARA CIDADE VIZINHA
Foram encontrados por moradores da cidade de Lindóia do Sul,
distante 100 km, notas fiscais e pedaços
de madeira, isopor, amianto, PVC, entre outros materiais. Uma receita médica
encontrada no canavial do agricultor Valter Canton ganhou destaque. A
estimativa é de que o papel com assinatura do médico e timbre da Secretaria de
Saúde de Xanxerê, com data de nove de abril. Estava um pouco molhada, mas a
gente deixou secar e conseguiu ler o que estava escrito, conta a mulher do
agricultor, Salete Bertol Canton.
Além da receita, na mesma propriedade foi encontrado
material em PVC com dois cerca de metros de comprimento por 10 centímetros de
largura e uma folha de zinco com mais de dois metros. O lugar onde a lâmina
estava retorcida também chamou a atenção dos agricultores: em cima de um pé de
eucalipto.
O rastro do tornado foi deixado em pelo menos mais oito
comunidades de Lindóia do Sul. Pedaços de isopor, material de forração em PVC e
papeis, como notas fiscais e receitas médica e pedaços de fibras de caixas
d'água atingiram terras em Linha Joana, Sertãozinho, Santo Isidoro, Linha
Alegre, Acídio e Cotovelo. Na localidade de Mimosa foi encontrada uma placa de
"vende-se" com um telefone de Xanxerê. Em Linha Acordi, notas fiscais
de uma empresa também de Xanxerê.
PREJUIZOS
Conforme os relatórios, em Xanxerê, os prejuízos econômicos
referentes às casas alcançam R$ 49. 597.184,00. Nas empresas, os danos superam
R$ 45,3 milhões. As edificações públicas tiveram perdas de R$ 9,7 milhões.
Para Ponte Serrada, o prejuízo foi de pouco mais de R$ 8,1
milhões em casas e empresas e R$ 885 mil para edificações públicas.
SANTA CATARINA NÃO TEM
EQUIPAMENTOS E CAPACIDADE PARA MONITORAR FENÔMENOS NO ESTADO
Santa Catarina ainda não tem condições de se defender
adequadamente dos desastres naturais que atingem o Estado. Se na região do Vale
do Itajaí, que já sofreu com grandes enchentes, há um plano de contingência
melhor estruturado e uma população melhor informada sobre como agir nessas
situações, no restante do território estadual ainda faltam equipamentos e
informação para garantir o menor dano possível diante de eventos da natureza
(inundação, tornados, et).
O secretário da Defesa Civil de Santa Catarina, Milton
Hobus, reconhece que ainda faltam recursos ao Estado, mas ressalta que esse
processo não ocorre de forma rápida. É preciso tempo para investir em
equipamentos e treinar equipes para operar esses sistemas de monitoramentos e
defesas.
— Não, não temos equipamentos para cobrir todo o Estado.
Estamos no início do trabalho. Primeiro que não temos todas as informações
centralizadas e tratadas. Não temos uma cobertura suficiente de radares e nem
conhecimento para saber tratar todas essas informações. É algo que vai
acontecer passo a passo. O importante é que existe planejamento e cada mês
colhemos melhores resultados — avalia o secretário.
É necessário dar atenção ao treinamento de equipes e educar,
instruir a população. Antes de pensar em equipamentos, é preciso informação em
todos os segmentos. Informar e educar os envolvidos para agir nesses trabalhos.
Precisamos ter um centro de estudos para esses fenômenos, pessoas treinadas
para operar os instrumentos de pesquisa e principalmente, educar a população.
Para então pensar em equipamentos — explica a professora e pesquisadora de
meteorologia Márcia Fuentes, do Instituto Federal de Santa Catarina.
O que aconteceu em Xanxerê
1-As imagens de satélite
mostram sobre a região, uma nuvem cúmulo‑nimbo, que pode alcançar 25 km de
altura.
1A-Caracteriza-se por ter
o topo mais gelado do que a base. A diferença de temperatura provoca ventos
muito fortes no interior
2-A cúmulo-nimbo se
caracteriza por ter o topo mais gelado
do que a base. A diferença de temperatura provoca ventos muito fortes no
interior. Aviões, por exemplo, ao se depararem com elas, são obrigados a
sobrevoá-las
3-Ela deu origem a um tornado. Uma rajada de vento escapou
da nuvem e atingiu o solo com grande velocidade
3A-O ar quente no interior do tornado tem uma tendência
natural de levantar e criar uma forte corrente para cima, enquanto o frio
desce.
LEVANTAMENTO DA UFSC
APONTA PELO MENOS 77 TORNADOS ENTRE 1976 E 2009
Santa Catarina é uma região favorável à formação de nuvens
cúmulo-nimbo, as que permitem a ocorrência de grandes tempestades e podem
resultar em tornados. O Estado está em uma área englobada pelo Sistema de Baixa
Pressão do Chaco, localizado no Sul do Brasil junto às fronteiras da Argentina
e Paraguai, que funciona como um berçário de grandes nuvens e após nascerem,
elas rumam em direção a Santa Catarina.
Por isso, não é incomum a ocorrência de tornados no Estado,
embora eles muitas vezes sejam classificados como tempestades ou outros
fenômenos. Em levantamento realizado pelo Centro Universitário de Estudos e
Pesquisas Sobre Desastres (CEPED/UFSC), somente entre 1976 a 2009 foram
registrados ao menos 77 tornados em Santa Catarina.
1948 - Canoinhas
A região Norte foi atingida por um tornado em 16 de maio, na
localidade de Valinhos, interior do município de Canoinhas. Nos cálculos
daquela época, estima-se que a velocidade do vento chegou a 300 km/h, causando
a morte de 23 pessoas e de vários animais.
2003 - Painel
Menos de cinco minutos foram o suficiente para que quase
todas as casas de Painel, na Serra Catarinense, fossem destelhadas. Os ventos
de 130 km/h que atingiram a cidade também danificaram fios de telefone e rede
elétrica. Mesmo com nenhuma pessoa ferida pelo tornado, o prefeito à época,
Aldo Tadeu Vieira Waltrick, decretou situação de emergência.
2005 - Criciúma
Criciúma atingida por dois tornados em menos de um dia. Os
ventos de 115 km/h atingiram em cheio duas ruas da Grande Santa Luzia e
destelharam totalmente as casas, quebrou árvores e rompeu fios da rede
elétrica. Pequenos incêndios, originados de curtos-circuitos também afetaram a
cidade. O segundo tornado atingiu o Distrito de Rio Maina que afetou uma subestação
de Celesc deixando milhares sem energia. Uma morte foi registrada.
2008 - Correia Pinto
O município de 15 mil habitantes da Serra foi quase todo
destruído devido a ventos de 80 km/h que duraram 10 minutos. Casas e escolas
foram destelhadas e árvores arrancadas desde a raiz ficaram no meio da rua.
Cinco famílias ficaram desabrigadas, mas felizmente nenhuma vítima foi
registrada durante o tornado.
2009 - Guaraciaba
No feriado de 7 de setembro, Guaraciaba, no Extremo-Oeste,
teve casas arremessadas a até 50 metros de distância e grande parte da
infraestrutura urbana da cidade, de 10 mil habitantes, arrasada. Os ventos
foram estimados próximos dos 200 km/h.
2012 - Ponte Alta
O tornado destruiu a cidade de Ponte Alta, na Serra, no dia
2 de dezembro. O fenômeno ficou na categoria F3 (forte, com ventos de 254 a 331
km/h) na Escala Fujita, utilizada para medir a intensidade de tornados
avaliando-os pelos danos causados.
Toda a área urbana de Ponte Alta foi castigada, e
praticamente todos os cinco mil moradores foram afetados. Os prejuízos passaram
dos R$ 30 milhões e a prefeitura decretou estado de calamidade pública. A
cidade já havia sido atingida por tornado em 2009, mas não com tamanha
intensidade.
2013 - São Joaquim
Em 11 de dezembro, a Serra foi atingida por uma série de
fenômenos meteorológicos, como microexplosão e tornado. Moradores da região
registraram o momento:
Para especialistas, os tornados devem ter ficado entre as
categorias F0 (considerado leve, com ventos de 64 a 116 km/h conforme a Escala
Fujita) e F1 (moderado, de 117 a 180 km/h).
2014 - Urubici
Acredita-se que um tornado da categoria F0 tenha atingido
Urubici em 30 de outubro. Os danos pela cidade foram leves, como destelhamentos
e quedas de árvores.
Fontes: G1 Santa Catarina -21 a 26 de abril de 2015, Diário
Catarinense, 21 de abril de 2015, Defesa Civil de Santa Catarina, 28 de abril
de 2015, Gazeta do Povo, 2 de maio de 2015-05-05
Comentário
Os danos do tornado em Xanxerê equivalem a 10,60% do valor do PIB ou ultrapassa o
valor do orçamento da cidade (120, 69%). Podemos considerar a perda econômica
muito grave e a recuperação econômica da cidade demorará no mínimo 1 ano.
Os danos do tornado em Ponte Serrado equivalem
a 5,7% do valor do PIB ou 27% do valor do orçamento da cidade. Podemos
considerar a perda econômica moderada e a recuperação econômica da cidade
demorará no mínimo 6 meses.
A passagem de tornados pelas cidades de Xanxerê e Ponte Serrada
demonstraram as dificuldades do Estado e da população para lidar com desastres
naturais. A ausência de treinamento e plano de contingência são os principais
problemas.Vídeo
Marcadores: Meio Ambiente, tornado, vento

0 Comments:
Postar um comentário
<< Home