Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

quarta-feira, março 13, 2013

Bafômetro ataca na sala de cirurgia

Pesquisa nos EUA indica que, mesmo sem ressaca, noite de bebedeira traz impacto negativo para as habilidades do cirurgião no dia seguinte

O que você pensaria como paciente, se um cirurgião participasse de uma festa de arromba, na véspera de sua operação? É provável que sua reação fosse negativa. Mas o fato é que não há regras limitando a quantidade de álcool que um cirurgião pode consumir na véspera de um dia na sala de operações.

TRABALHO COM RESSACA
■ 42% dos funcionários do sistema de saúde dos Estados Unidos já admitiram ter ido ao trabalho de ressaca, de acordo com estudo realizado em 1993.
■ Na classe médica, os cirurgiões são conhecidos como particularmente afeitos ao álcool, de acordo com outros estudos e com a observação de muitos profissionais da área.

EXPERIMENTO INCOMUM
Assim, um grupo de pesquisadores realizou um experimento incomum, publicado na revista científica Archives of Surgery. Eles reuniram seis cirurgiões muito experientes em procedimentos de laparoscopia - um tipo de cirurgia considerada minimamente invasiva - e os convidaram para jantar num restaurante. Com a comida, foi oferecida aos médicos uma quantidade ilimitada de álcool, seguida pela orientação de que bebessem até se sentirem embriagados.

Os pesquisadores levaram os médicos até suas casas naquela noite e os buscaram na manhã seguinte, deixando-os num laboratório equipado com um simulador que usa a realidade virtual. O aparelho é usado no treinamento das técnicas de laparoscopia.

O estudo se concentrou nos procedimentos de laparoscopia porque eles "exigem muito" das "capacidades cognitivas, perceptivas e visual-espaciais", que podem ser prejudicadas pela bebida.

Os cirurgiões foram testados no simulador às 9h, às 13h e às 16h. Em cada um dos testes, suas habilidades cirúrgicas se mostraram prejudicadas em relação ao resultado de um teste controle. Todos os cirurgiões foram testados com um bafômetro antes do início das cirurgias virtuais. Cinco dos seis participantes passaram no teste.

PROBLEMAS OBSERVADOS
No entanto, apenas os resultados obtidos às 13h apresentaram piora estatisticamente significativa em relação aos resultados do teste controle. Entre os problemas observados;
■ os cirurgiões cometeram mais erros e foram menos eficientes no  emprego do aparelho para queimar tecido como parte do processo cirúrgico.
■ À tarde, os cirurgiões também demoraram mais do que o normal para concluir as cirurgias virtuais, mas,
■ no teste realizado às 9h, eles concluíram o procedimento num tempo abaixo do considerado padrão.

PROBLEMAS NAS OPERAÇÕES VIRTUAIS
Mas os pesquisadores não ficaram animados com o pequeno número de pessoas que disseram sentir os efeitos da ressaca. Em vez disso, eles ficaram preocupados com o fato de os cirurgiões terem enfrentado problemas nas operações virtuais apesar de aparentarem estar sóbrios.

O estudo teve proporções pequenas demais para que os pesquisadores determinassem por quanto tempo os médicos devem se manter longe da bebida antes de participar de uma cirurgia. Entretanto, eles aconselham que, "levando-se em consideração os significativos desafios cognitivos, perceptivos, visual-espaciais e psicomotores envolvidos nas técnicas modernas de cirurgia orientada por imagens, abster-se do álcool na véspera de uma cirurgia pode ser algo recomendável para os cirurgiões".  Fonte: Estadão - 24 de abril de 2011

Comentário:
É um problema grave principalmente para os profissionais/trabalhadores que estão envolvidos em atividades que necessitam capacidades cognitivas, perceptivas e visual-espaciais, que podem ser prejudicadas pela bebida.
Um estudo  realizado na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM),  empresa responsável pelo transporte ferroviário de passageiros na região metropolitana de São Paulo, no período de 2002 a 2004 constatou;
■ Entre maquinistas de trem e os 6122 trabalhadores da manutenção, cerca de 8% dos trabalhadores, usam álcool e outras drogas.

Uso de drogas - Regulamento Brasileiro da Aviação Civil nº. 120 (RBAC 120) de 2012.
Pilotos de aviões serão obrigados a fazer testes toxicológicos periódicos e após acidentes ou qualquer outro tipo de problema, mesmo que tenham acontecido em solo.
■ Profissional flagrado no antidoping, que identifica substâncias como maconha, cocaína, crack, álcool e LSD, será afastado e só poderá voltar ao serviço após passar por tratamento contra a dependência.
■ Caso o profissional se recuse a fazer o teste, ficará proibido de trabalhar e a punição será de até um ano de suspensão da licença, no caso do piloto, por exemplo. Outros países, como os EUA, já adotam a prática.
■ Os exames mais sofisticados, realizados a partir de amostras de cabelo, conseguem detectar produtos psicoativos consumidos até três meses antes do teste. 

Marcadores: ,

posted by ACCA@11:49 AM