O que acontece durante o processo de evacuação em um incêndio?
Talvez o caos ou pânico?
O
senso comum nos faria pensar que após perceberem que havia um incêndio, os
ocupantes entraram em pânico generalizado. Essa percepção vem dos meios
de comunicação (filmes, televisão e imprensa) que retratam o pânico se
propagando mais rapidamente que o próprio incêndio, imaginando que todos
queiram sair simultaneamente para escapar do perigo iminente, empurrando e até
esmagando uns aos outros. Mas na verdade, o pânico é um comportamento muito
raro em um incêndio, e há muitos anos os pesquisadores desse assunto rechaçam o
conceito, chamando-o de “mito do pânico”
REAÇÃO
LENTA
Ainda
que o comportamento humano durante um incêndio seja complexo, e nem sempre
homogêneo, a natureza das informações obtidas, o limitado tempo disponível para
reagir a elas e nossa avaliação do perigo reinante, todos esses fatores levam a
uma situação incremental de tensão nervosa ou stress. Mas stress não é sinônimo
de pânico. Paradoxalmente, o mais comum é que ante uma situação de stress as
pessoas reajam lentamente, letargicamente, seja a um alarme inicial, a comandos
de voz ou aos primeiros indícios do incêndio. A ciência do comportamento humano
chegou à conclusão que, em geral, o ser humano está programado para reagir
lentamente a uma emergência.
O
National Institute of Standards and Technology (NIST) acaba de tornar
públicas suas conclusões sobre o
processo de evacuação durante o ataque às Torres Gêmeas em NY. Após entrevistar quase 900 sobreviventes,
chegou à conclusão que as pessoas que sobreviveram a esse terrível incidente
levaram;
■ em
média 6 minutos para reagir e tomar a decisão de evacuar os edifícios.
■
a maioria dos sobreviventes se sentiu “paralisada” nos primeiros minutos, sem
saber o que fazer.
■ muitos
arrumaram suas mesas, desligaram os computadores, pegaram o livro que estavam
lendo a caminho do escritório e deram telefonemas, em vez de saírem rápida e
instintivamente em direção às escadas de emergência.
REAÇÃO
LENTA
Parece
paradoxal que a maioria das pessoas, ante um risco iminente de morte, se torne
incrivelmente dócil, e mais amável que o normal. Dizem os pesquisadores que nos
movemos lentamente, em grupos, como se estivéssemos caminhando todos juntos,
como num pesadelo. Os pesquisadores concluem que quanto mais informações
recebemos, mesmo que sejam extremamente valiosas para nossa sobrevivência, mais
lentamente as processamos. Parece que nosso instinto mais profundo é permanece
no mesmo lugar, paralisados, aparentemente pensando que “é impossível que isso
esteja acontecendo comigo”. Dizem os mesmos pesquisadores que em certos casos,
alguns animais atacados por um animal superior ficam paralisados como
estratégia de sobrevivência. Um animal geralmente não come outro se este já
estiver morto. É possível então que nossa reação tenha algo a ver com esse
mesmo instinto de sobrevivência.
SIMULAÇÃO
E TREINAMENTO DE EVACUAÇÃO
Entretanto,
as pessoas que reagem rapidamente a uma emergência já experimentaram uma
situação de grande perigo, ou foram treinadas para reagir à emergência. Os que
cresceram em países onde há terremotos me entenderão quando digo que nossa
reação no segundo ou terceiro terremoto é muito mais rápida e apropriada ao
risco. Por isso, é imperativo que pratiquemos o plano de evacuação onde trabalhamos
e onde vivemos, como recomendam as normas da NFPA. Se compreendermos que temos
que lutar para reprogramar nossos instintos, muito possivelmente tomaremos essa
tarefa com mais seriedade e entusiasmo.
Fonte:
NFPA Journal Latinoamericano- 24 de Dezembro, 2010- Jaime A. Moncada, PE, SFPE
Marcadores: gerenciamento de desastre, incêndio

0 Comments:
Postar um comentário
<< Home