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terça-feira, agosto 14, 2012

Epidemia de riscos


 Eram 10h30min, 10 de dezembro de 2010,  quando dois homens apareceram na janela do 5º andar de um prédio na Rua Brusque, no Centro de Itajaí, Santa Catarina. Olharam de um lado para o outro à procura do lugar certo para executar o serviço. Um deles, sem equipamento de proteção, colocou quase o corpo todo do lado de fora da janela. O trabalho de risco durou 30 minutos. Fonte: Jornal de Santa Catarina - 10/12/2010

Comentário:
Até que ponto existe responsabilidade do empregador nessa situação das fotos?
Se o operário é negligente, a responsabilidade continua sendo da empresa que o contratou?
Fico imaginando o que se passa na mente de um trabalhador, a 15 metros de altura sem proteção nenhuma, é um daqueles especialistas de salto em ponto fixo (base jump) com pára-quedas ou é um pássaro alado com proteção de um anjo da guarda? Ou ele gosta de praticar um esporte radical infringindo todas as normas de segurança? Mas uma coisa é real, a situação está como exatamente o diabo gosta para acontecer o acidente. Falta aquela mão invisível que empurra a falha para o acidente.
A criatividade do trabalhador para ativar o risco é imensurável. Sempre querendo quebrar protocolo de segurança ou queimar etapas de segurança. Se já fiz isso, não aconteceu nada, porque não posso fazer novamente? É a luta do diabinho com o anjo guarda de segurança. O diabinho sempre instigando o trabalhador para buscar o perigo. Como geralmente o perigo não é visível, o trabalhador se arrisca e percebe muito tarde o perigo visível, que é o acidente.
Para ele o acidente ou morte faz parte da vida.  Quantas vezes já ouvimos essas expressões ou crenças:
■ "Tinha que acontecer" quando se está diante de um evento trágico, ou no mínimo, indesejado.
■ Por que tinha que ser assim?
■ Em caso de morte, há sempre quem diga "cada um tem sua hora".
■ Em outras palavras, o que tem que acontecer, simplesmente acontece e não há como escapar do fato.

Podemos analisar pelo lado não muito convencional, além das normas de segurança, o aspecto comportamental
■ Para saber se um medo é real ou ilusório, é preciso questionar se ele é baseado em fatos reais ou é uma distorção de sua realidade, fundamentada apenas em sua crença geradora desse medo. Quando aceitamos uma situação de perigo, sem questioná-lo, pressupomos que este é um fato e esta é uma escolha que fazemos. Por isso, questione-se sempre!
■ Só é possível definir o que é perigo quando se trata da subjetividade de cada um. O que é perigo para mim, não é necessariamente para você. Não existe uma realidade única e fixa. A realidade que você vê depende unicamente de sua percepção do mundo, dos outros e de si mesmo.
■ A partir do momento em que o trabalhador passa a questionar ou duvidar do perigo,  ele passa a ser possivelmente ilusório. Podemos considerar que o perigo diminui?
■ Quando aceitamos uma atividade perigosa, sem questioná-lo, pressupondo que este é um fato, é uma escolha que fazemos. Por isso, somos responsáveis por essa decisão?
■O medo sempre acompanhou a espécie humana. Se não sentíssemos medo  a espécie humana  não existiria. É o medo que faz proteger  e fugir do perigo. Mas podemos adaptar o medo para algumas situações potencialmente perigosas, tornado-o normal? Eu não tenho medo?
■O cérebro tem capacidade de gravar na memória e comparar as condições de uma ameaça atual com experiências passadas similares, permitindo-lhe, assim, escolher qual a melhor opção a ser tomada para garantir sua segurança. Por que para algumas pessoas isso não funcionam?

Podemos fazer outra indagação?
■Qual seria a participação da educação, principalmente a aprendizagem e desenvolvimento, na percepção e avaliação do risco?
Segundo os especialistas de educação, o processo cognitivo humano refere-se ao  estudo do processamento humano de informações, ou seja,  o estudo de como os seres  humanos percebem, processam, codificam, estocam, recuperam e utilizam as  informação.
■Com o nível de escolaridade baixa, como podemos aumentar segurança, ou melhor, a compreensão da utilidade da segurança para própria vida?
Segundo os especialistas a aprendizagem se dá de maneira melhor quando o processo de informação estiver alinhado com o processo cognitivo humano, ou seja,  o volume de informações oferecidas ao trabalhador for compatível com a sua capacidade  de compreensão.

No atual estágio de desenvolvimento tecnológico,  as mudanças processam-se em uma velocidade muito grande, como podemos acompanhá-la sem  nível de educação adequada?

A educação deve andar junta com a segurança do trabalho? O que vocês acham? A nossa política de segurança de trabalho chegou ao limite quanto a redução de acidentes, pois outro fator primordial que é a educação, não está contribuindo para essa redução? 

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posted by ACCA@2:49 PM