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domingo, maio 01, 2011

Segurança dos novos carros criam novos riscos ocultos

As características de segurança dos novos carros criam novos riscos ocultos para equipe de resgate

Os bombeiros de Edgely, município de Bucks teve imediatamente extinguir um pequeno incêndio no piso de um Merceds-Benz, 2004, quando o comandante da unidade dos bombeiros, Kevin Flanagan, ouviu dois estrondos fortes, como estampido de uma arma. Flanagan correu detrás de seu caminhão ao Mercedes e encontrou um de seus bombeiros caído inconsciente no banco dianteiro do carro e outro, filho de Flanagan, vagueando ao redor, aturdido.

Os airbags dianteiros do carro dispararam em seus rostos, nocauteando Andy Taggart e deixando Ryan Flanagan com queimaduras (airbag possui um detonador, que possui uma carga explosiva, substancia sólida, granulada e explosiva, que atua como disparo) e a perda temporária da audição.

Os dois homens poderiam ter morrido na explosão se eles não tivessem utilizando capacetes, disse Kevin Flanagan.

O incidente naquela noite em abril, reflete um quadro do problema para a equipe de resgate de âmbito nacional: Os fabricantes acondicionam os carros e caminhões com novos dispositivos para aumentar a segurança dos motoristas, tais como; os airbags que podem disparar duas vezes ou estão localizados nas portas ou nos tetos, mas esses equipamentos colocam em perigo o pessoal de resgate, que freqüentemente não tem certeza de sua existência.

"Os cintos de segurança com pré-tensionador", que usam um detonador com carga explosiva (tipo de um cartucho) para puxar o cinto de encontro ao ocupante, durante o impacto, pode explodir nas mãos de um bombeiro que está trabalhando para cortar e libertar alguém.

Um cilindro que salta para cima, atrás dos assentos em alguns conversíveis (capota automática) pode causar ferimentos graves em paramédico que desconhece o mecanismo. Os detonatores de metal (pequenos cilindros) embutidos no teto para inflar os airbags laterais podem detonar como mísseis se for cortado pela equipe de resgate, queimando no interior do veículo.

Os carros atuais são “bombas latentes" esperando a oportunidade para tentar ferir-nos, como as equipes de emergência," disse Mark McKinney, um especialista de resgate de veículo do Corpo de Bombeiros e de Resgate do município de Howard.

As equipes de emergência estão acostumadas a lidar com os perigos normais de tanques de gasolina e de baterias de 12 volt, mas a tecnologia está mudando tão rapidamente que muito não podem manter se informados com o que está na rua, desde carros com muitos airbags, alguns com uma dúzia, a veículos híbridos gasolina-elétrico com baterias com alta voltagem suficiente para eletrocutar uma pessoa.

A Agência de Administração Nacional de Segurança e de Tráfego de Rodovia (NHTSA) está solicitando as equipes de emergência relatar as vítimas ou problemas de segurança sobre airbags e outro equipamento de veículo e pediu que o Registro Nacional de Técnicos de Emergência Médica coletar tal informação de seus membros por todo o país.

A Agência está tentando "começar a juntar as partes do quebra cabeça das ocorrências, que resolveria o problema" disse Jeff Michael, diretor dos escritórios da Agência ( NHTSA) de direção perigosa e proteção aos ocupantes (passageiros).

Os advogados afirmam que as agências do governo deveriam exigir dos fabricantes manter informadas as equipes de emergência, como colocar etiquetas nos veículos enumerando todo potencial perigoso do sistema a bordo. A agência (NHTSA) diz que está considerando como o primeiro passo, mas necessita de mais dados.

David Long, enfermeiro de Minnesota e paramédico que ministra palestra aos trabalhadores em todo o país sob o nome de “Detetive de airbag”, tem viajado pelo país compilando os casos de vítimas pós-desastre.

Entre seus 30 exemplos estão;
■ de uma mulher de Arizona, que morreu depois que um policial acidentalmente acionou o airbag enquanto a libertava do veículo destruído;
■ um bombeiro de Minnesota foi atingido na cabeça por um airbag enquanto trabalhava num veículo em chamas e
■ vários mecânicos foram atingidos pelos airbags quando mexeram no fio errado.

Hoje, os carros são projetados salvar vidas no momento do impacto, disse Longo. "Depois disso, é uma loteria ..... Não há nenhuma garantia para a equipe de emergência, para a polícia, para os bombeiros tentando fazer o resgate. Isto não está sequer no programa curricular de treinamento do pessoal de resgate."

A indústria automobilística está se inteirando do problema e debatendo como reagir, disse Bernard I. Robertson, vice-presidente sênior para tecnologia de engenharia e assuntos regulatórios da DaimlerChrysler Corp. "É válido o ponto de vista, e toda indústria está começando compreender o que fazer sobre isso, " disse. "Temos etiquetas já afixadas em todos os veículos; em alguns pontos não estão visíveis. Mas há muito interesse em como conseguir melhorar a informação para a equipe de resgate? É sorte em seu início."

Alguns Corpos de Bombeiros tomam providências extras para permanecer atualizados. O Corpo de Bombeiros do município de Fairfax, por exemplo, trabalha com as revendedoras de carro para aprender tecnologia dos novos carros e como lidar com eles.

Mas porque não há nenhuma maneira rápida para verificar que equipamento está num carro, como Jeep Cherokee com airbags laterais, não parece diferente dos demais, por exemplo, mas contem detonatores explosivos (pequenos cilindros) no teto e os socorristas devem perder tempo valioso no local do desastre para desempenhar o papel de detetive, fazendo a varredura de cada veículo a procura de vestígios para que o potencial das armadilhas esteja esperando para explodir.

"O seminário que estamos assistindo e o que lemos nas revistas, tudo isso está disponível imediatamente para nós” disse Ken Bouvier, vice-presidente da Associação Nacional de Emergência de Médica e paramédico da cidade de Nova Orleans. "E em pequenas comunidades rurais, talvez não tenham oportunidade de ter exposição de novos carros e aquele tipo de treinamento, eles podiam buscar esses conhecimento e como lidar com esses problemas nesse tipo de seminário."

Não é apenas com os dispositivos de segurança que o pessoal de resgate está preocupado.
As novas tecnologias de combustível ou de motor também colocam em riscos, tais como; carros a gás (GLP) ou elétrico com baterias de alta voltagem.

Um bombeiro do município de Montgomery, por exemplo, notou algo estranho recentemente quando aproximou um carro colidido. Embora o motor foi desligado, o motorista ferido manteve seu pé no freio. Ele saiu do carro e o carro ainda estava funcionando de maneira silenciosa com motor elétrico e poderia ter movimentado e atingido os socorristas e as pessoas presentes no local.

O carro era um Toyota Prius, um veículo híbrido gasolina-elétrico que utiliza bateria para velocidades baixas. "Conversamos sobre esse assunto no treinamento" disse Monte Fitch, instrutor de resgate do Corpo de Bombeiros do município de Montgomery que levou esse relatório para um de seus alunos.

Além de funcionar silenciosamente, a bateria do carro híbrido acumula uma voltagem suficiente para matar uma pessoa, mais de 500 volts no Prius 2004, comparado a 12 volts na bateria de carro convencional. No Prius, a bateria está num ponto imprevisto, atrás do assento traseiro.

Toyota e Honda, são os únicos fabricantes que vendem atualmente carros híbridos, ganham elogios dos socorristas por sinalizar as peças de alta voltagem com cor alaranjada e pelo projeto de engenharia de seus carros com segurança em mente.

Por exemplo, as baterias de alta voltagem não são aterradas ao chassis, assim há um pequeno perigo que alguém poderia ser eletrocutado simplesmente tocando no carro destruído. Os socorristas necessitam saber rapidamente, que eles estão lidando com carro híbrido, assim eles podem tomar as precauções especiais para não cortar a bateria ou seus cabos, embora, isso não é sempre fácil.

Se o logotipo de identificação de Prius's fosse esmagado numa colisão, um socorrista apressadamente cortasse o teto para remover um passageiro, poderia identificar o carro como híbrido se encontrasse uma abertura de ar na coluna da sustentação do lado do motorista. Mas bombeiros queixam-se que freqüentemente não conseguem obter carros novos, (últimos lançamentos), para praticar o treinamento.

A empresa Holmatro, fabricante de equipamento hidráulico para resgate, procurou compilar esses problemas em 2000, publicando "Manual de Resgate para Sistema de Segurança de Veículos" livro de referência. Até agora, a empresa vendeu o manual de 600 páginas, preço de US$138. para aproximadamente 3.000 dos 35.000 Corpos de Bombeiros do país, disse o gerente de marketing Fran Dunigan. Agora a empresa está desenvolvendo a versão em CD-ROM que os bombeiros poderiam usar rapidamente procurando os detalhes sobre veículos nos locais dos acidentes.

A agência do governo (NHTSA) testa os veículos para a segurança em colisão, mas ela não procura o que pode acontecer aos socorristas ou aos ocupantes em conseqüência da colisão (pós-colisão). A agência criou vídeos para treinamento dos socorristas, mostrando métodos seguros para lidar com alguns tipos de veículos em colisão, mas não são atualizados regularmente. O vídeo mais recente sobre veículos combustíveis alternativos, por exemplo, foi feito em 1996, quando os híbridos gasolina-elétrico não estavam ainda no mercado.

A Sociedade de Engenharia Automotiva (SAE) que indica as diretrizes da indústria automobilística para projetos de veículos, considerou a colocação de etiquetas padronizadas sobre sistemas de airbag para carros e caminhões novos, mas suspendeu a questão há um ano após não alcançar consenso, disse o porta voz Keith Hancock da SAE . "Dado que os comitês da SAE's tratam rotineiramente dos problemas de segurança, é inteiramente possível que esta questão poderia outra vez estar na agenda, " disse.

A etiqueta foi proposta a SAE por Ron Moore, comandante do Corpo de Bombeiros de McKinney, Texas., é reconhecido nacionalmente como especialista em veículos de resgate. Disse que os fabricantes estão relutantes para assumir os gastos adicionais das etiquetas sem a obrigatoriedade do governo. "É talvez alguns níqueis ou centavos por carro, mas que faria diferença para nós, como socorristas. Poderia acessar imediatamente a informação, isso é salvar vidas , " disse Moore.

Flanagan, comandante do Corpo de Bombeiros de Pensilvânia, disse que algum tipo do aviso seria valioso para seus bombeiros, como naquela noite em abril. Disse que não tinha nenhuma idéia que os airbags poderiam disparar muito tempo depois da colisão, se o sistema elétrico está danificado, embora a causa do incidente que feriu seus homens está ainda sob investigação.

"Não precisamos de problemas extras para lidar, quando estamos no local do desastre, e realmente é isso que tecnologia está trazendo para nós agora, " disse Flanagan. "Todas estas coisas são ótimas em seus lugares e provavelmente muito boas em proteger o motorista e o passageiro, mas são algo que pode causar danos em bombeiros . . . [ e ] penso que os avisos deveriam ser exigidos pelo governo." Fonte: The Washington Post Company, November 25, 2003

Comentário: Cada vez mais os fabricantes estão transformando os painéis dos carros em centrais de informações e de controles, utilizando a eletrônica como elemento principal de gerenciamento. Com isso, softwares e módulos eletrônicos estão mais presentes nos veículos e substituindo módulos mecânicos e eletromecânicos. De acordo com Jon William Toigo, especialista em desastres de informação; “a falta de energia, defeito de software, defeito mecânico, sabotagem foram responsáveis em média por 300 desastres de processamento de informações nos últimos anos. Essas fontes de desastres provavelmente continuarão a ser uma ameaça no futuro previsível apesar do interesse aumentado na tolerância de falhas de equipamento e software, na estatística de tempo médio entre falhas e na melhoria gerais nas técnicas de sistema”.
Quanto mais complexo o sistema, maior é a probabilidade de algo sair errado (Lei de Murphy).

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posted by ACCA@8:45 PM