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terça-feira, outubro 05, 2010

Incêndio em uma fábrica de semicondutores

Hesitação na aplicação de um plano de crise

O incêndio provocado por um raio na fábrica de semicondutores no Novo México, Estados Unidos, durou apenas dez minutos em março de 2000. Mas, na Escandinávia, o fogo disparou uma crise corporativa que alterou o balanço de poder entre duas das maiores companhias de eletrônicos da Europa.

Tanto a Nokia Corp., da Finlândia, quanto a Telefon AB L.M. Ericsson, da vizinha Suécia, compram chips de computador da fábrica, que pertence e é operada pela Philips Electronics NV, da Holanda.

O fluxo desses chips, componentes cruciais nos telefones móveis que a Nokia e a Ericsson vendem em todo o mundo, foi abruptamente interrompido.

A Philips demorará semanas para que a fábrica retorne à plena capacidade. Com as vendas de telefones móveis em expansão mundial, nem a Nokia e a Ericsson podiam esperar.

RESPOSTAS À GESTÃO DE CRISE
Mas a maneira como as duas empresas responderam à crise não poderia ter sido mais diferente. A Nokia, que era a maior empresa da Europa pelo critério de valor de mercado à época, enfrentou o desafio com um esforço de gestão de crise típico dos manuais - o tipo de esforço que empresas de todas as espécies consideram essencial, neste momento em que o ritmo do comércio global se acelera.

NOKIA, DOMÍNIO DO PLANEJAMENTO DE DESASTRE PARA GARANTIR A INTEGRIDADE DA PRODUÇÃO
Os funcionários da Nokia fora de Helsinque notaram um lapso no fluxo de chips mesmo antes de a Philips informar que havia um problema.
Em duas semanas, uma equipe de 30 funcionários da Nokia espalhou-se pela Europa, Ásia e os EUA para arranjar uma solução. Eles adaptaram chips em cima da hora, aceleraram um projeto para ampliar a produção e puseram a empresa em alerta para conseguir mais chips de outros fornecedores às pressas. "Uma crise é o momento quando se improvisa", diz Pertti Korhonen, o chefe da logística da Nokia.

ERICSSON, FALTA DE ESTRATÉGIA DE RECUPERACAO DE DESASTRE
A Ericsson, maior empresa da Suécia, com receita anual de quase US$ 29 bilhões, mexeu-se bem mais lentamente. E, de início, estava menos preparada para o problema. Ao contrário da Nokia, a empresa não tinha outros fornecedores para os mesmos chips, conhecidos como RFCs, ou chips de radiofreqüência.

No final, a Ericsson ficou com milhões de chips a menos do que precisava para um novo e decisivo produto, e perdeu pelo menos US$ 400 milhões em receita potencial, de acordo com funcionários da empresa (embora o pedido do seguro contra incêndio possa restituir parte desse total, eles dizem). "Não tínhamos um Plano B", admite Jan Ahrenbring, diretor de marketing para bens de consumo da Ericsson.

De acordo com a Ericsson, a falta de componentes resultante do incêndio impediu a produção de 7 milhões de aparelhos desde o incidente. Quando a empresa revelou o prejuízo causado pelo incêndio pela primeira vez, em julho de 2000, suas ações perderam 14% em questão de horas.
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A empresa também mudou a maneira como adquire peças, fazendo, entre outras coisas, um esforço para garantir que componentes principais venham de mais de uma fonte. "Nunca mais ficaremos expostos desse jeito", afirma Jan Wareby, que supervisiona a divisão de telefones móveis como chefe da unidade de bens de consumo da companhia.

NOKIA, VANTAGEM COMPETITIVA NA GESTÃO DE CRISE
A Nokia tirou vantagem dos problemas da Ericsson para consolidar sua posição como a principal empresa de tecnologia da Europa e ampliar sua participação no mercado mundial de celulares. A fatia da Nokia, que era de 27% em 2000, agora em 2001, cerca de 30%, o que representa mais do dobro da participação da sua rival mais próxima nesse mercado, a Motorola Corp. E a maior parte desse ganho veio da Ericsson, cuja parcela do mercado caiu de 12% para 9% em 2000.

Fonte: The Wall Street Journal – 29 de Janeiro de 2001

Comentário:
A interrupção dos sistemas críticos (único fornecedor), no caso em questão, o fornecimento de chips para telefonia móvel é um potencial de risco (incêndio, explosão, etc) normalmente ignorado pela gerência da empresa, enquanto um desastre não ocorre. Quando ocorre, a empresa não está preparada para desenvolver estratégias de recuperação pós-desastre. É de fundamental importância que a empresa analisa quais são os riscos inerentes à atividade, a fim de desenvolver cenários que servirão como parâmetro para o planejamento de estratégias de prevenção.
A Importância do Planejamento para Emergências:
■ Protegem os empregados
■ Protege ativos físicos (prédios e equipamentos)
■ Minimiza impactos aos negócios da empresa
■ Reduz o risco de contaminação ao meio ambiente
■ Protegem a imagem da companhia
■ Garante o atendimento da legislação vigente

Planejamento de Resposta a Emergências
■ Organize um comitê de planejamento
■ Identifique ameaças e riscos
■ Analise disponibilidade e capacitação de recursos internos e externos
■ Determine funções e níveis de resposta das equipes
■ Estabeleça uma equipe de resposta a emergências (Brigada de Incêndio, Brigada para materiais perigosos, produtos químicos, etc.)
■ Formalize procedimentos específicos por tipo de risco, prédios e unidades
■ Treine as equipes e teste os planos

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posted by ACCA@6:51 PM