Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

sexta-feira, outubro 29, 2010

Bisfenol-A afeta fertilidade masculina

O estudo, financiado pelo Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA e o primeiro a avaliar a interferência do composto na qualidade do sêmen masculino, foi publicado na quinta-feira, 28 de outubro, na edição online do jornal Fertility and Sterility.

A pesquisa foi realizada durante cinco anos com 514 operários que trabalhavam em fábricas da China, expostos diariamente a altos níveis do produto químico bisfenol-A.

O Bisfenol-A ou BPA é um composto químico que serve para diluir a resina de poliéster a fim de torná-la mais líquida e facilitar sua laminação. Está presente em grande quantidade de recipientes alimentares e de bebidas, como mamadeiras, bem como em resinas de selagem dentária.

Os autores constaram que aqueles que continham concentrações de BPA mais elevadas na urina multiplicavam os riscos de produzir sêmen de má qualidade.

"Diferente dos homens que não tinham vestígios detectáveis de BPA na urina, aqueles que tinham conteúdos mais elevados multiplicavam por mais de três o risco de ter uma concentração diminuída de seu sêmen", afirmou De-Kun Li,

O autor do estudo, De-Kun Li, cientista da Divisão Permanente de Pesquisas Kaiser, em Oakland, Califórnia e principal autor do estudo publicado na revista "Fertility and Sterility". O que ainda não se sabe é se a baixa contagem de espermatozóides e outros sinais de má qualidade do sêmen se traduzem na redução da fertilidade. Ele sustenta que homens podem ter filhos mesmo com contagens de espermatozóides muito reduzidas.

Este é o primeiro estudo realizado sobre homens para avaliar o vínculo entre o sêmen e o BPA.

Este é o terceiro estudo de Dr. De-Kun Li sobre o tema. Um trabalho publicado em novembro de 2009 demonstrou que a exposição a níveis elevados de BPA aumenta o risco de disfunções sexuais. Outro, divulgado em maio de 2010 mostrou vínculos entre o BPA na urina e o comprometimento das disfunções sexuais masculinas.

O levantamento é o mais recente a trazer à tona os riscos que o bisfenol-A pode oferecer à saúde, e sua divulgação ocorre duas semanas após o Canadá incluir o produto em sua lista de substâncias tóxicas.

Mas a descoberta do Dr. De-Kun Li de que o bisfenol-A pode afetar o esperma é preocupante porque se relaciona com pesquisas em animais e segue a linha de seu estudo anterior com os mesmos homens, que faz uma ligação entre a exposição ao composto e problemas sexuais.

Se essa exposição pode diminuir os níveis de esperma, "isso não pode ser algo positivo'' e são necessários novos levantamentos para verificar se há outros efeitos nocivos, segundo Dr. De-Kun Li..

A professora de farmacologia e toxicologia Andrea Gore, da Universidade do Texas, que não estava envolvida no estudo, chamou-o de importante, mas ainda preliminar. "O resultado, no mínimo, sugere a possibilidade de o bisfenol-A ser uma das substâncias que causam alterações no esperma'', disse. Mas Andrea acredita que evidências mais fortes são fundamentais para provar que o produto é realmente culpado.

O bisfenol-A é usado na fabricação de resinas e no endurecimento de plásticos e encontrado em garrafas de plástico rígido, embalagens de alimentos com revestimento de metal, selantes dentários e óculos. A urina da maioria dos americanos contém níveis mensuráveis do composto.

Estudos em animais relacionaram esse produto químico a problemas de reprodução e câncer, o que levou ao gasto de milhões de dólares em novas pesquisas com seres humanos.

Steven Hentges, do Conselho Americano de Química, grupo que representa a indústria, afirma que a pesquisa na China "é de pouca relevância'' para os consumidores nos EUA, que normalmente estão expostos a níveis muito baixos de bisfenol-A, o que não significaria nenhuma ameaça à saúde.

A agência reguladora dos EUA, Food and Drug Administration (FDA) ,tem avaliado a segurança desse produto químico, mas se recusou a informar se seguirá o exemplo do Canadá ao declarar tóxica essa substância.

A FDA disse que está trabalhando com o Instituto Nacional de Saúde dos EUA "para avançar na compreensão científica do bisfenol-A e informar nossas decisões".

Fontes: Estadão e G1 - 28 de outubro de 2010

Ficha técnica: Bisfenol

Link: artigos publicados - Bisfenol
http://zonaderisco.blogspot.com/2010/01/eua-alertam-para-risco-da-substancia.html
http://zonaderisco.blogspot.com/2008/07/canad-probe-bisfenol-em-mamadeiras-e.html
http://zonaderisco.blogspot.com/2007/02/especialistas-avaliaro-os-possveis.html
http://zonaderisco.blogspot.com/2007/02/bisfenol-estudo-liga-plstico-doenas.html

Vídeo:



Canadá põe bisfenol-A na lista de substâncias tóxicas

O Canadá se tornou esta semana o primeiro país a colocar na lista de substâncias tóxicas o bisfenol-A (BPA), abrindo caminho para limitar severamente o uso desse composto químico. Utilizado há décadas para dar mais rigidez aos plásticos, o BPA é empregado numa variedade de produtos, de mamadeiras a revestimentos de latinhas de alumínio.

“Temos indicações científicas de que o bisfenol-A pode ser prejudicial tanto à saúde humana quanto ao ambiente”, disse a ministra da Saúde, Leona Aglukkaq. A principal preocupação quanto ao efeito do BPA na saúde diz respeito à sua ação sobre o sistema endocrinológico, que pode afetar o desenvolvimento, especialmente de crianças pequenas. Um estudo recente do governo mostrou que o composto está presente no organismo de 91% dos canadenses.

Diretor executivo da entidade Environmental Defence, que faz lobby pela proibição do uso do BPA, o ambientalista Rick Smith elogiou o Canadá por liderar a ofensiva contra o bisfenol-A. O governo divulgou as primeiras medidas para controlar o uso do composto em 2008 e este ano, em março, baniu mamadeiras que usam o composto.

Segundo Smith, antes do anúncio da ministra, havia a expectativa de proibição do uso do composto no revestimento de alimentos infantis enlatados. Agora ele acredita que o governo pode limitar até as emissões de BPA na atmosfera. “Pela contundência das conclusões da análise de risco feita pelo governo, é de se esperar que sejam adotem medidas adicionais rapidamente”, disse.

Apesar disso, grupos da indústria argumentam que outras pesquisas não chegaram a nenhuma conclusão sobre a toxicidade do BPA para seres humanos. O American Chemistry Council (AAC) disse que a decisão de declarar o bisfenol-A tóxico contradiz pesquisas do próprio Ministério da Saúde canadense. Segundo a entidade, estudos comprovam que o composto não se acumula no organismo.

“Apenas dias depois de a European Food Safety Authority (agência européia responsável pela qualidade dos alimentos) ter mais uma vez confirmado que o BPA é seguro para uso em materiais que ficam em contato com a comida, o anúncio do Canadá contraria evidências científicas e vai confundir e alarmar desnecessariamente o público”, disse Steven Hentges, representante da AAC.

Em 30 de setembro, a agência européia anunciou que não vê necessidade de baixar o limite oficial de exposição aceitável ao BPA. A decisão contrariou a mobilização de um grupo de cientistas e entidades de saúde contra o risco potencial do bisfenol-A.

Fonte: Estadão - 14 de outubro de 2010

Comentário: O bisfenol-A é um monômero chave na produção de resinas epóxi e nos plásticos policarbonatos mais comuns. O plástico policarbonato é usado para fazer uma variedade de produtos comuns, incluindo mamadeiras e garrafas de água, equipamentos esportivos, dispositivos médicos e dentários, cimentos e selantes dentários, lentes de óculos, CDs e DVDs, e eletrodomésticos.

As resinas epóxi contendo bisfenol-A são usadas como revestimentos no interior de quase todas as embalagens de alimentos e bebidas.

Apesar do plástico ser considerado estável, já se sabe que as ligações químicas entre as moléculas do BPA são instáveis, permitindo que a substância se desprenda do plástico e contamine alimentos ou produtos embalados com policarbonato ou resina epóxi. No caso de aquecimento do plástico, a contaminação por BPA é ainda maior.
Onde encontramos o bisfenol-A?
■ Em grande parte das mamadeiras de
plástico;
■ Em embalagens plásticas para acondicionar alimentos na geladeira, copos infantis, materiais médicos e dentários;
■ Nos enlatados, como revestimento interno;
■ Em garrafas reutilizáveis de água (squeeze), garrafões de 5 litros, etc.

Volume de produção mundial do policarbonato em 2009: 3,8 milhões de toneladas
Volume em porcentagem nas principais atividades:
■ Embalagens – 3%
■ Equipamentos médicos – 3%
■ Construção Civil – 13%
■ Mistura com outros componentes – 15%
■ Acessórios ópticos (eletrônicos) – 32%
■ Indústria automobilística – 9%
■ Aparelhos elétricos e eletrônicos – 23%

Marcadores: ,

posted by ACCA@7:40 AM