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quinta-feira, julho 22, 2010

Prevenção de incêndios por trabalhos a quente

Qualquer operação que envolva chamas abertas ou que produza calor ou fagulhas introduz uma fonte potencial de ignição em sua empresa. Essas operações em trabalhos a quente devem ser monitoradas cuidadosa­mente para minimizar a ameaça de incêndio.
Um estudo da FM Global identificou que prevenção de sinistros decorrentes de trabalhos a quente, pode diminuir significativamente a freqüência e a gravidade de perdas

COM UM PROGRAMA EFETIVO DE PROTEÇÃO PARA OS TRABALHOS A QUENTE, A SUA EMPRESA PODE:
■ reduzir perdas de patrimônio
■ evitar interrupções onerosas nos negócios
■ ajudar a manter a participação no mercado e conservar funcionários experientes
■ evitar o risco de ter de se submeter a novas normas de construção que, em alguns casos, podem tornar os custos de reconstrução proibitivos ou exagerados
■ motivar o funcionário, delegando maior responsabilidade e autoridade
Mesmo na ocorrência de perdas por incêndio, procedimentos seguros de trabalhos a quente minimizam os danos, mediante monitoração constante e resposta imediata.

O DESAFIO
Trabalhos a quente incluem;
■ caldeamento, corte, e soldagem
■ uso de maçaricos para aplicação de materiais de revestimento, ou seja, qualquer operação que envolva chamas abertas ou produza calor ou fagulhas.

Os incêndios com origem em trabalhos a quente podem ficar latentes por horas até produzir chamas. Se as fagulhas não parecerem razão suficiente para cuidados especiais, lembre-se de que a chama de um maçarico de corte de oxi-acetileno pode chegar a 3.316o C.

TRABALHOS A QUENTE – PERDAS

De acordo com relatórios da FM Global;
■ Nos últimos cinco anos houve 267 incêndios e explosões causadas por trabalhos a quente, em locais segurados, com uma perda bruta superior a 300 milhões de dólares.
■ Nos últimos cincos anos, as prestadoras de serviços foram responsáveis por 66,5% de todas as perdas de trabalhos a quente, para os locais segurados da FM Global. Isto representa um acréscimo de 9% em relação ao mesmo período de cinco anos.
As principais razões foram;
■ o aumento na contratação de prestadores de serviços e
■ esses serviços não estavam sendo responsáveis pelas ações de danos na empresa.

Em relação às principais causas de incêndios em depósitos, trabalho a quente corresponde a 17%. É uma das principais causas de incêndios.


Fonte: National Fire Prevention Association – USA
Principais causas de incêndios em Depósitos 91993-1997)






COMO INICIAR UM PROGRAMA
A fim de obter o melhor aproveitamento em termos de custo-benefício da proteção de sua empresa, você deve avaliar o papel da prevenção (ou com auxílio de um consultor de prevenção de perdas) dos trabalhos a quente na estratégia global de gerenciamento de riscos de sua empresa.
Primeiro, você terá que assegurar boas condições básicas para trabalhos a quente, as quais incluem;
■ o uso de um sistema de autorização para monitorar trabalhos a quente e a
■ formação de um Grupo de Emergência ou uma Brigada de Incêndio pronta para ação.

Dependendo da natureza de suas operações e do nível das outras medidas de prevenção e controle que sua empresa possa ter, tais como;
■ proteção por sprinklers automáticos, e do
■ tipo de material que sua empresa armazena,
você pode escolher trabalhar em um nível de prevenção mais alto e dirigido.

A sua empresa analisará o nível de segurança que mais se adapta, entre o nível básico, de proteção localizada, e o nível dirigido, que demanda mais envolvimento e colaboração. Embora possa não ser necessário em todos os tipos de empresas, o nível dirigido certamente diminuirá o número de perdas.

Elaboramos um procedimento, que explica resumidamente os principais elementos­ para prevenção de perdas por trabalhos a quente.

ELEMENTOS FÍSICOS
De uma forma geral, use um sistema de autorização e certifique-se de que os funcionários e empreiteiras se utilizam de procedimentos adequados e observam os cuidados pertinentes. Assegure-se de que seus funcionários se encarregam de fazer com que o pessoal externo trabalhe em conformidade com suas políticas e usa todos os procedimentos e autorizações exigidas internamente em trabalhos a quente.

■ uso regular e documentado de sistema de autorização
Um sistema de autorização é uma ferramenta indispensável para o gerenciamento de atividades com fogo. Com um sistema de autorização, o supervisor de segurança contra incêndio permite trabalhos a quente somente mediante certas condições de segurança. Essas condições incluem a disponibilidade de extintores e mangueiras, pisos limpos e sem resíduos de combustíveis, etc.
A empresa deve elaborar um manual de permissões de trabalho em geral, com todos os procedimentos que devem adotar para execução de serviços por funcionários ou contratados. A finalidade é garantir que os equipamentos ou áreas estejam em condições de segurança suficientes para permitirem que o pessoal possa trabalhar sem risco.

■ empregados esclarecidos quanto às precauções em trabalhos a quente
Treine os empregados que executam trabalhos a quente no uso do sistema de autorização de sua empresa e, em especial, nas precauções a serem tomadas. Certifique-se de que empreiteiras também sigam essas precauções.

Algumas precauções básicas são:
■ pisos limpos e sem resíduos combustíveis
■ aberturas nas paredes e pisos cobertos
■ contêineres depurados de líquidos e vapores inflamáveis
■ lonas a prova de fogo suspensas sob o local de trabalho

■ brigada de emergência (BE) pronto para ação
A brigada de emergência de sua empresa deve ser conscientizada e instruída sobre os procedimentos da empresa em trabalhos a quente e informada de quando e onde eles são executados. Verificações pontuais devem ser um aspecto de sua rotina diária.

■ empreiteiras obrigadas a seguir as práticas de segurança
As empreiteiras devem se submeter às políticas de trabalhos a quente de sua empresa. Há uma tendência de flexibilizar as políticas de autorização para empreiteiras porque “eles sa­bem o que estão fazendo”, quando, na realidade, a necessidade de uma autorização torna‑se maior. Normalmente, empreiteiras não estão familiarizadas com a sua instalação e com seus riscos de incêndio.

■ monitoração confiável e contínua nas 4 horas seguintes a todo trabalho a quente ou um sistema seguro de detecção de fumaça
Um vigia (um elemento da brigada de emergência em prontidão), presente no local, monitora às áreas de trabalho, alerta a qualquer início ou ameaça de incêndio. O vigia de incêndio pode se encarregar também da resposta inicial para incêndios usando um extintor ou uma pequena mangueira e disparando o alarme de incêndio.
Colocar pessoal adicional (vigia) conforme o tipo de serviço. Se um trabalho a quente pode ser executado em locais muito elevados, vigias adicionais devem ser colocados em diversos níveis para controlar a fagulha ou a escória que pode cair.
Providencie um vigia de incêndio para a primeira hora e monitoração confiável e contínua para as três horas subseqüentes.

Em uma análise recente de perdas por trabalhos a quente da FM Global, verificou-se que a maioria dos incêndios começou duas ou três horas após a conclusão dos trabalhos a quente.

Uma outra alternativa consiste em um sistema seguro de detecção de fumaça com detecção central e/ou sistema de alarme de sprinklers automáticos cobrindo toda a instalação e um elemento da brigada de emergência disponível no local e pronto para agir.

Diagrama - Fatores que contribuem para incêndios provocados por solda e corte

■ empreiteiras e funcionários reconhecem suas responsabilidades por todas as precauções
Estabeleça um elo de comando entre os gerentes e o pessoal de manutenção e empreiteiras. Escolha um supervisor de segurança contra incêndio e habilite-o a autorizar ou restringir atividades de corte, soldas e outros trabalhos a quente. É da responsabilidade do supervisor de segurança contra incêndios assegurar a observância das precauções antes de autorizar trabalhos a quente.

ELEMENTOS DIRIGIDOS
Em complementação aos seus elementos básicos, adote equipamentos e técnicas de construção que dispensem a necessidade de trabalhos a quente ou provenha-se de:
■ políticas formais de precauções e de treina­mento de funcionários e empreiteiras
■ praticas seguras incorporadas em contratos de serviços externos, com procedimentos rígidos de verificação
■ participação ativa dos empregados em fiscalizações
■ comunicações regulares de procedimentos de segurança em trabalhos a quente entre a administração e os empregados

■ o trabalho a quente simplesmente não é permitido (é, por exemplo, substituído por equipamentos e técnicas de construção)
O trabalho a quente é essencial? Se positivo, e envolver cortes, não poderia ser executado mecanicamente (por exemplo, com serras manuais ou e1étricas)? Parafusos e porcas pode­riam substituir soldas? Se você precisa utilizar trabalhos a quente, é possível remover todos os combustíveis da área de trabalho ou deslocar o próprio trabalho?
Proíba trabalhos a quente se a área não tiver segurança adequada (impossibilidade de interromper processos com líquidos in­flamáveis ou condições graves de sujeira, sem solução imediata, são dois dos muitos exemplos). De forma similar, proíba trabalhos a quente em presença de grandes quantidades de combustíveis que não possam ser deslocados ou cobertos, como estoques de rolos de papel, algodão ou juta.

Ou, como alternativa:
Todos os elementos básicos mais:
■ política formal obrigando o uso de sistema de autorização:
■ revisão das autorizações em uso
■ emissão regular de autorizações

A responsabilidade pela segurança de incêndios por trabalhos a quente começa com a administração: os gerentes devem criar uma política que especifique claramente quando, onde e sob quais condições de trabalhos a quente não‑relacionados à produção poderão ser executados.
Os gerentes devem providenciar os meios para o funcionamento do sistema de autorização para trabalhos a quente, incluindo emissões imediatas de autorizações.
Parte integrante da política formal, as autorizações devem ser revisadas para preenchimento adequado, fiscalização das precauções e follow-up. Por exemplo, verifique que todas as autorizações tenham sido devolvidas e que a ação corretiva, quando necessária, tenha sido realizada.

■ política de treinamento periódico e feedback contínuo do empregador, incluindo:
■ todos os que executam trabalhos
■ todos os que emitem autorizações
■ todos os que supervisionam trabalhos a quente

Treinamentos regulares de funcionários alia­dos à comunicação, nos dois sentidos, entre a administração e os envolvidos na execução de trabalhos a quente ajudarão a garantir que o sistema de prevenção de perdas funcione e, também, que seja continuamente aperfeiçoado.

■ práticas de segurança incorporadas em contratos de serviços externos e verificações rigorosas de seu cumprimento
Os contratos com empreiteiras devem detalhar suas responsabilidades. Os contratos devem obrigar anuência ao sistema de permissão da empresa, ou as normas vigentes (federal, estadual, etc) de incêndio relacionadas com trabalhos a quente. Os contratados devem se responsabilizar por todo dano resultante de não-cumprimento dessas cláusulas.
O supervisor de segurança deve realizar inspeções na instalação e fiscalizar as práticas de segurança.

■ exigência de auditorias periódicas pela administração da corporação
A administração deve requerer auditorias do sistema. A auditoria é melhor realizada por pessoa não envolvida no trabalho a quente sob verificação. O auditor fornece feedback ao ge­rente responsável pela área, o qual providencia quaisquer melhorias necessárias. As deficiências identificadas pelo auditor fornecem o feedback necessário para realizar melhorias contínuas no programa de trabalhos a quente.

■ mecanismo formal de feedback para o gerente responsável para a providência de ação corretiva para quaisquer deficiências encontradas
O gerente (a quem se reporta o supervisor de segurança) deve ter autonomia para empreender as ações corretivas necessárias e relatar essas deficiências à administração superior quando necessário.

■ apoio constatado dos funcionários e participação em procedimentos seguros de atividades com fogo
É necessário que se obtenha um nível de comprometimento de funcionários que executam trabalhos a quente ou dos que os supervisionam. Fomente esse comprometimento com treinamentos regulares, reconhecimento de empregados, feedback e delegação de poder. Com a vigilância de todos, você tem mais chances de poder afirmar que incêndios por trabalhos a quente nunca ocorrerão.

ANÁLISE INICIAL
Para avaliar os procedimentos adotados em relação aos trabalhos a quente de sua empresa e para ajudá-lo a decidir quais as mudanças necessárias, utilize o seguinte roteiro:

Elementos básicos
1. Uso regular e documentado de sistema de autorização
2. Empregados esclarecidos quanto aos cuida­dos em trabalhos a quente
3. Grupo de Emergência pronto para ação
4. Empreiteiras obrigadas a seguir as práticas de segurança
5. Monitoração confiável e contínua de trabalhos a quente ou um sistema seguro de detecção de fumaça
6. Empreiteiras e funcionários reconhecem suas responsabilidades pelas precauções necessárias

Elementos dirigidos
1. Trabalho a quente não permitido
ou:
2. Todos os elementos básicos mais:
3. A política formal obriga o uso de sistema de autorização
4. Política de treinamento periódico/feedback contínuo do empregador
5. Práticas de segurança formalizadas em contratos e verificações rigorosas de seu cumprimento
6. Auditorias periódicas
7. Mecanismo de feedback para o gerente responsável
8. Apoio e participação constatados dos funcionários

Elementos Adicionais
Detalhe que elementos adicionais - dirigidos as suas necessidades específicas - seu programa deve conter:

Fonte: FM Global
Vídeo:
O vídeo é sobre trabalho a quente em locais onde predominam líquidos ou vapores inflamáveis. É da agência americana Chemical Safety and Hazard Investigation Board (CSB).

No vídeo a CSB recomenda no final:
■ Evitar o trabalho a quente ou considerar métodos alternativos, como o corte a frio ou hidráulico
■ Antes de executar qualquer trabalho a quente avaliar o risco de modo geral
■ Efetuar o teste na área onde o trabalho a quente é planejado e eliminar fontes potenciais de materiais inflamáveis
■ Usar a permissão por escrita especificamente para identificar o trabalho a ser realizado e as necessárias precauções
■ Fornecer supervisão de segurança para as empresas contratadas na condução de trabalhos a quente
■ Treinar pessoal sobre os perigos do trabalho a quente

Obs: Muitos acidentes ocorrem porque os testes foram feitos muitas horas antes dos trabalhos e nesse intervalo as condições no local mudaram. E necessário repetir continuadamente, mesmo durante a execução do serviço. Fonte: What went wrong? Trevor Kletz

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posted by ACCA@5:00 PM

1 Comments:

At 2:54 PM, Blogger Michele D. said...

excelente material, colega!

 

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