Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia

quarta-feira, maio 26, 2010

Conceitos básicos de Gerência de Riscos

O QUE É O GERENCIAMENTO DE RISCO ?
São os meios estratégicos disponíveis pela empresa (plano de emergência, prevenção e controle de perdas, etc) para controlar com racionalidade os riscos mais importantes que possam produzir efeitos negativos à sobrevivência da própria empresa.

MÉTODOS DE GERENCIAMENTO DE RISCOS INDUSTRIAIS
■ Identificação de Risco
■ Análise de Risco
■ Avaliação de Riscos
■ Tratamento/Controle de Riscos

IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS:
Através de check-list (questionários, roteiros, etc) podemos identificar os principais riscos da empresa.

ANALISE DE RISCO:
Através da coleta de informações dos riscos existentes na empresa, podemos analisar, identificar erros e condições inseguras que contribuem para os acidentes.

AVALIAÇÃO DE RISCOS:
Através da análise de Risco e da coleta de informações, podemos criar uma amostra (população, por exemplo, acidente de trabalho, quantidade, horário, gravidade ou acidentes materiais, quebra de máquina, etc.) para avaliar a freqüência da ocorrência dos acidentes.

CONTROLE DE RISCOS:
A função do controle de Riscos é prevenir o acidente, isto é, quaisquer acidentes, que resultem em danos pessoais ou materiais, independente da gravidade, deverão ser comunicado aos responsáveis.

Principais tipos de Riscos Industriais da Empresa
■ Incêndio, explosão
■ Danos pela natureza (vendaval, chuva, etc.)
■ Danos por Responsabilidade Civil
■ Responsabilidade civil por produto
■ Responsabilidade por poluição do meio ambiente
■ Roubos
■ Riscos de Acidentes de Trabalho
■ Riscos de Transporte
■ Riscos de Acidentes no Trânsito

SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO DE SEGURANÇA

COMITÊ DE SEGURANÇA
A consciência da direção da empresa, em relação à segurança, normalmente reflete nos seus funcionários e podemos dizer que quanto maior a consciência da cúpula, mais segura é a empresa. Ao contrário desta, numa empresa que dá prioridade à produção e deixa para depois a segurança, normalmente surgem acidentes com freqüência fazendo cair à produtividade.
Para tanto temos de criar um Comitê de Segurança, que tem como seu superior o responsável máximo do local de trabalho, como, presidente ou diretor da indústria ou o presidente delega a alguém com todas as prerrogativas para tomar as decisões necessárias para o seu desempenho.

A FUNÇÃO DO COMITÊ DE SEGURANÇA SERIA:
■ Realizar reuniões ao menos uma vez por mês, criando desse modo, “a cultura" para discussões sobre diversos temas relacionados à segurança.
■ Elaboração do programa anual de atividades
■ O acompanhamento do resultado da implementação e instrução de melhoria dos locais considerados inseguros pelas inspeções internas (auditoria de segurança)
■ Elaboração de normas relacionadas com segurança e sua execução

NORMAS DE SEGURANÇA INTERNA

Que tipos de normas de segurança devem ser providenciadas?
As principais seriam:
■ Norma de administração de segurança
■ Norma de controle de fumo
■ Norma de uso de solda
■ Plano de combate a incêndio
■ Plano de evacuação

A norma de Administração de Segurança estabelece a estrutura do Comitê de Segurança da empresa, o conteúdo do que ele implementa, os princípios de segurança a serem respeitados pelos funcionários e procedimentos em caso de emergência.
A norma de controle de fumo indica o local determinado para fumantes dentro da área de trabalho (fumódromo) e determina a rigorosa proibição do fumo fora do local indicado.
A norma de uso temporário de solda estabelece a preparação do local para serviço temporário de soldagem e corte, a presença do responsável no local, a instalação do equipamento de extinção de fogo, a verificação após o encerramento do trabalho.
O plano de combate ao incêndio estabelece a estrutura e o método de treinamento para combate ao incêndio. O plano de evacuação estabelece o método, local e treinamento para evacuação.
Estas normas precisam ser, não somente elaboradas, mas fazer com que sejam conhecidas e cumpridas por todos os funcionários e o seu conteúdo também precisa ser retificada para adaptar-se à realidade.


AUDITORIA INTERNA DE SEGURANÇA - AIS
Após a formação da organização e do estabelecimento das normas é necessário executar periodicamente as inspeções de segurança na empresa. Normalmente a inspeção periódica dos equipamentos principais é solicitado aos fabricantes e empresas especializadas (transformadores, caldeiras, sistema de refrigeração, etc.).
No entanto, limpeza, organização, arrumação (armazenamento de produtos acabados e de matéria prima, produtos inflamáveis), controle de solda, controle de materiais perigosos, equipamentos de combate a incêndio, é necessário manter um responsável na empresa (engenheiro de segurança, técnico de segurança, CIPA, pessoal da brigada de incêndio) a inspecionar a situação da segurança, chamamos isto de auditoria interna de segurança (AIS). A AIS é importante, não somente no sentido de melhorar os locais inseguros, mas para implantar o conceito de segurança nos funcionários.
O resultado desta inspeção e o plano de melhorar devem ser comunicados, sem falta, ao Comitê de Segurança, para compartilhar a consciência quanto ao problema. Além disso, nessa inspeção, há o mérito de não continuar a mesma situação insegura. Também é importante que a cúpula do Comitê de Segurança participe da inspeção ou deve constatar que o plano de melhoria foi executado, para demonstrar a sua atitude no tocante à segurança.

MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA PROPRIEDADE

A interdependência do sistema homem- máquina:
Antes de analisar as medidas de segurança contra cada risco sobre propriedades, deveremos falar sobre a relação homem e máquina que tem sido questionada ultimamente.
Nos últimos anos, as empresas estão passando por um processo de transformação tecnológica, substituindo equipamentos obsoletos por equipamentos automatizados, buscando a redução da mão de obra e ao mesmo tempo visando à eliminação do sistema o homem que é passível de erros.
Entretanto, é inevitável a intermediação do homem para o funcionamento perfeito do equipamento automatizado. De fato, ser considerarmos que o homem é susceptível a erros e por isso deve-se instalar dispositivos de segurança.
Porém devemos identificar as causas que conduzem às falhas. Num serviço monótono, repetitivo em que a atenção se dispersa, a probabilidade de falhas é muito grande e para evitá-las, coloca-se o dispositivo de segurança e define um procedimento operacional rigoroso para operação do equipamento.
Todavia, várias medidas de segurança operacional não levam a uma solução completa. O que se deve questionar é por que a atenção se dispersa. Atrás do erro no serviço há sempre uma causa. Outro ponto a ser considerado seria o problema em caso de emergência. Num sistema automatizado, numa situação normal é praticamente desnecessária a decisão ou operação do operador.

Na medida em que o nível do sistema se sofistica, a intermediação do operador diminui, podemos dizer que o sistema está cada vez mais se tornando uma "caixa preta". Para um operador sem conhecimento profundo do conteúdo, a solução em caso de emergência se torna extremamente difícil e perigosa. Neste sentido podemos dizer que como oportunidade de se interar com a máquina, os reparos periódicos e operações de trocas de ferramentas seriam momentos importantes para adquirir experiência quanto ao comportamento da máquina.

Normalmente a máquina não possui flexibilidade, é simples e sem versatilidade quanto à tomada de decisão que foge dos parâmetros programáveis. O homem e a máquina precisam cobrir mutuamente os seus pontos fracos, construindo‑se um sistema homem-máquina, racional e harmonioso.


RISCOS DE INCÊNDIOS E EXPLOSÃO
Exemplos de acidentes

EMPRESA: PRODUTORA DE ÓLEO ALIMENTÍCIO – JAPÃO
Causa:
Explosão. No momento do acidente, os equipamentos não estavam em funcionamento, mas os operadores estavam presentes para realizar a inspeção interna da instalação. Por ser o solvente altamente inflamável, quando o seu vapor permanecer parado e sua concentração estiver no limite de explosividade, há o perigo de explosão provocado facilmente por eletricidade estática ou uma mínima faísca produzida no choque entre metais. Com causa do acidente, foi apontada a falta de retirada do solvente, que deveria ter sido feita antes da inspeção.
Vítimas: 08 pessoas morreram

EMPRESA : INDÚSTRIA DE PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS – JAPÃO
Data: agosto de 1991
Atividade: fabricação de pizza para lojas de conveniência
Causa:
O fogo surgiu no andar térreo da fábrica, de dois pavimentos, de concreto armado, próximo ao duto de escapamento de calor do forno à gás, paralisado por falta de energia. A causa do incêndio foi devido ao surgimento de chama causado por aquecimento do duto de exaustão, por falta de energia elétrica. O motivo da paralisação da energia elétrica foi a queda de raio nas instalações da concessionária, que interrompeu o seu fornecimento. Com a paralisação da energia elétrica, o exaustor do forno não funcionou e como conseqüência o calor armazenado pelo forno (600oC) aumentou consideravelmente. E também no duto de exaustão, onde a temperatura é mais elevada, o resíduo de óleo impregnado, produziu chama, propagando-se pelo isolamento térmico do lado externo, estendendo-se pela área de trabalho.
Danos materiais: destruição parcial da fábrica (térreo), danos nas máquinas, produtos e matérias primas.
Prejuízo: US $ 3.700.000,00

EMPRESA: SILO DE CEREAIS, WESTWEGO, LOUISIANA – USA
Data: 23 de dezembro de 1977
Causa: Explosão do silo de concreto, de 250 m de altura, que esmagou o escritório onde estavam 50 funcionários.
Vítimas: 32 mortes
Prejuízos: US $ 100.000.000,00

EMPRESA: INDÚSTRIA DE PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS IMPERIAL – USA
Data: Setembro /1991
Local: Hamlet - Carolina do Norte
Causa: O incêndio foi causado pela ignição do óleo hidráulico, provocado pela ruptura de uma linha próxima ao equipamento de cozinhar a gás.
Vítimas: 25 mortes. A maior parte das vítimas foi causada por portas fechadas ou saídas obstruídas.

MEDIDAS DE SEGURANÇA
Vimos pelos exemplos de acidentes às falhas ocorridas. Portanto, as medidas de segurança contra incêndio e explosão que podemos considerar a partir dos seguintes princípios:
■ a estrutura relativa à segurança, que mencionamos
■ as medidas para evitar incêndios ou explosão
■ como minimizar os danos em caso de ocorrência de incêndio ou explosão.

MEDIDAS DE PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO
Como sabemos, o incêndio e a explosão ocorrem a partir do momento em que juntam os três elementos; o calor, o oxigênio e o foco de incêndio, ou seja, ar e material combustível.
Em outras palavras, se retirarmos um deles, o incêndio ou a explosão não acontece.
No entanto, o ar existe normalmente em nossa volta, então se retirarmos o calor, focos de fogo ou material combustível, levaríamos a medida de segurança.

AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO SERIAM:
Riscos no processo de fabricação
Normalmente o risco existente no processo normal de operação ocupa um peso significativo dentre os riscos de incêndio existentes em uma indústria. Cada operação de processo tem sua peculiaridade em cada setor e ainda muito diversificada.
Nas indústrias que trabalham com grande quantidade de materiais combustíveis ou que trabalham com materiais perigosos, mesmo que o seu nível de periculosidade é pequeno, a periculosidade latente no processo de fabricação é surpreendentemente elevado.

Caso estes materiais combustíveis e/ou perigosos se contatam com fontes de fogo, pode-se imaginar o derramamento, a dispersão e propagação do fogo.
Portanto, é claro que, antes de tudo, deve-se evitar o surgimento destas situações, mas principalmente, mesmo que ocorra, eliminá-la rapidamente.
Por outro lado, podemos citar como fonte de calor:
■ o fogo propriamente dito
■ material incandescente
■ calor de energia elétrica
■ faísca
■ eletricidade estática
■ calor por atrito, combustão espontânea

Portanto as medidas para evitar o incêndio nos riscos de processos de fabricação seriam resumidas nos seguintes pontos:
■ diminuir ao mínimo a quantidade de materiais combustíveis e/ou materiais perigosos
■ deixar bem claro a sua presença (sinalização) a fim de chamar a atenção (periculosidade)

Como exemplo, podemos citar o controle com as fontes de fogo;
■ arrumação e limpeza (housekeeping)
■ eliminação e prevenção contra vazamentos mediante inspeção periódica

Focos de fogo em geral
Além dos riscos no processo de fabricação, existem diversas causas que se vinculam com o incêndio e explosão. É essencial o empenho para evitar incêndios e/ou explosão que podem ser causados por aparelhos de aquecimento, caldeiras, transformadores, GLP (quando instalado no interior da edificação), cigarro, fósforo.
Deveremos tomar cuidado com o serviço de soldagem e corte, devido à faísca, pois ela pode espalhar num raio de 10m e se ela encontrar material combustível, como por exemplo, isolamento a base de lã ou isopor, pode surgir incêndio cuja propagação é lenta e perigosa (geralmente o incêndio inicia-se lentamente e adquire elevada velocidade de propagação após algumas horas).

Medidas contra propagação de incêndio
Portanto, quanto aos locais que possam se tornar origem de incêndios, o fundamental é preparar uma lista de verificação (check-list) e executar todos os dias a auditoria de segurança, à qual foi referida anteriormente.

Como minimizar os danos em caso de ocorrência de incêndio ou explosão?
Seria tomar providências para não aumentar os danos (propagação de incêndio), caso ocorra um incêndio ou explosão, através:
■ equipamentos de combate a incêndio
■ isolamento de riscos

Equipamentos de combate a incêndio
Os equipamentos de combate a incêndio devem ser providenciados de acordo com a necessidade e a amplitude do risco a ser combatido.
Os equipamentos seriam:
■ sistema de hidrante
■ extintores
■ sistema de sprinkler
■ sistemas fixos de proteção para tanques e reservatórios

Temos que prestar atenção em não haver interferência ou falha em seu funcionamento. No entanto, podemos ver em muitos casos em que, embora investindo-se grande soma em equipamentos de combate a incêndio, por não ter um controle de manutenção, não há como esperar a extinção eficiente no momento de incêndio.
É preciso fazer periodicamente os testes de funcionamento dos equipamentos de combate a incêndio e mantê-los sempre em condições perfeitas. É importante organizar uma equipe de combate a incêndio (brigada de incêndio) para engajar nas atividades de combate ao incêndio, de tal modo que possa manifestar sua verdadeira força no momento da ocorrência, formando uma estrutura funcional.
É de fundamental importância o treinamento de combate a incêndio, pois há muitos casos em que as falhas aparecem especialmente nos períodos noturnos e nos dias de folga.

Isolamento de Riscos
A idéia do isolamento de riscos seria minimizar os danos em caso de ocorrência de incêndio. O seu princípio básico consiste em:
■ separar com paredes e portas corta-fogo os locais de serviço de alta periculosidade
■ dividir a área interna do edifício (compartimentação)
■ isolar a área de alta periculosidade da fabricação (edificação isolada, por exemplo, armazenagem de produtos perigosos, inflamáveis, tóxicos, etc.)

Caso nas paredes corta-fogo houver espaço nos locais onde passam tubulações de utilidades (ar, água, cabos elétricos e esteiras), podemos considerar que não foi constituído o isolamento de risco perfeito. Os locais onde os canos e cabos atravessam as paredes corta-fogo, devem ser preenchidos e pintados com tinta incombustível (atualmente existe material selante, facilmente aplicável, retardante ao fogo).
Em casos de esteira atravessar as paredes corta-fogo é necessário instalar uma porta de fechamento automático (dumper). Verificamos muitas vezes, situações de perigo em que os objetos deixados na posição de fechamento da porta corta-fogo, impedem o seu fechamento.
Outras vezes constatamos a presença de produtos combustíveis ou inflamáveis próximos a porta corta‑fogo, que poderá provocar propagação de incêndio por irradiação de calor. É fundamental eliminar os obstáculos durante a auditoria de segurança (AIS). Estes são os conceitos básicos para prevenção de incêndios e explosão.

Fonte: Seminário Internacional de Gerenciamento de Riscos, promovido pela Tokyo Marine & Fire Insurance Co. Ltd - Japão, realizado em São Paulo.

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posted by ACCA@3:11 PM