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sábado, novembro 07, 2009

UFMG lança modelo de aeronave inédito no Brasil

Avião é capaz de realizar manobras acrobáticas de alta complexidade

A UFMG apresentou, na quarta-feira, 14 de outubro de 2009. a aeronave CEA-309 Mehari, projetada e construída no Centro de Estudos Aeronáuticos da Universidade Federal de Minas Gerais -UFMG. O protótipo foi feito para ser utilizado em competições de acrobacias aéreas, e é o primeiro avião brasileiro capaz de competir na categoria ''ilimitada'', a mais elevada categoria neste tipo de competição, similar ao que a Fórmula 1 representa no automobilismo.

Capaz de realizar manobras ousadas como piruetas, loopings e rasantes, o Mehari é o primeiro avião brasileiro capaz de voar na classe “ilimitada”, a categoria mais elevada das competições de acrobacias aéreas - algo similar ao que a Fórmula 1 representa para as corridas automobilísticas.

O coordenador do projeto e professor de Engenharia Aeronáutica da UFMG, Paulo Iscold, explica que o Mehari foi projetado para executar manobras extremamente complexas, atingindo até 400º por segundo e 430 km/h. “É um protótipo desenvolvido para competir em nível internacional”, afirma.

O projeto do Mehari levou sete anos para ser concretizado. A iniciativa privada arcou com os custos de produção do avião, avaliados em cerca de 300 mil dólares, e coube à UFMG disponibilizar o know-how e a mão de obra para a construção
A redução do custo operacional foi uma das idéias principais do Mehari. A utilização de um motor de quatro cilindros no lugar do de seis, tradicionalmente utilizado em aeronaves de categoria ilimitada, foi fundamental, chegando a reduzir quase 50% do valor. Além disso, a estrutura de fibra de carbono normalmente utilizada nesse tipo de avião foi substituída por outros materiais como aço-cromolibdênio e madeira frejó, reduzindo o custo sem prejudicar o desempenho. "Conseguimos reduzir este gasto em cerca de 50%, sobretudo no consumo de gasolina e em alguns insumos de manutenção como óleo e pneus", explica o professor Paulo Scold, coordenador do projeto.

Com essa redução, dentro de 1 ano o Brasil já terá condições de participar de competições internacionais e, com o treinamento adequado, daqui a três anos o país pode tentar o pódio em alguma destas competições.
"Apesar de termos uma indústria aeronáutica forte, do ponto de vista do esporte aéreo ainda somos pouco relevantes, sobretudo na acrobacia. O fato de a gente ter desenvolvido este avião no Brasil, e de ele ter apoio de empresas nacionais e estrangeiras, mostra que essas empresas já estão acreditando na nossa credibilidade", comemorou Scold.

O projeto
O desenvolvimento do Mehari teve início há aproximadamente seis anos, quando Iscold apresentou ao piloto de testes e financiador do projeto, Marcos Geraldi, a proposta de construir um avião de categoria ilimitada com o custo operacional da categoria intermediária.
Nove professores e cerca de 30 alunos da UFMG participaram da elaboração e da construção da aeronave. Coordenados pelo professor Paulo Iscold e por outros membros do CEA, os alunos colaboram na concepção da aeronave realizando cálculos, fazendo desenhos e construindo sua estrutura.

Para Paulo Iscold, “a participação dos alunos é muito importante tanto para a formação acadêmica deles quanto para o desenvolvimento do projeto. Aqui, eles desenvolvem responsabilidade técnica, capacidade de administrar recursos e de trabalhar em equipe, senso de empreendedorismo e criatividade”.


Fonte: Portal UAI - quarta-feira 14 de outubro de 2009

Comentário:
O que é CEA?
O Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA) é um grupo de pesquisa parte do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais que tem a função reunir e apoiar todas as atividades de pesquisa e ensino desenvolvidas pelos professores e alunos da ênfase em Engenharia Aeronáutica da UFMG. Dentre estas atividades, uma destaca o CEA e o Curso de Engenharia Aeronáutica da UFMG dos outros cursos brasileiros: o desenvolvimento e operação de protótipos de aeronaves.
Atualmente já são 5 protótipos completamente desenvolvidos no CEA. Esta prática, aconselhada por diversos projetistas e adotada ha anos nas universidades alemãs (através dos akafliegs), apresenta diversas vantagens no ensino da engenharia: criatividade de projeto, capacidade de concretização de idéias, prática no gerenciamento de recursos, ligação entre o projeto e a construção, trabalhos em equipe, responsabilidade no trabalho dentre diversas outras capacidades que podem ser exploradas neste ramo da engenharia.

Com poucos recursos a Universidade e a iniciativa privada produziram um avião acrobático que teve a participação de estudantes e professores. Essa sinergia de envolvimento de estudantes e professores para um projeto com finalidade prática envolveu aquisição de conhecimento, produzir e desenvolver projeto com limitação de investimento, organização e trabalho em equipe. É um autêntico projeto industrial que pouquíssimos estudantes tem essa oportunidade de colocar em prática os conhecimentos teóricos diante de limitações de recursos ou efetuar o projeto conforme o recurso disponível. Isso é um exemplo que a Universidade pode fazer e oferecer, conhecimento teórico, pesquisa e transformar em tecnologia aplicada.

Segundo o Banco Mundial, o Brasil investe só 1,02% de seu PIB em pesquisa. E, no último levantamento do Fórum Econômico Mundial, ficamos na 59ª posição em um ranking de 175 nações que conseguem aproveitar novas tecnologias para aumentar a eficiência de suas economias. O investimento em C&T é vital para aumentar o valor agregado de produto e como conseqüência a produtividade.
O desenvolvimento tecnológico depende do projeto de desenvolvimento industrial e o Brasil não tem uma política industrial de longo prazo. Falta uma política industrial acoplada a uma política de ciência, tecnologia e inovação.

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posted by ACCA@1:09 PM