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quinta-feira, setembro 10, 2009

Perigo enviar mensagem de texto enquanto dirige

Um vídeo de quatro minutos de duração produzido com poucos recursos, apenas 20.000 dólares pela polícia de um condado de Blaenau Gwent, País de Gales, se tornou um dos mais novos sucessos do site YouTube, com pelo menos 4 milhões de visitas até o momento, ao usar imagens fortes na simulação de um grave acidente de carro. Os atores são estudantes da escola local. O vídeo também tem atraído o interesse da mídia mundial pelo seu conteúdo violento e realista
O filme tem como objetivo alertar jovens sobre os perigos de se enviar mensagens de texto por celular (os chamados "torpedos") ao mesmo tempo em que dirigem.

O filme retrata a história de uma garota de Gwent, chamada Cassie Cowan, que dirigia um carro acompanhadas de outras amigas. Enquanto dirigia, ela usava o celular para enviar mensagens de texto e perdeu a concentração por alguns segundos e houve uma série de colisões e matou várias pessoas na estrada.

O vídeo foi inicialmente exibido em escolas no País de Gales, e ainda neste ano uma versão de 30 minutos deve ser mostrada em toda a Grã-Bretanha.

As imagens mostram duas amigas da jovem sendo projetadas contra as janelas e em seguida mortas, além dos corpos dos ocupantes de outro carro, inclusive um bebê.

O vídeo mostra que a colisão é chocante e sangrenta, é importante que seja assim. Para as pessoas da minha idade, é isso que eu acho que nos afeta, disse Jenny Davies, personagem principal do filme. "Tenho amigos que costumavam fazer isso (dirigir e enviar texto), mas recentemente parou. Acho que as pessoas estão finalmente percebendo como é perigoso.

"Enviar texto e dirigir pode ter conseqüências trágicas e este filme mostra muito bem a conseqüência".

Fonte: BBC News - 5 September 2009

Vídeo:

Comentário:
■ São Paulo, bairro da Lapa, agosto de 2006, 7h15 da manhã. A caminho da casa da mãe, a professora Fátima, de 48 anos, não podia imaginar que dali a poucos instantes seu dia estaria praticamente perdido. Enquanto dirigia, o celular tocou. O aparelho não estava a seu alcance, e sim dentro da bolsa, no banco de passageiro. Quando Fátima tentou alcançar o telefone, sentiu o baque da dianteira de seu carro no porta-malas de um táxi. “Posso me lembrar de que era uma chamada de minha mãe, mas não do que aconteceu naquele momento. Ainda bem que ninguém se machucou. O susto levou Fátima a mudar seus hábitos. Agora, quando o celular toca, diz ela, estaciona o carro ou verifica quem ligou para retornar depois. “Antes eu só pensava na multa que receberia. Agora avalio a real razão do problema, a segurança”, afirma.
■ A professora Mariana, de 27 anos, bateu o carro em uma caçamba de entulho enquanto dirigia e enviava mensagens no celular. “Fui fazer uma curva à direita e não vi a caçamba que estava na esquina. A batida foi feia e me assustei bastante. Meu carro ficou com a dianteira bastante amassada.”

Combinação perigosa celular e direção
Com o celular no ouvido, o motorista reage de forma mais lenta. Dificilmente olha para o retrovisor, assume uma trajetória errática na via e reduz ou ultrapassa a velocidade compatível com o tráfego. Avança o sinal, tem dificuldade para trocar marchas e simplesmente não vê as placas de sinalização no trânsito. Cada uma dessas situações já poderia desencadear um acidente.

Atenção afunilada
O celular tocando desvia a atenção de quem está guiando e dá início ao procedimento de risco: a primeira ação do motorista quando o aparelho toca é procurá-lo. Para atender, será necessário o uso de uma das mãos. Se for colocado no ouvido, haverá restrição do campo visual.
A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) realizou um estudo com voluntários falando ao celular com viva-voz. Além dos fatores operacionais envolvidos, como os citados acima, existem os não-operacionais. Entre eles estão os psicológicos – como as emoções às quais o motorista pode ser submetido numa conversa, por exemplo, quando recebe uma má notícia – e os cognitivos – como alterações causadas por tarefas de elaboração e compreensão de frases, audição do que é falado e do toque do telefone, além do aspecto motor da fala, que se altera quando realizada em conjunto com outras tarefas complexas, como dirigir. “Durante o teste, concluímos que o tempo de reação do motorista ao celular aumenta 50%, o número médio de infrações também cresce 50% e o de acidentes triplica”, afirma Alberto Sabbag, diretor da Abramet.

Reduz a concentração
Um estudo da Universidade Carnegie Mellon em Pittsburgh, no estado americano da Pensilvânia, mostra que conversar no celular quando ao volante reduz a concentração de um motorista em até 37% levando-o a cometer erros semelhantes aos ocorridos quando se dirige alcoolizado. O estudo usou imagens de ressonância magnética do cérebro para documentar o efeito do simples ato de ouvir o interlocutor durante uma ligação.

Mensagem de alto risco
Se telefone e direção já formam uma combinação de risco, digitar uma mensagem ao celular potencializa o perigo. Quem tenta fazer isso tem que tirar as mãos do volante, se concentrar em um teclado minúsculo e ainda pensar na elaboração dos textos. Uma pesquisa realizada pelo instituto britânico Transport Research Laboratory (Laboratório de Pesquisas de Transporte) analisou 17 motoristas com idades entre 18 e 24 anos. Os resultados mostraram que o tempo de reação dessas pessoas foi 35% mais lento do que se estivessem totalmente concentradas na condução do veículo. Fonte: Quatro Rodas, dezembro de 2008

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posted by ACCA@4:45 PM