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sexta-feira, agosto 21, 2009

Raio mata 21 vacas no Rio Grande do Sul

Uma descarga elétrica matou 21 vacas em uma propriedade localizada no interior do município de Lagoa dos Três Cantos, no norte do Estado do Rio Grande do Sul. As vacas de leite de raça holandesa estavam em um piquete, confinadas com outros 149 animais.
De acordo com o proprietário, Paulo Mariani, uma tempestade teria atingido a região por volta das 23h de domingo, 16 de agosto de 2009.Foi neste momento, acredita o produtor, que um raio atingiu o local onde estavam as vacas. Os animais estavam próximos a uma cerca elétrica quando foram os atingidos.

Morte excessiva
Segundo o professor de Medicina de Grandes Ruminantes da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, João Batista Souza Borges, é normal alguns animais morrerem por descargas elétricas, mas o número de animais mortos chama a atenção:
O fato é bastante comum, mas a quantidade de animais mortos foi muito grande. O máximo que eu já tinha ouvido falar é de cinco animais mortos por uma mesma descarga elétrica. Segundo João Batista, o raio pode ter atingido um ponto próximo às vacas ou a cerca:. Se o raio atingiu a cerca, ele pode ter caído longe de onde estavam as vacas e a descarga atingiu os animais que estavam perto da cerca, ainda mais se o piso estivesse molhado.

Descarga pode percorrer até 200 metros no solo
Segundo o coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Osmar Pinto Júnior, a hipótese mais provável é que, após cair na terra, a descarga se espalhou até atingir o arame – um raio pode percorrer até 200 metros pelo solo. Mesmo que não fosse elétrica, a cerca teria conduzido a descarga por ser de metal. Se um animal ou até mesmo uma pessoa estiver perto de uma cerca que conduz uma descarga elétrica, ela também será atingida. A energia se propaga por alguns metros antes de se dissipar pelo solo, explica Osmar Pinto

Prejuízos
A Granja Santa Clara é um centro de excelência encravado no Alto Jacuí. Com tradição em pecuária leiteira, tem na atividade uma história de 15 anos.
Destinadas à produção leiteira, os exemplares produziam individualmente 35 litros de leite por dia em média. Cada animal valia R$ 3,5 mil (2.000 dólares) em média, causando um prejuízo de aproximadamente R$ 70 mil (35.000 dólares) ao criador

Fonte: Zero Hora - 17 de agosto de 2009

Comentário:
Podemos agrupar as quedas de um raio em quatro tipos.

Primeiro tipo. Ataque direto
Quando uma pessoa ou alguma coisa que ela está segurando é atingida, é um ataque direto. A corrente do raio entra pela cabeça ou pela parte superior do tronco passando através do corpo para o chão através dos pés.
Se várias pessoas estão de pé muito juntas mais de uma pode ser atingida. Segundo cálculos feitos, a corrente sobe rapidamente até um pico de 1.000 A (ampéres), caindo imediatamente e, cerca de 10 microssegundos do começo, alcança 4A, conservando‑se esse valor pela duração da descarga.
A ocorrência de uma centelha externa amplamente evidenciada, é confirmada nos relatos do acidente. Se ela ocorre fora do corpo ou através ou na parte externa da roupa, o cabelo e a barba podem ficar chamuscados.
Pode haver marcas de queimaduras na sola dos pés e também nas roupas, e estas podem incendiar-se. Metais sobre o corpo, podem fundir provocando queimaduras. Se a centelha passa entre a roupa e o corpo, a corrente fluindo sobre a superfície da pele, pode converter o suor e a umidade da pele em vapor e, em conseqüência, a pressão resultante pode arrancar fora e as botas.

Segundo tipo de queda de raio é a centelha lateral.
Gráfico: Centelha lateral de uma cobertura ondulada de ferro, isolada do chão por uma estrutura de madeira seca. Quando um raio cai nas proximidades, o efeito das capacitâncias elétricas representadas por Cl e C2, é fazer elevar a cobertura a um potencial V2, em relação à terra, igual a VlCl(Cl-C2). A diferença de potencial entre a cobertura e a cabeça do ocupante do abrigo, pode se tornar suficientemente alta para provocar uma centelha sem que o abrigo seja atingido.

É mais claramente compreendida considerando-se o que acontece quando alguém está abrigado sob uma árvore e esta é atingida por um raio.
Estando em pé no chão, a pessoa está inicialmente no potencial terra. Contudo, como a corrente do raio descarregada sobre tronco pela árvore abaixo aumenta, a voltagem cai para a parte inferior do tronco que pode ter uma resistência de alguns quiloohms, podendo se tornar maior do que a força elétrica de ruptura do espaço de ar entre a pessoa e o tronco. Uma centelha lateral ocorre então através das vítimas.
Gráfico: Centelha lateral do tronco de uma árvore provocada par um raio. Primeiro, a corrente flui através do tronco. A resistência elétrica do tronco, entre a solo e a cabeça de uma pessoa de pé, perto do tronco, pode ser de alguns quiloohms. A formação da corrente através dela, pode descer pela parte inferior do tronco, para exceder a força de ruptura elétrica do ar entre o tronco e a vítima. Nessa etapa ocorre uma centelha lateral.

O terceiro tipo de queda de raio é a voltagem escalonada.
Se o raio cai em chão aberto, seja diretamente ou através de um objeto alto, como uma árvore ou um poste, a corrente é descarregada na massa da terra.
Num solo acidentado, a distribuição da corrente produz diferentes voltagens de acordo com a distancia do local da queda. Uma pessoa ou um animal andando ao longo de um raio do ponto da queda, sofrerá uma diferença de potencial entre as pernas.
Gráfico: Tipo comum de corrente (a) num solo uniformemente constituído, originada por um raio caindo em campo aberto. A curva da distribuição do potencial (b) mostra como uma voltagem "escalonada" se desenvolve entre as pernas de um homem ou de um animal de pé nas vizinhanças
O quadrúpede tem mais probabilidades de morrer disso, do que os humanos, porque a corrente, fluindo entre as pernas dianteiras e traseiras, atravessa o coração, enquanto que no homem, a passagem e de uma perna para outra e o coração escapa.

O quarto tipo de queda é o da voltagem de contacto, chamado também às vezes, de potencial de toque.
Pode ser considerado como um caso particular de centelha lateral, no qual a vítima, no momento em que o raio cai, faz realmente contacto. numa experiência pessoal.
Fonte: W. R. Lee - Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE)

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posted by ACCA@10:50 AM