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sábado, maio 23, 2009

Discotecas ao som da insegurança

Em um estudo da Pró-Teste em 11 discotecas na região de Lisboa, Portugal, constataram as seguintes irregularidades:

■ Medidas de segurança
Os funcionários não fazem nenhuma verificação diária, nem exercícios de medidas de segurança.
Todas as discotecas apresentaram a solução correta para situações de pânico, mas poucos tinham os planos de emergência num local acessível ao público.

■ Proteção pessoal
Não há controle de contagem de entrada/saída de público. Na prática, pode sempre entrar mais gente, ultrapassando a capacidade permitida de público.
Nenhuma discoteca é feita a contagem das pessoas que entram e saem

■ Riscos constatados
Mobiliários soltos, bar com copos de vidro ou perto da pista,
Galerias com proteções mal desenhadas,
Carga de incêndio excessiva e dispensável,
Saídas obstruídas e
Instalações elétricas em más condições.

■ Saída de emergência
Fuga impossível. De pouco serve cumprir todos os critérios de segurança se a discoteca não tiver as saídas necessárias para uma evacuação eficaz numa emergência.
As saídas de emergência bloqueadas
Sinalizações deficientes
Saídas insuficientes

■ Meio ambiente
Outro ponto abordado refere-se à renovação do ar. As discotecas portuguesas, os sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado deveriam renovar bem o ar, mas foi constatado deficiência na renovação desse ar.
Em nove das 19 amostras recolhidas, o teor encontrado era, por vezes, muito superior ao valor aceitável, o que revela uma inadequação do sistema de ventilação quanto à renovação do ar.

Conclusão:
Dançar em segurança é praticamente quase impossível. Passados seis anos do último estudo, notam-se algumas melhorias em termos de segurança, mas em regra geral, os resultados continuam preocupantes.
É urgente fazer um levantamento das condições de segurança, dar um prazo para as alterações e punir quem não cumprir.
Todas as autoridades públicas intervenientes no licenciamento têm competência na fiscalização, mas o que foi constatado pelas vistorias a ação destas autoridades não tem sido dissuasiva ou eficaz.
As autoridades públicas também devem exigir por partes dos proprietários das discotecas, mudança de atitude, de mentalidade quanto à prevenção de incêndio, pois eles são os principais responsáveis pela falta de condições de segurança.
É importante que os consumidores conheçam os riscos que correm numa discoteca. Existe um histórico trágico de acidentes fatais em discotecas no mundo.

Fonte: Pró-Teste n.º 238 - Julho/Agosto de 2003

Comentário:
Se lembrarmos os incêndios que ocorreram em discotecas nos últimos anos, as causas apontadas nesse estudo são semelhantes; saídas de emergências insuficientes, estreitas, bloqueadas, falta de sinalização, excesso de público, excesso de materiais combustíveis e um fator adicional para potencializar os riscos já existentes a utilização de pirotecnia nesses locais, tais como; fogos de artifícios e bebidas flamejantes.

Histórico de acidentes

■ 31 de dezembro de 2008, incêndio na discoteca Santika, Bangcoc, Tailândia, causou a morte de 66 pessoas, a maioria dos corpos estava carbonizados, 222 pessoas ficaram feridas, 1000 pessoas estavam no local. A maioria das pessoas morreu por inalação de fumaça e não encontrara a saída. Causa provável, fogos de artifício
■ Em abril de 2008, 14 jovens morreram e outros 15 permanecem hospitalizados por causa do incêndio que destruiu uma discoteca em Quito, Equador, onde era realizado um show de rock. Um dos músicos de uma banda acendeu um "fogo de artifício", provocando um incêndio que se alastrou rapidamente pelo teto e pelas paredes da discoteca, revestidos de material combustível.
■ Em novembro de 2006, um show em que o artista finge engolir fogo deu início, pouco antes das 2 horas da madrugada, a um incêndio que destruiu a danceteria Space, na Rua Lourenço Marques, na Vila Olímpia, região badalada da capital paulista. Dezenove guarnições do Corpo de Bombeiros foram encaminhadas ao local.
Algumas pessoas sofreram intoxicação pela fumaça, mas não houve mortos nem feridos em estado grave.
■ Em 30 de dezembro de 2004, incêndio na discoteca República Cromagnon, na capital argentina, Buenos Aires, matou 194 pessoas, maioria, jovens, causado por pirotecnia.
Em setembro de 2008, pelo menos 43 pessoas morreram e 88 ficaram feridas num incêndio, numa discoteca em Shenzhen, na província chinesa de Cantão (Sul), alegadamente provocado por fogos de artifício.
■ Em 20 de fevereiro de 2003, nos Estados Unidos, 100 pessoas morreram em Rhode Island, quando um dispositivo pirotécnico usado na apresentação de uma banda de rock espalhou fogo pela casa noturna West Warwick. A maioria das vítimas morreu sufocada pela fumaça ou pisoteada na tentativa de sair pela porta da frente.
■ Em 20 de Julho de 2002, incêndio na Discoteca Utopia, Lima, Peru, causou a morte de 30 jovens, excesso de lotação, mais de 1.000 pessoas no local. Excesso de materiais combustíveis, saídas bloqueadas, falta de luz de emergência. Causa provável manipulação de fogo em bebida ou pirofagia. .
■ Em novembro de 2001, um incêndio em uma casa noturna de Belo Horizonte (MG), provocou a morte de seis pessoas e ferimentos em outras 341, sendo dez em estado grave.
A causa provável do acidente foi a queima de uma cascata de fogos de artifício sobre o palco de shows, pouco antes de um grupo de músico se apresentar.
Os acidentes acontecem e as lições desses acidentes são sempre esquecidas.

Vídeo:
Incêndio na discoteca Santika, Bangcoc, Tailândia, causou a morte de 66 pessoas

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posted by ACCA@11:06 AM

1 Comments:

At 8:22 AM, Blogger Unknown said...

Será pertinente referir que em todos estes acidentes foi utilizada pirotecnia convencional, de exterior. Todos seriam evitados se tivesse sido utilizado pirotecnia adequada, de interior, habitualmente designados por fogos frios. A razão: custam o dobro.

 

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