Corvinas devolvem a alegria aos pescadores em Santa Catarina
Os pescadores da Colônia de Pesca Z-33, do Balneário Rincão, Sul de Santa Catarina, ganharam na quinta-feira, à tarde, 15 de outubro de 2008, um motivo para compensar o desânimo gerado por um inverno rigoroso sem captura de tainhas. Em apenas um lance, os pescadores cercaram e capturaram um cardume de cerca de 25 a 30 toneladas de corvina.
Colocação da rede no mar
A rede de arrasto foi colocada às 9h, medindo 1,4 mil metros foi colocada mar adentro com auxílio de um barco por oito pescadores liderados por João Adílio Batista, 54 anos. Os pescadores já desconfiavam da existência do cardume porque na noite anterior haviam capturado corvinas com redes pequenas. O vento que começou a soprar na direção leste com maior intensidade no final da manhã também ajudou.
Retirada da rede do mar
No início da tarde, por volta das 13h, a rede começou ser retirada do mar por outros 25 pescadores, que precisaram da ajuda de parentes e amigos devido ao peso gerado pelo excesso de peixes na malha.
- Essa foi a maior redada que dei até hoje. Já tinha visto quantidade maior, no Rio Grande do Sul, mas não era meu - contou o pescador e dono da rede João Adílio Batista.
Sem conseguir retirar a rede de uma vez, o jeito era "pescar" de forma improvisada os peixes que se debatiam no raso. A pescadora Glória João Ferreira, 45 anos, saía do mar literalmente abraçada a meia dúzia de corvinas: É só felicidade - disse, antes de voltar para pegar mais corvinas.
Corvinas depositadas na praia
Agonizantes, os peixes eram depositados sobre uma lona plástica estendida na beira da praia, sob os olhares de curiosos. A maioria dos peixes tinha um peso aproximado entre dois a três quilos, mas uma corvina que, segundo os pescadores, devia pesar uns 15 quilos, era exibida e chamada pelos pescadores de "a chefe", porque estaria a frente do cardume capturado. De acordo com o presidente da Colônia de Pesca Z-33, João Piccolo, o lance de corvina compensa os prejuízos que os pescadores tiveram com a escassez de tainha durante o inverno.
Fonte: Diário Catarinense - 17 de outubro de 2008
Comentário
De acordo com a notícia, foram pescados quase 15.000 peixes em um único lance de rede. A capacidade do ecossistema marinho para recompor é limitada.
Uma boa estratégia de combate à pesca predatória é conscientizar a população e impedir, nas feiras e nos mercados, a compra de exemplares capturados abaixo do tamanho mínimo permitido por lei e das espécies ameaçadas, é uma maneira de reduzir drasticamente esse problema. Um dos maiores inimigos da sustentabilidade da atividade são os impactos negativos gerados pelo homem sobre os ecossistemas estuarinos e litorâneos. Estes estão causando o desaparecimento ou a redução do número de peixes de algumas espécies.
Pesca predatória
Muitos ecologistas marinhos acreditam que a maior ameaça aos ecossistemas marinhos nos dias de hoje seja a pesca em excesso. Nosso apetite por peixe está excedendo os limites ecológicos dos oceanos, com impactos devastadores em muitos ecossistemas. Os cientistas advertem que o excesso de pesca resulta em profundas alterações nos oceanos, mudando-os talvez para sempre. Sem mencionar nossa refeição de cada dia - no futuro, um prato de sardinhas poderá ser considerado uma iguaria cara e rara.
Sem chance
Mais freqüentemente do se imagina, a indústria da pesca ganha acesso a grupos de peixes antes que o impacto da pesca seja estimado. De qualquer modo, os regulamentos da indústria de pesca são tremendamente inadequados.
A realidade da pesca moderna é que a indústria é dominada por frotas de pesqueiros que não dão chance à natureza de repor as espécies. Navios gigantescos usando sonares de busca de última geração podem apontar com precisão cardumes de peixes. Os navios são equipados para que funcionem como verdadeiras fábricas flutuantes – incluindo linhas de produção, processamento e embalagem de peixes, imensos sistemas de refrigeração e motores poderosos para arrastar equipamentos pesados através do oceano. Ou seja: o peixe não tem chance.
Check-up da vida no oceano
Populações de grandes predadores, um indicador claro da saúde de um ecossistema, estão desaparecendo de forma espantosa. Noventa por cento dos peixes grandes que a maioria de nós adora comer, como atum, peixe-espada, merlin, bacalhau, halibut, arraia e linguado – estão desaparecendo desde que a pesca em larga escala começou, nos anos 50. A diminuição dessas espécies predadoras pode causar uma mudança em ecossistemas oceânicos inteiros, onde peixes comercialmente valorizados são substituídos por espécies menores, que se alimentam de plâncton. O século em curso pode inclusive ver colheitas de água-viva substituindo o peixe consumido por humanos.
Essas mudanças ameaçam a estrutura e o funcionamento de ecossistemas marinhos, e assim colocam em perigo o sustento dos que dependem dos oceanos, tanto agora como no futuro.
Colapso das áreas de pesca
A superexploração e a má administração das áreas de pesca já levou ao colapso completo de algumas regiões. A pesca do bacalhau na região de Newfoundland, no Canadá, ruiu em 1992, causando a perda de 40 mil empregos na indústria. Os estoques de bacalhau no Mar do Norte e no Mar Báltico seguem pelo mesmo caminho e estão próximos do colapso completo.
Ao invés de tentar encontrar uma solução de longo prazo para esses problemas, a indústria pesqueira voltou seus olhos para o Pacífico – mas esta não é a resposta. Os governantes continuam ignorando os avisos dos cientistas sobre como essas áreas de pesca poderiam ser administradas e a necessidade de pescar tais espécies de maneira sustentável. Fonte: Greenpeace
Marcadores: Meio Ambiente, Oceanos
1 Comments:
E uma pena que no Brasil, não tenhamos uma politica forte no sentido de fortalecer a pesca comercial em nosso litoral, vemos o pescado ser vendido à preços altíssimos, e temos uma o oceano a nos presentear com essa maravilha.
Parabéns grandes pescadores!
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