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domingo, janeiro 27, 2008

Trabalhadores ficam pendurados em prédio


As fotos ao lado mostram um flagrante registrado na manhã de quarta-feira, 21 de novembro de 2007. O andaime no qual os pintores trabalhavam em um prédio na rua Miguel Calfat, na Vila Olímpia, em São Paulo, desabou, deixando os trabalhadores pendurados pelas cordas presos ao cinto de segurança.

Um dos pintores conseguiu segurar‑se na janela do banheiro de um dos apartamentos. Os bombeiros chegaram em menos de dois minutos para efetuar o resgate.

Fonte: G1 – 21 de novembro de 2007

Comentário:
Pelas fotos ficam constatadas a importância do equipamento de segurança individual (cinto de segurança) em conjunto com equipamento de proteção coletiva (cabo guia de segurança).
O que se nota em geral no país em trabalho em altura são situações potencialmente perigosas em que o trabalhador está utilizando cinto de segurança inadequado e principalmente o cabo guia apresentado deterioração ou desgaste prematuro devido a proteção inadequada na ancoragem (atrito e dobra).

O acidente em trabalho em altura é praticamente fatal ou a vitima apresenta seqüelas graves que incapacita para o trabalho. O acidente incapacitante modifica brutalmente as histórias das vítimas: causa ruptura na trajetória no trabalho e deixa seqüelas físicas e psíquicas que serão carregadas pelo resto da vida. Além disso, ele não atinge apenas os acidentados, mas também suas famílias, que muitas vezes têm neles seu amparo financeiro.

O acidente, em maior ou menor grau, sempre resulta em uma perda significativa na renda mensal dos trabalhadores. Mesmo os que continuam a receber integralmente o salário registrado na carteira de trabalho sofrem com as perdas referentes às horas extras, ao trabalho por produção e às demais formas de aumentar a produtividade propostas pelas empresas, que se traduziam em um aumento expressivo dos rendimentos. Perdas na renda atacam frontalmente a qualidade de vida. No caso dos trabalhadores informais, que, infelizmente, vêm crescendo numericamente no país, toda essa trajetória é agravada pela total falta de proteção social.

O acidente incapacitante impede que o trabalho, atividade que desempenhava um papel central na vida desses homens, muitas vezes, desde a infância, não mais ocupe este lugar. Esses homens, que construíram desde os primeiros anos de vida uma identidade de trabalhador e para os quais o trabalho sempre foi uma fonte de dignidade, são privados desse título, são expulsos do mundo laboral. São privados de uma atividade que, além de preencher uma grande parte de seu tempo, era um local privilegiado de socialização, onde se construíam relações de amizade. O acidente atinge outras dimensões da vida desses trabalhadores, para os quais a maioria dos prazeres e diversões tem como fundamento essencial um corpo saudável. Corpo que foi profundamente atingido. A auto-estima é, assim, intensamente abalada. Os parentes acompanham todo esse sofrimento de perto e sofrem também conseqüências diretas, já que, na maioria das vezes, os acidentados são arrimos da família. Fonte: Rafael da Silveira Gomes, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), da Fiocruz

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posted by ACCA@4:39 PM