Zona de Risco

Acidentes, Desastres, Segurança, Meio Ambiente, Riscos, Ciência e Tecnologia

quinta-feira, outubro 16, 2025

TEMPESTADE ARRASA FÁBRICA DE MOTORES DA TOYOTA EM PORTO FELIZ (SP)

Um forte temporal atingiu Porto Feliz (SP), a 130 km da capital paulista, na tarde segunda feira (22/9), causando grandes estragos e atingindo em cheio a fábrica de motores da Toyota. A ventania arrancou quase todo o telhado do galpão, entortou estruturas metálicas e chegou a capotar um carro no pátio da unidade.

A tempestade fez parte de uma frente fria que avançou pelo interior paulista e causou estragos em várias cidades, como Itu, Salto, Tietê e Sorocaba. Em Porto Feliz, as rajadas chegaram a 90 km/h, segundo a Defesa Civil, mas, pela dimensão dos danos, é provável que os ventos tenham superado os 100 km/h, de acordo com o site MetSul Meteorologia.

DANOS MATERIAIS

Imagens gravadas por funcionários da Toyota mostram a força da ventania, arrancando telhados inteiros, entortando colunas de ferro e espalhando destroços por toda a área externa da fábrica.

A estrutura do telhado foi parar do lado de fora da empresa e em áreas que ficam a até seis quilômetros de distância. Ao  menos sete veículos que estavam estacionados na fábrica ficaram destruídos. Um deles foi encontrado capotado. A guarita também foi levada com a força do vento.

ESTADO DE EMERGÊNCIA

Diante da situação, a Prefeitura de Porto Feliz decretou estado de emergência. A cidade também registrou quedas de árvores, falta de energia elétrica e destelhamento de residências.

VÍTIMAS

De acordo com o Corpo de Bombeiros, dez pessoas ficaram levemente feridas. Todas estavam conscientes e foram levadas para atendimento em veículos da própria empresa. Não houve registro de vítimas graves, mas o local continua interditado para vistoria da Defesa Civil.


INTERRUPÇÃO

A Toyota do Brasil informou que interrompeu a produção na fábrica, que ficará fechada por tempo indeterminado.

Como a Toyota não trabalha com estoque de produtos, um comunicado foi emitido para os funcionários da planta de Sorocaba informando que alguns setores terão as atividades paralisadas nos três turnos devido à interrupção da produção em Porto Feliz.

Segundo a Toyota, a tempestade causou estragos consideráveis na fábrica de motores. Imagens divulgadas por funcionários mostram o local alagado, com o teto da estrutura arrancado pelos fortes ventos.

A fábrica afirmou que o incidente afetou a produção em Sorocaba e Indaiatuba, onde será fabricado o Yaris Cross e também são produzidos outros modelos da marca, como Corolla e Corolla Cross, além do Yaris comercializado para exportação. Ao todo são cerca de 6.700 funcionários nas três fábricas.

As três fábricas estão paradas, sem previsão de retorno. Neste ano será quase impossível retomar as atividades. Mais de 90% da fábrica de Porto Feliz ficaram destruídos.

TOYOTTA

Inaugurado em maio de 2016, o complexo da Toyota em Porto Feliz foi o primeiro da marca a produzir motores na América Latina. Instalado às margens da Rodovia Marechal Rondon, o local recebeu um investimento inicial de R$ 580 milhões e emprega cerca de 700 pessoas.

A fábrica é responsável por processos de fundição, usinagem e montagem de powertrain, tendo produzido motores para Etios e Yaris. Atualmente, fornece os conjuntos que equipam os modelos Corolla e Corolla Cross fabricados em Sorocaba. A capacidade instalada é de 108 mil unidades por ano, com tecnologia considerada entre as mais avançadas do grupo no mundo.

A unidade emprega cerca de 700 pessoas e produz mais de 100 mil motores por ano, incluindo variantes híbridas flex.

MICROEXPLOSÃO: O QUE É O FENÔMENO CLIMÁTICO QUE DESTRUIU FÁBRICA DA TOYOTA

Depois de dias e de diversas análises, satélites e imagens da área atingida, a Defesa Civil de São Paulo constatou que a destruição da fábrica de motores da Toyota em Porto Feliz (SP) foi causada pela chamada 'microexplosão atmosférica'. Mas no que consiste esse evento climático?

O meteorologista Franco Vilela, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) faz um breve resumo. "É quando uma camada de ar, no interior de uma nuvem de tempestade, sofre um intenso e rápido resfriamento e praticamente despenca de altitudes elevadas, acelerando em direção ao solo, onde chega à superfície como ventos muito intensos".

O nome vem do inglês microbursts ou downburts, que na tradução por aqui também pode ser chamada de 'rajadas descendentes'. O meteorologista da Defesa Civil de São Paulo, Ernesto Alvin Grammelsbacher, detalha que a microexplosão é o colapso de uma corrente de ar dentro de uma tempestade.

A formação ocorre dentro de uma nuvem de tempestade (cumulonimbus) já madura. Fortes correntes de ar ascendentes dentro da nuvem sustentam gotas de chuva e granizo. Às vezes, ar seco do ambiente entra na nuvem e provoca a evaporação das gotas de chuva. A evaporação é um processo que "rouba" calor, resfriando o ar ao redor muito rapidamente.

O ar frio, por sua vez, é mais denso e pesado que o ar quente. Então essa "bolha" de ar frio e pesado despenca em direção ao solo em alta velocidade, formando uma corrente descendente (conhecida como downdraft). Ao atingir o solo, essa coluna de ar não tem para onde ir a não ser para os lados. Ela se espalha violentamente em todas as direções, como a água de um balão que estoura no chão, gerando ventos horizontais devastadores.

Grammelsbacher completa ainda dizendo que a destruição pode ser "linha reta ou em formato de estrela". Objetos são empurrados e derrubados em uma direção, a partir de um ponto central.

A explicação vai ao encontro do relato e dos estudos feito pelo órgão, onde a cidade foi atingida por fortes ventos, com rajadas de até 99 km/h, segundo a Defesa Civil. A força do vendaval destruiu o telhado da unidade fabril, que fica às margens da Rodovia Marechal Rondon. Pedaços da estrutura foram encontrados a mais de 6 km de distância.

O meteorologista detalha que esse fenômeno é "muitas vezes invisível e associado a uma cortina de chuva intensa ou poeira que se espalha rapidamente no solo". Já a duração é curta, de 5 a 15 minutos, mas pode impactar uma área de até 4 km de diâmetro.

Grammelsbacher faz outro adendo. "São ventos horizontais extremamente fortes e súbitos, especialmente perigosos para a aviação durante pousos e decolagens", alerta.

 Não era tornado?

A informação inicial era que a região da fábrica de Porto Feliz (SP) tivesse sido atingida por um tornado. "Embora ambos sejam fenômenos meteorológicos são classificados com tempestade severa e capazes de causar grande destruição, a microexplosão atmosférica e o tornado são fundamentalmente diferentes em sua formação, estrutura e no tipo de dano que provocam", explica o meteorologista da Defesa Civil.

A principal diferença, de forma resumida, está na direção do vento. A microcroexplosão é "uma corrente de ar descendente extremamente forte que se choca contra o solo e se espalha em todas as direções. Os ventos são em linha reta e para fora (divergentes)". Já o tornado "é uma coluna de ar em rotação violenta que se estende de uma nuvem de tempestade até o solo. Os ventos são rotacionais e para dentro/cima (convergentes).

Grammelsbacher ensina ainda que o movimento do vento de um tornado é ascendente e rotacional - ou seja, para cima e em círculo. A aparência visual é de funil visível saindo da base das nuvens e estendendo-se até o chão. O tornados geralmente deixam um "rastro de destruição caótico e convergente, com objetos torcidos, arrancados e arremessados em múltiplas direções".

O que aconteceu

Segundo a Toyota, a chuva de segunda-feira  (25/09) causou estragos consideráveis na fábrica de motores em Porto Feliz. Imagens divulgadas por funcionários mostram o local alagado, com o teto da estrutura arrancado pelos fortes ventos.

A marca afirmou que o incidente em Porto Feliz afetou a produção da Toyota em Sorocaba e Indaiatuba, onde será fabricado o Yaris Cross e também são produzidos outros modelos da marca, como Corolla e Corolla Cross, além do Yaris comercializado para exportação. Ao todo são cerca de 6.700 funcionários nas três fábricas.

A Toyota informa, ainda, que, "em uma primeira análise, a retomada da planta de motores deverá levar meses" e "está buscando alternativas de fornecimento de motores junto a unidades [da empresa] em outros países, com o objetivo de retomar a produção de veículos nas plantas de Sorocaba e Indaiatuba".

O lançamento do Yaris Cross estava programado para o fim de outubro. A Toyota afirma que uma nova data será comunicada em breve.

Devido aos estragos, a fábrica de Porto Feliz foi isolada para vistoria da Defesa Civil. A montadora informou que não há prazo para retomada das atividades.

A unidade emprega cerca de 700 pessoas e produz mais de 100 mil motores por ano, incluindo variantes híbridas flex.

TOYOTA VÊ DESAFIOS PARA RECONSTRUIR FÁBRICA

A fábrica de motores da marca japonesa no interior de São Paulo foi inaugurada em 2016 ao custo de R$ 580 milhões e com capacidade para produzir 170 mil motores por ano. À época, produzia os propulsores 1.3 e 1.5 aspirados para o compacto Etios, vendido no Brasil e Argentina, além de Peru e Uruguai - depois usada na gama do Yaris, descontinuado no Brasil e que seguia sendo produzido em Sorocaba para exportação.

Anos depois, Porto Feliz recebeu outro aporte, dessa vez de R$ 600 milhões, para a produção do 2.0 Dynamic Force aspirado e bicombustível que atualmente equipa a linha Corolla - esse motor será importado de outras fábricas da Toyota para a produção das versões convencionais a partir de janeiro do ano que vem.

RETORNO AS ATIVIDADES

A Toyota retomará gradualmente a produção no Brasil após a tempestade destruir sua fábrica de motores, afetando significativamente a estrutura.

A reconstrução da fábrica está prevista para 2026, e o seguro cobrirá os custos das obras, incluindo recuperação de danos materiais e maquinário afetado.

Desafios incluem reposição de maquinário importado, que pode atrasar devido à necessidade de encomenda e transporte internacional

QUANTO VAI CUSTAR RECONSTRUÇÃO?

Por fim, Orlandini diz que é difícil estimar o prejuízo e os valores para reconstruir a planta destruída. O montante de mais de R$ 1 bilhão gasto na construção e expansão há dez anos, hoje custaria ao menos o dobro para construir novamente, de acordo com as correções monetárias vigentes. Fontes: UOL 26/09/2025; UOL 07/10/2025  

Marcadores: , ,

posted by ACCA@5:54 PM