Memória: Petroleiro explode em S. Sebastião
O petroleiro
Alina P. chegou ao Terminal Almirante Barroso (Tebar), dia 23 de dezembro de
1991, carregando 47 mil toneladas de óleo cru, procedentes do poço de Piraúna,
na Bacia de Campos (RJ). O navio concluiu a operação de descarregamento em 30
de dezembro de 1991, às 14h 10.
Depois
de desatracar, às 19 horas, rumou para a entrada sul do canal de São Sebastião,
onde permaneceria ancorado. Às 20h10, no momento da ancoragem, a 7,5
quilômetros do píer de Tebar, próximo à praia de Baraqueçaba, em São Sebastião
(215 km a leste de São Paulo), no local conhecido como Ponta do Guaecá, uma
violenta explosão em um dos 15 tanques de compartimento de carga deu início ao
incêndio.
INCÊNDIO
Seis
rebocadores da Petrobrás foram ao local para apagar o incêndio. Até as 23 h , o
navio estava com a popa submersa.
RELATO
DE TESTEMUNHAS - CHAMAS ATINGIRAM DUAS VEZES A ALTURA DO NAVIO
A
explosão do petroleiro "Alina P" foi notada até em Parati, cidade
litorânea do Rio de Janeiro que fica a 155 km de São Sebastião, onde turistas
afirmaram ter visto um clarão no momento do acidente. Na praia de Junquei (50
km ao sul de São Sebastião), foi visto um clarão no céu e se ouviu um estrondo.
Em
Ilhabela (7 km leste de São Sebastião),
o gerente do Hotel Itapemar, declarou que viu as labaredas atingiram duas vezes
a altura do navio. Segundo o gerente, que observou o acidente com um binóculo,
o navio estava tão próximo do continente
que as chamas iluminavam as casas da praia de Baraqueçaba.
O
publicitário Carlos Castelo Branco, disse, que estava em sua casa a cerca de
100 m da praia da Baraqueçaba (local do acidente), quando ouviu um "enorme
explosão que vinha da praia". Segundo ele, "foi um estrondo co¬mo o
estouro de um botijão de gás de cozinha."
A
população de São Sebastião comentava nas ruas da cidade que o acidente mais
parecia um terremoto, já que tudo tremia dentro das casas e parecia que tudo ia
desabar, conforme a psicóloga Yara Moraes. Segundo Yara, que estava na praia no
momento da explosão, "tudo começou com. pequenas explosões e, logo em
seguida, houve uma grande explosão". "Uma nuvem densa de fumaça preta
e labaredas altas apareciam no horizonte", afirmou.
A
estudante Alessandra Santos, em férias em Baraqueçaba, disse que, por volta das
20h10 min, ela e seus familiares ouviram um barulho "forte, co¬mo se fosse
um terremoto". Saí¬ram à sacada e viram gente correndo, pela rua, em
direção à praia. Quando chegaram, o petroleiro tinha explodido e estava
"virando para o lado". .
O
casal Vera e Roberto Mele, que está passando férias na praia de Maresias, disse
que ouviu um "estrondo forte" e depois viu uma "fumaça
preta" no céu.
VÍTIMAS
O
petroleiro, que opera na rota entre São Sebastião e a Bacia de Campos desde
1985, levava 24 tripulantes de
diferentes nacionalidades. Parte da tripulação foi lançada ao mar com a
explosão.
Segundo
o médico Marcelo Ferraz Coelho, do porto de São Sebastião, seis feridos foram internados na Santa Casa
de Misericórdia da cidade. Um deles em estado grave. Um tripulante morreu.
Na
Santa Casa, informava-se que oito tripulantes de¬ram entrada no hospital. As 23
h, quatro já haviam sido liberados. Os feridos sofreram queimaduras de primeiro
e segundo graus.
PETROLEIRO
O
Alina P. pode carregar 54.715 toneladas de óleo cru. Tem 224 metros de
comprimento e foi construído em 1975. Está fretado pela Petrobrás há cinco
anos.
NAVIO
NAUFRAGADO
O
navio está naufragado a profundidade de 300 metros e distante 5,5 km da costa.
CAUSAS
PROVÁVEIS
■ De acordo com técnicos
da Petrobrás, o acidente que destruiu o Alina P. pode ter sido causado pela
combustão de gases no compartimento de carga do navio. Mesmo depois de
descarregar, os petroleiros mantêm em seus porões borras de óleo cru e uma
variedade de gases combustíveis. O acidente poderia ter sido evitado se o navio
dispusesse de um sistema de injeção de gases inertes no compartimento. A
instalação de sistemas de segurança como esse é uma norma internacional de
navegação marítima desde 1988.
■ O acidente pode ter
sido provocado pelo atrito da corrente da âncora do navio com o casco, durante
manobras. Com o atrito, faíscas teriam atingido o porão do navio, onde havia
gás acumulado. De acordo com o Corpo de Bombeiros, essas informações foram
transmitidas pelo comandante do navio. Fontes: Folha de São Paulo e O Estado de
São Paulo de 31 de dezembro de 1991
Marcadores: Meio Ambiente, petróleo
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