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segunda-feira, maio 15, 2017

Memória: Petroleiro explode em S. Sebastião

O petroleiro Alina P. chegou ao Terminal Almirante Barroso (Tebar), dia 23 de dezembro de 1991, carregando 47 mil toneladas de óleo cru, procedentes do poço de Piraúna, na Bacia de Campos (RJ). O navio concluiu a operação de descarregamento em 30 de dezembro de 1991, às 14h 10.

Depois de desatracar, às 19 horas, rumou para a entrada sul do canal de São Sebastião, onde permaneceria ancorado. Às 20h10, no momento da ancoragem, a 7,5 quilômetros do píer de Tebar, próximo à praia de Baraqueçaba, em São Sebastião (215 km a leste de São Paulo), no local conhecido como Ponta do Guaecá, uma violenta explosão em um dos 15 tanques de compartimento de carga deu início ao incêndio.

INCÊNDIO
Seis rebocadores da Petrobrás foram ao local para apagar o incêndio. Até as 23 h , o navio estava com a popa submersa.

RELATO DE TESTEMUNHAS - CHAMAS ATINGIRAM DUAS VEZES A ALTURA DO NAVIO

A explosão do petroleiro "Alina P" foi notada até em Parati, cidade litorânea do Rio de Janeiro que fica a 155 km de São Sebastião, onde turistas afirmaram ter visto um clarão no momento do acidente. Na praia de Junquei (50 km ao sul de São Sebastião), foi visto um clarão no céu e se ouviu um estrondo.

Em Ilhabela  (7 km leste de São Sebastião), o gerente do Hotel Itapemar, declarou que viu as labaredas atingiram duas vezes a altura do navio. Segundo o gerente, que observou o acidente com um binóculo, o  navio estava tão próximo do continente que as chamas iluminavam as casas da praia de Baraqueçaba.

O publicitário Carlos Castelo Branco, disse, que estava em sua casa a cerca de 100 m da praia da Baraqueçaba (local do acidente), quando ouviu um "enorme explosão que vinha da praia". Segundo ele, "foi um estrondo co¬mo o estouro de um botijão de gás de cozinha."

A população de São Sebastião comentava nas ruas da cidade que o acidente mais parecia um terremoto, já que tudo tremia dentro das casas e parecia que tudo ia desabar, conforme a psicóloga Yara Moraes. Segundo Yara, que estava na praia no momento da explosão, "tudo começou com. pequenas explosões e, logo em seguida, houve uma grande explosão". "Uma nuvem densa de fumaça preta e labaredas altas apareciam no horizonte", afirmou.

A estudante Alessandra Santos, em férias em Baraqueçaba, disse que, por volta das 20h10 min, ela e seus familiares ouviram um barulho "forte, co¬mo se fosse um terremoto". Saí¬ram à sacada e viram gente correndo, pela rua, em direção à praia. Quando chegaram, o petroleiro tinha explodido e estava "virando para o lado". .

O casal Vera e Roberto Mele, que está passando férias na praia de Maresias, disse que ouviu um "estrondo forte" e depois viu uma "fumaça preta" no céu.

VÍTIMAS
O petroleiro, que opera na rota entre São Sebastião e a Bacia de Campos desde 1985,  levava 24 tripulantes de diferentes nacionalidades. Parte da tripulação foi lançada ao mar com a explosão.
Segundo o médico Marcelo Ferraz Coelho, do porto de São Sebastião,  seis feridos foram internados na Santa Casa de Misericórdia da cidade. Um deles em estado grave. Um tripulante morreu.
Na Santa Casa, informava-se que oito tripulantes de¬ram entrada no hospital. As 23 h, quatro já haviam sido liberados. Os feridos sofreram queimaduras de primeiro e segundo graus.

PETROLEIRO
O Alina P. pode carregar 54.715 toneladas de óleo cru. Tem 224 metros de comprimento e foi construído em 1975. Está fretado pela Petrobrás há cinco anos.

NAVIO NAUFRAGADO
O navio está naufragado a profundidade de 300 metros e distante 5,5 km da costa.

CAUSAS PROVÁVEIS
De acordo com técnicos da Petrobrás, o acidente que destruiu o Alina P. pode ter sido causado pela combustão de gases no compartimento de carga do navio. Mesmo depois de descarregar, os petroleiros mantêm em seus porões borras de óleo cru e uma variedade de gases combustíveis. O acidente poderia ter sido evitado se o navio dispusesse de um sistema de injeção de gases inertes no compartimento. A instalação de sistemas de segurança como esse é uma norma internacional de navegação marítima desde 1988.
O acidente pode ter sido provocado pelo atrito da corrente da âncora do navio com o casco, durante manobras. Com o atrito, faíscas teriam atingido o porão do navio, onde havia gás acumulado. De acordo com o Corpo de Bombeiros, essas informações foram transmitidas pelo comandante do navio. Fontes: Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo de 31 de dezembro de 1991

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posted by ACCA@7:00 AM