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segunda-feira, janeiro 05, 2015

Lembrança:Incêndio na fábrica de brinquedos Trol

Embora este incêndio é da década de 70, mas as dificuldades encontradas pelo Corpo de Bombeiros para combatê-lo são ainda atuais. As dificuldades encontradas na época, tais como; falta de ventilação, empilhamento excessivo de materiais inflamáveis, corredores estreitos, falta de acesso adequado, falta d’água; ainda persistem nas indústrias e servem de alerta.   

INTRODUÇÃO
As dificuldades de um incêndio nem sempre estão relacionadas somente com a sua extensão e o tipo de material que queima. Muitas vezes, pequenos incêndios são mais difíceis de se combater devido a outros aspectos que envolvem a questão, como por exemplo, pouco pessoal   para os trabalhos, equipamentos deficientes etc. Foi mais ou menos o que ocorreu neste incêndio que passamos a descrever, onde ao invés das dez horas gastas para combatê-lo, poder-se-ia controlá-lo em duas horas, se o tipo de construção e de armazenamento fossem outros.
No decorrer do artigo o leitor poderá ver quais as dificuldades encontradas e obter algumas informações que, talvez, possam ser úteis. Devemos lembrar que os nossos conhecimentos resultam do acúmulo de experiências adquiridas e, também, pelas informações relatadas por terceiros.

LOCALIZAÇÃO
São Bernardo do Campo, cidade industrial da região do ABC (SP), distante 14 km da cidade de São Paulo, apresentava no dia 14 de dezembro de 1979 um movimento maior do que o normal, que é alto. Formavam-se nos postos de gasolina imensas filas, provocadas pela possibilidade de se faltar o combustível, além  do que boa parte de sua população de mais de 250 mil habitantes entrava no período de férias escolares e outro tanto percorria o comércio fazendo as compras de fim de ano.
O tempo, na manhã daquele dia estava encoberto sem estar fechado (havia sol), prenunciando chuvas para o final da tarde ou início da noite. A temperatura estava em torno de 20º C e um leve vento soprava de NE para SO. O bairro de Rudge Ramos, uma miscelânea de indústrias, estabelecimentos bancários, prédios escolares etc, uma espécie de cartão de visitas da cidade, viria, naquele dia, a conhecer um movimento diferente do que estava habituado.
E bem verdade que, pelo fato de ser ao mesmo tempo divisa do município com Santo André, São Caetano do Sul e São Paulo, além do seu acesso através da Via Anchieta, é habitualmente movimentado. É em Rudge Ramos que se localiza, também, o prédio sinistrado e objeto desta análise.

CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS
O prédio ocupado pela fábrica 2 da Trol S/A., localiza-se a rua Anchieta, dando frente, ainda, para a rua Maurício   Jacquei e Rua Londrina. A construção é de alvenaria, a área total é de 6.500 m2
Em termos de disposição de pavimentos apresentam, conjuntamente, áreas de um só pavimento, áreas de 2 pavimentos e áreas de 3 pavimentos. A parte atingida pelo incêndio foi o armazém, em seu pavimento superior.
O pavimento térreo do armazém comunica-se com todos os demais setores da indústria, porém o acesso ao pavimento superior é feito ou por uma escada que liga ao pavimento inferior ou por uma rampa que o liga a uma ala de fabricação.
Em termos de aberturas, tinha vitrôs na ala sul, somente, sendo que, na frente para a rua  Mauricio Jacquei (ala norte) existiam pequenas janelas de esquadria de alumínio. Estas janelas estavam trancadas e algumas dispunham de telas chumbadas para evitar roubo de materiais. As que não possuíam telas apresentavam, no interior do prédio, material empilhado. O piso era de concreto, o teto uma laje de concreto, com coberturas de cimento amianto.

ARMAZÉM: CONTEÚDO E EQUIPAMENTOS CONTRA INCÊNDIO   
Toda a área sinistrada e as demais da indústria eram protegidas por hidrante e extintores. O material era armazenado em prateleiras de madeira que iam quase até o teto. Nas prateleiras  eram colocados recipientes de alumínio ou plástico, nos quais eram guardados os brinquedos de plásticos, embalados em papelão ondulado. A saída do material para a expedição se fazia por um deslizador e um montacargas, dependendo de seu volume. O empilhamento era feito manualmente.

O INCÊNDIO
Relatam os funcionários que o incêndio foi detectado por ocasião do término do horário do almoço  ou muito próximo dele (há controvérsias), ocasião em que ninguém se encontrava no local. Isto provavelmente determinou uma demora em se descobrir o fogo e, mesmo depois de descoberto, não houve qualquer tentativa de combate por parte dos funcionários. Relatam  também que o calor e a fumaça já dificultavam estes serviços.
Não restam dúvidas, no entanto, de que o incêndio, quando descoberto, já estava em fase adiantada de desenvolvimento. Todos são unânimes em afirmar.

OS BOMBEIROS
As 12 h 11 min. o Centro de Comunicação do 8o Grupamento de Incêndio recebeu um chamado feito por Joana Goltara, relatando que estava ocorrendo um incêndio de grandes proporções no prédio da Trol S/A. De imediato, foram despachadas para o local 4 viaturas, com horário de saída impresso às 12h 12min  (8o GI controla suas ocorrências com relógio datador).
As viaturas, 2 auto bombas, uma jamanta de transporte de água e um auto Oficial de Área apresentam as seguintes características:
■ auto bomba de 1250 GPM (4.730 litros por minuto), com tanque de 5000 l;
■ auto bomba de 500 GPM (1.890 litros por minuto) com tanque de 1.700 l,
■ jamanta, com tanque de 15.000 l e bomba auxiliar de 500 GPM (1.890 litros por min);
■ auto oficial de Área, com bomba de alta pressão (700 psi, 40 GPM, 150 litros por min) e tanque de 1.500 l.
As 12 h 18 min. o Auto Oficial de Área e as duas bombas chegaram ao local; dois minutos depois (12h 20min) chegou a jamanta. As 12 h 21min, chegava ao local outros três oficiais. Eram, no conjunto, 4 oficiais e 17 homens.

DE INICIO OS OFICIAIS CONSTATARAM:
■ grande  quantidade  de  fumaça tomava todo o andar superior, inclusive difundindo-se para todo o quarteirão e envolvendo as residências vizinhas;
■ não havia  chama visível;
■ a situação era normal no pavimento térreo;
■ presumia-se um processo de combustão incompleta, devido a grande quantidade de fumaça negra;
■ não existiam acessos ao prédio pelo exterior, uma vez que as janelas localizadas na frente da rua Mauricio Jacquei estavam gradeadas e os vitrôs, nos fundos do prédio eram inatingíveis, pois situavam-se acima do telhado (de cimento amianto) da área de manufatura;
■ os possíveis ataques poderiam ser feitos somente pelos dois acessos internos ou pelo telhado, com plataforma aérea, pois ainda não sabiam ser o forro de laje;
■ no reconhecimento pelo interior, através dos dois acessos, munidos de aparelhos autônomos,
■ constatou-se. que o foco principal localizava-se aproximadamente entre um triangulo imaginário cujos vértices seriam o deslizador de mercadorias, a escada e o centro do pavimento; havia outro foco, aparentemente, entre a área central e o acesso pela rampa. (a avaliação foi prejudicada pelo intenso calor, grande quantidade de fumaça, disposição e altura das prateleiras); e,
■ constatou-se, finalmente, que o combate através de jatos d'água dificilmente atingiria o foco de incêndio.

LINA DE ATAQUE
■ iniciar um ataque pelo interior utilizando-se o acesso 2, com uma linha adutora de 2 ½” (63 mm) e 2 linhas de ataque de 1 ½” (38 mm); e,
■ pelo acesso 1, fazer a projeção da água no teto do prédio com mangueira de 63 mm da própria rede do prédio, visando fazer com que a água refletisse e caísse sobre a área de fogo, até que se armassem linhas de 38 mm, de maior  flexibilidade.

O PLANO DE AÇÃO ADOTADO:
■ no primeiro tipo de ataque pretendia-se extinguir o foco principal do fogo, com certo grau de risco, pois os homens precisariam caminhar entre as prateleiras e,
■ no segundo, visava-se reduzir o calor ambiente a níveis mais suportáveis.

REFORÇO DE PESSOAL
Contudo, vislumbraram  também a necessidade de reforço de pessoal para que trabalhassem na remoção do estoque não inflamado e que impedia o acesso ao fogo e reforço de água, para que os trabalhos não sofressem, em algum momento,  solução de continuidade.
A partir dessa decisão começaram a chegar, gradativamente, viaturas dos destacamentos de São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano do Sul e de São Paulo No final, havia, a todo, 22 viaturas e 71 homens. Compareceram, ainda, 4 carros pipa da Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo.

CENÁRIO DA OPERAÇÃO
Enquanto era executado o plano de ação, uma equipe de bombeiros, com escadas prolongáveis, malhos e corta a frio, procurava abrir as janelas gradeadas da Rua Mauricio Jacquei. A finalidade era ventilar o ambiente e usar essas janelas como ponto de entrada para o interior do prédio, já que as equipes que se encontravam atacando pelos acessos 1 e 2 não conseguiram evoluir mais do que 4 ou 5 metros.
Surgiram outras dificuldades; as prateleiras de madeira começavam a desabar, na medida em que eram atingidas pelas chamas. Contudo, as grades colocadas para se evitar roubos impediram o intento dos bombeiros. Não foi possível cortá-las.
Essas dificuldades sugeriam apenas um recurso extremo, que ainda não se pretendia adotar: arrombar as paredes do prédio. Nesta fase estavam sendo realizadas as atividades táticas seguintes:
■ mantinham-se  o ataque pelo acesso 2, acrescido agora de mais 2 linhas de 38 mm;
■ a linha de 63 mm que estava no acesso 1 tinha sido substituída por duas linhas de 38 mm;
■ dois canhões monitores resfriavam as paredes da rua Maurício Jacquei e dos fundos da indústria (ala oeste), que apresentavam rachaduras;
■ o canhão monitor da plataforma aérea resfriava as colunas da caixa d' água, pois elas atravessavam a área em queima, suspeitando-se que pudesse vir a desabar;
■ duas linhas de 38 mm isolavam a ala sul do pavimento (e que possui vitrôs abertos) das áreas restantes; e,
■ uma linha de 38 mm estava situada no final do deslizador de mercadorias, para extinguir pequenos focos de fogo existentes nos blocos de material que por ele deslizavam.

DIFICULDADE NA PENETRAÇÃO
Enquanto isso, os bombeiros não estavam alcançando progressos, pois as linhas que procuravam atacar pelo interior não conseguiam avançar. O calor intenso, a fumaça negra e tóxica, os aparelhos autônomos cujos visores se impregnavam rapidamente da fuligem e as prateleiras que continuavam a ruir, determinavam tal impossibilidade.
Pelo mesmo motivo, a linha de homens  que trabalhava na remoção do material teve que ser desativada. Era uma luta desigual, pois a água não conseguia atingir os focos de chamas e brasas, contida que era pelas pilhas de mercadorias, e o calor aumentava cada vez mais; não havia ventilação e a fumaça mais se acumulava; mais e mais gases tóxicos estavam sendo liberados.

DECISÃO: VENTILAR A EDIFICAÇÃO
Finalmente, por volta das 16h 15 min., o comandante reuniu-se com seus oficiais e deliberou considerar o conteúdo do pavimento como perdido, bem como parte de sua construção, pelas rachaduras que apresentava. Essa decisão permitia evoluir as operações para o desenlace, além do que garantiria segurança para o restante da edificação. Foram escolhidos dois pontos de parede (ver figura) para aberturas de ventilação e entrada. Tomou-se o cuidado de se¬lecionar pontos já comprometidos por rachaduras e opostos um ao outro, para que o vento tivesse um canal de circulação. Com a plataforma aérea, dois bombeiros fizeram a primeira abertura.
O volume de fumaça negra que começou a sair confirmou o acerto da decisão, pois, nessa altura dos acontecimentos, a combustão ainda continuava incompleta, com calor acumulado de forma assustadora, pondo em risco a estrutura do prédio.
Partiu-se para a segunda abertura, a que asseguraria a entrada de ar fresco; esperava-se que o ponto selecionado na parede ruiria de um momento para outro. Com isso foram tomados maiores cuidados de segurança, e, por volta de 17h 15 min., a abertura foi obtida, com desabamento parcial da parede (confirmando as previsões) de cerca de 12 m2. Estava decidida a ocorrência.
Labaredas surgiram-se, bem localizadas, fazendo com que a extinção se consumasse em curto espaço de tempo. Depois, foi possível a entrada de linhas manuais para atingir os focos remanescentes. As 22h, o incêndio foi dado como extinto e iniciavam-se as operações de rescaldo.

ABASTECIMENTO
Esse aspecto delicado para as operações  de combate a incêndios não chegou a preocupar. Na primeira fase dos trabalhos foram utilizados, como fonte de abastecimento, os tanques das próprias viaturas, a jamanta de água, dois hidrantes da rede urbana (com cerca de 0,5 kg de pressão), a reserva da indústria vizinha.
Com a chegada de mais duas jamantas dos bombeiros e dos carros pipa da Prefeitura, montou-se um sistema de abastecimento conhecido como pêndulo. Os bombeiros instalaram dois tanques plásticos de 5 mil litros, tipo Sansuy, que passaram a funcionar como pulmão de abastecimento.
Duas bombas, uma de 1250 GPM (4.730 l/min.) e outra de 1000 GPM (3.750 l/min.), trabalhavam em sucção alimentando as linhas dispostas e os carros d'água abasteciam aqueles tanques. Foi um sistema que resolveu o problema e garantiu o trânsito fácil dos veículos. Calcula-se que foram gastos nos trabalhos de isolamento, resfriamento e extinção cerca de 6 mil m3 de água.

DISCUSSÃO: PERGUNTAS E RESPOSTAS
A causa do incêndio não é de fácil identificação, contudo, com grande possibilidade de erro, podemos sugerir que esse incêndio, pelo volume de fumaça existente e pelo grande acúmulo de calor gerado, não pode ter iniciado no intervalo de almoço e provocado por uma ponta de cigarro ou um  pequeno curto circuito (a propagação do incêndio é lenta).
Devemos nos inclinar para a hipótese de que o incêndio se originou muito antes. Considerando que o armazém estava com empilhamento excessivo, entende-se que havia pouco ou nenhum trânsito de pessoas, determinando, então que o alarme fosse dado somente depois de muito tempo de queima.

EMPILHAMENTO EXCESSIVO
O prédio tinha boas condições estruturais. Porém seu conteúdo estava mal distribuído. As prateleiras de madeira atingiam uma altura muito próxima do teto.

CORREDORES ESTREITOS
Os corredores entre as prateleiras eram muito apertados (60 a 80 cm) e em numero insuficientes; considerando os dois acessos, a disposição linear das prateleiras e dos corredores estavam errados; não haviam corredores entre as prateleiras e as paredes.

ARRANJO FÍSICO DO DEPÓSITO
Notou-se, claramente, que não havia qualquer preocupação em se dimensionar o estoque para a área que o armazenava. Qualquer depósito de produto acabado e que contenha material facilmente combustível (no caso, madeira, plástico, papelão) deve ser organizado a partir de um conceito de segurança, tais como;
■ limitação de altura do empilhamento
■ corredores amplos e desobstruídos
■ afastamento das paredes

EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA
Há necessidade de se respeitar às normas de segurança, tais como;
■ instalar alarmes automáticos,
■ iluminação de emergência,
■ sistema de ventilação exaustão etc.
Estas duas últimas, particularmente, teriam sido de extrema validade para os bombeiros.

AÇÃO DO CORPO DE BOMBEIROS
Quanto à ação dos bombeiros vale destacar uma contradição nas opções de ataque que acabou refletindo em todo curso das operações.
Deveria ter ocorrido de imediato, uma escolha sobre o método adotar:
■ ataque indireto, desprezando-se a necessidade da ventilação ou,
■ ataque direto

ATAQUE INDIRETO
A ação mais indicada era a utilização de um dos acessos para projetar água bem fragmentada no interior do prédio, reservando o outro para a saída de fumaça, gases quentes e vapor d'água.

ATAQUE DIRETO
Optando se pelo ataque direto, existiam duas formas de atuação:
■ a primeira seria a instalação de exaustores, que contribuiriam para reduzir o nível de fumaça e gases quentes (e, em consequência, do calor);
■ a segunda seria a execução de aberturas nas paredes logo de inicio.
Não se pode, no entanto, em razão da contradição apontada, afirmar que os trabalhos foram errados. Apenas foram mais demorados. No final, quando se optou pelo ataque direto, o saldo de desgaste emocional, físico e de água poderia ter sido menor se o fato ocorresse duas ou três horas antes. As demais operações foram boas e, nem sempre, observadas em outras ocorrências.

FLEXIBILIDADE NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA
O abastecimento, com a utilização de tanques pulmões, é uma lição que não pode ser desprezada por bombeiros que lutam com a falta d'água.

SELEÇÃO DE ABERTURAS E DE ISOLAMENTO DE ÁREAS
A seleção de pontos de abertura, de forma a não por em risco as exposições, foi correto; e, o isolamento das demais dependências superou as necessidades.

REFORÇO: PESSOAL E VIATURA
Um erro, até certo ponto frequente e desculpável, está no excessivo número de viaturas deslocadas para o teatro de operações. A rigor, duas bombas de 1000 GPM (que atenderiam as necessidades de água, se houvesse abastecimento conveniente pela rede pública) seriam os equipamentos imprescindíveis nessa ocorrência.
Mas, a falta de pessoal suficiente exigiu o deslocamento de grande número de viaturas que, na verdade, serviram apenas como transporte de pessoal; a falta de água e de hidrantes exigiu o deslocamento, também, de várias viaturas, tudo resultando no seu elevado número.
Essa conduta, errada conforme já foi mencionada, é desculpável  porque é provocada por fatores sobre os quais os bombeiros não têm controle. O fato de possuírem  uma média de 3,2 homens por viatura (média  extraída dos números desta ocorrência) é quase crônico e também a falta de água na rede de hidrantes.

CONCLUSÃO:
O relato desta ocorrência visou tão somente, mostrar uma experiência vivida por um grupo de bombeiros e que pode contribuir para enriquecer o acervo de todos os profissionais que, na indústria ou na área governamental, podem vir a enfrentar ocorrência semelhante.  As citações sobre as condições de segurança do edifício onde se deu o incêndio, sobre a rede de hidrantes e sobre o efetivo dos bombeiros, bem como sobre as contradições na opção dos bombeiros, são meras constatações, para demonstrar as dificuldades que foram encontradas durante o combate contra o incêndio.
Fonte: Os autores desta análise foram Capitão Alfonso Antonio Gill e Armando de Albuquerque, que na época eram oficiais do 8o Grupamento de Incêndio, do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, que participaram das operações   do combate ao incêndio ocorrido na Trol S/A. Indústria e Comercio, em São  Bernardo do Campo.

Comentário: Dados complementares obtidos no jornal da época, Folha de São Paulo.
O incêndio começou por volta das 12 horas, quando quase todos 600 funcionários já haviam saído para o almoço.
O incêndio teve inicio no pavimento superior da unidade 2 e cerca 10 min. depois os bombeiros chegaram ao local. O fogo no interior do prédio atingiu 800º C e uma fumaça altamente tóxica  dificultou a entrada dos bombeiros no prédio.
Uma área de cerca de 600 m2 foi toda tomada pelo fogo e a ausência de janelas laterais e entradas prejudicou o trabalho dos bombeiros. O incêndio destruiu toda área de montagem e depósito de produtos acabados.
Foram encaminhados ao local,  três ambulâncias, um médico e um enfermeiro. No início do incêndio, algumas pessoas, ainda se encontravam no prédio e os funcionários da segurança tentaram apagar o fogo, que se alastrou por todo o prédio, com extintores. Alguns desses funcionários acabaram se intoxicando e foram levados para o pronto-socorro Municipal de Rudge Ramos.
Foram medicados 44 pessoas com intoxicação, com alguns bombeiros. Um bombeiro ficou ferido no rosto e no braço.

Problemas que continuam ocorrer nas fábricas atualmente:
■ empilhamento excessivo
■ corredores estreitos com obstáculos
■ uso de prateleiras até as paredes (falta de corredores entre as prateleiras e paredes)
■ carga de incêndio elevada ( concentração excessiva de mercadorias, principalmente  combustíveis)
■ falta de alarme automático,
■ falta de iluminação de emergência,
■ falta de ventilação de exaustão  

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posted by ACCA@9:00 AM

2 Comments:

At 4:47 PM, Blogger Edu said...

Era criança e morava pertinho da fábrica quando pegou fogo, lembro dos brinquedos que foram jogados fora para a alegria total da molecada, alguns um pouco queimados, outros em perfeito estado...no meio da tristeza uma festa...

 
At 1:50 PM, Blogger Ricardo Barbosa said...

Eu tb estava lá. Tenho exatamente essa lembrança.

 

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