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quinta-feira, julho 09, 2009

Lixo da Inglaterra para o Brasil

Mapa: Portos: Rota marítima do mercado de lixo tóxico

Rio Grande do Sul e São Paulo entraram no roteiro de importação de lixo internacional. Da Inglaterra veio 64 contêineres carregados com quase 1.200 toneladas de lixo industrial, tóxico e domiciliar. Os destinos no Brasil foram; Porto de Rio Grande, Rio Grande do Sul e Porto de Santos, São Paulo

Dos 64 conteineres , 40 foram desembarcados e retidos no porto do Rio Grande (RS), 8 foram no porto seco (aduana) de Caxias do Sul (RS) e 16 no porto de Santos (SP).

A carga foi importada por uma empresa de Bento Gonçalves e chegou descrita como polímeros de etileno para reciclagem.

No interior dos contêineres foram encontrados;
■ banheiros químicos prensados,
■ camisinhas, seringas,
■ cartela de remédios,
■ tambores
■ pilhas de bateria, entre outros,
■ além de material orgânico
■ brinquedos estragados

Conforme o chefe da Alfândega no porto Rio Grande, Marco Antônio Medeiros, a descrição da carga levava a crer que se tratasse de desperdício de indústria petroquímica que viria para reciclagem.

As 740 toneladas de lixo chegaram ao porto do Rio Grande no final de fevereiro de 2009 até o final de maio, em oito embarques diferentes, com uma média de cinco contêineres em cada embarque.

E foi descoberta pela Receita Federal a partir de uma denúncia anônima de irregularidade em uma carga deste tipo. Fiscais da Alfândega que fazem análise de risco passaram a procurar no sistema e descobriram qual era a importação.

Investigação
A carga partiu do porto de Felixstowe, um dos maiores do Reino Unido. Antes de chegar ao Brasil, o navio passou pelo porto de Antuérpia, na Bélgica. As investigações apontam que o lixo foi enviado por uma exportadora inglesa.
A carga entrou no país como se tivesse sido importada por duas empresas de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul. Mas o produto encomendado seria um plástico usado na fabricação de telhas. As empresas efetivamente não compraram aquilo que está nos contêineres. A documentação toda está em dia, está perfeita, porém o que não está perfeita é a mercadoria que está dentro do contêiner, afirmou a advogada das empresas, Silvana Werner.

Lixo retido
■ No porto seco em Caxias do Sul, chegaram quase 150 toneladas de resíduos em oito contêineres. Por ordem do importador, a empresa que fez o transporte recolheu as caixas e descarregou o material no pátio, a céu aberto, junto de outras cargas. O lixo agora está sob a guarda da Receita Federal até que tudo seja removido
■ No Porto de Santos, foram 16 contêineres com 290 toneladas de lixo.
■ No Porto do Rio Grande foram 40 contêineres com 740 toneladas de lixo

Devolução do lixo ao pais de origem e multa
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou cinco empresas - duas importadoras e três transportadoras - em R$ 408 mil cada uma. O órgão pretende fazer com que as empresas devolvam o carregamento.
A carga terá que ser devolvida em dez dias ao país de origem no mesmo navio que a trouxe.
E queremos saber se houve importações anteriores desse lixo. Já foi aberto um processo administrativo e será aberta uma investigação criminal, já que a importação de lixo tóxico não pode ser feita sem autorização - afirmou Ana Angélica Alabarce, agente de fiscalização do Ibama de Santos.

Convenção de Brasiléia
Conforme Sandro Klippel, chefe do escritório regional do Ibama no Rio Grande do Sul, a convenção de Basiléia, da qual o Brasil e a Inglaterra são signatários, ficou acertado de que qualquer país pode proibir a entrada de lixo ou impor restrição ao ingresso de resíduos em seu território. E a Inglaterra não poderia deixar essa carga vir para cá.

Investigação policial
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o despejo de lixo nos portos brasileiros.

Fontes: Jornal Agora, Rio Grande, 29 de junho de 2009 e Globo Online, 08 de julho de 2009

Comentário
Enquanto os paises do primeiro mundo, geradores de lixo tóxico, discutem aquecimento global, degradação ambiental, eles indiretamente fazem negócios ilícitos ou fazem de conta não enxergam esse problema, que tornou um negocio ilícito altamente lucrativo. É uma forma de descarte do lixo para evitar problema ambiental no pais de origem para paises do terceiro mundo ou por meio de fraude. No ano de 2003, o tráfico de lixo rendeu bilhões de euros.
A Convenção da Basiléia proíbe a exportação de lixo tóxico dos países ricos para os países pobres e emergentes, mas é um negocio altamente lucrativo e também atende interesse do pais gerador do lixo como um meio de descarte de material a um custo baixo.

O mundo considerado civilizado e o lixo industrial
■ Em 1988, a Itália depositou dois mil barris de lixo radioativo em praias da Nigéria.
■ Em 1992 a Alemanha levou para a Romênia e a Albânia 350 toneladas de pesticidas velhos, porém foi forçada a recolhê-los depois que o caso se tornou público.
■ Em 19 de agosto de 2006, o navio Probo Koala desembarcou em Abidjan quase 400 toneladas de dejetos de refinaria, altamente tóxicos, distribuindo-as por nove depósitos de lixo da cidade de quatro milhões de habitantes. A embarcação pertence a uma empresa grega e trafega sob bandeira panamenha, porém fora fretada pela firma holandesa Trafigura. Após o escândalo, em outubro de 2006, o lixo volta para Europa, mais de 4500 toneladas de resíduos contaminados já foram retiradas de aterros sanitários em Abidjan, na Costa do Marfim. Material causou a morte de dez pessoas na cidade africana.
■ Lixo eletrônico. Aqui, as estratégias das empresas para encobrir a exportação ilegal são altamente criativas. Por exemplo, elas não declaram computadores obsoletos como lixo, mas sim com o fim de conserto ou reciclagem. "No porto de Hamburgo, há contêineres cheios de computadores não embalados, que certamente não estarão intactos ao serem descarregados", revela Michael Dreyer, da Sociedade de Cooperação Técnica (GTZ).
O lixo eletrônico é exportado sobretudo para a África Ocidental e a Ásia. "Na Nigéria, 85% dos componentes eletrônicos vindos do Oeste europeu ou da América do Norte acaba nos depósitos de lixo, onde são incinerados", acusa Andreas Bernstorff. Fonte: Deutsche Welle
■ Da Inglaterra pelo menos 23.000 toneladas métricas de resíduos de componentes clandestino ou sem marca foram ilegalmente transferidos em 2003 para o Sudeste Asiático, Índia, África e China, diz o relatório de Greenpeace.
■ Nos Estados Unidos, o Silicon Valley Toxic Coalition (SVTC), em grupo ambientalista contra a exportação de resíduos eletrônicos, estima que 50-80 por cento dos resíduos eletrônicos recolhidos para reciclagem está sendo exportado para os países em desenvolvimento.
■ No seu relatório "Exportando danos - lixeira de alta tecnologia da Ásia, lançado em 2002, o SVTC estima que entre 1997 e 2007, cerca de 500 milhões de computadores usados, em que se tornaram obsoletos nos EUA, lideraram na produção de mais de 600.000 toneladas de resíduos tóxicos, incluindo plásticos, chumbo, cádmio, cromo e mercúrio.

Vídeo:



Vídeo:
Mostra o comércio de lixo eletrônico na China. As pessoas manipulam metais, fiação, plásticos sem proteção. Queimam plásticos e inalam substancias tóxicas e corrosivas.

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posted by ACCA@4:59 PM

1 Comments:

At 6:09 PM, Blogger Paloma said...

Nossa isso é um absurdo, os outros países internacionais acham que só por que o Brasil não fala a língua igual a deles eles acham que podem transformar o Brasil num lixão?

 

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