Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia
terça-feira, novembro 29, 2016
Irregularidades interdita a plataforma P-51
Auditores fiscais do Trabalho interditaram parcialmente
nesta sexta (25) a plataforma P 51 da Petrobrás. A ação fez parte da Operação
Ouro Negro, coordenada pelo Ministério Público do Trabalho e com participação
do Ministério do Trabalho, Marinha do Brasil, Ibama e Agência Nacional do
Petróleo (ANP), que há quatro anos realizam fiscalizações periódicas em
plataformas de petróleo e gás.
O grupo estava há uma semana verificando
documentos e as instalações do local, onde foram constatados problemas que colocavam
em risco a segurança dos trabalhadores.
BACIA CAMPOS
A P-51 fica localizada na Bacia de Campos, litoral Norte
Fluminense, a 120 quilômetros da costa.
Segundo Auditores a P-51 constataram diversas irregularidades;
■em instalações elétricas,
■nos espaços confinados,
■em laboratórios e também em áreas de armazenagem de
material inflamável, além de outras irregularidades.
■Além disso, alguns equipamentos não obedeciam às normas
legais de segurança, e havia ambientes com presença de ácido sulfídrico “acima
dos níveis suportáveis”, o que pode causar intoxicação ou, até mesmo, morte.
PRODUÇÃO PARALISADA,
O Coordenador Regional de Inspeção do Trabalho Portuário e
Aquaviário do Ministério do Trabalho no Rio de Janeiro, Mauro Costa Cavalcante
Filho, explica que os fiscais interditaram apenas parte da plataforma. Mas como
os equipamentos, instrumentos e locais onde os serviços interditados são
fundamentais para a sua operação, a plataforma deve ter a produção paralisada,
e os trabalhadores não poderão ter acesso às áreas de processo, salvo para
sanar as irregularidades detectadas após adotar as medidas de segurança
necessárias à manutenção da integridade física dos mesmos.
PERMANÊNCIA NA PLATAFORMA
Os trabalhadores, cerca de 190, podem permanecer na
plataforma durante a interdição, pois a suspensão das operações já elimina os
riscos. Entretanto, eles só poderão retomar as atividades citadas no Termo de
Interdição, depois que a Petrobrás resolver todos os problemas de segurança. Fonte: Ministério do Trabalho - Assessoria de
Imprensa- Publicado: Sexta, 25 de Novembro de 2016
Vídeo
Localizada na Bacia de Campos, no campo de Marlim Sul, a
P-51 é uma plataforma semi‑submersível responsável pelo processamento do
petróleo extraído a mais de 3000 m de profundidade.
Lembrança: Explosão da plataforma P-36 na bacia de Campos
Três explosões, em cerca de 20 minutos, ocorridas na
madrugada do dia 15 de março de 2001 na plataforma P-36 da Petrobrás, na bacia
de Campos (norte fluminense), deixaram pelo menos um morto, um ferido grave e
nove desaparecidos. No momento do acidente, 175 pessoas trabalhavam na
plataforma, no campo de Roncador, a cerca de 125 quilômetros da costa, no
litoral de Macaé.
CRONOLOGIA DO INCIDENTE DA PLATAFORMA P-36
■ 15.03.2001 – 0 h 20 min - A primeira explosão
Por volta da 0h20, acontece uma explosão numa das colunas de
sustentação da P-36 As operações são
suspensas, e a brigada de emergência da plataforma, com 25 funcionários,
corre para o local e foram surpreendidos por uma segunda explosão.
■ 0 h 24 min - A segunda explosão
A 0h24, ocorre uma segunda explosão, mais forte do que a
primeira, que atinge 11 integrantes da brigada
■ 0 h 40 min - A terceira explosão
Dez a quinze minutos depois, acontece a terceira explosão
A EXPLOSÃO: PASSO A PASSO
■ Rompe-se o tanque de drenagem de emergência na coluna
■ Entram gases e água no tanque
■ Aumenta a pressão interna e o tanque se rompe
■ Os técnicos sentem um impacto aos 22 minutos do dia 15 de
março
■ No 4º piso, tubos, equipamentos e dispositivos eletrônicos
já estão danificados
■ No 4º piso já está alagado com água e óleo e há excesso de
gás
■ A P-36 inclina 2 graus em apenas 5 minutos
■ Rede de incêndio perde pressão
■ Brigada de emergência vai ao local
EXPLOSÃO ATINGE OS INTEGRANTES DA BRIGADA
■ No 4º piso, nível do gás aumenta muito e a mistura se
torna explosiva
■ Violenta explosão na área da coluna
■ Explosão atinge, em cheio, 11 integrantes da Brigada
■ Explosão avaria estrutura e equipamentos nos níveis
superiores da coluna
■ Começa a tentativa de resgatar os feridos
■ A P-36 perde mais estabilidade, inclinando-se
vertiginosamente
■ Ordem para abandonar a P-36 dada às 1h45
■ A P-36 abandonada às 6h
FIM: AFUNDAMENTO
■ No 4º piso totalmente alagado por conta do rompimento
completo do tubo de drenagem de emergência (TDE)
■ Salas de bombas, propulsores e injeção completamente
alagados
■ Tanques e válvulas, por não se ter conseguido fechá-las,
deram passagem à água
■ A P-36 se inclina progressivamente, fica em ângulo
irrecuperável e afunda
EVACUAÇÃO DA PLATAFORMA
Os empregados foram retirados e levados em embarcações para
uma outra plataforma (a P-47, um navio-cisterna que recebe a produção da P-36),
distante 12 km do local do acidente.
A retirada do pessoal foi lenta. Começou por volta das 3h30
e só terminou pela manhã, segundo relatou o superintendente da bacia de Campos,
Eduardo Bellot. Da P-47, foram levados de helicópteros para Macaé, centro
terrestre da produção de petróleo da bacia de Campos.
SEQÜÊNCIA DO RESGATE:
■ 12 navios são deslocados até a P-36. Um deles, "Fire
Fighter",joga água na plataforma para esfriá-la e acabar com focos de
incêndio
■ A P-36 inclina, num ângulo de 30 graus. Com o risco de
novas explosões, os navios se afastam e a tripulação não consegue subir à plataforma
■ Todos os sobreviventes e o funcionário ferido -165 pessoas
- são levados de barco para a plataforma P-47, a 12 km dali. São retirados inclusive os integrantes da brigada
de emergência, quando se constata que a P-36 está inclinado.
■ Da P-47,eles são
levados para Macaé em 15 vôos de
helicóptero
O resgate durou cerca de nove horas
O gerente de Exploração e Pesquisa Sul-Sudeste da Petrobrás,
Carlos Tadeu, informou que 20 embarcações (10 de apoio, 5 especiais e 5 de
combate ao incêndio) e 10 helicópteros estavam trabalhando no local.
CONSEQÜÊNCIAS DA EXPLOSÃO NA P-36
Com uma das quatro colunas de sustentação danificada, a
plataforma começou a adernar, com focos de incêndio persistindo por toda a
manhã do dia 15.03.01. Por volta do meio-dia, a plataforma havia atingido
inclinação de 30 graus, com grande de risco de afundar. A Petrobrás avalia que
só poderá retornar ao local se a P-36 permanecer estável ao menos por 18 horas.
Havendo estabilidade, técnicos que estão próximos do local
tentarão entrar na plataforma para verificar se há sobreviventes.
A empresa admite que há risco de vazamento de combustível.
Existem 1,2 milhão de litros de óleo diesel na plataforma, que é o combustível
usado para seu funcionamento. Além disso, há 300 mil litros de petróleo bruto
nos dutos entre os poços no fundo do mar e a P-36. Se vazar 1,5 milhão de
litros de diesel e petróleo, ambientalistas acham que é reduzido o risco de
dano ecológico.
Embora considere praticamente impossível a existência de
sobreviventes, a Petrobrás só reconhece um morto, oficialmente, porque foi essa
a constatação dos últimos integrantes da brigada de incêndio a deixar a
plataforma.
TESTEMUNHAS
De acordo com um dos sobreviventes, que não quis revelar seu
nome, após as explosões havia pedaços de corpos pendurados na P-36. Ele disse
também não ter dúvidas de que os colegas desaparecidos estão todos mortos..
ENGENHEIRO INGLÊS DIZ COMO ESCAPOU
"Nós fomos acordados com um estrondo enorme. Pensei que
um navio tinha batido na plataforma", disse o engenheiro elétrico inglês
Paul Raine, 44, que estava a bordo da P-36 na hora do acidente, com outro
inglês, também engenheiro, Andy Stayman, 42.
"Foi terrível, todo mundo correndo e gritando e ainda
tivemos de deixar para trás pessoas feridas", afirmou Raine. Os dois, que
trabalham para uma companhia inglesa, ficariam na plataforma até sábado (17.03.01) .
Raine afirmou que só teve tempo de vestir a roupa e sair
correndo. Ele e Stayman deixaram, cada um, US$ 300, além de roupas e os
passaportes na P-36.
Raine, que há 11 anos trabalha em plataformas, disse saber
que exerce uma profissão de alto risco e que acidentes fazem parte da vida
daqueles que trabalham com extração e processamento de petróleo. "Mas
também ganhamos muito dinheiro e é por isso que estamos lá todos os dias."
Ele disse ter vivenciado uma situação muito difícil logo
após a explosão, ao perceber que haveria feridos na P-36. "Estava
apavorado, queria sair logo dali, mas foi muito difícil deixar outras pessoas
para trás", afirmou.
Os dois voltariam para o Rio de Janeiro para providenciar
novos passaportes e poder voltar para a Inglaterra. "O que aconteceu foi
horrível, mas não vou deixar de trabalhar em plataformas por causa disso",
disse Raine.
VÍTIMAS
Um funcionário da
Petrobrás morreu, outro está em estado gravíssimo e nove estão desaparecidos,
mas são poucas as chances de encontrá-los com vida.
O corpo de um dos dez desaparecidos no acidente da
Plataforma P-36, da Bacia de Campos, foi resgatado no sábado. Trata-se do
mecânico Sérgio dos Santos Souza, de 34 anos, que fazia parte da brigada de
incêndio.
Um engenheiro e dois mergulhadores participaram da operação
que durou três horas, entre 10 e 13 horas. O corpo foi levado em helicóptero
para o Instituto Médico Legal (IML) de Macaé, onde foi identificado.
De acordo com o médico legista Ricardo Goulart Simões, a
morte foi causada por um impacto. Provavelmente ocorreu no momento da explosão
e não quando a água invadiu a coluna. “O corpo está mutilado e deformado”,
disse o delegado titular do distrito de Macaé, Antônio de Carvalho.
A chance de sobrevivência do operador de produção Sérgio
Santos Barbosa, 41, é mínima, segundo o chefe do CTQ (Centro de Tratamento de
Queimados) do Hospital da Força Aérea do Galeão, Marcos Aurélio Leiros.
Barbosa teve 98% do corpo queimado no acidente na P-36.
"Por nossa experiência clínica e conhecimento de literatura médica, a
chance de sobrevida do paciente com 98% da área corporal queimada é
mínima", disse Leiros. Segundo ele, só o pé esquerdo do operador não tem
queimadura de 2º e 3º graus.
Segundo Leiros, o recorde em recuperação de queimados no
mundo é de pacientes que tiveram até 90% da área corporal queimada.
O presidente da Petrobrás, disse que, caso o equipamento afunde com os
corpos, a Petrobrás vai se empenhar para que as famílias não tenham de esperar
os cinco anos exigidos por lei para obter os atestados de óbito.
MORRE 11ª VÍTIMA DO ACIDENTE
Morreu na manhã de quinta-feira (22.03.01), às 11h13, o
operário da Petrobrás Sérgio Santos Barbosa, 41, que estava internado desde
quinta-feira da semana passada (15.03.01)
com queimaduras em 98% do corpo.
Com a morte, sobe para 11 o número de vítimas fatais das
explosões na plataforma P-36.
TENTATIVA DE RESGATE DE FUNCIONÁRIOS
Devido ao mau tempo (quinta-feira e sexta-feira), a direção
da Petrobrás continua a afirmar que são muito remotas as chances de encontrar
com vida algum dos nove desaparecidos na tragédia. O coordenador do
Departamento de Apoio Comunitário da Defesa Civil do Estado, coronel Jorge
Lopes, foi além: segundo ele, não há mais esperanças de haver sobreviventes
entre os desaparecidos, todos pertencentes à brigada de incêndio da P-36.
"Essa esperança havia até quinta-feira", afirmou. O corpo do
funcionário não identificado continua dentro da plataforma.
TENTATIVA DE RESGATE DA P-36
A decisão de enviar mergulhadores para verificar a dimensão
dos estragos da explosão na estrutura da plataforma foi tomada de madrugada
(sexta-feira). Pela manhã, a operação foi tentada, sem sucesso, por causa de
movimentos bruscos e repentinos da P-36.
Os trancos fizeram com que os barcos da operação tivessem de
recuar. Contando com a torre de prospecção de petróleo, a plataforma alcança
uma altura de mais de 80 metros e, em caso de afundamento, criará um vácuo que
arrastará para o fundo todas as embarcações que estiverem à volta.
17.03.01 - Sábado
À tarde, os técnicos da empresa começaram a bombear
nitrogênio para dentro dos flutuadores da plataforma, na tentativa de expulsar
a água que invadiu aquelas áreas. O objetivo é fazer com que a plataforma
continue flutuando. No domingo será iniciada uma outra operação, de sucção dos
compartimentos alagados.
Equipes de três a cinco técnicos da Petrobrás estão se
revezando na plataforma P-36, examinando a forma de resgatar os corpos dos nove
trabalhadores que continuam desaparecidos.
Essas equipes também têm a função de preparar a área para o
trabalho de retirada da água e isolar os compartimentos da plataforma.
A plataforma mantinha até o final da tarde de sábado uma inclinação
de 24 graus, após afundar quatro metros. O processo de afundamento continuava,
porém em ritmo mais lento, o que animou os especialistas da Petrobrás. Nas
últimas 12 horas, afundou apenas 50 centímetros. Nas 12 horas anteriores ela
havia afundado dois metros e, antes, no mesmo espaço de tempo, 1,5 metro.
Esta mudança levou a direção da Petrobrás a determinar o
desembarque de técnicos na plataforma. No total, são trinta pessoas – entre
técnicos, engenheiros e mergulhadores – que se movimentam em barcos ao redor da
P-36. Divididos em grupos de três a cinco, eles se revezam no interior do
equipamento.
O presidente da Petrobrás, explicou que as primeiras pessoas
a entrar na plataforma depois do acidente, na quinta-feira, foram voluntários:
três engenheiros. “Eles insistiram, insistiram, e a Petrobrás autorizou. Era
uma ação de alto risco e, por isso, não daríamos esta ordem”, afirmou.
RISCOS
Os funcionários, acompanhados por dois mergulhadores,
tamparam alguns buracos no casco com rolhas de madeira, dando mais estabilidade
à plataforma. Graças a essa providência, os riscos a que estão expostos os
engenheiros que agora trabalham na plataforma são menores. Mas ainda assim são
enormes.
De acordo com explicações do gerente geral para a Bacia de
Campos, Carlos Eduardo Bellot, o maior risco é o de tombamento da plataforma,
devido à grande inclinação em que se encontra. Também existe a possibilidade
ocorrer um incêndio, por causa do óleo e do gás que ainda estão no equipamento.
Para ele, a hipótese mais remota é a de um naufrágio repentino. “Já há mais
estabilidade, depois que alguns buracos do casco foram tampados”, ressaltou.
A partir de domingo, os técnicos realizarão duas ações não
simultâneas para tentar fazer a plataforma flutuar: injetar nitrogênio para
expulsar a água e utilizar bombas para sugar o líquido. “Primeiro, temos que
recorrer ao nitrogênio, porque isso pode ser feito do lado de fora da
plataforma. Quando o equipamento estiver menos inclinado, poderemos embarcar as
bombas para tirar a água”, explicou Bellot.
SEM PREVISÕES
As bombas de sucção foram encomendadas à empresa holandesa
Smit e trazidas para o Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio, em aviões
cargueiros russos. Pesam 50 toneladas e devem chegar a Macaé em carretas, na
manhã de domingo(18.03.01). A Smit também cedeu oito mergulhadores para o
trabalho. “A gerência da Bacia de Campos tem um cheque em branco da Petrobrás para
gastar o que for necessário para salvar a plataforma e recuperar os corpos”,
afirmou Reichstul.
De acordo com a explicação de Bellot, as bombas sugadoras
podem retirar até mil metros cúbicos de água por hora, se atuarem com
capacidade plena. “Se tirarmos cinco mil metros cúbicos, a plataforma volta à
posição normal”, disse. “Mas é muito difícil precisar em quanto tempo isso
poderia acontecer.”
O bombeamento de nitrogênio para a plataforma começou às
16h40 de sábado e a previsão era de que não pararia durante a noite.
18.03.01 - A P-36 PAROU DE AFUNDAR NO DOMINGO
A plataforma P-36, parou de afundar no domingo (18.03.01) e
ficou estabilizada em 22 graus de inclinação. Com isso, aumentam as
possibilidades de resgatá-lo. Uma das maiores preocupações da Petrobrás, agora,
são as condições do tempo, uma vez que está prevista a chegada de uma frente
fria para hoje, que pode agitar o mar e dificultar o trabalho dos
mergulhadores.
Em nota oficial distribuída a estatal admitiu que os
resultados obtidos com as primeiras tentativas de salvar a plataforma P-36 são
animadores. “As chances cresceram”, confirmou o gerente geral da Bacia de
Campos, Carlos Eduardo Bellot. Ele ressaltou que não há prazo para o término da
operação. “É impossível prever porque dependemos das condições do mar.”
Por volta das 14 horas de domingo, o bombeamento de
nitrogênio foi interrompido e, até o fim da tarde, não havia sido retomado. O
objetivo da operação é expulsar a água que está dentro dos flutuadores para
manter a plataforma estabilizada, eliminando o risco de naufrágio. “Paramos
porque muito nitrogênio estava sendo perdido devido a furos nos flutuadores.
Tivemos de fechar esses orifícios e reiniciar o processo com mais eficiência”,
adiantou Bellot. Ele acredita que a operação será retomada hoje.
Para que a plataforma volte a sua posição normal, segundo
explicações do gerente geral, é necessária a retirada de pelo menos 7 mil
toneladas de água. Até domingo haviam sido extraídas 700 toneladas.
Bellot confirmou que a empresa utilizará ar comprimido, mas
não nesse momento. A plataforma ainda precisa de um grau maior de estabilidade
para esse tipo de operação. “As bombas de ar comprimido são mais eficientes
para escoar a água, mas precisam ser colocadas dentro das colunas. Já o bombeamento
de nitrogênio pode ser feito de fora da embarcação”, explicou.
O trabalho mobiliza 41 técnicos, entre os quais 11
mergulhados estrangeiros, distribuídos em 18 barcos. Eles trabalham em volta da
plataforma, nas operações de vedação e bombeamento de nitrogênio.
A Marítima Engenharia, responsável pelo projeto de
construção da plataforma, mandou três mergulhadores para o local. Segundo
previsões do coordenador dessa equipe, Jeovah Lima, eles deverão ficar lá, no
máximo, durante 15 dias. Lima explicou que trabalham em etapas de uma hora,
três vezes ao dia.
“Os melhores profissionais do Brasil estão na P-36. O que
tem menos experiência já mergulha há mais de 15 anos”, comentou Lima.
A Petrobrás também deslocou a plataforma P-23 para próximo
da P-36, com o objetivo de utilizá-la como base de apoio para a operação de
salvamento. No fim de semana, haviam sido bombeadas 4.100 toneladas de
nitrogênio para expulsar água de dois dos compartimentos que estavam inundados.
Bellot, explicou se a plataforma não afundar, o objetivo
seria repará-la para que volte a operar no Campo do Roncador. “A maioria dos
equipamentos eletrônicos está danificada, mas a estrutura ainda pode ser
reaproveitada. É claro que ficará mais barato para a empresa reparar o
equipamento do que construir um novo”, afirmou.
19.03.01 - SEGUNDA-FEIRA
A plataforma P-36 adernou mais 4, aumentando para 27 o seu
nível de inclinação, o que para a Petrobrás significa que ela passa por
"seu pior momento"..
No domingo, a estatal havia anunciado que o trabalho de
recuperação da unidade estava tendo bons resultados, uma vez que a estrutura
tinha parado de afundar e recuperado dois graus na inclinação -de 25 para 23.
A medição, feita na segunda-feira, por volta das 6h por
técnicos que participam da recuperação da plataforma, também indica que ela
afundou mais 40 centímetros em relação ao dia anterior. A notícia não é muito
boa.
Foram apontadas duas causas para a piora do estado da
estrutura: a frente fria que atinge a bacia de Campos, provocando ondas, e a
existência de aberturas, que se comunicam com os vários compartimentos da
plataforma, permitindo a entrada de água.
As ondas estavam ontem (18.03.01) com um tamanho médio de
1,5 m, com picos de até 1,8 m. Segundo a Petrobrás, o tempo deve começar a
melhorar hoje à tarde. A partir de amanhã, as ondas poderão estar com altura
máxima de 1,2 m.
"O tempo não está favorável, mas não está impedindo a
operação, apenas tornando-a mais difícil", disse o gerente-geral.
Apesar da piora da situação da plataforma, continuam os
trabalhos de injeção de nitrogênio e de ar comprimido -este último feito pela
empresa holandesa Smit, especialista na operação- nos tanques 41 e 43, situados
abaixo do convés inferior da estrutura.
O segundo tanque foi completamente esvaziado com a retirada
de 400 toneladas de água. De manhã, começou a injeção no primeiro tanque, mas,
até o início da noite, ainda não havia dados sobre o resultado da operação.
20.03.01 - TERÇA-FEIRA - PLATAFORMA AFUNDA EM 40 MINUTOS
Às 2h30 de terça-feira (20.03.01), um movimento brusco na
plataforma P-36 alertou toda a equipe de resgate. As horas que se seguiram
foram de agonia e tensão. A estrutura de mais de 30 mil toneladas estava
afundando. Às 10h35, a plataforma tombou.
Técnicos ainda fizeram um esforço desesperado para mantê-la
flutuando. Quarenta minutos depois, ela estava completamente submersa na Bacia
de Campos. Cinco dias depois das explosões que danificaram uma coluna de
sustentação.
CAUSAS PROVÁVEIS: CONTROVÉRSIAS CONVERGENTES
1.No primeiro instante: A Petrobrás informou que ainda não
era possível saber as causas das explosões. A coluna que explodiu não armazena
óleo ou gás. Há suspeitas, levantadas por empregados da estatal que fizeram
contato com o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, de que o gás vazou
em outra área e se armazenou na coluna.
2. O queimador de gás teria sido construído muito perto do
deck; especialista diz que local era seguro
A Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobrás) afirma que
a plataforma P-36, que estava em operação desde o dia 16 de maio de 2000, tinha
um erro fundamental em seu projeto.
De acordo com Argemiro Pertence, diretor de comunicação da
associação, o queimador de gás natural, que, pelas normas de segurança, tem que
ficar longe do deck principal da plataforma, foi instalado muito próximo ao
local.
"Por causa do queimador, a temperatura no deck chegava,
às vezes, a quase 80o C, o que contraria todas as normas de
segurança", disse Pertence, que é engenheiro de petróleo e trabalhou
durante 25 anos em áreas de prospecção da Petrobrás.
As altas temperaturas, na avaliação do engenheiro, podem ter
alterado o funcionamento de equipamentos sensíveis e prejudicado a detecção de
irregularidades. Pertence diz que, se houve explosão, é porque havia vazamento
de gás.
"Sem vazamento de gás, não há explosão. Não houve
vazamento de óleo, por exemplo, porque isso causaria um incêndio."
Segundo o engenheiro, empregados que estavam na P-36
informaram a representantes da Aepet em Macaé que já haviam reclamado na
quarta-feira (14.03.01) de um vazamento de gás. "Eles disseram que nada
foi feito naquele momento, para não paralisar a produção."
A possibilidade de um vazamento de gás na plataforma foi
confirmada pelo engenheiro Tiago Lopes, da Coppe-UFRJ (Coordenação dos
Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro), que estava na plataforma no momento da explosão.
3. Pernas ocas
As explosões ocorreram em uma das "pernas" de
sustentação da P-36. Um técnico que participou da construção da plataforma
explicou que, como essas "pernas" são colunas ocas, em seu interior
são normalmente instaladas bombas e vasos utilizados em drenagem. "Pode
ter ocorrido um retorno de gás, ou seja, uma quantidade do gás extraído da bacia
entrou por uma tubulação errada e explodiu no interior do tubo", disse o
técnico, que preferiu não se identificar.
4. Óleo
A coluna da P-36 onde houve as explosões abrigava um tanque
de resíduo de óleo. A borra da limpeza de outros tanques era depositado nesse
compartimento e formava um gás. Segundo o diretor do Sindicato dos Petroleiros,
Mozart Queiroz, isso pode ter contribuído para o acidente. O gerente de
estrutura de superfície de Roncador, Sílvio Vicente, confirmou a existência do
tanque, mas disse não acreditar que essa seja a causa das explosões.
5. Origem de explosões na P-36 pode ter sido em local que
recebe resíduos
A Petrobrás decidiu examinar as plantas de suas 94
plataformas marítimas de produção e de exploração de petróleo para reposicionar
o tanque de dreno (ou de resíduos) de todas as que tenham o equipamento,
localizado em uma coluna de sustentação, como ocorria com a P-36, unidade que
foi a pique.
Embora o relatório sobre as causas do acidente só deva ficar
pronto em 30 dias, a equipe técnica da empresa já está praticamente segura de
que a série de três explosões que resultou em dez mortos e um ferido, além da
perda total da plataforma, teve origem no tanque de resíduos.
O tanque recebe todos os resíduos líquidos resultantes dos
trabalhos na plataforma. Esses resíduos não podem ser atirados ao mar porque
causariam danos ambientais.
NOVIDADE
A localização do tanque de resíduos em uma coluna de
sustentação é uma concepção relativamente nova que gerou debates no corpo
técnico da empresa e acabou prevalecendo.
Foram tomados cuidados para evitar riscos, até mesmo com a
instalação de um suspiro de ventilação. Também houve a preocupação de colocar o
tanque de dreno na parte mais alta da coluna, até para evitar que ele jogasse
resíduos no mar.
Agora, depois do desastre, os técnicos da Petrobrás estão
convencidos de que essa concepção tem que ser revista.
ORIGEM
Os técnicos ainda não podem afirmar com absoluta segurança
que a origem das explosões foi no tanque de resíduos porque falta um
levantamento mais preciso sobre alguns fatos ocorridos na plataforma na
madrugada de quinta-feira passada.
Um dos fatos que precisam ser mais bem estudados pelos
técnicos é a forma como foram geradas as duas explosões que se seguiram à
primeira.
De acordo com a hipótese que está sendo considerada quase
certa pelos especialistas da estatal;
■ A primeira explosão na plataforma teria sido causada por
gases que se acumularam dentro do tanque. Esses gases se originaram do próprio
óleo drenado para o reservatório.
■ O calor e as chamas gerados por essa explosão, em contato
com um bolsão de gás ainda não identificado pelos técnicos, provocaram a
segunda e principal explosão e, minutos depois, a terceira, de pequena
intensidade.
Outra teoria dos técnicos da Petrobrás é que a inundação da
coluna danificada, que acabou levando ao afundamento da plataforma, foi
provocada pelo acionamento automático das bombas que captam água do mar para
uso na plataforma -até mesmo para combater incêndios- em caso de defeito no
sistema primário de captação.
6. Alarme indicou vazamento em explosão
Um alarme de emergência foi acionado na sala de controle da
plataforma P-36, indicando vazamento de gás, antes da segunda das três
explosões que a danificaram, causando a morte de dez petroleiros e seu
afundamento.
A presença de gás foi detectada por sensores automáticos em
local próximo da coluna onde ocorreram as explosões, segundo relatou o operador
da sala de controle da plataforma Carlos Alberto Sampaio, 35, que trabalhava no
momento do acidente.
Segundo o supervisor da P-36, Sebastião Filho, 38, esse
vazamento teria ocorrido em salas próximas à coluna, onde não passam dutos de
gás.
"Foi observado gás. É possível que esse tenha sido o
motivo (das explosões)", disse o também supervisor Luiz Mário Linhares de
Azevedo, 44. Ambos estavam na P-36 quando ela explodiu.
Na coluna existia um tanque de resíduos onde eram
armazenados os líquidos restantes do trabalho da plataforma, cuja finalidade
era separar o petróleo do gás extraídos de poços submarinos.
Carlos Eduardo Bellot, gerente-geral da Petrobrás na bacia
de Campos, disse que a presença de gás
na coluna e a possibilidade de que ele tenha sido gerado a partir do tanque de
resíduos são fatores que serão investigados pela comissão de sindicância
constituída pela estatal.
O supervisor Sebastião Filho afirmou que o tanque de
resíduos estava inoperante e isolado. Ele não acredita que a explosão tenha se
originado nesse equipamento.
INUNDAÇÃO E AFUNDAMENTO
De acordo com essa teoria, a explosão teria rompido o tubo
pelo qual entra a água que dá pressão aos equipamentos de combate a incêndios
na plataforma, fazendo com que fosse acionado automaticamente o sistema de
bombas sobressalentes, que ficava dentro da coluna danificada.
Como a água bombeada não podia ser usada, pois a plataforma
havia sido abandonada, ela acabou provocando o início da inundação e,
posteriormente, o afundamento.
O quadro foi se agravando progressivamente por causa da entrada
de água por outros pontos da plataforma.
Essa tese é baseada nos resultados dos primeiros exames,
feitos com o auxílio dos mergulhadores, que não constataram nenhum rombo na
estrutura da coluna da plataforma.
Os técnicos acreditavam que as explosões poderiam ter aberto
buracos na coluna.
7. Três dias antes da explosão, boletins diziam que era
preciso suspender produção para consertar defeito
A Petrobrás admitiu três dias antes das explosões que
provocaram o afundamento da P-36 e a morte de 11 funcionários, foi registrada
nos boletins de produção da plataforma uma falha no sistema de ventilação,
provavelmente causada "pelo entupimento do abafador de chamas".
Os boletins diziam que era necessário parar a produção para
consertar o defeito, mas isso não foi feito.
Segundo a empresa, o superintendente de produção da P-36,
Hélio Menezes Galvão, registrou nos boletins dos dias 12, 13 e 14 aumento da
pressão no chamado "sistema de vent", responsável pela entrada e
saída de ar dos tanques que armazenam óleo, gás, água e resíduos da produção.
"Estamos tendo pressurização no sistema de vent da
plataforma. Provável causa é o entupimento do abafador de chamas. Estamos
especificando-o para compra. Será necessária parada de produção para
substituição do mesmo, visto estar bem próximo dos queimadores de gás na torre
de flare", diziam os boletins, segundo nota divulgada pela empresa.
Até as 19 h de sexta-feira (23.03.01), a Petrobrás não havia
especificado se o equipamento atingido pelo problema estaria na coluna de
sustentação onde ocorreram as três explosões, há oito dias.
O diretor de Exploração e Produção da Petrobrás, José
Coutinho Barbosa, disse que ainda é cedo para saber se o defeito provocou as
explosões. "Pode ser determinante, contribuinte ou não ter nenhuma
relação", afirmou.
Coutinho reconheceu que os registros em três boletins
consecutivos "são fatos que chamam a atenção", mas não soube explicar
por que as operações na plataforma não foram interrompidas.
"Se não pararam a produção é porque a falha não deve
ter sido considerada um fator importante", argumentou. Ele afirmou que o
superintendente da P-36, Hélio Galvão, tinha "total autonomia" para
interromper a produção.
8. Equipamento, que só deveria permitir passagem de óleo e
água, teria injetado gás no tanque de resíduos
O defeito em uma válvula pode ter sido responsável pela
pressurização do sistema de ventilação do tanque de resíduos e pelo entupimento
do abafador de chamas, principais problemas apontados três dias antes do
acidente na P-36 pelos boletins diários da unidade da Petrobrás.
Essa válvula fica no duto que liga um dos vasos de separação
de gás, óleo e água ao tanque de resíduos, localizado na coluna da plataforma
que explodiu.
O equipamento, que deveria apenas dar passagem ao óleo e à
água que sobram do processo de separação, permaneceu aberto e permitiu a
liberação de gás para o tanque de resíduos.
A entrada de gás teria pressurizado o sistema de ventilação
e causado três explosões no último dia 15, que acabaram provocando o
afundamento da P-36.
O sistema de separação é composto por quatro ou cinco vasos
-grandes compartimentos que armazenam o óleo bruto que vem diretamente do poço.
E separa, por diferença de densidades, o óleo, o gás e a água, que sobem
misturados por dutos do fundo do mar.
Esse processo é gradativo, separando no primeiro vaso
"o grosso", depois retirando o resto dos resíduos e armazenando no
tanque. É semelhante ao tratamento de filtragem da água encanada.
Com a válvula aberta, o gás foi se concentrando a pressões
cada vez maiores no tanque e depois no sistema de ventilação. Qualquer faísca
seria suficiente para provocar as explosões.
BOMBA EM MANUTENÇÃO
Outro problema que teria influenciado o acidente é que a
bomba do equipamento de armazenar resíduos havia sido retirada para manutenção.
Com isso, o tanque não era esvaziado de óleo e água. Segundo informações de um
ex-supervisor de produção de plataformas da Petrobrás que ainda trabalha como
operador, não é contraditória com o relato do supervisor da P-36
Sebastião Filho, que afirmou, em entrevista, que "o
tanque estava inoperante e isolado".
O ex-supervisor afirma que, mesmo com compartimento de
resíduos parado, só isso não seria causa de uma explosão. Isso porque o óleo
armazenado libera gás, "mas em pequena quantidade, insuficiente para
causar acidente".
Segundo ele, o que ocorreu, certamente, foi à falha na
válvula, que deixou acumular muito gás em alta pressão no sistema, agravada
pela manutenção na bomba do tanque.
CORTA-CHAMAS
Para o ex-supervisor, que disse ter ouvido esses problemas
de vários funcionários da produção embarcados na P-36, o entupimento do
corta-chamas se deve também ao vazamento de gás pela válvula. Isso porque,
mesmo tendo passado por um processo de separação, o produto ainda não havia
sido totalmente filtrado e carregava partículas de óleo.
Essas partículas foram se impregnando no corta-chamas, que
entupiu e piorou a situação, uma vez que o gás contido no tanque e no sistema
de ventilação tinha menos espaço para sair.
O duto de ventilação opera com pressão atmosférica, menor do
que a do gás comprimido nos vasos. E serve, justamente, para ventilar e dar
passagem para o gás que eventualmente se aglomere no tanque de resíduos.
O corta-chamas é um equipamento de segurança usado para
evitar que, em caso de incêndio causado pelo gás contido no duto de ventilação,
o fogo volte para o tanque, o que poderia causar uma explosão. É feito com uma
malha fina de aço, que impede o retorno das chamas.
LOCAL ERRADO
Segundo o ex-supervisor, o local onde estava o tanque de
resíduos (em coluna de sustentação da plataforma) é, no mínimo, inadequado.
"Qual a recomendação do corpo de bombeiros no caso de um bujão explodir?
Não é colocar em lugar arejado e aberto? A Petrobrás não seguiu a
orientação."
Para ele, o fato de o tanque estar lá se deve à adaptação da
P-36, inicialmente projetada como plataforma de perfuração e modificada para de
produção para atender à Petrobrás.
O ex-supervisor afirmou que teve a informação de que o
tanque, no projeto original, era usado para acumular lama, retirada do fundo do
mar durante a perfuração dos poços.
PLANO DE CONTINGÊNCIA
O coordenador regional do Ibama, no Rio, Carlos Henrique
Mendes, que também foi a Macaé, disse que as plataformas da Petrobrás não têm
plano de emergência contra vazamento de óleo em caso de colapso e afundamento.
PLATAFORMA P-36 É A MAIOR EM CAPACIDADE DE PRODUÇÃO
A plataforma P-36, localizada na bacia de Campos, a 120 km
de distância da costa brasileira, em alto-mar, é considerada o
"coração" do campo do Roncador, o mais novo e maior campo dessa área
de exploração.
A P-36 tem a altura de um prédio de 40 andares e pesa 60 mil
toneladas e foi construída em 1994 por encomenda da ENI (Ente Nazionale
Idrocarburi, a estatal italiana de petróleo), para prospectar petróleo a uma
profundidade de até 500 metros. No final de 1996, a plataforma foi arrendada
pela Petrobrás para ser utilizada na bacia de Campos.
As obras de reconversão para que a plataforma pudesse operar
em uma profundidade de até 1.360 metros foram feitas no Canadá. A P-36 chegou
ao Brasil em novembro de 1999 e começou a operar em maio de 2000.
Os pilares de sustentação têm 30 metros de altura e são
verdadeiros edifícios, inclusive com elevadores. A plataforma toda é do tamanho
de um quarteirão, com cem metros de comprimento.
A P-36 interliga 21 poços de produção de petróleo e cinco
poços de injeção de água. A água é utilizada para facilitar a retirada do
petróleo.
Antes da reforma, ela tinha capacidade para acomodar 115
pessoas, o que foi ampliado para 195, de acordo com informações da Petrobrás.
CAPACIDADE DE PRODUÇÃO DA P-36
Em operação desde 16 de maio de 2000, a P-36 é a maior do
mundo em capacidade final de produção.
De acordo com a Petrobrás, são:
■ 180 mil barris de petróleo (aproximadamente 15% de toda a
produção nacional) e
■ 7,2 milhões de metros cúbicos de gás por dia (o triplo da
quantidade consumida diariamente no Estado do Rio de Janeiro).
As reservas do campo do Roncador, situado em águas profundas
(de 1.500 a 2.000 metros de profundidade) e descoberto em outubro de 1996,
estão estimadas em 3 bilhões de barris de óleo e gás natural.
No entanto, como o campo do Roncador estava em início de
exploração, a produção diária era de 80 mil barris.
A plataforma é responsável por 6% da produção atual de
petróleo do país, estimada em 1,33 mil barris diários pela Petrobrás, com meta
de 1,42 mil barris para o final do ano, o que deve ser revisto. A capacidade
final de produção da P-36, de 180 mil barris diários, só seria atingida em
2003.
PRODUÇÃO NA BACIA DE
CAMPOS
1. No campo do Roncador existem 21 poços de petróleo em
produção . O produto retirado dos poços sobre por tubos flexíveis que convergem
para a plataforma P-36.
2. A P-36 é uma plataforma de processamento, que separa o
óleo do gás e da água .
3. Depois de separado, o óleo é enviado para a P-47, onde é
armazenado.
4. Depois de armazenado, o produto é enviado, por meio de
dutos, aos terminais em terra. Em Cabiúnas, há um parque de armazenamento de
petróleo e gás.
5. 120 km é a
distancia do continente ate a P-36.
DADOS DA PETROBRÁS
Reservas: 8,4 bilhões
de óleo e 1,4 bilhão de gás
Poços ativos: 8.813 (996 marítimos)
Plataformas de produção: 94 (69 fixas e 25 flutuantes)
Produção diária: 1.324 milhões de barris de petróleo; 39,9
milhões de metros cúbicos de gás natural
Refinarias: 13 (11 integrais no Brasil; 2 na Bolívia)
Rendimento de refinarias:
1.626 milhões de barris de petróleo por dia
Dutos: 15.330 km próprios / operados no Brasil
Frota de petroleiros: 119 embarcações (63 de propriedade
da Petrobrás)
PREJUÍZO
O acidente com a plataforma causará um prejuízo de cerca de
US$ 50 milhões mensais à Petrobrás, segundo o diretor financeiro da empresa,
Ronnie Vaz Moreira.
O gerente geral da Bacia de Campos, Carlos Eduardo
Bellot ressaltou que a Petrobrás estuda
alternativas para manter a exploração de petróleo no Campo de Roncador, caso a
P-36 naufrague. “Entre as possibilidades há o remanejamento de outras
plataformas da Petrobrás ou fretamento de outro equipamento”, disse.
Embora não cite valores, Bellot admitiu que os prejuízos da
Petrobrás com a interrupção da produção são grandes. “Estávamos tirando 80 mil
barris por dia de um óleo de boa qualidade, que custa cerca de US$ 30 por
unidade no mercado internacional”, afirmou.
O Brasil pode ter de arcar com gastos adicionais de
importação de petróleo no valor de US$ 60 milhões por mês. Somente neste ano, o
impacto na balança comercial seria de US$ 600 milhões, segundo os cálculos
feitos por analistas financeiros. Eles consideraram, para fazer a conta, que o
preço médio do barril de petróleo fique em US$ 25 e que a plataforma
produziria, em média, 80 mil barris diários.
ABASTECIMENTO NO PAÍS
O presidente da Petrobrás, Henri Philippe Reichstul,
enfatizou que não haverá problemas de abastecimento. A Petrobrás já está
preparando uma operação de importação suplementar de petróleo, para que não
haja reflexos da quebra de produção.
RISCO AO MEIO AMBIENTE
O risco de contaminação do ambiente em conseqüência do
acidente na plataforma 36 da Petrobrás é pequeno, mas não está descartado pelos
ambientalistas.
A P-36 não armazena óleo, nem faz transporte do material por
meio de dutos -como acontece numa refinaria, por exemplo. Praticamente tudo que
é retirado do fundo do mar (80 mil barris diários de petróleo, ou cerca de 13,5
milhões de litros) é logo transportado para longe do local.
O maior problema, segundo ambientalistas estaria num
possível rompimento na tubulação de exploração -que extrai o petróleo
diretamente do poço.
A possibilidade, entretanto, é descartada pela Petrobrás e
pelo especialista em segurança Moacyr Duarte, da Coppe-UFRJ.
De acordo com Duarte, a extração é paralisada assim que se
tem notícia de qualquer problema na plataforma. "Uma válvula suspende a
drenagem de petróleo", afirma ele, que considera "remota" a
probabilidade de um acidente ambiental.
Caso a plataforma afunde, o vazamento será de cerca de 1,5
milhão de litros, afirma a Petrobrás. "Só isso já seria muito
significativo", alega Délcio Rodrigues, diretor de campanhas do
Greenpeace.
O óleo que eventualmente seja despejado pode ser levado
pelas correntes marítimas para a região das praias e mangues de Campos, onde
causará grande impacto na avaliação da ONG.
Se for levado para alto-mar, as conseqüências são
imprevisíveis.
O fluxo de óleo e gás do Campo de Roncador, que tem reservas
de petróleo estimadas em 3 bilhões de barris (cada barril tem mais de 158
litros, o que representa, portanto, pelo menos, 474 bilhões de litros), foi
interrompido com o fechamento dos seis poços do campo. Com isso está afastado o
risco de um vazamento superior a 1,5 milhão de litros, que é a quantidade
acumulada em tanques e na estrutura dos poços até o início da jazida.
AFUNDAMENTO DA PLATAFORMA E CONTAMINAÇÃO
Mesmo o Greenpeace admite, porém, que o risco de uma
contaminação é pequeno.
"Há tempo de conter o problema, mas, como a primeira
preocupação é salvar as pessoas, esse tempo pode se esgotar", diz
Rodrigues.
O problema no caso do afundamento da plataforma não seria só
o óleo, afirma, mas também produtos tóxicos, tintas e até material radioativo que
são usados na operação das plataformas.
Os ambientalistas estão de prontidão, aguardando o que será
feito pela Petrobrás. "Não há muito o que fazer agora. Existem recursos de
engenharia que podem evitar um desastre que já é previsível", afirma
Rodrigues.
MEIO AMBIENTE - AFUNDAMENTO DA P-36 E SURGIMENTO DE ÓLEO
O mau tempo está dificultando as operações para conter o
óleo da plataforma P-36. Inicialmente, a Petrobrás pretendia formar uma
barreira usando três navios para conter o produto. O mar agitado, contudo,
obrigou os técnicos a optarem pela utilização de dois barcos formando uma
barreira em linha reta.
Na terça-feira, 15 minutos depois que a base afundou, surgiu
o primeiro vazamento, com cerca de 6 mil litros de óleo diesel. No fim da
tarde, era confirmado o segundo acidente. As bóias de contenção só foram
colocadas no local do primeiro vazamento no fim da tarde, quando a mancha já
alcançava oito quilômetros de extensão.
O engenheiro de equipamentos da Petrobrás Eduardo Secchin
afirma que a mancha está sob controle. "Temos navios com um produto
dispersante para o óleo, que está sendo usado quando a mancha sai da barreira
de contenção ou não pode ser recolhida pelos barcos", explicou. Há dois
barcos atuando na contenção da mancha de óleo e dois fazendo a dispersão do
produto. Há dois de reserva. Outros seis barcos estão de prontidão.
O vazamento de 1,5 milhão de litros de óleo no mar é
inevitável. "Estes equipamentos não foram projetados para resistir a
pressões tão grandes", explicou o gerente-geral da Petrobrás na Bacia de
Campos, Carlos Eduardo Bellot. A plataforma está afundada numa profundidade de
1.360 metros.
DANO
O desastre ecológico só não será maior porque o fluxo dos
seis poços ligados à plataforma foi interrompido logo após as explosões de
quinta-feira. No local, há 32 mil metros de barreiras, com capacidade para
conter até 5 milhões de litros de óleo. A P-36 apenas extrai o produto e faz um
primeiro processamento, antes de enviá-lo, por uma rede de dutos, para a P-47,
esta sim uma plataforma de armazenagem.
O fato de não estocar petróleo, minimiza os danos que o
afundamento da P-36 podem causar ao meio ambiente. A maior parte do vazamento é
de óleo diesel usado como combustível na plataforma.
CONTROLE
Segundo o gerente-executivo de Segurança Meio Ambiente da
Petrobrás, Irany Varella, um acidente em alto-mar é de mais fácil contenção, se
comparados com os vazamentos do ano passado que ocorreram em janeiro, na Baía
de Guanabara, quando foram derramados 1,3 milhão de litros de óleo, ou em
julho, quando vazaram 4 milhões de litros de óleo, no Rio Iguaçu, Paraná.
"Temos mais tempo e melhores condições para controlar a mancha",
explicou.
O secretário de Estado de Meio Ambiente, André Corrêa,
defendeu que a Petrobrás seja multada, mas não falou em valores, assim como o
superintendente regional do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), Carlos Eduardo Abreu Mendes.
ÓLEO SE DISPERSA, AFIRMAM TÉCNICOS DO IBAMA
A mancha de óleo diesel e petróleo bruto resultante do
vazamento da plataforma P-36 está contida e se dispersando rapidamente, segundo
técnicos da Petrobrás e do Ibama que sobrevoaram a área do acidente na
quarta-feira (21.03.01).
De acordo com a estatal, dos 350 mil litros que já vazaram
da P-36, só restavam 11 mil na manhã de quarta-feira, formando uma mancha de 48
quilômetros quadrados de extensão. Os outros 339 mil litros, segundo os
técnicos, evaporaram.
A técnica que estava sendo utilizada para a retirada do óleo
era o uso de dispersantes -suspenso na tarde de ontem (20.03.01), por não haver
mais necessidade- e de embarcações que passam sobre as manchas, espalhando-as.
Não está sendo necessário, conforme explicou o
gerente-executivo de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobrás, Irani
Varella, o uso de barreiras.
"A mancha é muito fina, muito superficial. Então, a
utilização de barreiras não é a melhor solução."
Segundo Varella, o óleo, na quarta-feira à tarde,
encontrava-se a cerca de 122 km da costa e movimentando-se em direção a mar
aberto. "Não há mais o risco de o vazamento atingir as praias",
afirmou.
Robôs equipados com câmeras filmadoras estão ajudando a
monitorar possíveis vazamentos.
Especialistas afirmam que o dano causado ao ambiente será
pequeno.
"Além de ser uma pequena quantidade, a fauna e a flora
daquela área são muito pobres", explicou Mário Sérgio Ximenes, professor
da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
MONITORAMENTO DAS INSTALAÇÕES NO FUNDO DO MAR
A Petrobrás está usando robôs guiados remotamente por navios
para obter imagens da P-36 e dos seis dutos de petróleo que a abasteciam no
fundo do mar, a cerca de 1.350 metros de profundidade.
As primeiras informações da empresa indicam que não houve
rompimento dos dutos ou das válvulas que fecham os poços submarinos. Hoje, a
empresa deverá ter a posição exata da plataforma no fundo do mar.
Segundo Carlos Eduardo Bellot, gerente-geral da Petrobrás na
bacia de Campos, não há condições para que os robôs possam ser usados dentro da
estrutura da P-36, rejeitando a possibilidade de recuperar os nove corpos não
resgatados da plataforma. "Isso é virtualmente impossível", disse.
IBAMA MULTA PETROBRÁS EM R$ 17 MILHÕES POR CAUSA DE ACIDENTE COM A P-36
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis) aplicou
multas à Petrobrás por causa do acidente nas plataformas P-36 na bacia
de Campos, no dia 15 de março. As multas somam R$ 17 milhões.
Uma das multas, de R$ 5 milhões, é devido ao vazamento de
1,4 milhão de litros de óleo no mar. E a outra, de R$ 2 milhões, é por causa do
uso de dispersantes químicos no dia do afundamento da plataforma, 20 de março.
No entanto, como a Petrobrás é reincidente em derramamentos
em prazo inferior a três anos, a P 36 foi triplicado, atingindo R$ 15 milhões.
Somada a multa por uso de dispersante, chega-se aos R$ 17 milhões. O gerente de
Meio Ambiente da Petrobrás, Rui Fonseca, afirmou que não está descartada a
hipótese de recorrer.
SEGURO
A plataforma P-36 está segurada em US$ 500 milhões, para
perda total para equipamentos e estrutura, por um consórcio de companhias de
seguro capitaneado pelo Bradesco.
Não há cobertura para lucros cessantes. O gerente de
relacionamento com investidores da Petrobrás, Luiz Fernando Nogueira., disse
que a Petrobrás tem plena capacidade de absorver os prejuízos, sem afetar o seu
desempenho financeiro.
A plataforma de US$ 500 milhões que afunda na bacia de
Campos, no Rio, está agitando o mercado internacional de seguros.
No Brasil, o impacto do acidente não provocará um desembolso
maior do que US$ 5 milhões pelo consórcio de seguradoras liderado pela Bradesco
Seguros, que responde por apenas 0,98% do valor total de US$ 500 milhões pelo
qual a plataforma P-36 foi assegurada no ano 2000.
O Bradesco tem 40%; o Itaú, 30%; Unibanco, 12%; AGF, 9%; e
Tokyo Marine, 9%. O consórcio brasileiro tomou a precaução de fazer resseguro
do contrato com a Petrobrás, o que significa que também será ressarcido pelo
pagamento de sua parte na indenização.
O mercado internacional arca com 99% do seguro de US$ 500
milhões, dividido entre 10 companhias coordenadas pela AON Re, uma das três
maiores do mundo.
A AON Re fez o resseguro da plataforma da empresa com outras
corretoras no mercado internacional. Ou seja, o pagamento do prejuízo da
Petrobrás será feito por uma série de companhias que "dividiram" o
risco do seguro. Um sinistro desse porte depende de especialistas do mercado
exterior em plataformas e não se pode precisar o tempo que será definitivamente
encerrado, uma vez que as variáveis para esse tipo de ocorrência são inúmeras.
Apesar das grandes proporções, o acidente não deve levar
mais companhias à bancarrota do que a Plataforma Piper Alpha, cuja explosão, no
Mar do Norte, custou às seguradoras, em 1988, mais de US$ 2,9 bilhões.
FALTA DE INVESTIMENTO EM SEGURANÇA
O especialista em estruturas oceânicas e diretor da
Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Segen Estefen, afirmou que os últimos
acidentes envolvendo a Petrobrás estariam associados ao aumento da produção de
petróleo e à busca de auto-suficiência do País no setor.
“O investimento em
treinamento dos funcionários não acompanhou o aumento da produção nos últimos
anos”, analisa Estefen, que foi procurado pela estatal para indicar um técnico
da Coppe para integrar a comissão de sindicância que apura as causas do
acidente.
Segundo ele, a estatal deveria “redobrar” os investimentos
em segurança, principalmente no trabalho em plataformas, uma atividade de “alto
risco”.
“Está sendo muito
debatida a questão da terceirização do trabalho, mas acho que esse não deveria
ser o foco principal. O que importa é a criação de um padrão único de
treinamento dos funcionários, porque o número de acidentes tem sido muito
elevado.”
Pela primeira vez, a Petrobrás decidiu chamar um
representante de um órgão independente para participar de uma investigação. O
professor de engenharia oceânica da Coppe Tiago Alberto Lopes será um dos
membros da comissão.
POÇOS
Para Estefen, o impacto da estrutura da plataforma no solo
será grande, mas considera remota a possibilidade de os poços, a 1.360 metros
de profundidade, serem afetados.
Segundo ele, embora os dutos estejam danificados, os poços
já estão fechados e ficam longe do raio de queda da P-36.
INVESTIGAÇÃO
A Petrobrás anunciou que começou a funcionar na
segunda-feira (19.03.01), a comissão de investigação das causas do acidente.
INQUÉRITO POLICIAL
A polícia só deverá começar a investigar o acidente na
terça-feira (20.03.01). O inquérito será presidido pelo delegado Antônio Carlos
de Carvalho, de Macaé. "O delegado vai requisitar à Petrobrás mapas com a
localização exata de onde ocorreram as explosões e uma relação dos
trabalhadores que estavam na P-36. Até agora, a perícia técnica da Polícia
Civil não participou das investigações", disse o delegado adjunto Hernani
Helvas.
ANP E MARINHA INVESTIGARÃO ACIDENTE
A ANP (Agência Nacional do Petróleo) anunciou na
quarta-feira (21.03.01) que vai formar uma comissão conjunta com a Diretoria de
Portos e Costas da Marinha para apurar responsabilidades pelo acidente na
plataforma P-36, ocorrido há sete dias. A Petrobrás se declarou
"solidária" à investigação externa e informou que fornecerá toda a
documentação pedida.
RELATÓRIO FINAL
23.06.01 - Relatório interno da Petrobrás fatores
convergentes que causou o acidente da P-36
Uma conjunção de fatores foi responsável pelo acidente
ocorrido com a plataforma P-36, em 15 de março. Essa foi uma das conclusões do
relatório elaborado pela Comissão de Sindicância instaurada pela Petrobras para
apurar as causas do acidente.
De acordo com Carlos Heleno Barbosa, presidente da Comissão,
um acidente desse porte não há uma única causa.
A Comissão de Sindicância instituída pela Petrobras para
investigar o acidente - assessorada pela empresa norueguesa Det Norske Veritas
- enumerou uma série de fatores que contribuíram para o acidente, mas não
apontou nenhum responsável - pessoa ou entidade - pela tragédia. "Não era
o escopo desta comissão apontar responsabilidades. O inquérito foi entregue à
diretoria da Petrobras que poderá apontar se houve um responsável ou não",
disse o presidente da Comissão de Investigação, Carlos Heleno Barbosa.
Uma falha em uma válvula que deveria isolar um tanque de
drenagem de óleo na coluna da plataforma da Petrobras P-36, na Bacia de Campos,
no Norte Fluminense, foi a principal causa da explosão que provocou o naufrágio
do equipamento e a morte de onze funcionários, em 20 de março.
Esta válvula - de fabricante desconhecido - não impediu,
como deveria, a entrada de petróleo, gás e água no tanque, que devido ao
defeito, acabou enchendo até estourar e espalhar gás por toda a coluna da P-36.
O tanque que recebeu indevidamente petróleo e gás estava
localizado na coluna à popa boreste (atrás, à direita) da plataforma. O
equipamento estava desativado porque a bomba de drenagem ligada a ele estava em
manutenção. Nesta condição, o equipamento foi, teoricamente, completamente
isolado: seu respiro foi tamponado e a válvula de acesso a ele fechada.
O problema é que esta válvula não funcionou convenientemente
e permitiu que o tanque começasse a encher, ficando cada vez mais pressurizado até
o rompimento. "Temos certeza, por duas testemunhas, de que a válvula foi
fechada. Como agora o equipamento está no fundo do mar fica impossível saber
porque ela permitiu passagem de fluído", informou Barbosa.
"Não sabemos quem é o fabricante do equipamento. Era
uma válvula nova, que foi instalada quando a plataforma foi convertida no
Canadá, mas no projeto não constava o nome da empresa que a fez", disse.
O tanque - que já estava originalmente cheio parcialmente
com água do mar - recebeu primeiro grandes quantidades de petróleo e gás,
aumentando sua pressão interna. Depois, uma operação de drenagem de água de
outro tanque semelhante acabou provocando também o despejo de água no
equipamento.
QUANDO O TANQUE SE ROMPEU, OUTRAS DUAS FALHAS AGRAVARAM O PROBLEMA.
A primeira foi o rompimento dos tubos que transportavam água
do mar - por dentro da coluna - para o sistema de combate a incêndio.
"Este rompimento fez com que a coluna começasse a ser inundada e não permitiu
o funcionamento do sistema de combate a incêndios", disse.
A segunda falha- certamente mecânica, segundo a comissão -
foi nas escotilhas que deveriam isolar os diferentes compartimentos da coluna
em caso de acidente. "Estas escotilhas não se fecharam e o gás se espalhou
por toda a coluna. Neste momento ocorreu a explosão de fato, provocada por
alguma fonte de ignição (uma faísca, por exemplo)", explicou Barbosa.
Segundo ele, ainda não é possível determinar se o vazamento
de gás ocorreu por falha técnica, falha humana ou erro de projeto.
As outras hipóteses levantadas são:
■ vazamento de gás no sistema de ventilação da coluna,
■ tubulações de gás rompidas, retorno do produto ao sistema
de escoamento do flutuador, aumento da pressão do sistema de "vent
atmosférico" e vazamento de diesel.
Apesar dos boletins de produção dos três dias anteriores às
explosões terem apontado pressão acima do normal no "vent
atmosférico" (sistema de ventilação dos tanques de resíduos), Barbosa acha
pouco provável que essa seja a causa do acidente. "A pressão do gás"
lá é baixíssima", disse.
BRIGADA DE INCÊNDIO
O engenheiro observou que os funcionários da Brigada de
Incêndio que foram combater o acidente não sabiam de nada disso. "Como
eles ouviram barulho de água e o sistema de incêndio não estava funcionando
provavelmente, imaginaram que havia ocorrido apenas um estouro nas tubulações
de água. O gás naquelas condições era praticamente inodoro, principalmente para
uma equipe que estava usando máscaras", disse.
RECOMENDAÇÕES
Barbosa destacou que como o tanque que explodiu estava
inativo, os operadores da plataforma não prestaram atenção aos medidores e
sensores ligados a ele. "A sala de operações tem 17 mil luzes de indicação
e durante os 54 minutos de emergência soaram 1720 alarmes. Seria impossível
atentar para todos estes alarmes", disse Barbosa.
O engenheiro observou que uma das recomendações feitas pela
comissão à Petrobras é exatamente o aprimoramento dos sistemas de alarme.
"(É necessária a) priorização de alarmes a fim de se evitar excessiva
informação na sala de controle, especialmente nas situações de
emergência", escreveram os membros da comissão.
Outra recomendação feita pelo grupo foi o fim da colocação
de tanques com material combustível dentro de espaços fechados, como uma
coluna. A comissão também recomenda que os funcionários sejam melhor preparados
para lidar com as emergências.
AFUNDAMENTO
A comissão concluiu que a P-36 afundou porque dutos internos
da coluna onde aconteceram as explosões se romperam e permitiram o alagamento
do flutuador.
Logo após a primeira explosão, a tubulação de refrigeração a
água se partiu, o que permitiu a entrada de água no sistema de estabilidade da
coluna. Também se romperam, depois, os dutos de ar.
17.07.01 - RELATÓRIO DA ANP E MARINHA CHEGA ÀS MESMAS
CONCLUSÕES DA PETROBRAS SOBRE P-36
O relatório elaborado pela Agência Nacional do Petróleo, em
conjunto com a Marinha, sobre o acidente com a plataforma P-36, chegou às
mesmas conclusões que a Petrobras: a causa para o acidente foi um conjunto de
fatores.
"A lei de Murphy funcionou nesse caso: tudo que poderia
dar errado deu", disse o diretor-geral da ANP, David Zylbersztajn.
Segundo o relatório, uma série de procedimentos errados
teria levado ao acidente e o naufrágio, como:
■ problemas mecânicos, falta de treinamento, uso indevido de
equipamentos,
■ falta de sistema de controle e deficiências no projeto,
apesar de todas as retificações internacionais.
■ A falta de treinamento adequado da equipe de emergência e
■ o fato de o tanque de drenagem não constar no projeto da
plataforma entre as áreas de risco de vazamento de gás foram outros fatores
indicados pela comissão, que recomendou mudanças para as outras plataformas da
Petrobras.
As conclusões do relatório apontam que a principal causa do
acidente foi a falha em uma válvula que permitiu que água e óleo entrassem em
um tanque que estava desativado.
A drenagem do tanque de bombordo - de onde viriam água e
óleo - começou na noite anterior ao acidente e não foi supervisionada. A bomba
que faria esse trabalho demorou 54 minutos para funcionar. Nesse meio tempo, um
fluxo de óleo e gás foi parar no tanque a boreste.
Quando a pressão tornou-se muita alta, o tanque rompeu-se,
espalhando gás por toda a coluna da plataforma. Com a coluna tomada pelo gás,
ocorreu a explosão.
O relatório não aponta culpados, mas indica erros no
gerenciamento da P-36 por parte do coordenador ou do supervisor de produção.
A Petrobras disse em nota que os dois relatórios são
convergentes em relação às causas que levaram às explosões e ao naufrágio da
P-36. Para a estatal, eles divergem apenas quanto ao grau de importância
atribuído a cada um dos fatores que contribuíram para o acidente e que,
isoladamente, não teriam conseqüências significativas. "Os relatórios
coincidem em suas conclusões: se qualquer um dos fatores contribuintes não
tivesse ocorrido, não aconteceria o naufrágio", diz a nota.
SEGURANÇA DOS TRABALHADORES NA INGLATERRA
A Health & Safety Executive (HSE), órgão do governo
britânico que responde pela segurança dos trabalhadores, registra por ano dois
acidentes fatais. O último ocorreu em fevereiro, no Mar do Norte, quando um
trabalhador caiu no mar. Em 1991, 13 pessoas morreram, onze delas num acidente
com um helicóptero. Foram registrados em 2000,
144 acidentes, sendo que 52 foram considerados graves. Os mais comuns
envolvem manejo de equipamentos.
Uma das grandes preocupações da HSE é o grande número de
vazamentos de gás registrado nas operações offshore na Grã-Bretanha, que podem
causar explosões e acidentes gravíssimos.
"Estamos tentando diminuir esse tipo de ocorrência com
uma forte fiscalização." No ano passado, por exemplo, uma empresa foi
multada em cerca de R$ 1 milhão por um vazamento. "Não houve explosão nem
feridos, mas o simples fato de os funcionários terem sido expostos a uma
situação de risco justifica a multa." A HSE verifica as conseqüências de
eventuais cortes de pessoal. "Se constatarmos que houve uma redução de
pessoal que coloque em risco a segurança, a empresa pode ser multada ou a
plataforma em questão pode ser interditada."
PETROBRÁS RECEBE SEGURO DA P-36
O pagamento da indenização de US$ 496,75 milhões referente
ao seguro da plataforma P-36 da Petrobrás, que naufragou em março , foi
concluído em 18.07.01. A perda da plataforma da estatal representou o maior
sinistro já ocorrido no Brasil e um dos maiores no mundo.
O processo de liquidação do seguro, coordenado pela
corretora americana AON, envolveu a transferência de US$ 491.881.850,00 de 20
resseguradoras mundiais para a petroleira no exterior e ainda a quitação de
outros US$ 4.868.150,00 das seguradoras brasileiras que assinam a apólice.
Segurada em US$ 500 milhões, a P-36 tinha franquia de US$ 6,5 milhões.
Do total dos recursos que envolvem o resseguro
internacional, cerca de US$ 325 milhões ficam no exterior para pagamento do
financiamento da plataforma, conforme Ronnie Vaz Moreira, diretor financeiro da
Petrobrás, quando do fechamento do acordo sobre o valor da indenização no final
de julho.
A P-36 era financiada em parcelas trimestrais com vencimento
final do empréstimo em 2008. O executivo havia declarado ainda que o restante
dos recursos seria mantido no exterior para quitação de importações da empresa
ou para financiamento de construção de
nova plataforma.
O acordo para o pagamento da indenização foi fechado pela
Petrobrás com o consórcio de resseguradores internacionais, entre eles Ace
Global Markets, Brock Bank, Huston Casualty e Store Brand - detentores de
99,02% do risco -, e pelo grupo de seguradoras nacionais que ficaram com 0,98%
restantes da apólice, que inclui a Bradesco Seguros, Unibanco Seguros, AGF, Itaú
Seguros, além do IRB Brasil Resseguros .
A AON coordenou o processo, além da coleta da indenização,
porque foi a responsável pela colocação do risco da Petrobrás no exterior
quando da contratação do seguro.
PREJUÍZOS FINANCEIROS
O naufrágio da P-36 afetou o nível de produção da companhia
estatal e causou prejuízos financeiros.
Em fato relevante divulgado em maio/2001, a Petrobrás
anunciou que o naufrágio da P-36 provocaria a redução de US$100 milhões em seu
resultado antes do imposto de renda em 2001.
A empresa declarou ainda que, além deste impacto, no
primei¬ro trimestre, o resultado contábil ficaria reduzido em US$ 90 milhões.
A nova unidade de produção para o campo de Roncador, que era
explorado pela P-36, deve entrar em, operação em janeiro de 2004.
A empresa ainda está concluindo estudos sobre a modelagem do
sistema definitivo, que poderá ser uma plataforma semi-submersível, como a
P-36, ou um navio plataforma.
Antes disso, a Petrobrás deve utilizar um navio-plataforma
fretado da norte americana SBM, com capacidade para produzir 90 mil barris por
dia. Este sistema provisório entra em operação em setembro de 2002.
O acidente da P-36 também influenciou negativamente a
renova¬cão do seguro da companhia feita no mesmo mês final do naufrágio. A Petrobrás teve de pagar
US$ 48,8 milhões para cobertura de US$ 20,9 bilhões de valor em risco em uma
apólice com prazo de 14 meses. No exercício anterior, a companhia desembolsou
apenas US$ 7,5, milhões pela mesma cobertura com prazo de 12 meses.
15.03.2002 - TRAGÉDIA DA P-36: MUDANÇAS, UM ANO DEPOIS, A
PETROBRÁS APROVEITA DATA PARA ANUNCIAR INSTALAÇÃO DE CAIXA-PRETA EM PLATAFORMAS
A Petrobrás vai instalar uma caixa-preta em cada plataforma
de produção de petróleo em atividade no País. A medida faz parte de um processo
de mudanças operacionais iniciado após o acidente que provocou o naufrágio da
plataforma P-36, há exatamente um ano, e provocou a morte de 11 pessoas.
"O acidente nos trouxe ensinamentos", diz o diretor-gerente de
exploração e produção do Sul/Sudeste da estatal, Carlos Tadeu Fraga.
O executivo coordena o comitê diretor do Programa de
Excelência Operacional, implementado depois do acidente para identificar falhas
e melhorar o processo operacional nas plataformas. O programa tem um orçamento
de US$ 100 milhões e deverá estar implantado no fim deste ano.
A instalação de caixas-pretas evitará a perda de informações
em caso de afundamento da unidade, como ocorreu com a P-36, que hoje está a
cerca de 1,7 mil metros de profundidade. "Conseguimos recuperar algumas
informações lá por atitude do chefe da plataforma, que pegou arquivos antes de
abandoná-la", contou o executivo. "Mas não podemos mais correr
riscos."
Algumas mudanças propostas pela comissão já estão sendo
postas em prática na construção e no projeto de novas plataformas. As duas
unidades em construção para os campos de Barracuda e Caratinga, na Bacia de
Campos, já terão uma nova definição de áreas de risco.
Além disso, a empresa não vai mais usar bombas com múltiplas
funções. No acidente da P 36, o uso de uma bomba de múltipla função permitiu a
entrada de mais água na coluna onde ocorreram as explosões. A Petrobrás também
suprimiu dos projetos de plataforma a utilização de tanques de resíduos
confinados em colunas de sustentação - as "pernas" da plataforma, uma
das principais causas do afundamento da P-36.
PRODUÇÃO
O acidente da plataforma provocou um prejuízo de US$ 450
milhões com a perda de receita da venda do óleo do campo de Roncador, segundo a
empresa informou na época. A unidade tinha capacidade para produzir 180 mil
barris por dia, mas estava extraindo 84 mil barris de petróleo por dia, na hora
das explosões. Só no fim do segundo semestre, a estatal começou a complementar
a produção com a entrada em operação do campo de Marlim Sul, também em Campos.
A Petrobrás está alugando um sistema de produção provisório
para o campo, com capacidade de 80 mil barris por dia, que entra em operação em
outubro/2002.
MINISTÉRIO PÚBLICO RESPONSABILIZA 2 FUNCIONÁRIOS POR
EXPLOSÃO DA P-36
O Ministério Público Federal no município de Campos (a 278
km do Rio) denunciou no dia 07 de março de 2002 à Justiça Federal, como
suspeitos de terem cometido homicídio culposo (não intencional), os
funcionários da Petrobras Hélio Galvão de Menezes e Paulo Roberto Viana. A pena
por homicídio culposo é de um ano a três anos de prisão.
Eles foram responsabilizados pelo procurador da República
Yordan Moreira Delgado pela explosão, em 15 de março do ano passado, da
plataforma de produção de petróleo P-36, na bacia petrolífera de Campos (RJ).
No acidente morreram 11 operários. A plataforma, da Petrobras, afundou cinco
dias depois.
Menezes era supervisor de produção da plataforma. Viana, o
coordenador. O procurador baseia a denúncia no relatório da ANP (Agência
Nacional do Petróleo) e da DPC (Diretoria de Portos e Costas da Marinha), que
apontou como causa mais provável do acidente uma operação de esgotamento de
água de um tanque de drenagem de emergência, no dia anterior.
Ainda segundo a denúncia, a operação não era rotineira e
exigia uma senha, que seria do conhecimento apenas de Menezes e de Viana. O
procurador diz que "embora tenham sido várias as causas" do acidente,
"o fator último e crítico" foi "a desastrosa operação de
esgotamento de água do tanque de drenagem". Para ele, os dois denunciados
foram "negligentes" no exercício das funções.
Delgado relaciona dez pessoas como testemunhas, incluindo
entre elas três outros funcionários da Petrobras considerados suspeitos de ter
também responsabilidade no acidente, segundo relatório da Capitania dos Portos
do Rio.
VIÚVAS QUEREM INDENIZAÇÃO DE FABRICANTE
Um ano após o acidente da P-36, as viúvas dos 11 mortos na
plataforma e o Sindicato dos Petroleiros querem entrar com ação de indenização
na Justiça internacional contra o fabricante da válvula defeituosa que teria
causado a explosão.
Os advogados aguardam que o nome do fabricante seja revelado
para irem aos tribunais internacionais, a P-36 foi montada no exterior. Eles já
têm acordo com o Icen (federação internacional de trabalhadores do setor de
energia) para representá-los na ação.
O diretor-gerente de Exploração e Produção da Petrobras,
Carlos Thadeu Fraga, diz que é possível identificar o fabricante. Só não
decidiu se o tornará público ou se só o dirá a pedido da Justiça. "Seria
como no caso da queda de um avião. O fabricante da peça defeituosa também paga
indenização", disse o advogado das viúvas, Mário Sérgio Pinheiro.
Uma válvula teria ficado aberta, e o tanque que explodiu
recebeu óleo e gás de uma unidade de produção. O relatório da Petrobras não
indica que houve defeito na válvula. Fraga disse que, isoladamente, a válvula nunca
causaria o acidente.
Fonte: @ZR, Folha de
S.Paulo, Folha Online, O Globo, O Estado de São Paulo, A Tribuna de
Imprensa-RJ, Gazeta Mercantil, no período de 15/03/2001 a 15/03/2002,
Petroquímica (13/11/2001), O Globo,
Clube de Petróleo e Gás (março/2001)
Comentário:
“Umas das tarefas mais importantes na análise de riscos de
processo é transmitir as equipes de projeto e de operação os detalhes dos
acidentes ocorridos e os ensinamentos que deles poderiam ser tomados. O
propósito dessa análise é mostrar o que houve de errado no passado e sugerir
como os acidentes similares podem ser prevenidos no futuro. Infelizmente a
historia das indústrias de processo químico demonstra que tais acidentes se
repetem após um período de poucos anos. As pessoas mudam e as lições são
esquecidas”. Trevor A. Kletz – O que
houve de errado.
No incidente da P-36 podemos analisar alguns fatores que
convergiram para o acidente
■ Em geral os projetistas procuram maximizar as instalações
em um único local ou área, esquecendo de analisar os riscos associados a cada
uma das instalações ou o efeito dominó.
■ A brigada de
incêndio estaria ciente do problema (explosão), pois a maioria dos acidentes em
plataforma é provocada por vazamento de gás?
■ A sala de operações tem 17 mil luzes de indicação e durante
os 54 minutos de emergência soaram 1720 alarmes. Seria impossível atentar para
todos estes alarmes.
As máquinas são adequadas para fazer cálculos ou detectar
problemas. Afirma-se que as pessoas são imbuídas de algo mais elevado: a
capacidade de julgamento. A palavra "julgamento" encerra muitas
coisas:
1. a capacidade de avaliar cuidadosamente informações
conflitantes, com base em sua experiência acumulada;
2.de aprender com os próprios erros; de temperar a análise
fria com valores morais, altruísmo e
3. um saudável instinto de sobrevivência”.
“Mas, quanto mais complexo o sistema, maiores são as
probabilidades de algo sair errado. É popular a idéia de que nós só usamos 10%
da capacidade de nosso cérebro, quando na verdade parece que necessitamos de
110% dessa capacidade, só para executar as tarefas diárias. Em vista disso,
suplementamos nossas mentes com máquinas, e depois nos angustiamos
perguntando-nos intimamente se elas estão nos dizendo a verdade”. George
Johnson – Errar é humano
■ Quando um dos operadores detectou um problema nas
instalações, o que a empresa deveria fazer? Continuar com a operação ou paralisar a produção para verificar o
problema ou o problema seria insignificante?
O que faltou a empresa foi considerar a gestão de segurança
(a atividade é de altíssimo risco) como
uma área estratégica, avançada, de uma visão estática, que a identifica com um
custo, para uma outra que a conceba como um elemento decisivo na obtenção de
melhores resultados (rentabilidade, crescimento controlado, etc) significando
"vantagens competitiva" perante a concorrência, isto é, a integração
da gestão de riscos à gestão dos negócios da empresa.
Finalmente, quando há concentração de riscos no mesmo
local, estamos potencializando a tragédia. A tragédia é sempre resultante de
uma série de eventos não previstos (projeto) e da convergência de fatores
adversos e independentes (concentração de riscos no mesmo local) que, num determinado momento, se somam para
provocá-la. Nunca devemos esquecer uma das leis de Murphy: A natureza está
sempre a favor da falha.