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quarta-feira, dezembro 06, 2023

QUANDO O PARANÁ VIROU UM INFERNO.

 Há exatamente 60 anos, o Paraná ardia em chamas. Uma série de incêndios florestais entre os meses de agosto e setembro de 1963 causou uma tragédia histórica

Os meses de agosto e setembro são meses de fortes estiagem no Paraná e o estado vinha passando por um período bem seco. Ainda era inverno, a temperaturas ficaram baixas e os campos do Paraná estavam secos em razão das fortes geadas daquele ano. Como era de costume, os lavradores faziam pequenas queimadas para limpar o terreno. Com os fortes ventos, não demorou muito para o fogo avançar sem controle. Essa combinação de fatores foi o estopim para o fogo se alastrar pelo interior do Paraná.

INÍCIO DOS INCÊNDIOS

Os incêndios começaram a atingir os municípios de Ortigueira, Tibagi, Arapoti, Jaguariaíva até Sengés.

As regiões do Paraná que mais sofreram com a tragédia foram as cidades de Ortigueira, Curiúva, Tibagi, Sapopema, Arapoti, Cândido de Abreu, Barbosa Ferraz, Telêmaco Borba, Reserva, Ivaiporã, Roncador, Palmital, Pitanga, Piraí do Sul, Castro, Ponta Grossa, Faxinal, Campo Mourão e Inajá.

IMPACTOS

As chamas se estenderam a Sengés e Jaguariaíva, o que provocou a perda de, pelo menos, 15 milhões de araucárias na região, sem contar os danos irreversíveis causados à floresta que abriga essa importante espécie ameaçada de extinção. O relatório do governo estadual da época apontou que o município de Ortigueira teve 90% da área queimada.

Mais de 70% das reservas florestais das Indústrias Klabin de Papel e Celulose, cultivadas em uma fazenda de Tibagi, se perderam. Só nesse local, 200 milhões de araucárias foram destruídas. As perdas em todo o Paraná foram, na época, calculadas em 200 milhões de cruzeiros.

Ao todo, 128 cidades das Regiões Norte, Central e dos Campos Gerais foram afetadas. Dois milhões de hectares foram completamente devastados ao longo de dois meses. "Foram 20 mil hectares de plantações, 500 mil de florestas nativas e 1,5 milhão de campos e matas secundárias", relata o pesquisador Antônio Carlos Batista, professor de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná.

Aproximadamente 8 mil imóveis, entre casas, galpões e silos, foram queimados . Cerca de 5,7 mil famílias – a grande maioria formada por trabalhadores rurais – ficaram desabrigadas. Tratores, equipamentos agrícolas e incontáveis veículos foram atingidos pelo incêndio.

Milhares de animais foram mortos, entre animais silvestres e animais de criação. Os prejuízos foram enormes, devastando lavouras inteiras, reflorestamentos, muitas fazendas e vilas. Ao todo o incêndio atingiu 128 municípios paranaenses. Principalmente municípios da região do norte pioneiro e campos gerais, além de alguns municípios da região central e norte do estado.

As perdas em todo o estado eram calculadas em 200 milhões de cruzeiros. O Paraná essencialmente agrícola na época, viu sua atividade econômica parar.

AJUDA

A ajuda para combater os incêndios veio de outros estados, com a oferta de helicópteros e aviões. Cerca de quatro mil membros do Exército, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros tentavam evitar um cenário ainda pior – se é que isso ainda parecia possível. Também foram enviados ao Paraná medicamentos, ferramentas agrícolas, roupas e alimentos de diversos países, como Estados Unidos, Itália, Japão, China e Suíça.

CONTROLE DO INCÊNDIO

Foi somente com a volta da chuva,  o incêndio foi controlado.

ESTADO DE CALAMIDADE

Em 28 de agosto de 1963, o governo do Paraná decretou “Estado de Calamidade Pública”. O fato foi motivado pela destruição provocada pelos incêndios e pelos problemas sociais trazidos com ele, como o alto índice de desabrigados e desempregados. A atividade agrícola na época ficou, praticamente, parada em todo o Paraná.

DA TRAGÉDIA À PREVENÇÃO

O incêndio de 1963 ficou conhecido como o maior do país. Sobre o Paraná, após a tragédia de 1963, a segunda maior devastação por fogo foi em 1999, quando 6.610 focos devastaram 126.864 hectares, segundo dados do Corpo de Bombeiros divulgados pela Coordenadoria Estadual da Defesa Civil.

Desde o registro da tragédia de 1963, o Paraná passou a se preocupar com a prevenção e o combate a incêndios florestais, inserindo, a partir de 1967, um curso voltado para esse tipo de ação no Corpo de Bombeiros e investindo em treinamentos para os membros da corporação. Desde 1998, o estado conta com um Plano Estadual de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais – Mata Viva , que articula órgãos públicos, empresas da iniciativa privada, mídia e segmentos organizados da sociedade para prevenir e combater os incêndios florestais. Fontes: Wikipédia - 7 de setembro de 2023; Gazeta do Povo - 28/08/2019; Gazeta do Povo - 09/08/2013  

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posted by ACCA@4:34 PM