CAMPO MAGNÉTICO DE MÁQUINA DE RESSONÂNCIA PUXOU ARMA DE ADVOGADO QUE MORREU APÓS SER BALEADO
O advogado Leandro Mathias
que acompanhava a mãe durante a realização de exames de ressonância magnética levou um tiro no abdômen pela
pistola que carregava.
Segundo o laboratório, havia
assinado um termo com orientações para retirar objetos com metal por causa do
campo magnético.
Segundo especialistas, o
campo magnético do equipamento é capaz de levantar um carro grande e até um
ônibus duplo.
Aparelhos de ressonância
possuem regras rígidas que precisam ser seguidas à risca por atrair objetos
metálicos. Há riscos de acidentes fatais
DISPARO
O disparo foi registrado no
laboratório particular Cura, no Jardim Paulista. Logo que a máquina começou a
funcionar, a arma foi puxada como se houvesse um imã. Assim que a pistola bateu
no aparelho, houve o disparo, e Leandro foi atingido no abdômen. A arma estava
carregada com 30 munições. Por pouco, o tiro não atingiu funcionários.
O filho estava na sala de espera e foi chamado na sala de
exame, pois a mãe estava passando mal. Quando ele entrou na sala de exame, a
arma que portava na cintura foi sugada pelo campo magnético da máquina e disparou
quando ela bateu na máquina, atingindo abdômen.
VÍTIMA
O advogado foi levado ao
Hospital São Luiz, onde ficou internado por 21 dias. Em 6 de fevereiro, ele não resistiu ao ferimento e morreu.
INVESTIGAÇÃO
O caso é investigado pela
polícia, que informou que Leandro tinha autorização para portar a arma e entrou
na sala do exame com uma pistola 9 milímetros, pente extra e 30 munições.
De acordo com a polícia,
Leandro tinha autorização para portar a arma e entrou na sala do exame com uma
pistola 9 milímetros, pente extra e 30 munições.
VÍTIMA TINHA ASSINADO TERMO
COM ORIENTAÇÕES
O laboratório informou que,
antes de entrar no local, Leandro assinou um termo em que concordou com as
orientações para acessar a área. Por ser um local com campo magnético, é
necessária a retirada de objetos metálicos, mesmo como acompanhante.
“Estava tudo escrito e esclarecido,
tanto é que ele guardou todos os objetos no armário e, infelizmente, o único
objeto que ele não guardou foi a arma que ele portava”, contou o diretor-médico
do laboratório Cura.
FORÇA DO APARELHO
A médica Paula Arantes, neuro-radiologista
do Hospital das Clínicas, explica que, mesmo quando não está acontecendo um
exame, o campo magnético dos aparelhos de ressonância atua de maneira poderosa.
“O (equipamento) de 1,5 tesla (de fluxo magnético) consegue levantar um carro grande. O de 3 tesla consegue levantar um ônibus duplo." Cada equipamento fica dentro de uma gaiola, que tem uma espessura enorme, de material com esse campo magnético. Para isso, a gente tem distâncias e riscos diferentes à medida que vai se aproximando do aparelho", explica Paula. Fonte: g1 SP e TV Globo — 07/02/2023
COMENTÁRIO:
ACIDENTES EM
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
Muitos
acidentes estão relatados na literatura e vão desde ferimentos causados por pequenos objetos
ferromagnéticos levados inadvertidamente para dentro da sala do magneto,
passando por queimaduras causadas por equipamentos não apropriados para RM e
até mortes em pacientes portadores de clipes de aneurisma e marcapassos.
Em um
período de 10 anos, a base de dados da FDA (do inglês, Food and Drugs
Administration) catalogou um total de 389 incidentes em instalações de RM nos
EUA, porém sabe-se que os dados são subestimados, pois em um levantamento de 01
de janeiro de 2009 até 31 de dezembro de 2017 realizado pelo Pennsylvania
Patient Safety Authority um total de 1.108 eventos foi computado. Esses eventos
vão desde erros no preenchimento de formulários de metais até acidentes que
causaram algum dano.
ALGUNS
RELATOS DE ACIDENTES DIVULGADOS
1.
Queimadura por eletrodos não compatíveis com a ressonância magnética (1991)
Em 1991, na
revista Anesthesiology, Bashein e Syrov, do Departamento de Anestesiologia da
Universidade de Washington, relataram
duas queimaduras provocadas por sensores de oximetria posicionados nos dedos de
pacientes que foram submetidos a exames de RM. Os sensores de oximetria não
eram próprios para o ambiente de RM.
2. Michael
Colombini: a Morte de um Menino que fez a Comunidade de Ressonância Magnética
Revisar seus Procedimentos de Segurança – 2001
Um acidente
grave e relativamente recente fez com que a parte de segurança em RM fosse
revisada mundialmente e novas medidas fossem sugeridas. Em julho de 2001, um
menino de seis anos de idade chamado Michael Colombini foi atingido por um
cilindro ferromagnético de oxigênio (não seguro para RM) enquanto era preparado
na mesa do equipamento de RM para realizar um exame com anestesia, dentro da
sala do Westchester Medical Center in Valhalla, Nova York
3.
Queimadura por Eletrodos
Compatíveis
com a Ressonância Magnética: 2003
Em 2003,
Kugel et al.14 relataram a formação de um arco elétrico (faísca) e fogo na
camisa de um paciente, na região dos eletrodos, quando eram adquiridas imagens
sagitais ponderadas em T1, resultando em queimaduras de segundo e terceiro grau
em um paciente adulto sedado que realizava RM de coluna lombar. Os eletrodos e
o monitor multiparamétrico eram todos compatíveis com o ambiente de RM
4. Nova
Zelândia: Trauma no Olho e Fratura na Órbita – 2014
Após iniciar
um exame de RM de crânio, um canivete que permanecia no bolso do paciente foi
atraído pelo magneto e acabou se chocando fortemente com seu olho e causando
uma fratura na órbita. A instituição não realizava a troca completa de roupa
dos pacientes como rotina16
5. Armas de
Policiais
Militares
Atraídas pelo Magneto: 2015
Na madrugada
do dia 21 de agosto de 2015, houve a suspeita de arrombamento e invasão de uma
clínica na cidade de Florianópolis, Santa Catarina. Eles entraram no local para
fazer a vistoria com as armas em punho e adentraram na sala de exames. A arma
do primeiro PM foi atraída e ficou presa na parte frontal. Ao chamar o seu
colega e o outro entrar na sala e tentar contornar o equipamento, a segunda
arma ficou presa na parte posterior18.
O fabricante
teve de ser chamado para reduzir o campo magnético de forma controlada e
permitir a retirada segura do armamento
6. Morte na
Índia Causada por mais um Cilindro de Oxigênio Levado para Dentro da Sala de
Exames:
No dia 29 de janeiro de 2018, Rajesh Maru, 32 anos, que acompanhava um parente que estava prestes a realizar seu exame de RM foi solicitado por um membro da equipe do Nair Hospital, em Mumbai, a levar um cilindro de oxigênio para dentro da sala. Esse funcionário do hospital disse que o equipamento estava desligado. O cilindro foi fortemente atraído e colidiu com o magneto, liberando uma grande quantidade de oxigênio líquido na direção do rosto de Rajesh, o que teria causado um pneumotórax e levado o jovem à morte. Fonte: Revista Brasileira de Física Médica. 2019;13(1):76-91
Marcadores: acidente

0 Comments:
Postar um comentário
<< Home