O DESAFIO DE RECICLAR BATERIAS DE VEÍCULOS ELÉTRICOS
Popularizar os carros
elétricos já está sendo um enorme desafio. E, mesmo que dê certo, há ainda a
próxima grande tarefa: esses muitos novos veículos precisam de baterias
poderosas que contêm uma variedade de matérias-primas metálicas e de terras
raras.
No entanto, as fontes são
finitas e não renováveis. Ainda temos muitas reservas, especialmente se forem
desenvolvidas novas fontes, mas, "na verdade, elas podem ser muito
escassas para implementar a guinada no setor de transportes no mundo",
afirma Jörg Zimmermann, do Instituto Fraunhofer para Ciclos de Reciclagem e
Estratégia de Recursos (IWKS).
Algumas das matérias-primas
são encontradas em apenas alguns países, o que aumenta a dependência de tais
nações. E a sua exploração polui parcialmente o meio ambiente e ocorre sob
difíceis circunstâncias sociais – como no Congo.
Além disso, um novo e grande
problema em relação a resíduos está para surgir se não se arranjar uma solução
para as baterias após a sua vida útil.
No início de 2019, o número
de carros elétricos em todo mundo chegou a 5,6 milhões. Em termos absolutos,
isso não é muito, mas houve um crescimento de 64% em relação ao ano anterior.
Na Alemanha, um pouco mais de
140 mil veículos elétricos estão circulando nas ruas, segundo uma pesquisa do
Centro de Pesquisa em Energia Solar e Hidrogênio. Até 2025, o número de carros
elétricos só na Alemanha poderá chegar a entre 2 e 3 milhões, de acordo com a
Plataforma Nacional do Futuro da Mobilidade.
Como a vida útil das baterias
é de até 15 anos, não só a procura por baterias novas irá aumentar em breve,
mas também o número de baterias velhas descartadas. E elas têm um grande valor.
"A longo prazo, até 40%
das matérias-primas necessárias como lítio e cobalto poderão ser obtidas por
meio da reciclagem de baterias", afirma Kerstin Meyer, do observatório
Agora Energiewende. "Nós estimamos que, em 2030, cerca de 10% da
necessidade de matéria-prima para baterias poderá ser coberta pela
reciclagem."
Isso ainda é algo que parece
muito distante, embora já exista a reciclagem comercial de baterias.
Atualmente, o principal material recuperado das baterias de íon-lítio é o
alumínio. Mas, até agora, isso não acontece com o lítio ou grafite.
UE PRECISA CRIAR NOVOS
INCENTIVOS
Uma diretiva da União Europeia
estabelece como as baterias devem ser manuseadas no final de sua vida útil. O
documento data de 2006, numa época em que os carros elétricos e grandes
baterias de íon-lítio ainda pareciam estar longe da realidade.
Atualmente, apenas 50% de
cada bateria precisa ser reciclada. De acordo com o maior clube automobilístico
da Alemanha, o ADAC, porém, isso só pode ser alcançado com a remoção do
envoltório e dos componentes que normalmente são feitos de alumínio, aço ou
plástico.
Essa etapa é a maior e mais fácil
para obter lucro com a reciclagem. A diretiva sobre baterias da União Europeia
está atualmente sendo revisada para que o restante dos materiais possa ser
reutilizado.
No futuro, o texto deverá
listar metas de reciclagem separadas para cada matéria-prima em baterias
antigas de carros elétricos, especialmente para lítio e cobalto, sublinha
Kerstin Meyer. A diretiva deverá especificar quais materiais deverão ser
recuperados.
OBSTÁCULOS À RECICLAGEM
Mas não é apenas o processo
de reciclagem puro que gera dificuldades, conta Jörg Zimmermann, do IWKS.
"Os maiores desafios não estão apenas na recuperação de material de
qualidade, mas começa logo no início com a desmontagem da bateria. Isso não
funciona automaticamente."
Isso ocorre porque existem
muitos sistemas de baterias diferentes no mercado, e os fabricantes de
automóveis e de baterias não gostam de divulgar qual é a mistura de materiais
usados.
Não é possível ver as
baterias por fora ou como elas são construídas por dentro, qual o seu estado ou
quais matérias-primas estão contidas e em quais concentrações. Isso dificulta a
padronização e a automatização do processo de reciclagem.
Isso e o grande consumo de
energia tornam a reciclagem tão cara que atualmente é mais barato comprar as
matérias-primas a partir das minas. Além disso, deve-se criar uma
infraestrutura para a coleta de baterias antigas de carros elétricos a fim de
reutilizá-las num processo regulamentado de reciclagem, segundo Zimmermann.
BATERIA NA POSSE DA MONTADORA
DE CARROS
Sistemas diferentes de
baterias, uma infraestrutura para coletar baterias antigas, recuperação de mais
matérias-primas – seria melhor, é claro, se as baterias fossem projetadas já
com o intuito de facilitar a resolução de tais problemas.
Se as montadoras de automóveis
não vendessem as baterias, mas apenas as alugassem, elas estariam interessadas
desde o início em usar baterias de tal maneira que pudesse ser recuperado o
maior número possível de materiais valiosos. A Renault já oferece aos
compradores de automóveis a opção de apenas alugar a bateria em vez de
comprá-la.
Kerstin Meyer acha que isso é
uma boa ideia, "porque ela também reduz os custos da compra de veículos
elétricos". Existem exemplos similares em outros setores, como roteadores
das operadoras de internet que são alugados.
Mas ela também acredita que o
problema de recolher as baterias no final de sua vida útil seria simplificado.
"Porque assim não haverá 45 milhões de proprietários diferentes de
baterias velhas, mas apenas algumas fabricantes de automóveis."
Atualmente, as montadoras de
automóveis estão recolhendo suas baterias usadas de seus próprios carros
elétricos e as colocam no processo de reciclagem, que é feito por empresas
especializadas.
Enquanto isso, as fabricantes
de carros também se debruçam sobre o assunto. A BMW, juntamente com uma empresa
de reciclagem e uma fabricante de baterias, quer tornar possível um "ciclo
de vida fechado" para as baterias de automóveis.
A Nissan também construiu a
sua própria fábrica de reciclagem de baterias no Japão, e a Volkswagen também
planeja colocar em funcionamento uma fábrica desse tipo ainda neste ano. Fonte:
Deutsche Welle-28.01.2020
Marcadores: Meio Ambiente

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