EDIFICIO GARAGEM - RISCOS DE INCÊNDIO -PLÁSTICOS EM VEÍCULOS
Os veículos modernos
apresentam um risco de incêndio maior do que nunca. Para lidar com esse risco,
os especialistas analisam o projeto e os elementos de segurança dos edifícios‑garagem,
comuns nas paisagens urbanas do mundo inteiro
PLÁSTICOS EM VEÍCULOS
Os materiais utilizados na
construção de praticamente todos os veículos mudaram drasticamente ao longo das
décadas. Os construtores de carros, submetidos à pressão de cumprir os padrões
mínimos estabelecidos pelo governo para a eficiência no uso do combustível e a
segurança, trocaram sistematicamente partes metálicas por novos plásticos
duráveis para tornar os veículos mais leves e mais seguros, mais resistentes à
ferrugem e mais baratos. Os veículos contêm também mais elementos eletrônicos e
fiações de plástico do que antes, acrescentando potenciais fontes de ignição.
"A transição começou nos
anos 60 no interior dos veículos, quando materiais mais macios e painéis de
controle acolchoados suplantaram os painéis metálicos para a proteção em caso
de choque", disse Dan Madrzykowski, pesquisador de longa data do Instituto
Nacional de Normas e Tecnologia (NIST) que trabalha agora no Firefighter Safety
Research Institute do UL.
Na década de 1970, os carros
começaram a perder seus para-choques metálicos, que foram substituídos por
para-choques de uretano. Com a necessidade crescente de melhorar o rendimento
do combustível e a resistência à corrosão, a chapa metálica foi substituída por
plástico ou fibra de vidro. Hoje, até os componentes dos motores de ferro
fundido ou alumínio, como o coletor de admissão, são feitos de plásticos de
alta temperatura.
RISCO DE INCÊNDIO MAIOR DO
QUE OS VEÍCULOS MAIS VELHOS
Essas mudanças significam que
os veículos modernos podem apresentar um risco de incêndio maior do que os
veículos mais velhos, situação comparável com o problema dos incêndios nas
casas modernas. Na década de 1950 as casas eram usualmente construídas com
elementos de madeira maciça que queimavam lentamente e estavam cheias de
materiais como a mobília de madeira dura e as telas naturais.
As casas modernas, pelo
contrário, são agora usualmente construídas em materiais de madeira leve que
queima mais rapidamente e contêm mobília feita de aglomerado, de espuma de
polietileno e plásticos altamente combustíveis. Os testes científicos, junto
com as provas circunstanciais dos bombeiros e dos defensores da segurança
pública, demonstram que os incêndios residenciais queimam hoje mais rápido e
mais forte do que faziam uma geração atrás.
Uma tendência similar parece
ter surgido na indústria automotiva. De acordo com o American Chemistry
Council, a metade do volume dos veículos modernos é composto por materiais
plásticos, mas os materiais plásticos representem apenas 10 por cento do peso
médio do veículo.
MAIS PLÁSTICOS NOS
CARROS
Os especialistas da indústria
acreditam que, à medida que surjam melhores tecnologias e padrões mais altos de
eficiência em relação ao uso de combustível, a percentagem de plástico nos carros
só vai aumentar. Nos Estados Unidos, por exemplo, o padrão da média corporativa
de rendimento do combustível (corporate average fuel efficiency - CAFE) exige
que as frotas de veículos de passageiros dos fabricantes de carros cumpram com
uma média de 54,5 milhas por galão até 2025. Para cumprir essas exigências e
requisitos similares europeus, o carro médio vai incorporar quase 350 kg de
plásticos até 2020, contra 200 kg em 2014, de acordo com uma análise da IHS
Chemical, um grupo de pesquisa da indústria química.
INCÊNDIO EM EDIFÍCIO GARAGEM KING’S DOCK
EM 2017
King’sDock, estava cheio de visitantes na tarde da virada
do ano 2017. Além das atividades usuais antecipando a celebração da noite,
milhares de pessoas tinham vindo a King’sDockpara assistir ao popular show
internacional de cavalos de Liverpool, realizado na EchoArena, com 11 mil
lugares, no coração do bairro. Até às 16h30, quase todas as vagas do
estacionamento com múltiplos andares de King’sDock, localizado perto da arena,
estavam ocupados por veículos, muitos dos quais caminhonetes grandes e veículos
utilitários esportivos.
Merseyside Fire & Rescue
foi alertado da situação às 16h42 e chegou oito minutos mais tarde. Quando as
equipes de bombeiros chegaram com as linhas de mangueira até o terceiro andar,
aproximadamente 18 de 20 veículos estavam completamente incendiados. Os
veículos queimavam a uma temperatura tão alta que as três linhas de mangueiras
que o departamento costuma mobilizar nesse tipo de incidente não eram
suficientes para apagar o incêndio, explicou Barry Moore, diretor do Merseyside
Group.
"Se a absorção de calor
da água ultrapassar a emissão de calor do fogo, será possível apagar o incêndio
- se não, estaremos perseguindo esse incêndio para sempre e essa era a situação
naquela noite," ele disse. "Com a carga combustível dos veículos
modernos e o tamanho dos veículos que se encontravam na garagem naquela noite,
o incêndio só continuava a crescer e crescer e nós não conseguimos travar esse
crescimento. A situação ultrapassou a nossa capacidade de extinguir o
incêndio."
Os bombeiros de Merseyside
rodearam o incêndio e lutaram durante quase uma hora, acrescentando
continuamente recursos para o combate, mas eles nunca puderam levar a melhor.
As temperaturas superaram os 1100º C na proximidade do fogo, os pneus dos
veículos incendiados começaram a explodir. Os tanques de combustível de
plástico – que se encontram agora em aproximadamente oitenta por cento dos
veículos - se derreteram e quebraram, deixando vazar a gasolina incendiada no
chão de concreto, que começou a se desintegrar devido ao calor intenso.
Como muitos
edifícios-garagem, o de King’s Dock tinha um sistema de drenagem em cada andar
para captar o excesso de água de escoamento e levá-la fora da garagem. Uma
fenda de 15 mm de largura corria ao longo do piso da garagem entre as filas de
carros estacionados e a água que passava por essa abertura era captada por uma
calha de alumínio situada abaixo da abertura e transportada para fora do
edifício.
Aproximadamente duas horas
depois do início do incêndio, a calha se derreteu, deixando cair livremente uma
chuva de gasolina incendiada através da fenda sobre os veículos estacionados no
andar de baixo. Ao mesmo tempo, a fenda situada no andar de cima funcionava
como uma chaminé que aspirava o gás superaquecido e a fumaça até os veículos do
andar de cima. Em poucos minutos, dezenas de carros e caminhonetes situados
acima e abaixo dos bombeiros estavam em chamas e foi tomada a decisão de
retirada do edifício que corria o risco de um colapso estrutural.
"Quinze minutos depois
de nos termos retirado, houve um crescimento muito importante do incêndio e
todo o edifício ficou envolvido," disse Moore.
Enquanto o incêndio ardia com
fúria, os edifícios na área circundante foram evacuados e os bombeiros mudaram
o enfoque da extinção para a contenção.
INCENDIO EXTINTO
Finalmente, às 19h 45 do dia
2 de janeiro, quase 40 horas depois da chegada ao local dos bombeiros de
Merseyside, o incêndio se tinha extinguido. Até então a garagem era pouco mais
que um monte de concreto chamuscado, sepultando os restos retorcidos de quase
1200 carros, caminhonetas e veículos utilitários esportivos.
VEICULOS EMPILHADOS E
ADENSADOS
A popularidade crescente das
instalações de tipo rack para a armazenagem de carros causa preocupações
emergentes em relação aos incêndios entre especialistas da segurança
AS ESTRUTURAS DE
ESTACIONAMENTO
Estão evoluindo rapidamente
de forma a poder atulhar muito mais veículos em muito menos espaço de forma a
minimizar os custos e maximizar a eficiência.
O FUTURO DO ESTACIONAMENTO
Como muitos estacionamentos
urbanos no mundo, o Autostadt em Wolfsburg, na Alemanha, utiliza sistemas
automatizados para posicionar e armazenar com precisão os veículos em edifícios
altos.
O estacionamento de Houston,
projetado por uma empresa chamada U-tron, alcança esse nível notável de
eficiência utilizando robôs para empilhar veículos em estantes mecânicas com
uma altura de 10 andares. Os robôs da U-tron podem estacionar veículos com uma
separação horizontal de quatro polegadas e uma separação vertical de seis
polegadas.Atualmente, a empresa tem oito estacionamentos automatizados em
operação, a maioria em edifícios residenciais de luxo em Nova York e Nova
Jersey.
U-tron não é a única empresa
que constrói esses estacionamentos da nova era - em todos os Estados Unidos e
no mundo, configurações de estacionamentos em racks estão se espalhando
rapidamente à medida que a mecanização e a automatização se tornam mais
avançadas e mais acessíveis e os mercados imobiliários nas cidades procuram
soluções de estacionamento em áreas onde a terra é tão valiosa como o ouro.
PROTEÇÃO CONTRA INCENDIO
Os benefícios em termos de
espaço desses novos estacionamentos são claros, mas muitos pesquisadores e
pessoas que elaboram os códigos estão preocupados pelas consequências na
proteção contra incêndio de arranjos de armazenamento de veículos tão
apertados. Atualmente existem poucas orientações na NFPA 13, Norma para a
Instalação de Sistemas de Sprinklers, ou a NFPA 88 A, Norma para Estruturas de
Estacionamento, que tratem essas novas configurações de estacionamento. O
motivo disso é que houve poucas pesquisas para ver como esses incêndios podem
queimar e se propagar em estacionamentos tão densamente lotados e que tipo de
projeto e densidade de sprinklers seriam suficientes para apagar os incêndios.
INCÊNDIOS RECENTES EM
ESTACIONAMENTOS
NEWARK, NEW JERSEY
Em janeiro, 17 veículos foram
destruídos num incêndio no último andar ao ar livre dum edifício garagem no
aeroporto internacional de Newark.
BROOKLYN, NEW YORK
Um incêndio em setembro
passado no estacionamento de um centro comercial (acima) destruiu mais de 130
veículos e feriu 21 pessoas incluindo 18 bombeiros, e fechou o centro comercial
por dois dias
REINO UNIDO
Em 2015, um incêndio se
declarou no porão dum navio que transportava aproximadamente 600 veículos novos
e usados atravessando o Canal da Mancha. De acordo com um relatório do US
National Transportation Safety Board, um arco elétrico no sistema de frenagem
automática de um veículo foi responsável pelo início do incêndio, que resultou
na perda de 90 milhões de dólares em carga e a destruição do navio com um valor
de 10 milhões de dólares.
PARIS, FRANÇA
Em 2012, um incêndio no
estacionamento subterrâneo de cinco andares do Ritz Carlton destruiu pelo menos
50 veículos e causou danos por aproximadamente 5,3 milhões de dólares. Fonte: NFPA Journal
Latinoamericano.
Marcadores: gerenciamento de riscos, incendio

0 Comments:
Postar um comentário
<< Home